Anfitrião Admin
Mensagens : 615 Data de inscrição : 12/01/2017
| Assunto: Madu Simba Ter Ago 16, 2022 11:45 am | |
| Feral da Garra (2★): Madu pertence à tribo da garra e recebe alguns poderes. • Garras (1): As garras de Madu são uma arma eficaz em combates. Ele recebe +1 em feitos de combate quando usa as garras. • Rugido (1): O potente rugido de Madu é capaz de inspirar seus aliados. Eles recebem +1 em todos os feitos durante a cena. Luta (2): Madué bom de briga. Ele recebe +2 em feitos de combate quando usa punhos e armas brancas. Devoção (1★): Madu é devotado à proteção de Wanyama. Fora de missão, ele recebe uma penalidade de -2 em todos os seus feitos.
Última edição por Anfitrião em Qua Ago 23, 2023 5:52 pm, editado 10 vez(es) | |
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Madu Simba
Mensagens : 28 Data de inscrição : 12/01/2017
| Assunto: Re: Madu Simba Ter Ago 16, 2022 1:10 pm | |
| Ignorado na corte e negligenciado por seus progenitores, Madu sempre foi o filho mais longe do trono. Seus irmãos mais velhos, Kitok e Nefet, sempre foram os queridinhos de seus pais e do reino, mais próximos na linha de sucessão ambos disputavam atenção e glórias enquanto Madu era o responsável por limpar os destroços no caminho. A tribo Malkar mantinha seus olhos virados nos dois e não via o jovem prodígio da família progredindo nos seus próprios estudos, tanto sobre o mundo, seu pais e sobre seu próprio corpo. Treinou com espadas, adagas, lanças e com os próprios punhos, treinou seu corpo e suas habilidades físicas, enquanto escutavas as histórias dos mais velhos sobre o mundo no qual ele vivia, mas não tinha acesso. Chegando na idade adulta viu seu irmão ser coroado rei, sua irmã exilada e se sentiu sem propósito no próprio reino. Wanyama não parecia ser seu lugar, por mais que ele amasse suas terras e seu povo. Ele sentia que os seus agora seriam liderados de forma justa pelo irmão que ele sempre amou tanto, mas que tantos outros não teriam a mesma sorte. Outros como ele, espalhados pela “África” e transportados para outros continentes foram escravizados e tiveram suas riquezas roubadas e, se não poderia fazer a diferença dentro de seu reino, faria diferença para aqueles perdidos pelo mundo. Madu então se impõe um autoexílio e por dois anos, vaga por Avalon, invadindo museus e exposições de, como ditos pelos avalonianos “relíquias exóticas das tribos primitivas”. Além disso, também ajudou tanto Maias, quanto Astecas em incursões inimigas do homem branco, criando laços de relacionamento com ambos os grupos. Nesse período de viagens, conheceu o mundo que os ferais pouco interagiram, viu a maldade da humanidade, mas também irmãos sofredores e caridosos, com correntes nos pés e sorrisos no rosto mesmo sem nenhum motivo para o ter, apensas fé de que as coisas melhorariam. Depois dessa odisseia física e espiritual de Madu pelo mundo, o filho pródigo retorna ao seu reino, mais forte, mais velho, mais erudito e com uma devoção ferrenha ao seu povo. Os anos longe de casa fizeram-no sentir falta de sua casa e, cada vez mais, ter vontade de compartilhar sua força e disciplina com seus iguais espalhados pelo mundo. Madu, tem em sua cabeça que os ferais precisam compartilhar sua força e conhecimento e que todo homem e mulher negra no mundo deveria poder passar pela provação e ter a chance de receber seu totem animal para se rebelarem contra aqueles que a tantos anos os escravizam, os suprimem e menosprezam. Infelizmente, pouco depois de voltar, Kitok se envolve em diversas tramas e Madu não tem tempo de conversar com ele para convence-lo a deixar o irmão mais novo espalhar a força feral pelo mundo. Quando a história de Kitok termina de forma trágica durante um confronto, Madu percebe com pesar a oportunidade. Seu povo carecia de um rei nativo e sua tribo era liderada por um rei impostor, assassino de seu irmão, uma anciã caduca que o colocou lá e uma irmã exilada, que retorna ao reino sentada no colo do gringo que esquenta o trono. Ele precisava resolver isso, se posicionar e trazer estabilidade ao seu reino e ao seu povo. Nos últimos dois anos, Madu planeja e espera uma oportunidade de vingar seu irmão e limpar a corja que se instaurou em Wanyma. Diários: - Ancestralidade:
Três anos se passaram. Três anos de reconstrução, de suor derramado devido ao esforço e lágrimas no rosto devido ao luto. Madu se manteve forte como as arvores mais antigas da história de Wanyama, um Rei Regente de uma nação em reconstrução, ameaçada por usurpadores e cidadãos revoltosos, um inferno mental e físico. “Como se manter forte num reino fragilizado?”, o feral se questiona olhando para as estrelas com as costas nuas tocando a grama. “Talvez se meu irmão mais velho ou meu pai estivessem aqui, eles poderiam me ajudar”.
- E se você pudesse falar com eles. – A voz afiada de Namiri rasga o vento e perfura a mente de Madu Simba, que olha assustado para o xamã. – Imagino que esteja pensando em seus ancestrais, meu rei.
- Sua sabedoria xamânica lhe provêm a capacidade de ler os pensamentos de seu monarca, Namiri? – Madu se levanta agilmente num rolamento por cima da cabeça. – Mas está certo, a madrugada me traz pensamentos confusos.
- Meus conhecimentos xamânicos não me permitem ler esse tipo de pensamento, senhor. – Ele se recosta numa pedra e seca o suor de sua pele.
A noite quente banhada de estrelas sopra um vento abafado, que carrega o calor dos olhos inchados de lagrimas dos nativos de Wanyama, um bafo quente de cansaço que move as folhas das arvores do entorno em um rodamoinho no ar.
- Estamos indo para o terceiro verão desde o ataque de Atlântida e ainda assim sinto que estamos nos primeiros dias. Corpos ainda são encontrados nas praias, o luto se mantem e a tristeza no olhar do nosso povo continua. – Namiri penas consente com a cabeça ouvindo seu monarca discorrer. – Por vezes parece que estamos ainda piores do que no próprio dia do ataque. Rebeliões, revoltas, usurpadores espreitando a sala do trono, beiramos uma guerra civil e nosso povo está ameaçado de passar fome. – Madu vira o rosto para as estrelas. – E eu quero saber como resolver todos nossos problemas... Como restaurar a paz e reerguer nossa nação, demonstrar força e compaixão aos nossos iguais, criar uma nação forte, prospera e digna... – Ele acaricia uma arvore de tronco largo ao seu lado. – Que Ngaya nos guarde, mas que inferno vivemos... Aarrg – Ao dar um giro feroz e ágil no ar, Madu estica a perna direita e acerta com toda força o tronco da árvore. Ela tremula, o suficiente para folhas caírem de seus galhos, banhando Madu e Namiri com pedaços da própria Ngaya. – Mãe da terra, do ar e dos céus, me traga luz.
As folhas caem por cima de Namiri que pega algumas em uma mão, ele aperta e sente a seiva se espalhar pelos seus dedos e prova seu gosto a procura de um sinal. Ao olhar para os céus as constelações parecem se entrelaçar, formando um grande amontoado de estrelas brilhantes aos olhos do xamã. Um rodamoinho de folhas se forma nas proximidades e se desmancha na mesma velocidade, um morcego passa veloz entre os dois e, reparando o movimento, os olhos de Madu e Namiri se encontram.
- Meu rei. – Diz Namiri soltando os restos de folhas de suas mãos e secando a seiva em seu próprio manto. – Nossos ancestrais não caminham entre nós, mas seus espíritos vivem em nossa terra. – Ele passa por Madu e acaricia a mesma árvore. – Quando não vemos mais opções para o futuro, devemos olhar para o passado e pedir ajuda, aprender com a experiência daqueles que já se foram e evoluir com seu conhecimento. – Ele se vira e olha para o regente. – Venha até minha tenda em uma noite sem lua, quando não puder distinguir a cor de uma pedra e de uma folha, quando as estrelas longínquas forem os únicos guias de seu trajeto. Nessa noite você terá esclarecimento.
O xamã se afasta, cambaleando como um bêbado, deixando Madu sozinho sob as copas estreitas de uma arvore antiga.
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A noite escura chega, no céu a lua não é visível, no chão apenas o breu preenche o campo de visão, Madu caminha pelo campo aberto sozinho sem ser visto, sua guarda não o deixaria sair sem escolta, mas nenhum de seus soldados é tão bom quanto ele mesmo.
No chão pedras e folhas tem a mesma cor, negras como um cadáver carburado, o vento é carregado de temor e o céu brilha apenas com pontos de luz. No meio do breu, uma cabana com quatro tochas espalhadas em volta, tecidos coloridos adornando a estrutura e uma fumaça densa escapando por um buraco na parte de cima. Madu precisa abaixar a cabeça para entrar empurrando para o lado alguns pedaços de pano que servem como porta.
Do lado de dentro está tudo quente, tão quente quanto o inferno que sentia em sua mente, inebriado pela fumaça, mal consegue ver quando Namiri se aproxima, usando suas vestes xamanicas com padrões coloridos e figuras estampadas. Sobre o rosto, um crânio de leão, com os dentes afiados postados na altura de seus olhos.
- O que é isso?
Madu pergunta, mas não tem resposta, o xamã apenas aponta para um toco de madeira ao lado de uma fogueira, bem embaixo da abertura no teto da tenda. O rei regente caminha e se senta no toco e sente o calor do fogo, a fumaça quase o sufoca e sua visão fica turva, mas consegue ver um círculo desenhado em volta dele. Quando parecia que não poderia mais suportar o calor, Namiri joga um balde quente de água em cima do feral, ele sente folhas de ervas na água e, ao invés de sentir mais calor, seu corpo se torna gelado e áspero, o calor some e ele sente apenas o vento frio. A tenda começa a escurecer ao seu redor e apenas a luz da fogueira no centro dela permanece. O xamã some junto da luz e Madu percebe que não consegue sentir mais nenhum cheiro.
- Nam... – Antes de conseguir dizer algo, uma figura surge à sua frente. – Quem é você?
Madu tenta dizer algo mas percebe que sua boca não emite sons.
Com o peito descoberto e uma toga cobrindo sua genitália, um homem peludo muito mais alto que Madu anda de um lado pro outro olhando para o rei regente. No lugar da cabeça, um crânio de Leão o observa com olhos vermelhos.
- Vinte e um anos e não sabe se comunicar? – A figura diz enquanto a boca descarnada do crânio se movimenta. – Se julga apto a estar numa posição de poder?
A voz grave reverbera se espalhando na escuridão ao redor deles.
- Eu não sei como cheguei aqui.
Madu novamente tenta falar, mas apenas escuta ar saindo de sua boca.
- Vamos lá, cresça, você é um rei, não tem espaço para falar com o coração. Fale com a cabeça, diga o que pensa, não o que sente, garoto.
- Eu não sou um garoto!
Mais uma vez Madu falha em conseguir se expressar. Ele tanta levantar, mas seu corpo parece pregado ao toco de madeira.
- Controle seus sentimentos, milhões de vidas dependem das suas ações, não sinta e aja. Sinta, pense e aja.
- Eu... – Madu tenta mas falha, porém escuta parte do seu timbre de voz. – Eu sou... – As palavras saem baixas, quase inaudíveis. – Eu sou Madu Simba! – As palavras começam a ser facilmente reconhecidas. – Rei Regente de Wanyama, Guardião da Savana e Senhor dos Ferais.
- Agora sim, você está pensando, menino. – A voz gutural range nos ouvidos do Rei Regente.
- Eu sou Madu Simba, Rei Regente de Wanyama, Guardião da Savana e Senhor dos ferais! E você... – Ele aponta para o crânio de Leão. – Você é meu pai, Mfalme Simba!
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