Após a queda da mítica Atlântida, poderes são aprisionados no Cometa-Prisão e a libertação deles dão início a uma nova ordem.
 
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 Episódio 01 - Atlântida

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MensagemAssunto: Episódio 01 - Atlântida   Episódio 01 - Atlântida EmptySeg Jan 27, 2020 4:33 pm

Yaset é a noiva prometida no casamento com o Príncipe Zuhur, mas uma trama complicada ameça a união do casal.


Última edição por Anfitrião em Sáb Jun 20, 2020 2:57 pm, editado 2 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Episódio 01 - Atlântida   Episódio 01 - Atlântida EmptySeg Jan 27, 2020 4:38 pm

Ato 1


O astro-rei brilha com beleza e fúria no céu azul profundo, como se soubesse da festividade que viria. Por entre as planícies verdes de Regulus, surgem, formidáveis, as abóbadas forradas de oricalco de Atlântida. A cidade é a capital do Plano Solar, centro mais populoso de Regulus. É onde fica o Castelo do Regente, lar da Corte Atlante, mas também onde estão localizados outros três grandes monumentos à sociedade atlante: o Templo da Lua, onde as festividades divinas acontecem; a Pirâmide do Sol, centro energético do Plano; e o Panteão Atlante, lar do Ancião e para onde são levados os antigos regentes.

A corte atlante está em festa, é dia da iniciação da Consagração do Casamento Alquímico entre a Mãe-Terra e o Pai-Céu. O casamento alquímico é uma tradição atlante que define o governante nos próximos anos. Atlântida é dividida em quatro grandes Tradições: a Tradição do Leão é a elite de Atlântida e é dela que nasce o Campeão das Virtudes; a Tradição do Touro é a mais populosa das tradições e representa o povo comum; a Tradição da Águia é o exército celestial de Atlântida, responsável pela proteção do plano; e a Tradição da Serpente é responsável pela proteção mágica de Regulus, onde nascem os melhores magos.

O noivo, Príncipe Zuhur, é um jovem homem formado, hábil em batalha e capacitado no raciocínio matemático e versado nas táticas de combate e filosofia. Nascido na Casa do Leão, príncipe filho da Rainha-Mãe-Terra de Leão e do Rei-Pai-Céu de Serpente, o herdeiro da Casa Real do Plano Solar, deve assumir o papel do Céu e mostrar seu laurel à Terra, na forma da noiva sacerdotisa. Em seu vigésimo segundo aniversário, era chegada a hora de assumir o papel de Rei-Pai-Céu onde, além de semear o ventre da terra, inspiraria o herdeiro seu propósito. A Criança-Luz, como Zuhur um dia já foi, teria raízes firmes nas tradições ensinadas pela Mãe-Terra, e seria visionário sobre o futuro através da centelha do Pai-Céu. A noiva, Yaset, é uma atlante recém-saída da puberdade, escolhida por ser filha do Rei-Águia, Hayrmis, continuando a tradição cíclica dos casamentos reais. Vivendo como uma princesa aprenderia sobre o cuidado e a compaixão para que quando recebesse em seu ventre a benção do Sagrado do Fogo da Fênix, o santuário mais importante de Atlântida, geraria um rei digno e justo e deve manter a tradição, assim como sua mãe, sendo prometido ao herdeiro da Casa de Touro. Seu dever seria de alimentá-lo em seu seio, acompanhar seu crescimento, ensinando-o a tratar com o povo, seu dever a incumbiria de nutrir o caráter do futuro rei. A Mãe-Terra lhe daria a base para governar. Deste modo, a Tradição mantinha um governante de Atlântida sempre descendente seja da Casa de Touro, vindo do povo, seja da Casa de Serpente, com sangue mágico, seja da Casa de Águia, com sangue guerreiro.

Yaset é enfeitada para a cerimônia que selaria a união entre a Terra e o Céu. Ela aprendia cânticos e passos, Zuhur regressava triunfante de uma batalha contra as forças lemurianas a serviço de Cthulhu. O ser extrassolar comandava um exército com o intuito de tomar o plano Solar como sua nova morada, fugindo de seu cárcere em Giedi. Os lemurianos, seus serviçais, são criaturas grotescas, aparentados a moluscos e devoradores de mentes.

Rha prepara a cerimônia. O velho é o atual Pai-Céu de Regulus, regente de Atlântida. Era sua obrigação, juntamente com sua esposa Zimbia, providenciar as máscaras ritualísticas para o Casamento de Céu e Terra, ao mesmo tempo em que organizavam o grande banquete de boas-vindas a Zuhur, em homenagem à sua vitória sobre as forças de Cthulhu, livrando Regulus da ameaça lemuriana. Cada um dos casais-regentes deveria usar uma das máscaras ritualísticas, para que sua energia fosse fornecida igualmente à Criança-Luz, fruto da união entre Zuhur e Yaset. A Casa de Leão, composta por Ngaya e Licaon; a Casa de Serpente, composta por Krowka e Sivrit; a Casa de Touro, composta por Argon e Yaga; e a Casa de Águia, composta por Hayrmis e Lilith. Os outros dois casais eram o próprio casal-regente, Rha e Zimbia, e os noivos Zuhur e Yaset.

Na hora da festividade, os casais-regentes migram para seus distritos, onde cumpririam sua parte no ritual. Cada um deles porta um artefato, uma relíquia atlante que é presenteada a cada geração para a nova Criança-Luz, assim como uma máscara ofertada ao seu respectivo cônjuge. Na torre do Chifre do Touro, Argon calça as Sandálias da Velocidade, enquanto Yaga veste a máscara ritualística oferecida por Rha, uma máscara que cobre todo o seu rosto, decorada com diversos outros olhos. No Jardim da Serpente, Sivrit e sua amante Kowka despem-se, o serpentino porta apena o Escudo-Espelho e a sua parceira veste uma máscara insetóide, preparando-se para se banharem juntos no lago. No Colosso do Leão, dentro da cabine de comando do construto, Ngaya coloca o par de Braceletes Elementais, pronta para receber seu esposo Licaon, já com a máscara de uma fera de três cabeças. O pai de Yaset, Hayrmis, usa apenas o Chapéu da Fortuna, e sua esposa, Lilith, veste a máscara com formas de morcego, diante do Trono da Águia. Os pais de Zuhur, Zimbia e Rha, dentro do Panteão Atlante, portam apenas a Capa de Invisilibidade e a máscara completamente preta e com detalhes em osso, respectivamente. Por fim, o casal alquímico, Zuhur, portando o Arco da Luz, dispara uma flecha, anunciando o início do ritual, quando Yaset entra no Templo da Lua, usando apenas uma máscara em que seus cabelos simulam serpentes, enquanto ele mesmo veste uma máscara decorada com aspectos que misturam elementos das demais máscaras. Os seis casais, ao mesmo tempo fazem a corte e o sexo ritualístico, em sincronia.

A sensação de borboletas no estômago sempre parecera algo bonito nos livros, mas desesperadora na vida real. Yaset estava prestes a vomitar de tão nervosa, pois finalmente havia chegado o dia de cumprir seu dever. O dia para o qual passara todos esses anos treinando e estudando. Ela realizara todos os rituais e se prepara sem hesitar. Tudo como havia repassado milhões de vezes em sua mente. Mas ao entrar no templo e ver seu marido, o nervosismo tomou conta. Dúvidas inundaram sua mente enquanto ela se aproximou de Zuhur com passos relutantes e as pernas bambas. O chão parece tremer sob seus pés, ou seriam seus membros parando de funcionar naquele momento crítico? Zuhur a encara com olhos assustados, visíveis pela máscara.

"Você não tem que fazer o que eles querem". Alguém sussurra em seu ouvido.

— O que? Não o entendo, Meu Sol. — Ela pede para Zuhur repetir, mas ele ainda tinha aqueles olhos assustados e distantes, não destinados a ela.

"Não precisa se tornar uma princesa, pode seguir suas próprias vontades". Era uma voz feminina, muito parecida com a sua própria que ecoava em sua mente.

— Quem está aí? — Ela dá um passo para trás, relutante e assustada, olhando ao redor a procura de algum intruso que podia ser responsável por aquela brincadeira.

"Volte para casa. Sem treinos, sem responsabilidades. Volte e seja quem você quer". A voz ecoa uma terceira vez. "Não seja a princesa de Atlântida, seja somente Yaset".

"Não, não, não, não!". Yaset grita em pensamentos. "Essa voz não é minha. Eu tenho que fazer isso! Tenho que cumprir meus deveres. Por Atlântida... E por mim!".  Ela tenta expulsar esses pensamentos preguiçosos, ao mesmo tempo que busca sua fonte.

Yaset se assusta ao olhar ao redor e ver sua aparência refletida num dos espelhos do templo. Estava grotesca. Seus lindos cabelos enrolados estavam transformados em serpentes que escorriam pelos ombros e sibilavam, enquanto sua pele parecia dura e escamosa.

Ao olhar para seu marido, também percebe que ele já não era mais o mesmo. Tomado por instintos monstruosos ele a ataca. Zuhur havia se transformado, tal qual Yaset, em um monstro quimérico, formado por partes de diversos animais: uma cabeça de lobo, com chifres de bode, cauda de escorpião e asas de morcego. Eles não sabiam, mas todos os demais casais passavam por experiência semelhante. Licaon transforma-se em um humanóide lupino de três cabeças. Lilith tem suas asas de plumas transformadas em asas coriáceas de morcego. Krowka torna-se um monstro seco com aspecto de escaravelho e focinho de crocodilo. Yaga tem diversos olhos brotando em seu corpo. Seus parceiros entram em pânico e usam os artefatos para lutar com seus amantes monstruosos, mas eles são terrivelmente fortes. O ritual, quebrado, faz Atlântida tremer.

A noiva usa de seus conhecimentos de magia e faz um feitiço rápido. Seus olhos buscam o responsável por aquela maldição, procurando os nós de energia táumica no ambiente. É quando ela se olha no espelho mais uma vez e nota a máscara coberta de magia. Ela entende de imediato que o artefato transformava a si e ao seu noivo nas atuais monstruosidades e concentra toda a sua vontade para retirar a máscara e atirá-la pela janela. Assim que recupera o controle de seu corpo, Yaset vê seu parceiro enfurecido, completamente tomado pela máscara. Ele uiva e mostra os dentes e as garras. Sua cauda de escorpião eleva-se ameaçadora. Tomando altura graças às asas de morcego, ele voa em direção a Yaset, focalizando em seu pescoço.

Talvez por Zuhur ainda não estar acostumado à sua nova forma, talvez por Yaset estar aterrorizada com a maldição que recaía sobre e si e seu futuro cônjuge, a noiva consegue esquivar dos ataques da quimera. Um novo voo é ensaiado para mais um ataque e Yaset observa que Zuhur ainda não tem domínio do corpo. Sua cauda de escorpião desestabiliza o voo, ficando ora mais alta ora mais baixa que o corpo. Com isso em mente, Yaset a atrai na direção das cortinas de prata do templo. Ela espera um ataque oportuno para se esquivar e fazer o monstro enroscar-se em meio as cortinas. Seu plano dá certo quando o ferrão do escorpião rasga o tecido prateado e derruba o mastro por sobre seu corpo.

Yaset faz menção de fugir, quando sua visão, ainda imbuída de magia, detecta que a máscara de Zuhur também foi responsável pela sua transformação. Num ato de coragem, ela aproveita a paralisia parcial da quimera e monta no monstro, usando toda a sua força para arrancar a máscara. Tudo em vão. Yaset entende que, assim como só ela foi capaz de retirar a sua própria máscara, também Zuhur deveria fazer o mesmo. Triste e se sentindo impotente, ela não espera que a quimera se solte e voa para sua segurança, com lágrimas nos olhos.

[Resolução]

Desafio: Resistir à transformação ND10
Yaset: ♣2 + 8♦ = 10 (Para resistir aos pensamentos)
SUCESSO! Yaset ganha 1PE

Detectar Magias (1♠) + Alc1 = 2
Yaset: 2 PM (Para detectar a magia e tirar a máscara).
Yaset tem apenas mais 2 PM

Desafio: Impedir que Zuhur a destrua ND10
Yaset: ♦1 + 10♣ = 11 (Para desviar dos ataques e atrair a quimera).
SUCESSO! Yaset ganha 1PE.


Última edição por Anfitrião em Qua Jan 29, 2020 12:31 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Episódio 01 - Atlântida   Episódio 01 - Atlântida EmptySeg Jan 27, 2020 4:41 pm

Ato 2


Em sua fuga, Yaset olha para trás. Ela observe seu noivo, ainda em sua forma quimérica, voando para longe e isto deixa seu coração repleto de tristeza. Desorientada, seu primeiro pensamento é se abrigar sob as asas de seus pais, embora Hayrmis não estivesse sempre presente, quando estava, garantia confiança a Yaset, principalmente no que se relacionasse à magia. Sua mãe, Lilith, também seria acolhedora e, mais do que nunca, ela saberia o que dizer, agora que a criação da princesa perfeita estava totalmente sem serventia.

Tomando cuidado para não ser vista, Yaset alça voo para o Trono de Júpiter, lar da Casa da Águia, onde esperava reencontrar seus pais e lhes contar o que aconteceu ao seu noivo. Em seu voo por Atlântida, a noiva percebe um estranhamento pelo ar, algo definitivamente estava fora do normal, embora Yaset não pudesse especificar exatamente o que sentia. Assim que pousou no trono, a filha encontra seu pai aos prantos, em um aposento que visivelmente foi um campo de batalha. Sangue estava espalhado por todos os lados do recinto.

Hayrmis havia sido surpreendido com a transformação de Lilith, mas, ao contrário de Yaset, a Rainha-Águia não conseguiu se desvencilhar da máscara. Seu corpo sofreu uma metamorfose completa: suas asas de penas alvas deram lugar a um grotesco par de asas coriáceas, sua pele empalideceu a ponto de parecer morta e grandes presas cresceram no lugar de seus dentes caninos. Diversas manchas esverdeadas nasceram pelo seu corpo, formando um padrão intrincado, enquanto seus olhos brilhavam com um desejo sinistro que Hayrmis desconheceu em sua esposa. Lilith avançou contra o esposo, encurralando-o contra a parede. Com um golpe de suas garras, a monstruosidade quebrou uma das asas de Hayrmis. Ele, com receio de ferir a amada, tentou de diversas formas evitar o confronto físico. Usou a Dominação Atlante, poderosa magia da Força, para controlar sua mente e a parar, mas a monstruosidade resistiu como uma entidade superior. Decidido a não ferir a esposa, Hayrmis fez com que Lilith cansasse-se de atacar, usando outra poderosa magia, Fantasma da Força, tornando-se um ser incorpóreo e incapaz de interagir com o mundo físico. Lilith emitiu um chiado de frustração, mas utilizou de seus poderes recém adquiridos para lançar um guincho, enfraquecendo Hayrmis.  O Rei-Águia usou suas últimas forças para lançar sobre si mesmo uma Armadura Espiritual, evitando o dano ao seu espírito. A monstruosidade ganhou os céus pouco antes de Yaset chegar ao Trono da Águia. Num canto, Hayrmis recuperava o fôlego quando notou a presença de Yaset.

— Minha pequena Yaset, sua mãe foi alvo de uma magia especial e transformada em uma criatura horrenda e faminta por sangue. Um demônio vampírico e assustador, com asas de couro. Uma criatura totalmente alienígena para mim. Em nenhum de meus tomos pude encontrar qualquer sinal, qualquer pista do que Lilith possa ter se transformado.

— Meu pai! — Yaset o abraçou, antes de responder. Abalada, também deixou algumas lágrimas correrem por seu rosto — O príncipe e eu também fomos alvos dessa magia. Era como uma voz em minha mente, me incitando a fazer o que não queria. Descobri que a fonte das sugestões era a máscara ritualística que usava e consegui vencê-la, mas Zuhur também foi transformado em um terrível monstro quimérico e me atacou.

— Entendo. Você tem a máscara?

Yaset lembra a atirou longe pela janela. Não sabia que aquilo poderia ser de alguma serventia.

— Faça-me um favor. Estou muito enfraquecido com o duelo contra Lilith e sem energia táumica para me recuperar totalmente. Volte ao Templo da Lua e recupere a máscara que usou. E mais, se isto aconteceu a vocês, provavelmente os demais casais passaram por perigo semelhante. Vá até ao Colosso do Leão, ao Jardim da Serpente, ao Chifre do Touro e ao Panteão Atlante. Investigue o que pode ter acontecido em cada um destes locais, mas não se envolva, apenas observe e traga as informações para mim. Apenas interfira se houver vítimas. Tome. Leve consigo o meu Chapéu da Fortuna, ele será mais útil em suas mãos.

Mesmo terrivelmente abalada, Yaset vê mais uma vez as responsabilidades de seu cargo impedindo-a de ficar parada. Seu pai lhe dá mais uma missão, que deveria ser cumprida pelo bem de todo o povo atlante. Ela sente um calafrio na coluna, que faz suas asas tremerem antes de saltar mais uma vez aos céus e voar primeiro para encontrar seus vizinhos, o casal serpentino. Yaset chega ao Jardim da Serpente e o cenário é de devastação: as plantas estão parcialmente secas ou destruídas, como se consumidas por insetos. À beira do lago central do Jardim, Sivrit, o Rei-Serpente luta com sua esposa, Krowka. A mulher está metamorfoseada, seus membros foram substituídos por partes de insetos. Por onde passa, as plantas secam, deixando um rastro sem vida. Uma nuvem de insetos a acompanha e as pequenas criaturas espalham-se para se fartar nas plantas que não secaram, devorando-as e se reproduzindo colocando ovos que rapidamente rompem em larvas. Krowka era originalmente da Casa da Águia, suas asas, antes de penas azuis, foram substituídas por asas queratinosas, como as de insetos. Uma cauda de escorpião cresceu em sua espinha, prolongando-a. E sua pele ressecou e agora mais parecem ataduras. Num golpe final, ela atinge as costas de Sivrit, que cai na água, enquanto Krowka foge, embrenhando-se entre as plantas.

Horrorizada, mesmo que quisesse perseguir o monstro, o código de honra de Yaset a impede de abandonar um atlante necessitado. Ela vê Krowka fugir enquanto corre para ajudar Sivrit antes que se afogue. Yaset atira-se no lago, sem se importar que isso impossibilitaria seu voo com as asas molhadas. Ela mergulha nas águas límpidas, seguindo o rastro de sangue de Sivrit, até abraçar o serpentino e trazê-lo de volta à superfície. O ferimento dele é fatal, Krowka arrancou uma grande escama de sua coluna torácica, aquela que, entre os serpentinos, está ligada diretamente ao coração.

— Yaset... Sei que não tempo de vida... Preciso que proteja a Árvore Atlante... E encontre um novo guardião para o Escudo-Espelho...

Antes que Yaset pudesse responder qualquer coisa, Sivrit falece. Não há mais salvação para o Rei-Serpente. Yaset lamenta a morte do Atlante, deixando as lágrimas caírem sobre seu corpo desfalecido.

— Talvez a máscara estivesse certa. Nada do que faço é suficiente... Estou falhando.

Ela repousa o corpo no chão, pega o Escudo-Espelho e se levanta mais uma vez. Com as asas molhadas e as lágrimas escorrendo pelo rosto ela corre para seu próximo destino, o Panteão Atlante. Com o uso de mais uma disciplina da Força Atlante, Yaset realiza saltos impossíveis, enquanto suas asas secavam. Em poucos saltos, ela chega ao canal que separa o Jardim das Serpentes do Centro de Atlântida, onde fica o Panteão. No caminho, ela olha para o Templo da Lua, lugar onde tudo começou e repensa sua vida. Seria tudo mais fácil se tivesse sucumbido àquela presença maligna da máscara, mas o destino de Atlântida estaria selado. Com a missão de volta aos seus pensamentos, Yaset concentra-se em chegar ao Panteão.

O Panteão Atlante sempre foi um lugar lúgubre, é aqui que ficam os restos dos nobres atlantes, quando seus corpos são transformados em cristais, que, por sua vez, alimentam Regulus de energia táumica. É este Legado Atlante que torna o lugar tão mágico e especial no universo. Yaset dá seu último salto e aterrissa na porta principal do mausoléu. O local está terrivelmente quieto e nada se houve ali. Embora houvesse indícios de movimentações naquele cenário, mais parecia que se tratava do cumprimento do ritual alquímico que uma batalha propriamente dita. Yaset frusta-se. Esperava que seus sogros pudessem lhes orientar sobre o que fazer com a transformação do seu noivo, mas agora ela pensa o pior.

— Mortos. Só podem estar mortos. É melhor eu me apressar para salvar ao menos uma pessoa neste ataque infeliz – ela diz, batendo as asas agora secas e atravessando o canal que separa o Centro Atlante do distrito onde fica o Chifre do Touro.

A torre dos taurinos está fumegante e visivelmente destruída. A construção não tem portas ou janelas, a única entrada é pela escada em espiral que circunda a torre espiralada até o topo. Yaset usa a destruição da torre ao seu favor, voando por cima para procurar um buraco por onde entrar, usando a fumaça para evitar ser vista e então bisbilhotar o que acontece lá dentro. Penetrando uma das partes destruídas da torre, Yaset percebe que ela foi abandonada. O que chama a sua atenção é a movimentação do lado de fora: uma espécie de caravana em fuga migra para o porto. Liderado por Argon, o povo táurico foge para se reagrupar em lugar seguro. Yaset voa na direção de Argon, chamando por ele mesmo antes de pousar ao seu lado.

— Argon, o que houve aqui?

— Uma desgraça! A Rainha de Touro foi possuída por uma criatura ocular. Em seu corpo começaram a brotar diversos olhos e ela enlouqueceu. Matou minhas outras esposas e quis devorar nossos filhos. Consegui trancafiá-la no porão da torre, mas não posso mais voltar para lá, tenho de levar o povo a lugar seguro - ele diz, envergonhado, tentando esconder a falta de um de seus chifres.

— Todos os casais foram atacados da mesma forma que vocês. Estou a investigar o que realmente houve. Qual o seu plano? Para onde levará o povo?

— O melhor lugar é a fortaleza do Colosso do Leão, mas, se todos os casais foram atacados, Ngaya ou Licaon podem não ser mais confiáveis.

— Eu preciso ir lá. Tenho de saber o que aconteceu – ela diz, batendo as asas e ganhando altitude.

— Espere! Eu vou com você. Meus homens podem proteger o povo, enquanto eu lhe acompanho com minhas Sandálias da Velocidade. Estou em desonra e tenho necessidade de me mostrar útil.

— Sempre será uma honra estar ao seu lado, Argon.

Yaset voa na frente, sendo seguida de perto pelo Rei-Táurico, e logo chegam ao canal que separa os dois distritos. A princesa faz menção de parar para ajudar o rei a travessar o corpo aquoso, mas as Sandálias de Argon são tão formidáveis que ele é capaz de caminhar na água, tamanha é a velocidade. Rapidamente, a dupla chega aos campos onde repousa o Colosso do Leão.

O construto, além de um monumento e uma maravilha atlante, é uma máquina de guerra que guarda a Atlântida da invasão de inimigos. Sua comandante, Ngaya, repeliu uma invasão lemuriana meses atrás, trazendo o caminho da vitória atlante sobre o octopóides. Foi com esta vitória que o exército invasor foi obrigado a recuar, para a batalha derradeira que consagrou Zuhur como digno de assumir seu papel como Pai-Céu de Atlântida. Enquanto Argon faz uma ronda ao redor do construto, Yaset entra no Colosso do Leão e encontra a sala de controle do construto devastada. O lugar havia sido palco de uma batalha sangrenta, dado o estado em que se encontrava. Um rastro de sangue revelava que um alguém ferido se escondia.

Com passos rápidos, mas um olhar atento aos arredores, Yaset segue o rastro de sangue, até ver que ele leva a um compartimento sob a mesa de controle. A princesa investiga o lugar, quando sente um vento anunciando a aproximação rápida de alguém. Com um movimento, ela se esquiva de garras.

— Yaset? - Ngaya para o ataque - O que faz aqui?

— Mestra! — Yaset se surpreende ao ver sua antiga professora de combate naquelas condições — Algo terrível aconteceu. Zuhur e Lilith foram transformados em monstros, assim como Krowka e Yaga, ao passo que estou tentando descobrir o que pode ter causado isso. O mesmo aconteceu aqui?

— Isso é um ataque coordenado, Yaset. Licaon também foi transformado. Meu esposo se transformou em uma fera lupina, com três cabeças, e destruiu partes do Colosso. Ele tentou me matar, mas consegui me esquivar para os compartimentos do construto. Estou com uma garra quebrada, perdi muito sangue.

— Argon está comigo. Ele está fazendo buscas ao redor do Colosso. Posso te levar para se juntar aos sobreviventes táuricos em algum local seguro no caminho para que o monstro não te mate. Queres vir comigo?

— Não. Ao invés disto, traga Argon aqui...

— Aqui estou eu – diz o táurico antes mesmo que Ngaya terminasse sua frase.

— Preciso da ajuda de seus homens para consertar os danos no Colosso. Se estamos sofrendo um ataque coordenado, iremos precisar de todas as armas.

— Voltarei ao meu povo e os guiarei para cá agora mesmo – diz Argon, desaparecendo logo em seguida. As duas mulheres olham pela janela e veem que o táurico já está distante do Colosso.

Yaset se abaixa para ajudar a guerreira a levantar, apoiando-a em seu ombro para andar até a saída, em seguida abraçando-a pela cintura. Ela faz um curativo em Ngaya, quando percebe algo em comum em todos os ataques: a felina deve uma garra arrancada, assim Sivrit teve também uma escama arrancada, Argon teve parte do chifre quebrado e Hayrmis sua asa.

— Isto não pode ser coincidência, Yaset. Estão tramando algum ritual. É melhor que você se apresse e vá pedir conselhos ao seu pai no Trono da Águia. Assim que Argon chegar, vamos preparar o povo para nos encontrar lá. Informe a seu pai que Yaga, Krowka e Licaon foram transformados. Todos que usavam máscaras o foram. Só resta mais um casal: Rha e Zimbia. Agora, vá.


[Resolução]
• Responder a fala de Hayrmis.

• Investigar o Colosso do Leão, palco da luta em Ngaya e Licaon e encontrará Ngaya ferida, que quase capturou Licaon. ND 5
Teste de Percepção: 2P + 5E = 7. Sucesso! Yaset ganha 1XP.

• Investigar o Jardim da Serpente, onde Sivrit e Krowka lutaram e encontrará Sivrit ferido de morte. ND 5
Teste de Natação: 0E + KO = 13. Sucesso! Yaset ganha 1XP.

• Investigar o Chifre do Touro, local da briga entre Argon e Yaga, onde pode ajudar Argon a carregar os taurinos a um lugar seguro. ND 5
Teste de Furtividade: 0E + 5O = 7. Sucesso! Yaset ganha 1XP.
• Investigar o Panteão Atlante, lugar do embate entre Sethurk e Zimbia, e perceber que nenhum dos está presente. ND 5
Teste de Percepção: 2P + 2C = 4. Falha. Yaset não ganha XP no teste.
• Em cada uma das investigações, deve mostrar o que faz em cada lugar, seja usando métodos furtivos, observatórios, mágicos e afins.


Última edição por Anfitrião em Qua Jan 29, 2020 12:33 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Episódio 01 - Atlântida   Episódio 01 - Atlântida EmptyTer Jan 28, 2020 8:27 pm

Ato 3




Orientada por Ngaya, Yaset volta ao Trono da Águia para revelar o que conseguiu em sua missão. O Palácio fica em uma grande montanha, alta o suficiente para ser vista de toda a Atlântida. Ela não havia percebido em suas buscas, mas sua jornada levou mais tempo do que o esperado. Porém, agora tinha uma pista real do que acontecera aos casais reais.

— Pai! Estou tão exausta. Percorri toda a Atlântida e obtive resultados, mas agora meu coração se enche de alegria de saber que tenho uma pista concreta do meu amado.

— Descanse, minha filha, e me coloque a par de tudo o que aconteceu enquanto esteve em sua busca.

Yaset conta da transformação de todos os consortes, da morte de Sivrit nas mãos de Krowka, do silêncio no Panteão Atlante, da fuga dos táuricos e da destruição do Chifre do Touro e do Colosso do Leão. A princesa também menciona a estranha coincidência dos ferimentos e as partes dos corpos que foram roubadas: a garra de Ngaya, o chifre de Argon, a escama de Sivrit e as próprias penas de Hayrmis.

— Deuses do Universo! É muito mais grave do que eu pensei. Com as partes dos Reis, um ritual pode mudar todo o povo de Atlântida. Se os consortes estão sendo controlados, então somente os artefatos sagrados de Atlântida serão capazes de detê-los.

Hayrmis levanta do Trono da Águia e prostra-se diante dele. Recintando uma prece e desatando diversos nós táumicos, o trono brilha, ganhando contornos de luz. Das costas do trono, o que parecia ser um simples enfeite é erguido por magia, revelando se tratar, na verdade, de uma fabulosa espada.

— Yaset, esta é a Lâmina de Luz, o maior tesouro guardado pela Casa da Águia. É a arma mais poderosa do universo conhecido. É com ela que você será capaz de derrotar o príncipe amaldiçoado.

A princesa hesita, não esperava tamanha honra de erguer a espada lendária. Tampouco achava que conseguiria usá-la contra o príncipe, mas, assim que ela empunha o artefato, sua coragem é renovada, o que vem em boa hora, pois um brilho ofuscante penetra o salão do trono. Hayrmis e Yaset correm ao parapeito do salão. Ao longe, o topo da Pirâmide do Sol brilha de um jeito nunca antes visto. Era como se uma estrela morresse, explodindo. A luz produzida vira um feixe, apontando para o céu, em direção ao Sol. O raio atravessa todo o céu e sua luz aos poucos vai mudando de cor, passando por todo o espectro do vermelho ao violeta, até tornar-se completamente preto. O raio negro atinge o sol, manchando a estrela que dá um poder diferencial aos regulanos, o fortalecimento pela luz solar. Como se isto não fosse o suficiente, assim que a mancha escura cobriu toda estrela de Regulus, uma linha pode ser visualizada atravessando a esfera como se fosse um meridiano. Aos poucos, a linha alarga-se, revelando-se se tratar, na verdade, de um portal. Dele, uma criatura gigantesca de corpo vagamente humanoide coberto de escamas reptilianas abre espaço com seus longos braços terminados em garras. Grandes asas membranosas saem de suas costas e sua cabeça parece um enorme polvo, com sete tentáculos como se fosse sua barba, e dois olhos bestiais.

O eclipse forçado pelo ritual de Zuhur provoca uma mudança em diversos atlantes espalhados pela cidade: os Aguilares têm suas asas de plumas transformadas em asas de morcego, os Táuricos têm seus chifres retorcidos como os de um bode, os Serpentinos perdem suas escamas e adquirem uma carapaça queratinosa como as de invertebrados e os Leoninos perdem suas feições felinas para dar lugar a aspectos lupinos.

A transformação influencia o conserto do Colosso do Leão, diversas pessoas que ajudavam na obra são transformadas e uma batalha tem início. Por toda a Atlântida, a guerra estoura. Cerca de um terço da população atlante é transformada, gerando um caos nunca antes visto. Amigos se enfrentam, irmãos desconhecem irmãos, pais lutam com filhos. A degradação, o terror e a morte transformam a paisagem de Regulus. No céu, a cada momento que se passa, o ser extradimensional atravessa o portal do sol negro.

— É chegada a hora, Yaset. É seu papel defender Atlântida na falta do Príncipe.

— Espero fazê-lo orgulhoso de mim. — São as últimas palavras de Yaset para seu pai, antes de usar as asas como garras para escalar o ar novamente, parecendo voltar mais uma vez para o início dessa história.

"Mesmo os invasores lemurianos e seu líder Cthulhu não poderiam fazer um ataque desses com tanta perfeição. Quem está fazendo isso certamente conhece Atlântida, seu povo e sabia o exato momento de atacar. Tenho certeza que há um traidor entre nós. Seria Zuhur? Não! Não acredito nisso. O príncipe ama a cidade assim como eu. Ele estava na guerra há pouco e não poderia ter planejado isso. Quem seria então? Posso descartar os cônjuges feridos. Poderia ser um dos usuários das máscaras ou um dos desaparecidos, mas prefiro não acreditar nisso. Espero que não seja nenhum conhecido."

Quando se aproxima o bastante da pirâmide, Yaset analisa o inimigo. Ela não quer ferir o príncipe e sabe que sua maldição é causada pela máscara, portanto precisa se aproximar o bastante para alcançá-la. Se não fosse pelos artefatos dos heróis atlantes, ela sabia que não teria chance de sucesso. Mas sentindo o poder em suas mãos ela se sente compelida a tentar. O futuro de todos dependia dela.

— Ei, príncipe, não vai tentar me pegar de novo? — Ela grita em tom de provocação, tentando parecer confiante, enquanto por dentro seu coração estava prestes a explodir de medo.

Yaset consegue a atenção de Zuhur. A quimera exibe suas garras de lobo e rosna, mostrando os caninos afiados. Sua cauda escorpiana é eriçada por sobre os chifres retorcidos de bode e, então, ela abre as asas coriáceas de morcego. A princesa voa ao redor do monstro, os olhos da criatura não desviam de seu alvo, analisando-a. Zuhur alça voo e uma perseguição tem início, uma figura de luz, de asas vibrantes e pele alva foge de uma figura de trevas, de asas medonhas e pele escura. O voo da dupla é belo e mortal, formando uma espiral ascendente. As investidas de Zuhur com seu ferrão são repelidas com o Escudo-Espelho de Yaset, mas o ataque é forte demais para ela resistir. Ela sabe que precisaria de um fator extra. Segurando firmemente a Lâmina de Luz, a princesa nota o brilho aumentando conforme a sua vontade. Embora o sol estivesse totalmente encoberto com o ritual da quimera, Yaset sabe que ali reside uma fração do poder do sol de Regulus, responsável pelo fortalecimento que todos os atlantes têm quando estão sob o sol. Impondo sua vontade sobre o artefato, a Lâmina de Luz explode em brilho, fortalecendo o físico de Yaset, agora capaz de resistir às investidas de Zuhur.

Inspirada pela luz da espada, Yaset tem sua esperança renovada. Seu pai Hayrmis mencionou sobre o poder especial da Lâmina de Luz e concentrou-se para este ataque. A quimera aproxima-se novamente, desferindo outro ataque. Yaset espera até ela se aproximar bastante. Estando tão perto, os ataques com a cauda de escorpião são mais difíceis e desengonçados, forçando-o a atacar com seus dentes e garras, o que deixa a princesa mais próxima da máscara. Enquanto se defende dos ataques com o Escudo-Espelho, Yaset concentra sua energia táumica no poder especial da Lâmina de Luz, transformando a lâmina da espada em pura luz solar. A quimera vacila com tanta luminosidade e é a brecha que Yaset esperava. Com um golpe preciso e poderoso, a princesa acerta em cheio a máscara, arrancando-a da face de Zuhur e sendo arremessada na base da pirâmide.

Princesa e príncipe se reencontram novamente. Aos poucos, os traços quiméricos foram deixando Zuhur, mas o casal não teve tempo para comemorações. Do alto do céu, o sol negro havia sido rasgado pelo portal do ritual. Cthulhu, o ser extradimensional, havia ultrapassado a barreira que separava Regulus de sua prisão em Giedi e agora consumia toda a vida de Atlântida com seus tentáculos. Zuhur tentou se erguer, mas não tinha forças para se manter de pé. A cada passo do monstro, vidas eram ceifadas, fossem atlantes intocados pela maldição, fossem os malditos transformados pelo ritual da quimera.

Os outros monstros revelaram-se assim que seu mestre mostrou-se saciado. Licaon agora era um lupino de fato e não poderia mais voltar à sua forma felina. Krowka havia abandonado de vez suas curvas reptilianas e era uma criatura com carapaça queratinosa. Yaga já não tinha os cornos imponentes, apenas diversos olhos abrindo e fechando espalhados pelo corpo. As asas de Lilith nunca mais seriam belas, para sempre seriam coriáceas como as de um morcego. Estes eram os quatro monstros, um de cada Tradição, que, transformados, deram um pedaço do corpo de seus parceiros para o ritual da quimera, juntos, eram o suficiente para abrir o portal de Cthulhu e transformar os atlantes em malditos. Não fosse a resistência de Yaset com a máscara da medusa e sua vitória sobre Zuhur, livrando-o da quimera, o planto teria sido um completo sucesso. Mas restava ainda o sétimo filho de Cthulhu dar as caras.

— Estão todos ali: Krowka, Licaon, Yaga e minha mãe Lilith. Se não tivesse força de vontade, estaríamos ali também eu e você, Zuhur. Só que ainda resta um maldito e eu não sei se Zimbia ou Rha usaram a máscara ritualística do casamento. Não encontrei ninguém no Panteão.

— Não encontrou porque eu fugi – diz Zimbia, a mãe de Zuhur – percebi quando Rha começou a transformação e vi que alguma estava errada. Peguei o Manto da Invisibilidade e me afastei. Me esgueirei sorrateira para chegar ao Templo Lunar, mas vocês já haviam partido.

Enquanto Zimbia falava, Rha aparecia imponente. Seu corpo serpentino havia se transformado e dava lugar a um corpo draconiano. Um detalhe chamava a atenção: seu corpo era completamente revestido de oricalco e havia nichos onde diversos talismãs atlantes estavam incrustados. Ele prostra-se diante de Cthulhu e o extraplanar abençoa-o com um de seus tentáculos. A mente dele vagueia, lembrando-se de como conseguiu contato direto com seu mestre quando ainda lutava contra suas tropas lemurianas, até que a entidade ofereceu poder inimaginável se ele se aliasse. Rha, ganancioso, não pensou duas vezes. Confeccionou novas máscaras ritualísticas para os convidados do casamento de seu filho. Assim, garantiria a entrada de seu mestre em Regulus. Zimbia, a esposa, foi a primeira a se dar conta do plano de Rha e conseguiu fugir ao vestir o Manto da Invisibilidade. Isto não pareceu um problema para o lacaio de Cthulhu, visto que os demais haviam caído às tentações do extraplanar. Nem mesmo a resistência de Yaset foi um impedimento e o salvamento de Zuhur foi tardio, a invasão já havia sido concretizada. Os mascarados malditos levaram para o mestre os talismãs que guardavam e agora Rha estava mais poderoso que nunca.

Rha recolhe os talismãs, colocando-os nos nichos de seu corpo draconiano. A vitória dos vilões é interrompida com o levante de Ngaya e seu Colosso. A felina pilota o construto passando por cima de vários atlantes malditos, até chegar aos lacaios de Cthulhu sob seus pés. O Colosso do Leão acerta suas garras no extraplanar, que usa suas asas para se proteger, mas Licaon intercede e avança sobre o Colosso, escalando-o com suas garras lupinas e destroçando partes frágeis nas juntas dos membros do construto. Ngaya é obrigada a deixar Cthulhu para se livrar de Licaon, afastando-se e tentando agarrar o esposo traidor, que continuava a escalar o corpo colossal. O monstro uiva próximo à cabine de comando, provocando um ataque sônico à estrutura, que ameaça rachar. Ngaya sabe que seria questão de tempo até que ele penetrasse a armadura do Colosso e adianta o confronto ao abrir uma das escotilhas e se lançar em combate corporal com o monstro. O que se segue é um banho de sangue felino e canino, tingindo de vermelho o Colosso inerte. Mesmo portando os Braceletes dos Elementos, Licaon consegue resistir à maioria dos ataques, quase como se fosse invulnerável ao poderes do artefato.
 
Ao longe, Yaset pode ver que Argon conseguiu reunir um pequeno exército formado por seus súditos táuricos, mas reforçado por fileiras de leoninos de Ngaya e os órfãos serpentinos. O exército atlante enfrenta seus irmãos amaldiçoados com pesar, uma guerra dessas proporções no período do casamento alquímico abalou a moral dos regulanos. No meio da batalha, Argon encontra sua esposa transformada e a antiga Rainha-Serpente Krowka. Yaga tinha diversos olhos piscantes, o que provocava tripofobia em seu marido. Os olhos dela disparam diferentes raios oculares, para a surpresa de Argon, que, de posse das Sandálias da Velocidade, não conseguia esquivar totalmente das rajadas de Yaga. Enquanto o ex-casal inicia um embate, repleto de desgosto e nojo, Krowka avançava devorando todos os que encontrasse pela frente, independente de serem atlantes ou malditos.
 
Nos céus, outra batalha tem início, entre os malditos com asas de morcego e os atlantes alados aquilares. Sob o comando de Hayrmis, a Casa da Águia dizima o máximo que pode das criaturas vampirescas, não sem antes de perder diversos membros. Lilith persegue seu antigo marido, mas a magia dele consegue repeli-la. Porém, do alto, o Rei-Águia percebe que estão em desvantagem e seu número é cada vez mais reduzidos. Centenas de corpos de ambos os lados jazem, restando muito poucos do povo que um dia foi chamado de atlante. Com uma formação típica de combate alados, eles batem em retirada, avisando e protegendo o exército de Argon em terra.
 
— Vamos, Yaset. É melhor nos reunirmos com seu pai e os sobreviventes. Precisamos de um plano para deter o avanço desta monstruosidade.
 
Rha gargalha, comemorando a retirada atlante, enquanto reúne seus lacaios sob a sombra de Cthulhu.


[Resolução]
• Derrotar o Príncipe Zuhur, NDA 15, NDD 15.
Yaset Ataque: 0E + 2 (Arma média) + 4 (Ataque Especial da Excalibur + Preciso, gasta 2 PMs) + 9E = 15. Sucesso! Yaset ganha 1XP.
Yaset Defesa: 2O (+1 Fortalecimento, 1PM) + 2 ("Armadura" do Escudo-espelho) + 10O= 15. Sucesso! Yaset ganha 1XP.
Restam: 8 PMs.

Gastos:
2PMs para Ataque Especial. Restam 4PMs.
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Episódio 01 - Atlântida Empty
MensagemAssunto: Re: Episódio 01 - Atlântida   Episódio 01 - Atlântida EmptyQua Jan 29, 2020 8:20 pm

Ato 4
 
               
Os reis sobreviventes reúnem-se no Trono da Águia, onde os malditos não poderiam avançar com tanta facilidade, devido a altitude da casa dos Aguilares. O ponto estratégico concede uma vista privilegiada do que já foi chamado de Atlântida e agora restam apenas escombros e campos sem vida. A figura colossal de Cthulhu continua mantendo seus tentáculos no solo regulano, consumindo toda a vida do planeta.
 
— Eu não me conformo – diz Zuhur – Eu deveria proteger nosso lar, mas fui o primeiro a cair na tentação da máscara. Eu estava me sentindo tão importante, tão respeitado, tão... Orgulhoso!
 
— Não é culpa sua, meu filho – Zimbia abraça o príncipe – Há algum tempo que noto mudanças em Rha. Desde sua última incursão aos campos de batalha, ele tem se interessado por assuntos sombrios e tem ficado mais reservado, como se observasse cada detalhe atentamente.
 
— Eu notei que ele se afastou – diz Hayrmis – mas entendi que eram os horrores da guerra que tinham lhe tornado taciturno. Só demonstrou interesse real quando as festividades do casamento alquímico chegaram.
 
— Chega – Ngaya bate na mesa – não adianta procurarmos culpados. Não é hora para isso. Temos de elaborar um plano para salvar os sobreviventes. São poucos os leoninos que me restaram, basicamente uma família.
 
— Os meus súditos também são poucos – diz Argon – praticamente um casal de cada família. Além disso, os serpentinos perderam seus reis e estão desorientados.
 
— Com tantas mortes, o que será de nosso povo agora? Vale a pena lutar? – Yaset deixa as inseguranças escaparem pela boca.
 
— Não diga isso, minha princesa – Zuhur a abraça – Lutaremos até o fim.
 
— Não lutaremos – diz Argon – Nosso povo está reduzido e Regulus é uma terra morta.
 
— Não seja pessimista – protesta o príncipe.
 
— Ele está sendo realista – diz a Rainha-Anciã – Só há um jeito de nos salvar. E é deixando Regulus para trás.
 
— Mas minha mãe...
 
— Infelizmente, é verdade – volta Ngaya – Não há esperança para Atlântida. Cthulhu já penetrou o plano o bastante para não haver mais volta.
 
O conselho improvisado discute possibilidades de salvação do povo atlante. Yaset tenta se concentrar na reunião, mas seu corpo não a obedece mais. Cada músculo doía devido ao extremo esforço daquele dia, mas o pior de tudo era a constante vontade de chorar por ter sido tudo em vão. Com os olhos cheios de lágrimas, ela se afasta da reunião sem dar maiores explicações e se esconde num dos diversos corredores que levavam ao trono da águia. Sabia que dera o melhor de si, mas ainda assim não fora o suficiente. Atlântida estava perdida. Com raiva, ela soca uma parede e solta um gemido de dor. Ouve passos atrás de si. Era Zuhur. O príncipe pega sua mão machucada e leva aos lábios, dando um beijo suave e paternal.
 
— Minha mãe estava certa. Eu devia ter me esforçado mais, treinado mais, aprendido mais… Não estou pronta para defender Atlântida. — Ela abraça o noivo e chora sem vergonha.
 
— Ninguém poderia estar pronto para tamanha traição. Nem você, nem eu, nem mesmo o sábio Hayrmis. — Zuhur tinha uma expressão de dor e culpa nos olhos, mas não deixa transparecer, talvez por achar que devia consolá-la e não preocupá-la ainda mais. — Não podemos desistir ainda. Enquanto houver um pequeno fio de esperança, por menor que seja, devemos lutar por ele.
 
— Você realmente acha que há esperança? Nosso plano está sendo consumido e não temos sequer ideia do que fazer!
 
— As maiores mentes de Atlântida estão trabalhando nisso agora. Confie neles.
 
— E quanto a nós? O que faremos?
 
— Caberá a nós consumar o seu plano. É o nosso dever.
 
Ela assente. O silêncio recai sobre os dois, que continuam abraçados no corredor vazio. Yaset sente as mãos de Zuhur acariciando as suas costas, enquanto escuta as batidas de seu coração, com a cabeça encostada em seu peito. O contato físico entre os dois parece natural pela primeira vez. Não como todos os encontros coordenados por seus pais ou as cerimônias que a tradição ditava para o futuro casal real. Yaset se sente confortável e percebe pela primeira vez que desejava o corpo do príncipe. Ela tenta racionalizar o sentimento, o compreendendo como o mecanismo instintivo da perpetuação da espécie que aflora quando a adrenalina baixa. Após toda a confusão daquele dia, isso fazia sentido para ela.
 
— Nós temos outro dever. — Ela diz, com vergonha de levantar o rosto.
 
— O que quer dizer?
 
Ela não consegue dizer. Passa alguns segundos em silêncio, com o coração batendo forte. O príncipe coloca a mão sob seu queixo, levantando seu rosto até os olhos se encontrarem. Então a beija, puxando firmemente seu corpo contra o dele. As mãos ásperas do guerreiro tocam a pele macia da princesa, enchendo-lhe de carinhos e afagos. Era a noite de núpcias do casal – ou o mais próximo disto, visto que Atlântida estava voltada eternamente para o lado do sol regulano. Em tempos normais, estariam desfrutando o amor e gerando a criança que herdaria toda a vastidão de Regulus. Os noivos procuram um lugar mais reservado, chegando aos aposentos de Yaset, quando solteira. Não era um quarto cheio de simbolismos como a câmara da Pirâmide do Sol exibia, mas era suficientemente confortável para o casal conceber a criança. Quando os dois deitam, parece que o mundo existe apenas naquele lugar e todos os problemas que enfrentavam deixavam de existir naquele momento. A união entre o príncipe e a princesa é consumada e um cometa vindo do interior do Pai-Céu  repousa no colo da Mãe-Terra, fazendo germinar ali, naquele instante, a semente da vida que geraria a Criança-Luz.
Os dois continuam na mesma posição por alguns instantes, ainda ofegantes. Aos poucos Zuhur a libera do abraço e se levantam da cama. Eles ajeitam a roupa no corpo novamente e voltam para a reunião de mãos dadas. Chegam a tempo de ouvir o plano decidido pelos reis. A discussão havia durado horas, mas o conselho finalmente chegara a um consenso. O plano exigia muito de todos. Hayrmis usaria a sua magia restante para confeccionar uma prisão para Cthulhu e seus filhos, mas para isso, teria de sacrificar uma parte do planeta e um punhado de vidas atlantes. Eles dariam suas energias táumicas para invocar tamanho poderio mágico. O Rei-Águia necessitaria dos artefatos sagrados de Atlântida: a Lâmina de Luz dos Aguilares, o Cajado dos Elementos dos Leoninos e o Cálice Sagrado dos Serpentinos. A união destes itens formaria o poderoso Caduceu Cósmico. As partes, porém, precisariam ser unidas com um dos Talismãs dos Táuricos, mas todos eles agora faziam parte do corpo de Rha.
 
— Eu irei – diz Yaset – Rha não espera que uma princesa tenha forças para enfrenta-lo.


— É perigoso – diz Zimbia – Mas poderemos distraí-lo enquanto você se aproxima com o Manto da Invisibilidade.
 
— Sim – concorda Zuhur – Eu e os demais regentes usaremos nossos artefatos para combater os Malditos e meu pai. Assim, você estará livre para se aproximar sorrateiramente dele.
 
Definido o plano, o grupo se prepara para executá-lo. Zimbia entrega o Manto da Invisibilidade para ajudar Yaset em sua tarefa e as duas se despedem com um abraço longo. A princesa se sente como nas lendas antigas, quando outros heróis de Atlântida haviam usado aqueles artefatos poderosíssimos para defender seu lar. O grupo de regentes desce do Trono da Águia, enquanto os atlantes continuavam doando sua energia para o ritual de aprisionamento. Dessa vez, Yaset era uma dessas heroínas. Antes de partir ela dá um último beijo nos lábios do príncipe.
 
— Nos veremos novamente. — Ela deseja.
 
Yaset segue os guerreiros pela retaguarda, já invisível para que os inimigos não suspeitassem de nada. Ao chegar no campo de batalha, os regentes se espalham, cada um procurando um adversário e aniquilando os malditos que se punham em seus caminhos. Ngaya soca o chão com o poder dos seus Braceletes, derrubando diversos malditos com a onda de choque provocada pelos elementos, abrindo espaço para que Argon, calçando as Sandálias da Velocidade, leve os caídos para longe do campo de batalha. Licaon contra-ataca, em estado de fúria, ele avança em carga, apenas para ir de encontro ao Escudo-Espelho empunhado por Zimbia, que protegia os regentes atrás de si, dando tempos para que Haymis tirasse de seu Chapéu da Fortuna diversas adagas que foram entregues a Argon. O táurico corre até um ponto estratégico entre os lacaios de Cthulhu e, girando sobre seu próprio eixo, transforma-se num pião e atira as adagas em todas as direções, atingindo todos ao alcance. Não fosse o Escudo-Espelho empunhado por Zimbia, até mesmo os aliados estariam feridos.
 
Yaset vê a oportunidade de agir quando Argon deixa o campo de batalha. Tentando manter-se a todo momento contra a direção do vento, para que o rei não sentisse seu cheiro, ela se aproxima devagar, somente desviando dos combates que voltaram a se iniciar ao seu redor. Não ousa voar, para não fazer barulho. E tenta fazer seu caminho todo passando pelo terreno pedregoso, para que seus pés não façam marcas no chão. Tudo precisava ser perfeito.
 
Zuhur, ao longe, mirando seu arco, dispara flechas abrindo caminho para Yaset. A princesa usava os disparos como guia para não ser percebida. Krowka passa bem ao seu lado, seu cheiro chega a chamar a atenção da besta insetóide, mas uma flecha certeira de Zuhur a derruba. Yaga socorre a irmã monstruosa e dispara rajadas oculares na direção do príncipe, fazendo-o recuar.  Lilith avança sobre Zuhur, mas Hayrmis dá um rasante à sua frente, atingindo-a com sua arma e iniciando uma perseguição aérea.
 
Rha observa a tudo do alto, como um dragão, agora podia pairar sobre o solo, levitando. Yaset posiciona-se abaixo dele, esperando um momento oportuno para saltar e agarrar um dos Talismãs. A batalha estava equilibrada e Rha já se sentia vitorioso, quando uma flecha acerta em cheio um dos talismãs que eram praticamente alvos pintados no corpo do seu pai. O filho aproxima-se do Rei-Ancião e o encara de frente.
 
— PAI! Por que está fazendo isso?! Não faça isso, retome a consciência. Lembre-se de quem você era, um exemplo pra mim!
 
— Poder... Filho – a palavra flui com uma mistura de asco com deboche – É tudo o que interessa, poder! Vê aquela esplêndida criatura – Rha aponta para Cthulhu – É um Deus, e assim serei um dia!
 
— Eu não te reconheço, pai. Onde está aquele homem sábio de antes? Que liderou Atlântida contra Lemúria e agora nos trai? E por poder? O senhor era o mais poderoso de Regulus! Por favor, abra seus olhos, eu lhe imploro...
 
— Oh! Esqueci que ainda estou vestindo esse disfarce ridículo de Atlante - ele dá uma risada maligna enquanto suas feições começam a se deformar. Seu pai está morto! E há muito tempo, garoto estúpido. Eu sou Sethurk, o conquistador de atlântica! Grave isso em suas estúpidas pedras.
 
Então era isso. Rha havia sido substituído por uma cópia lemuriana. Sem precisar mais manter o disfarce, Sethurk dissipa a ilusão que lhe dava a aparência do Rei-Ancião. Sua bela juba dá lugar a uma cabeça careca, sua barba dourada dá lugar a tentáculos típicos dos lemurianos. Sethurk era a imagem e semelhança de Cthulhu, com a diferença que não tinha asas. Zuhur não acredita. Por quanto tempo havia sido enganado? Como ninguém desconfiou todo este tempo?
 
Yaset aproveita o momento de triunfo de Rha e abre suas asas vagarosamente. Necessitava ser precisa e rápida e tomar o talismã com um único golpe. Ela se ajeita e, enquanto Sethurk emitia o que parecia ser uma gargalhada, salta agarrando o Talismã do Espírito. Sethurk sente no mesmo momento e golpeia o ar, mas o Manto da Invisibilidade de Yaset a tornava também intangível e incorpórea. Zuhur entende o que Yaset fez e atira contra Sethurk, dando espaço para que a princesa ganhasse distância com seu voo. Nesta hora, todos os regentes se unem contra o antigo Rei-Ancião. Desimpedida, Yaset voa de volta ao Trono da Águia. Ngaya recupera o controle do Colosso, garantindo uma vantagem na batalha. O plano estava sob controle e Hayrmis deixa o campo para auxiliar Yaset. Os dois pousam no alto do território aguilar e a filha entrega o Talismã ao Pai. O cabo da Espada é acoplado ao Cajado que, por sua vez, é unido ao Cálice e tem o Talismã ligado em seu bojo.
 
— Agora, junto um dos Talismãs ao Cajado, à Lâmina e ao Cálice! Assim, completo o Caduceu Cósmico! O mais poderoso objeto mágico da Criação!
 
Os sacerdotes de todas as Casas de Atlântida cedem sua energia táumica para tecer os nós da grandiosa magia de aprisionamento, como se fossem aranhas produzindo os fios de suas teias. Eles sincronizavam os movimentos em perfeita harmonia, recitando uma espécie de mantra antigo até mesmo para os atlantes e gesticulando as mãos de dentro de si para cima, formando um fio que seguia para o Caduceu. O artefato, nas mãos de Hayrmis, parecia uma agulha tricotando todos aqueles fios mágicos de mana. A magia é concluída com sucesso,  criando um vórtex que arrastava os possuídos pelas máscaras que foram transformados em monstros. Os Pecados tentavam se agarrar desesperadamente, alguns tentando levar seus adversários consigo e rogando pragas de retorno e outras maldições. A própria terra de Atlântida servia como revestimento para a prisão, mas Cthulhu sequer se movia. A entidade mostra-se completamente imune àquela magia extrema, impávida, ainda se alimentando da mana de Regulus. Seus filhos são aglutinados em um núcleo, o solo atlante revestindo-os e as energias táumicas dos sacerdotes cimentando a prisão, formando uma intrincada rede cristalina com as almas daqueles que um dia juraram proteger Atlântida, obra máxima de seu sacrifício. Porém, a magia tem um efeito colateral: não só aqueles que foram possuídos pelas máscaras são aprisionados, mas também aqueles que as usaram, mesmo que momentaneamente: Zuhur e Yaset. A princesa tem um destino triste, embora tenha usado a máscara por tão pouco tempo, foi o suficiente para que sua forma astral fosse arrastada para dentro da prisão. O príncipe, que havia ficado mais tempo com a máscara, tem um destino pior, pois seu corpo inteiro é arrastado para o vórtex de magia.
 
Cthulhu absorve toda a mana de Regulus, desestabilizando o núcleo do planeta e produzindo catástrofes por todo o globo. Terremotos, erupções vulcânicas, maremotos e tempestades varrem a superfície do outrora belo Regulus. As rachaduras são profundas e tornam o planeta tão frágil que ele colapsa em si mesmo. O último baluarte era Atlântida. A cidade continha ao redor de si uma muralha energeticamente fortificada contra catástrofes naturais, mas o que acontecia naquele momento era a completa destruição do planeta. De posse do Caduceu e com poder suficiente para formar um portal grande o suficiente para levar Atlântida a outro plano, Hayrmis arrisca a magia para levar aquele pedaço de Regulus a um lugar pouco desenvolvido e seguro. O grande problema é que um portal desta magnitude era fácil passagem também para Cthulhu.
 
Assim que a magia envolve a cidade numa redoma, Cthulhu agarra-se a seu assoalho e consegue sobreviver à destruição de Regulus. Atlântida é teletransportada para a órbita do planeta Terra, e rapidamente é atraída pela gravidade terrestre. Os poucos sobreviventes atlantes fogem para dentro do Colosso do Leão, uma tropa de Aguilares transporta o Trono da Águia para dentro do construto. A chave da Torre Táurica e a Semente de Yggdrasil já estavam a salvos. Com os últimos passageiros a bordo, o Colosso salta da cidade em queda livre, enquanto Atlântida atinge a parte do oceano hoje conhecida por Mar das Bahamas, aprisionando Cthulhu sob seu assoalho. As muralhas fortificadas da cidade impediriam que a entidade despertasse, pois não poderia ultrapassar a superfície de Atlântida, tampouco a barreira energética que se estenderia até o outro lado do planeta, atravessando o núcleo, inclusive.
 
Os sobreviventes atlantes veem o portal para Regulus se fechar, era a última vez que veriam o seu planeta, pouco antes de sua explosão. No horizonte sob o Colosso, um novo mundo seria desbravado e os atlantes sobreviveriam, deixando seu legado na Terra. Yaset seria venerada como heroína, tendo seu corpo petrificado sido considerado santo e cultuado. Até que o tempo se passasse e legado pudesse ser perdido. Mas sempre haveria uma forma de ser encontrado.
 


[Resolução]

  • Aproximar-se de Rha o suficiente e roubar um ou mais talismãs, ND 22.
  • Yaset: 0E +8 (Invisibilidade) + AE = 22. Sucesso! Yaset ganha 3XP.


Última edição por Anfitrião em Qui Jan 30, 2020 8:57 pm, editado 1 vez(es)
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