Após a queda da mítica Atlântida, poderes são aprisionados no Cometa-Prisão e a libertação deles dão início a uma nova ordem.
 
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 Episódio 02 - Despertar

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MensagemAssunto: Episódio 02 - Despertar   Episódio 02 - Despertar EmptySeg Fev 03, 2020 6:04 pm

Após a destruição de seu plano natal, Yaset desperta em um mundo completamente desconhecido.


Última edição por Anfitrião em Sáb Jun 20, 2020 2:56 pm, editado 2 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Despertar   Episódio 02 - Despertar EmptyQui Fev 06, 2020 8:02 pm

Ato 1
 
Sede da Irmandade Iluminada, Berlim, inverno de 1910.
 
Olhos forçam-se a abrir. Uma pele cinzenta, petrificada, aos poucos começa a ficar macia e com uma alvura sobrenatural. Membros, antes rijos, ameaçam se mexer. Os pulmões, depois de milênios parados, voltam a se encher de ar e a se movimentar, levando oxigênio para o sangue, bombeado por um coração que não batia há eras. A vida naquela escultura de origem desconhecida, guardada nas salas secretas da Academia Alquimista voltava a pulsar. Yaset abre seus olhos e aspira ar como se nascesse novamente.
 
A atlante está confusa, ela se vê em meio a diversos outros artefatos antigos e não catalogados, um ambiente que não lembra de ter visitado antes. Ela só se lembrava da magia de seu pai, Hayrmis, na batalha contra Cthulhu, quando foi pega desprevenida e teve sua alma arrancada do corpo. Sim! Agora ela lembrava. Os últimos sobreviventes usaram uma magia para criar uma prisão aos malditos filhos da entidade lemuriana. Ela e seu noivo, no dia do casamento, foram obrigados a enfrentar o mal que resultaria na destruição de Atlântida. Ela lembrava de tudo, de como Regulus foi destruído, da batalha contra seu sogro, da prisão com seus antigos aliados. A prisão. Yaset lembra de uma dimensão de bolso, pedaços de terra levitando ao redor de nada e que levava a lugar nenhum. Seus adversários estavam consigo e precisava aguentar as provocações diárias deles. Yaset está cansada. Não fisicamente, mas mentalmente, após um tempo infindável flutuando no espaço, encarando o desconhecido e os horrores grotescos dos invasores ao seu redor. Não se sente mais como uma princesa inocente e esforçada, mas como uma velha melancólica que perdeu tudo. Quanto tempo havia ficado presa naquele martírio? Impossível dizer. Eras, talvez. Da prisão, ela lembrava de uma janela de onde podia visualizar estrelas desconhecidas, mas reconhecia quando passava próximo de um planeta azul com nuvens. Aquele planeta a atraía de forma poderosa. Seria aquele planeta o destino dos sobreviventes atlantes? Estaria ela naquele planeta, neste momento? Eram muitas dúvidas para sanar e nenhuma resposta. Ficar parada não iria lhe trazer respostas.
 
Yaset tenta se mexer. Movimentar seu corpo físico novamente parece estranho e ela não se sente confortável consigo mesma. Aos poucos, conseguia controlar todos os membros. Suas asas estavam intactas. Ela as abre, mas, como estava num ambiente confinado e repleto de objetos antigos, sua asa esbarrou em um vaso, fazendo-o cair e se espatifar no chão. O silêncio foi quebrado pelo barulho da queda e logo depois por passos apressados em direção ao galpão onde a atlante se encontrava.
 
— Malditos ratos! Cidade infestada de ratos! Até aqui onde não há comida? Essas pestes merecem ser exterminadas em nome do Senhor!
 
Quem gritava era Brun Schultz, um jovem e impaciente aprendiz que mantinha as instalações limpas das salas fechadas da Irmandade Iluminada. Ainda em início de carreira, Brun acreditava que, mostrando-se útil, poderia sair às explorações comandadas pelos Mestres Iluminados. Porém, apesar de toda a febre por explorações que atingiu o mundo nos últimos tempos, com a descoberta de várias cidades perdidas e segredos egípcios, o jovem não havia sido sequer cogitado para integrar alguma equipe. Sem se dar por vencido, aproveitava sua função para aprender e se debruçar nos tomos. Detestava precisar ir ao galpão onde artefatos sem identificação eram reunidos, pois não conseguia absorver o que os objetos representavam.
 
— Espero que não tenha quebrado nada...
 
Schultz para, boquiaberto, ao vislumbrar a sua frente a figura angelical de Yaset. Ela tenta usar o poder do manto lunar, mas não é rápida o bastante. A atlante também se espanta, curiosa com aquele homem de pele rosada, tão diferente da pele monocromática dos atlantes. A criatura que aparece a sua frente é grotesca. Tinha a forma atlantóide deturpada de alguma forma, com a pele mole e rosada em tom sobrenatural. Não possuía asas, juba, escamas ou chifres, como um bebê, mas suas proporções eram maduras. Só poderia ser mais uma monstruosidade criada pelo invasor de dimensões. Ele grita em sua direção, despertando a guerreira adormecida de Yaset, que o empurra para o lado e começa a correr.
 
Algo chama sua atenção no corredor onde passava. Uma espécie de papiro com desenhos que a fazem recordar de sua infância, quando estudava com os mestres atlantes sobre a geometria sagrada e vira plantas de muitos templos e edifícios importantes. De alguma forma, aqueles desenhos também se assemelhavam a uma planta. Talvez fosse um mapa do local onde estava, mas feitos com uma lógica diferente da qual ela estava acostumada.
 
Ela observa os detalhes do corredor, tentando entender o povo que o construíra. Diferente das construções fluidas dos atlantes, esse povo fazia tudo com pequenos blocos. Tudo parecia muito pequeno, quadrado e angular, assim como o desenho, dividido em vários retângulos. Chega à conclusão que cada retângulo deveria ser correspondente a um cômodo. O retângulo longo e apertado só podia ser o corredor em que estava. As linhas apagadas em cada cômodo só podiam ser saídas. Com o dedo, ela traça um caminho até a saída mais externa do desenho e o memoriza.
 
— Ainda bem que ainda tenho você. — Ela diz enquanto coloca o manto e usa seu poder para ficar invisível. Com passos cuidadosos e silenciosos ela percorre o corredor e passa pelos dois guardas que protegiam sua saída.
 
Diferente do mapa que havia visto, no lugar da saída mais externa, Yaset encontra uma folha de madeira, pregada em um arco colado nas pedras que constituíam as paredes. Assim como tudo ao seu redor, a madeira tinha formato retangular. Com adereços de ferro adornando sua lateral, com um buraco num formato que lembrava uma lanterna.
 
— Esse povo tem um gosto horrível para arte.
 
Na parede, ao lado da madeira, havia um gancho de ferro com outro adereço metálico com uma circunferência e um alongamento, parecendo um símbolo mágico desconhecido. Yaset imagina que esse símbolo possa ser uma dica de alguma magia especial que teria que usar para revelar a saída, mas apesar de se parecer com os símbolos de magia mental, ligados a pensamentos e emoções, não ajudava de forma alguma. Ela toca o símbolo com a ponta dos dedos, sentindo o metal gelado. Tenta levantá-lo e percebe quão leve era. Tira-o do gancho e o observa de todos os ângulos. Olhando de frente, ele parecia ter o formado do buraco nos adereços metálicos da madeira.
 
— Será que...? — Ela aproxima o símbolo e encaixa no buraco do adereço. O encaixe é perfeito, mas nada acontece. Yaset  gira o símbolo e escuta sons metálicos, mas é interrompida pelos gritos de Francis.
 
— Onde ela foi? Onde ela foi?

O aprendiz sai do corredor desesperado. Os guardas se entreolham, desconfiados. Schultz estava mais vermelho que o de costume, visivelmente irritado. Ele sai apressado do corredor e para de frente aos guardas.
 
— O anjo! Ela acabou de sair daqui e vocês ficam parados?
 
— Não vimos nada, mago – responde um dos guardas – Nada passou por aqui.
 
— O senhor está bem? Parece agitado – pergunta o outro.
 
Schultz leva a mão espalmada para o alto, indignado. Ele volta ao corredor apenas para parar e voltar novamente. É quando ele percebe a chave na porta. Yaset está ali, mas invisível sob o manto, seus olhos cruzam com os do alquimista e ele avança em sua direção.
 
— Quem deixou isso aqui? – ele aponta para a chave. Yaset sabe que ele a tomará e abre a porta.
 
Os guardas e o mago são surpreendidos ao ver a porta se abrindo sozinha. Uma lufada de vento vinda da praça do lado de fora faz o manto escorregar da cabeça de Yaset, revelando a forma alada da regulana. Ela sorri, mas logo volta a se cobrir e desaparece diante dos olhos incrédulos de Brun.
 
[Objetivos]
·         Entender o mapa do Museu, ND 6.
♣2 + 5♠ = 7. Sucesso! Yaset ganha 1XP.
 
·         Passar pelos guardas, ND 6.
♠0 + 8 (Invisibilidade, 2PMs) = 8. Sucesso! Yaset ganha 1XP.
 
·         Encontrar a chave da saída principal, ND 14.
♣2 + A♦ = 16. Sucesso! Yaset ganha 1XP.


Última edição por Anfitrião em Qua Jun 10, 2020 11:01 am, editado 2 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Despertar   Episódio 02 - Despertar EmptySex Fev 14, 2020 8:49 pm

Ato 2
 
Berlim, Alemanha, inverno de 1910.


Protegida pelo Manto da Invisibilidade, Yaset caminha pelas ruas de Berlim. Havia deixado para trás a sede da Irmandade Iluminada que a guardou desde a descoberta da estátua, séculos atrás. Ela estava curiosa, nunca havia visto criaturas como aquelas, de pele rosada e cabelos de tonalidade castanha. Alguns eram menos rosáceos, de tez morena, mas todos seguiam um padrão em estatura e usavam roupas em um estilo que lhe parecia estranho, cobertos de peles de animais, em sua maioria. Diversos acendiam pequenas labaredas que chupavam por um canudo fino, como se quisessem ser aquecidos. A princípio, a princesa pensava que esta gente se tratava de criaturas lemurianas, mas a falta de tentáculos e aquela afinidade com fogo não conduziam com as feições aquáticas dos invasores de Regulus.
 
A princesa lembra de seu plano natal, de como a arquitetura era diferente. Ela se concentra para detectar algum traço de magia atlante, mas vê que aquele lugar é totalmente mundano. Embora pudesse enxergar a energia táumica ambiente, eles não se emaranhavam a qualquer estrutura à sua frente. Somente os palácios que havia fugido tinham nós atados de formas estranhas, mas nada era tão impressionante como os de Atlântida. Se aquele mundo tinha energia táumica, provavelmente sua magia poderia funcionar e era a hora de testar sua teoria. Ela alça voo até o ponto mais alto da cidade, o topo da Siege Saule, a Coluna da Vitória, em frente ao Parlamento Alemão e, pousando sobre a deusa Vitória, como se fosse um segundo anjo sobre a escultura alada, começa a tecer nós de energia para formar uma magia de detecção. Suas mãos hábeis e os murmúrios de uma língua agora morta completam o ritual que faz Yaset abrir os olhos e ver, acima do véu da realidade, um rastro no céu indicando onde está a maior porção de Atlântida que este planeta abriga. A seta nos céus apontava para o mar e era para lá que a princesa precisaria se deslocar.
 
Pela visão que tinha do cometa-prisão, aquele planeta azul era imenso e Yaset sabe que não poderia percorrer toda sua extensão voando. Precisava de uma forma melhor de se locomover, como aqueles adoradores da fumaça e do fogo. Entretanto, não falar a linguagem deles era um grande empecilho logo de cara.
 
"Se eu parecer um deles, talvez as coisas se tornem mais fáceis". Ela pensa.
 
De volta às ruas da cidade, vestindo o capuz da invisibilidade, ela anda em busca de uma oportunidade para conseguir vestimentas comuns daquele povo. A princesa vê uma grande caixa de metal sobre rodas parada na frente de uma casinha com paredes de vidro. Atrás do vidro, guardiões de madeira, sem rostos, vestiam sobretudos novinhos. Dois homens saíram da casinha, pegaram uma entre várias caixas pequenas no grande quadrado de metal e carregaram de volta.
 
"Preciso de uma vestimenta dessas para me proteger do frio".
 
Yaset se aproxima da traseira do veículo e abre uma das caixas. Dá um sorriso orgulhoso ao perceber que estava certa. Dentro da caixa havia um sobretudo grosso e novo. Aquela casinha com paredes de vidro devia ser uma espécie de mercado. Para não se sentir culpada por roubar aquela mercadoria, Yaset deixa no lugar sua coroa de ouro atlante, como pagamento. Era um bem precioso para ela, e esperava que valesse bem mais que aquele sobretudo, para os adoradores do fogo e da fumaça. Além disso, nenhum dos nativos usava adereços de ouro na cabeça e ela precisava se misturar. O sobretudo se torna invisível assim que ela o puxa para dentro do manto da invisibilidade e se afasta do veículo.
 
As ruas parecem labirintos quando ela tenta seguir a seta a pé. Sendo obrigada a fazer diversos desvios para direções indesejadas, a princesa está irritada quando finalmente volta ao Palácio. Por dois dias ela se esconde nos arredores, escondendo-se dos adoradores da fumaça enquanto recarrega suas energias mágicas. Passa os dias observando os moradores da cidade, tentando aos poucos compreender seus hábitos e sua linguagem e se alimentando de frutos roubados nas feiras da cidade.
 
Após a segunda noite, ela senta na posição de lótus e começa a tecer nós de magia. Seu corpo vai ficando cada vez mais leve, até não ter peso algum. Até que, ao abrir os olhos, Yaset percebe que não mais o habitava. Ela era agora um espírito dourado, ligada por um fio de prata ao corpo que permanecia na posição de lótus.
 
O espírito dourado não segue as leis da física. Sua velocidade é maior que a compreensão. Yaset consegue correr sobre a água, seguindo a seta no céu. Quando alcança o local apontado, deixa o espírito afundar na água, sem sentir o efeito da pressão ou da falta de ar.
 
A visão da cidade a abala. Ali estava o lugar onde crescera. A grande cidade dourada de Atlântida, com edifícios titânicos e a arquitetura fluida baseada na própria visão do tecido da realidade. A única diferença da cidade que conhecia era a redoma gigante que a cobria. Apesar disso, tudo parece vivo e cheio de energia. Ela não consegue ver ninguém, mas a visão da cidade e sua localização bastava. Quando a visão acaba, seu espírito é puxado de uma vez de volta ao corpo. Seus olhos enchem de lágrimas de saudade. Ela mal pode esperar para ver seu pai e os outros atlantes.
 
Exausta, Yaset não tem energia para fazer magia por quase uma semana. Gasta os dias seguintes da mesma forma, estudando os seres que se chamavam de humanos. Seu local favorito é onde as crianças são educadas todas juntas, todos os dias. Era diferente da educação atlante, que era feita por tutores específicos ou por sacerdotes, mas sempre em pequenos grupos. Pela primeira vez, ela percebe algo melhor nessa nova cultura. Quando todos vão dormir, Yaset entra nesse local e estuda seus livros.
 
Passados os seis dias, ela finalmente se sente recarregada para voltar a usar magia. Do alto do morro, ela consegue tecer os nós de energia táumica para abrir o portal que alcançaria a cidade submarina. Assim que atravessa o portal, uma figura furtiva espreita o desaparecimento da atlante. Yaset não sabia, mas estava sendo vigiada todo o tempo em que permaneceu escondida no Palácio.
 
O portal leva diretamente ao ponto central de Atlântida, o topo da Pirâmide Solar. Foi naquele lugar que seu amado transformou um terço dos atlantes em monstros. Ela se lembra com desgosto por não ter conseguido impedir aquele ritual profano. Embora fosse um ambiente familiar a Yaset, o lugar estava modificado. Apesar de ter passado dez mil anos presa no Cometa, ela se lembrava de detalhes que já não existiam mais na Pirâmide. Era como se parte tivesse sido desgastada e substituída por materiais menos nobres, mas ainda mantinha o esplendor de seu tempo em Regulus. O que mais chama atenção é a estrutura abobadada que recobre toda a cidade. Além de sua proteção, vida marinha e fachos de luz rodeiam a redoma. É um espetáculo que rivaliza em beleza com os céus sem nuvens e seu sol que nunca se punha do seu planeta original.
 
Yaset chegava em meio a uma festividade. Uma multidão se aglomerava ao redor da pirâmide e, de frente à entrada do monumento, um humanoide de pele azulada é posto à prova. Diferentemente dos habitantes da superfície, de pele rosada e adoradores de fogo e fumaça, os submarinos têm a pele azulada e lisa, com três marcas verticais de cada lado das costas. Seus cabelos são de um verde bastante escuro, quase pretos e suas orelhas são levemente afinadas. Assim como era a sociedade regulana, esta submarina também é visivelmente dividida em quatro famílias: os de pele de um azul mais escuro possuíam membranas sob seus braços, aparentando arraias; os de pele de um azul esverdeado possuíam um escudo ósseo em suas costas, aparentando tartarugas; os de pele de um azul acinzentado, possuíam a boa maior e cheia de dentes, aparentando tubarões; e os mais comuns, de pele azul lisa, a maioria da população, não apresentavam características físicas tão destoantes.
 
O humanoide é da casta mais comum, de pele lisa, e se veste de maneira cerimonial. Chegando junto com ele a um mezanino, duas fileiras de duas mulheres chamam a atenção de Yaset. Todas elas usavam vestidos muito parecidos com os que ela mesma usou em seu Casamento Alquímico. As cópias eram de uma perfeição que Yaset só pode imaginar que o alfaiate esteve presente na cerimônia. Cada uma das quatro mulheres porta uma arma diferente: um tridente perolado, uma espada cerimonial, um machado de lâmina dupla e uma lança em forma de raios. O homem azulado observa com atenção as quatro peças, decidindo-se pela espada. Assim que ele a ergue e Yaset pode prestar mais atenção, ela reconhece imediatamente: é a Lâmina de Luz, um dos artefatos regulanos.
 
Assustada, Yaset grita de espanto, deixando seu manto cair da cabeça, revelando sua presença e chamando a atenção imediata daquele homem. Os dois cruzam o olhar e era como eles se reconhecessem.
 
 
TESTES:
Encontrar um disfarce para se parecer humana, ND6.
Yaset: 8 (Manto da invisibilidade. Gasta 2PM) = 8. Sucesso! Yaset ganha 1XP.
[Aqui restam 4 PMs]
 
Movimento Astral (2 ♠ ) + Alcance 3 + Duração 1 = 6.
Yaset 6 PM. Restam 0 PM.
 
Outras Terras (3 ♠ ) + Alcance 3 = 6
Yaset 6 PM. Restam 0 PM. Sucesso! Yaset ganha 1XP.


Última edição por Anfitrião em Qua Jun 10, 2020 11:23 am, editado 2 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Despertar   Episódio 02 - Despertar EmptyTer Abr 28, 2020 2:01 pm

Ato 3

Atlântida, Oceano Atlântico, 1910

A conexão entre Yaset e Zuhur transcende o tempo e a aparência. Nos olhos daquele ser aquático, a princesa reconhece a alma de seu marido. Sua mente se volta aos seus últimos momentos, quando a magia que deveria salvar Atlântida acaba pegando os dois. Enquanto seus corpos sofriam as consequências da transformação, seus olhares se tocaram uma última vez e puderam ler as despedidas silenciosas no lábio do outro.

"Salvarei nossa criança", foi a última promessa de Yaset, enquanto Zuhur prometeu que se encontrariam novamente.

Milhares de anos depois, Yaset se aproxima daquele homem de pele escamosa.

— Nos encontramos novamente. - Ela diz.

Uma sensação envolve Zuhur, uma sensação de que a ligação entre os dois era mais antiga que seus sonhos com aquela mulher... e a criança. Mas que criança? As últimas palavras de Yaset se repetiam em sua mente, mas que criança?

— A criança? Você a salvou? - ele diz temeroso - Quem era a criança?

Yaset suspira decepcionada. Havia permitido que sua mente fantasiasse sobre reencontrar Zuhur e que continuariam como antes, mas não é bem assim que as coisas funcionam. Aquele não era exatamente Zuhur, era uma nova pessoa.

— Eu espero que sim. - Ela diz, colocando a mão na barriga. - Esse tempo todo estive aprisionada, com meu corpo petrificado. Se meu corpo não sofreu nenhum dano, acredito que essa vida ainda se desenvolve dentro de mim. Entende?

— Eu não tenho certeza se posso dizer que sim. Mas por tudo que há de sagrado, aonde estão meus modos? - Zuhur balança a cabeça como se tentasse espantar seus pensamentos, a saudade espiritual que sua alma sentia se expandia para o corpo, uma vontade intensa de abraçá-la e beijá-la irrompeu por seu corpo, mas ele sentia que esse não era o momento. - Perdão, meu nome é Za-Har, O Zuhur, rei de Atlântida, líder dos atlantes e seu humilde servo.

A princesa deixa escapar um sorriso de divertimento ao ver que aquele povo tão diferente do seu ainda se chamavam de atlantes. "O Zuhur", o título que o jovem usara, demonstrava que parte de sua história era conhecida por esses novos atlantes e até mitificada. Aproveitando-se disso, ela abre suas asas majestosamente e se porta com toda a elegância de uma verdadeira rainha atlante, mesmo com seu vestido maltratado pelos últimos tempos. Ela ergue sua voz, para que todos pudessem ouvir, mas se dirigindo principalmente ao jovem Za-har.

— Eu sou Yaset, filha de Hayrmis, do coro da Águia. A verdadeira rainha coroada de Atlântida.

Tihumla, o herdeiro do antigo Rei de Atlântida, derrotado por Za-har na disputa para se tornar o novo regente, não gosta da invasão da regulana. Irado por sua linhagem não mais fazer parte da nobreza, ele volta-se ao povo.

— Não a nossa rainha! Somos anfíbios, nascemos no mar. Você não passa de uma respiradora, uma criatura tão vinculada ao ar que até asas tem! Não fosse a nossa redoma sequer estaria viva agora. Como descendente da última linhagem, declaro a sua prisão neste momento - Enquanto Yaset é presa, Tihumla continua - Za-har não será nosso regente até que ele tenha passado pelo Desafio do Panteão dos Herois.

Algo na voz de Yaset parecia diferente de qualquer outra que Za-Har já havia escutado. Seu timbre, a resplandecência da sua voz em seus ouvidos, algo era diferente com aquele ser alado e ele podia sentir, mas seus irmãos atlantes não. Ele ainda não sabia o que sentia com relação a Tihumla, mas ele foi o primeiro a se pronunciar e, com suas palavras calorosas, incitou o povo deles contra ela. Za-Har se infla em raiva, mas se controla quando pensa melhor na situação, ele ainda precisaria passar pelos testes do panteão dos heróis e quando estivesse no exercício das suas funções, poderia tirar ela da prisão para conversarem mais, para que ela contasse mais sobre o que ela e o Zuhur original viveram.

Za-har prepara-se o Desafio. Depois de descansar uma noite ao lado da Lâmina de Luz, o zuhur renascido sai de seus aposentos. A luz solar vinda dos céus mesclavam com as ondas, produzindo fachos dançantes sobre a redoma de Atlântida. Ali, na cidade submersa, em linha reta com o Templo dos Sacerdotes e a Pirâmide Principal, estava o Panteão dos Heróis. Um grande bloco quadrado com quinze metros e apenas uma entrada serviam de base uma seção com diversas colunas, adornadas com esculturas de todos os zuhurs passados entre elas, que sustentavam, por sua vez, um teto piramidal. Acima da entrada principal, na seção colunar havia uma segunda porta, por onde Za-har deveria reaparecer, triunfante.

O herdeiro olha para trás, despedindo-se do povo que o ovacionava, respira fundo e entra no Panteão. Logo depois da porta segue um corredor com paredes cheias de esculturas bizarras. O corredor segue por mais alguns metros até uma sala maior, onde quatro estátuas ameaçadoras, cada uma aparentada a um animal diferente, leão, touro, serpente e águia, vigiam a porta. Assim que Za-har na sala, uma grade desce do teto e bloqueia a passagem, aprisionando-o. No centro da sala circular, uma pequena piscina com um pouco de água escura e crustáceos estranhos nadando nela. Quatro pilares de oricalco estão à volta da piscina. Esculturas em alto relevo nas paredes mostram um guerreiro empunhando uma espada e enfrentando um exército de criaturas demoníacas. Sem saída da sala, Za-har entende que a única passagem está naquele fosso. tomando coragem, ele mergulha na água escura. O fosso leva a um túnel com imagens perturbadoras, evocando todos os medos que moram no seu subconsciente. Quando finalmente emerge da piscina, Za-har depara-se com outra sala circular. à sua frente, a figura de um dragão serpentário preto. Assim que Za-har deixa a piscina e fica de pé. Os olhos da escultura se acendem.

— Então você é o novo corpo de Zuhur? Está no caminho errado. Terá de passar por quatro provações para assumir o lugar que era meu, mas os testes são muito difíceis e eu posso aliviar a sua dor. Não acredita em mim? Siga qualquer um dos quatro caminhos e volte aqui para que eu o restabeleça. Ou viva para sempre com as quatro consequências.

Za-har não dá ouvidos ao que ouviu da escultura de dragão, agora ele estava de frente a seu primeiro desafio, um incentivo para viver uma vida nova, desprendida dos conhecimentos passados, despregado das memórias contidas no seu espírito. Ele chega a uma sala onde encontra-se uma figura que ele reconhece como a si mesmo, embora tenha feições muito diferentes das atuais. Quando seus olhos focam os olhos da escultura, eles se abrem e uma voz é ouvida em sua mente.

— Você fui eu em vidas passadas, com o conhecimento acumulado de diversas vidas, construí e trouxe a glória à Atlântida, mas o que eu fiz, eu posso desfazer. Para prosseguir, terá de deixar para trás todas as memórias de vidas anteriores e construir o seu futuro por si mesmo.

A escultura aponta um dedo para sua própria testa e faz menção de apontar para a testa de Za-har. O atlante aproxima a cabeça lentamente do dedo de pedra estendido em sua direção, segura aquele braço duro com as duas mãos e encosta sua testa logo depois. Por um instante nada mais fazia sentido, o chão se desgrudava de seus pés e as paredes começam a se deslocar em sua direção, mas no instante depois tudo volta aos seus devidos locais. Ele lembra do rosto de Yaset, mas ele já não lhe parece tão familiar ou íntimo, apenas mais um em centenas que conheceu durante a vida.

Novamente, Yaset surge para Za-Har, dessa vez em formato de pedra. Uma escultura idêntica à regulana que pouco antes havia conhecido.

— Nós estávamos predestinados a reinar em glórias passadas, até que a traição de um dos nossos nos trouxe amargura. Deveríamos viver longas vidas e é isto que lhe ofereço agora.

E é isso que Za-Har aceita. A escultura se serve de um pomo enquanto oferece o mesmo fruto ao atlante que pega a oferenda e se senta à sua frente. Os dois comem o pomo e a aparência de ambos envelhece, não apenas isso, em sua mente o atlante começa a fantasiar uma vida junto dela, vendo seus beijos, abraços e brigas, suas lutas contra inimigos mais poderosos e seus filhos correndo pelos cômodos do palácio enquanto brincam. Za-Har sorri com sua imaginação enquanto come, mas não percebe rugas nascendo em seu rosto, sua pele amolecendo e seus ossos se tornando mais fracos, em alguns minutos o atlante tinha a aparência e a saúde de um ser próximo dos cem anos.

— Como poderei conviver eternamente com as quatro consequências se não me permitem continuar andando até o próximo caminho, dragão? – Diz Za-Har quando retorna ao dragão na sala circular que reúne a entrada para todos os caminhos. – Me cure, restaure minha juventude como estive quando entrei nessa sala e minha memória de vidas passadas também, precisarei de todo conhecimento possível, assim como de minha juventude para vencer o que me espera.

— Assim o deseja, assim o terá.

A luz violeta que acendia nos olhos do dragão produz um brilho e um raio em seguida. Os fachos de luz recobrem todo o corpo de Za-har, concedendo a vitalidade da juventude e as memórias frescas atuais, permitindo que o atlante continue sua jornada encontrando uma estátua de si mesmo, mas em sua primeira forma, sua forma original, o grande Zuhur, uma escultura idêntica à que se encontra no centro da sua gloriosa cidade empunhando seu tridente.

— Minha primeira morte veio de meu maior erro, quando fui tragado para uma prisão com outros demônios. Passei nove eras preso com meus inimigos, até conseguir ser digno de reencarnar neste plano. Agora, eu lhe desafio a receber o mesmo ferimento que me tirou a vida.

Za-Har congela por um segundo quando aquela voz surge em sua mente, seu corpo estava revigorado, assim como sua memória, mas ele receberia um golpe fatal. Morto, ele não alcançaria sua glória, mas, se falhasse no teste dos heróis, não seria digno de glória alguma. O atlante cerra seus dentes, contrai seus músculos, fecha os olhos e corre na direção da escultura que, com a aproximação de Za-Har, arqueia seu corpo de pedra e desfere um golpe com seu tridente no estômago do atlante, que joga sangue de sua boca na direção da escultura de Zuhur, enquanto mais sangue escorre pela arma e pelos braços da escultura.

— Dragão! Não me deixe morrer! – Za-Har tenta gritar enquanto se arrasta pelo corredor na direção do salão circular. – Me restaure! Não me deixe morrer sangrando nesse lugar. – O atlante continua rastejando para fora do caminho enquanto deixa para trás um enorme rastro de sangue. – Dragão!

A escultura do dragão serpentário atende seu chamado quando Za-Har está próximo o suficiente para que ela escute. A dor não some, mas onde antes existia um enorme ferimento, cruzando seu corpo, agora existe apenas uma cicatriz, seu corpo não mais sente os efeitos da perda de sangue, mas, ainda assim, Za-Har se sentia fraco demais, cansado de provações inúteis. De pé, ele soca as paredes de pedra do templo com a fúria de que todo seu sacrifício ainda não era suficiente, ainda existia mais um teste para completar, mas após isso ele seria incontestável como Zuhur, O Atlante.

Za-Har começa a percorrer o último caminho das provações dos heróis e encontra uma escultura de si mesmo, diferente, mas era ele, com outras feições, mas ainda se reconhecia naquela figura.

— Em uma de minhas muitas vidas, consegui domar uma perigosa fera, mas a um custo horrível: só pude acalmá-la quando ela sentiu o gosto de meu sangue e fechou suas mandíbulas com minha mão. Assim, eu exijo um sacrifício semelhante.

Os olhos de Za-Har explodem em fúria, seu corpo entra em uma espécie de combustão emocional e ele não mais sente forças para continuar. Instantes antes havia recebido um golpe fatal e, mesmo curado, seu corpo ainda sentia os efeitos e dores do ataque e, agora, isso era pedido dele, uma mão, um pedaço do seu próprio corpo. A raiva que ele sentia antes apenas aumentava, seus músculos se contraem e, por um instante, ele pensa em desistir, mas não podia, não era sua vez de falhar, nunca seria. Za-Har reúne toda a sua força e dá um soco com a mão esquerda na escultura de pedra. Seus dedos são os primeiros a se quebrarem e os ligamentos de seu pulso se despedaçam, todos os ossos da sua mão se quebram de uma só vez.

— Corta isso de uma vez! – Za-Har grita fazendo sua voz ecoar pelos corredores daquela galeria.

Outro grito de Za-Har ecoa pelas paredes de pedra, mas dessa vez eram de pura dor.

— É sua última chance, Zuhur! Eu posso reverter qualquer uma das consequências do desafio, basta me pedir. Depois disso, suba na plataforma e estará livre para a sua glória. – diz o dragão quando Za-Har passa por ele novamente, com sua camisa enrolada no seu pulso esquerdo, a camisa que antes estava encharcada de água, agora era tomada pelo seu sangue.

— Não. – Za-Har diz com lágrimas querendo sair de seu rosto. – Mandarei fazer uma mão de um metal negro como você, dragão, para me lembrar desse dia em todos os dias, a todo momento pelo resto da minha vida.

O rapaz de 21 anos que havia entrado naquele templo sai transformado, carregando seu corpo penosamente para fora estancando o sangramento de sua mão cortada e com uma enorme cicatriz em sua barriga e costas, além de todo seu corpo sujo de sangue. Assim Za-Har caminha até a plataforma, esperando para alçar ao seu destino.

Enquanto Za-har passava pelos Provações do Panteão, Yaset é enclausurada. Ela sabe que aquilo estava errado e precisava mostrar que a sua identidade é verdadeira. Poucos minutos se passam, porém, um grupo de atlantes carrancudos vêm acompanhá-la. Eles mais pareciam demônios de muitos dentes com a pele acinzentada e uma grande barbatana triangular nas costas.

— A senhora não está - diz o líder deles - Ao menos, não ainda. O Conselho de Atlântida deseja vê-la para que prove o que disse.

Yaset é levada pelos guardas. Eles a conduzem com receio, nunca tinham visto criatura semelhante a ela, embora alguns atlantes ostentassem mantas que lembravam vagamente as asas da Casa da Águia. Ao ser conduzida, a sacerdotisa percebe como, mesmo muito remotamente, aquele povo lembrava o seu. Além daqueles com membranas que ligavam os braços aos quadris que lembravam a Casa da Águia, os carrancudos lembravam os guerreiros de Leão. Ngaya estaria orgulhosa de sua Casa exibir tamanha ferocidade. Os herdeiros da Casa da Serpente, que originalmente portavam escudos, nesta nova Atlântida, exibiam orgulhoso um escudo queratinoso em suas costas e a Casa de Touro encontrava similares em população com o povo comum de pele azulada. Yaset fica surpresa da aparência dos atlantes aquáticos, que pareciam demais com os lemurianos, apesar de mostrarem vagas similaridades com as quatro casas originais. Sua cultura era baseada em achismos do povo antigo e ainda assim não eram capazes de identificar uma regulana de verdade na sua frente. Ela fica triste ao ver o que seu legado se tornou, mas não perde a esperança de mostrar a eles a verdade. Por isso, permite que a levem até seus líderes.

O Conselho esperava por Yaset. Eram formados por um integrante de cada uma das castas que a sacerdotisa percebera anteriormente, além de um quinto elemento, o mesmo que a condenou previamente.

— Pra mim, é muito simples - ele diz - Ela é uma fraude.

— Não tenha tanta pressa - diz Marlim, líder das golfinhos - Ela fez uma revelação e precisa provar.

— E, sejamos sinceros - interrompe Stin, líder das arraias, e, exibindo sua manta, continua - Somos parecidos, guardada a diferença de ambiente.

— É sábio ouvi-la - conclui Quelon, líder das tartarugas.

Todo o conselho olha para Selako, líder dos tubarões.

— Não vou discutir, só cumprirei a vontade do conselho.

— Então, senhora - prossegue Quelon - o que tem a nos dizer?

— Agradeço pela chance que me deram de mostrá-los a verdade, grandes sábios. Vejo que apesar de muitos dos costumes terem mudado nos últimos milênios, os atlantes não se esqueceram de seu compromisso com a grande obra. — A princesa tenta ganhar a simpatia dos conselheiros — A única maneira de provar que falo a verdade é contando minha história. Vocês verão que falo com sinceridade e o que sei sobre Atlântida é específico demais para ser uma história inventada por uma impostora.

Yaset limpa a garganta, toma uma posição ereta e orgulhosa para contar sua história. Tihumla ergue o supercílio em desconfiança, mas os demais líderes apenas aguardam. Só Sting parece completamente interessada. Enquanto fala, a princesa anda pela sala, olhando no fundo dos olhos dos conselheiros para manter sua atenção e provar sua sinceridade.

— A história de meu povo... De nosso povo, começou há dez mil anos, no plano que chamávamos de Regulus. Essa cidade, agora submersa, ficava no meio de um deserto e era o lar de milhões de atlantes, divididos nas casas que chamávamos de leão, águia, serpente e touro. Vejo que ainda hoje, se dividem em quatro grupos e têm grande similaridade com seus antepassados. Nosso povo era próspero, pois seguia fielmente as tradições justas e virtuosas. Zuhur não era um deus...

Neste momento, Tihumla segura os braços da cadeira com força para se levantar, indignado, quando Quelon olha para ele e fez sinal para que ele ficasse quieto e pede para Yaset prosseguir.

— Continuando, Zuhur não era um deus, mas sua concepção através da tradição da criança da luz, tornava-o o rei virtuoso que precisávamos para guiar nosso povo. Éramos protegidos pelos Virtuosos, que portavam artefatos poderosíssimos criado pelos antepassados. Vi que vocês ainda protegem a Espada da Luz, mas existem outros artefatos tão poderosos quanto ela. Trago comigo o Manto da Invisibilidade. Que impostora teria em mãos, além do conhecimento das tradições antigas, um artefato criado por seus antepassados?

Yaset cobre-se com o manto, desaparecendo na frente dos conselheiros, caminha até suas costas e aparece novamente, surpreendendo-os. Selako remexe-se, mas Quelon novamente interfere. Yaset aproveita que capturara sua atenção e conta sobre o último dia de Atlântida, o embate com Seturk e a maneira como seu povo havia transportado a cidade para aquele local, dando origem ao povo anfíbio.

— Agora que estou de volta, preciso mais do que nunca da sua ajuda para caçar e acabar de uma vez por todas com a influência de Sethurk e Cthulhu. Somente com a ajuda de vocês podemos restabelecer nosso povo à sua antiga glória, recuperando as antigas tradições e plantando as sementes que nos farão prosperar por mais dez mil anos. Não venho a vocês com a ganância de ser sua deusa, nem pretendo me restabelecer como rainha para governá-los. Venho como uma humilde sacerdotisa para ajudá-los. Acreditam em mim?

Os líderes entreolham-se, digerindo o tanto de informações que receberam e pedem para que os guardas levem Yaset para deliberarem sozinhos. Duas horas depois, ela é chamada de volta. O Conselho já tinha um resultado.

— Você nos trouxe muitas histórias - diz Marlim - Acontecimentos que guardamos em nossa história ditados pelo próprio Zuhur. Não imaginamos outra forma de que tenha descoberto isto se não as tivesse vivido, pois preenchem lacunas que tentamos encaixar por anos.

— E também porque a sala do julgamento está protegida com uma magia que impede a verdade de ser escondida - revela Stin.

— Por três votos a favor - determina Quelon - um voto contra e uma abstenção, concluímos que fala a verdade e esperamos que nos ensine mais. Teremos grande prazer em aprender com você.

Tihumla levanta-se irritado, deixando a sala sem dizer palavra alguma. Selako apenas consente e se despede em reverência aos demais, inclusive a Yaset, demonstrando que o guerreiro a aceitava. Stin, Marlim e Quelon aproximam-se da princesa e levam-na ao topo da Pirâmide, de onde poderiam ver o retorno de Za-har.

Uma movimentação e vista no último andar do Panteão dos Herois. Os espectadores esperam com apreensão pelo retorno de seu rei. A passos lentos, Za-har deixava a plataforma que o levou do andar inferior. Aquele não era mais o jovem que entrou durante a manhã, havia passado pela provação de perder sua memória, sua juventude e sua vida, todas restabelecidas, embora estes traumas tenham marcado profundamente a alma do zuhur, outra marca era mais evidente. Metade de seu corpo estava tingido de vermelho. Um vermelho-sangue vívido como a realeza. Sangue de zuhur. Ele ergue o braço esquerdo, agora sem a mão. De seu lugar, uma verdadeira cascata de sangue lhe cobria como o manto de um rei. Ele dá passos vitoriosos para frente, caindo suavemente entre seu povo, que se ajoelha, reconhecendo Za-har como seu novo e verdadeiro rei.

[OBJETIVOS]
• Yaset: Libertar-se da Prisão, ND 10.
A:hearts: + 2x:clubs:3 = 20. Sucesso! Yaset ganha 2 XP.

• Za-har: Vencer os desafios, ND 10, cada.
Desafio da Fortitude: :clubs:3 + 7:clubs: = 10. Sucesso! Za-har ganha 1 XP.
Desafio da Prudência: :clubs:3 + 7:spades: = 10. Sucesso! Za-har ganha 1 XP.
Desafio da Justiça: :clubs:3 + Q:clubs: = 15. Sucesso! Za-har ganha 1 XP.
Desafio da Temperança: :clubs:3 + 9:spades: = 12. Sucesso! Za-har ganha 1 XP.

Za-har está com 0 Pontos de Magia.
Za-har recebe as seguintes vantagem e desvantagem:
• Poder Oculto (1 ponto): Você é mais poderoso do que parece. Em situações de combate e outras emergências (a critério do mestre), pode manifestar características superiores. Você pode gastar 1 PM para aumentar uma característica em +1.
• Maneta (–1 ponto): você não tem um braço ou uma das mãos, e não consegue manipular objetos com a mesma destreza. Você sofre –1 em todos os testes envolvendo esta mão.


Última edição por Anfitrião em Ter maio 05, 2020 5:52 pm, editado 5 vez(es)
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Episódio 02 - Despertar Empty
MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Despertar   Episódio 02 - Despertar EmptyQua maio 06, 2020 4:52 pm


Ato 4


Atlântida, Oceano Atlântico, 1910

Semanas antes, na Alemanha.

— Realmente - diz um idoso de barbas longas - esta escultura é surpreendente. Veja os detalhes, a técnica apurada e o estilo. O que ela representa? Estas vestes, estas joias, estas asas… Não bate com nenhuma cultura conhecida. De onde teria vindo?

— Ninguém tem certeza - diz um jovem alemão - foi encontrada pelos meus homens, numa escavação no Egito. Mas, definitivamente, não é egípcia e foi trancada em uma tumba com dizeres sobre trancar a “falante”, o que me leva a crer que esta escultura, de alguma forma, podia se comunicar com eles. Há certos detalhes que só seriam vistos séculos, talvez milênios depois e, pelo que consta é anterior ao mitos de Maat e Ísis, que parecem ter se inspirado nesta figura.

— Estou impressionado, já a levou ao demais Iluminados, sr. Schultz?

— Sim, mas nem mesmo o meu mestre conseguiu identificar sua origem. Talvez os Stenson possam nos dar alguma pista.

Joseph Schmidt, o grão-mestre da Irmandade Iluminada, deixa a sala ritualística de Brun Schultz. O jovem sente no fundo de seu ser que fez uma grande descoberta. Havia algo de muito importante naquela estátua, algo além de sua compreensão, mas o desafio só lhe dava mais forças para prosseguir. Reuniu todas as suas anotações para levar aos outros Iluminados, quem sabe o clã Stenson pudesse lhe trazer respostas, já que aquela família da Irmandade Iluminada gabava-se de ter uma linhagem longínqua e guardado todos os seus segredos. Ele parte, deixando a estátua para trás em meio a diversos artefatos não catalogados.

Brun estava prestes a deixar seus aposentos quando ouviu o barulho vindo do galpão.

— Malditos ratos! Cidade infestada de ratos! Até aqui onde não há comida? Essas pestes merecem ser exterminadas em nome do Senhor! Espero que não tenha quebrado nada…

O iluminado nunca conseguiria expressar o que sentiu ao ver que a controversa escultura era um anjo - ao menos era o que ele pensava - petrificado. Sua mente se enche de dúvidas e ele esboça uma reação, apenas para assustar a criatura.

— Eu tenho tantas coisas para perguntar…

As palavras de Brun são como gritos para os ouvidos recém revividos de Yaset. Assustada, ela abre suas asas, empurrando o mago e percebendo que não poderia usá-las naquele espaço confinado. A atlante foge pelos corredores, deixando um boquiaberto Brun Schultz.

Os dias se passam e Brun procura a figura angelical que não sai de seus pensamentos. Como poderia ter perdido a grande oportunidade de sua vida, tendo deixado escapar entre seus dedos? O mago tornou-se recluso e quase não dormiu nos dias seguintes, estudando suas anotações à noite e procurando a criatura de dia, perguntando sobre aparições de anjos, o que apenas afastava as pessoas dele.

— Procure na catedral, jovem - respondiam para ele várias vezes, tirando sarro.

Até que Brun entendeu que, embora quisessem humilhá-lo, a ideia não era totalmente imprestável. Se a criatura tinha formas de anjo, haveria de procurar figuras semelhantes a si. Como a Catedral é o maior edifício religioso de Berlim, ali seria um bom começo para uma investigação. Brun passou a frequentá-la diariamente, sua assiduidade era inclusive confundida com fé. Fiéis até se emocionaram como um jovem daquela idade ia todo dia à catedral. Sua frequência terminou por cativar uma beata, com quem conversa sempre que encontrava.

— Considero um milagre sua presença rotineira aqui, meu filho. É raro um jovem como o senhor sendo tão devoto. São tantos os mistérios de Deus, não é? Há quem diga que aquele cometa nos céus vai nos destruir, mas como isso seria possível, se até seres iluminados estão sendo vistos pela cidade?

— Desculpe, mas o que a senhora acabou de dizer? Seres iluminados?

— Sim, meu filho. Anjos como Gabriel. Eu mesma vi, no último domingo. Lindo, orando por nós no topo da Coluna da Vitória. Um anjo sobre outro. Eu creio! Sei que não estou ficando louca.

— Eu também creio e obrigado pela demonstração de fé, minha senhora - responde Brun, levantando-se e deixando a beata regozijada por ter compartilhado a experiência.

Desde então, o mago passou a fazer vigília nos arredores da coluna, inclusive alugando um quarto próximo, com uma vista privilegiada da escultura. Usando uma luneta para mirar todos os detalhes do monumento, Brun  se enchia de café para se manter acordado. Até que adormeceu. Foi acordado pelos latidos de um cão de rua. De sobressalto, o mago olha para o cachorro, que latia enquanto olhava para cima. Voltando a luneta para a direção que assustava o cachorro, Schultz pode rever a criatura que perseguia. Ali, ele entendeu que a figura angelical também era capaz de tecer os nós de energia táumica e, pelo que conhecia de magia, ela abria um portal. Brun não tinha tempo a perder. Usou sua própria magia para se transformar num corvo, voando o mais depressa que conseguiria naquela nova forma. Mas não foi o suficiente. Quando o corvo chegou à escultura, a criatura já havia atravessado o portal. Brun metamorfoseou-se novamente para um cão, farejando o cheiro inconfundível de Yaset enquanto o rastro estava fresco.

Brun Schultz havia perdido a criatura novamente, mas, desta vez, poderia conseguir segui-la. Teceu nós semelhantes aos de Yaset, como se refazendo a mesma magia que ela havia tecido, o iluminado conseguiu descobrir para onde o portal levava. Só ficou confuso ainda quando soube que levava ao meio do Oceano Atlântico.

— Acho que esta será a maior pescaria da minha vida!

O iluminado atravessa o portal mágico, tendo pouco tempo para reagir à mudança de terreno. As águas abaixo de si complicariam sua perseguição, não fosse a transformação em tubarão, animal perfeito para nadar naquele ambiente e com um olfato extremamente apurado para farejar o cheiro único de Yaset. Transformado no peixe e se adaptando ao novo ambiente, Brun usa sua velocidade de nado recém adquirida, penetrando cada vez mais fundo no assoalho oceânico. O que lhe causa estranheza é uma luz vinda do fundo marinho. Luzes. Diversas luzes. Mas não estava em profundidades abissais para que encontrasse animais com bioluminescência. Pelo contrário, a luz solar ainda podia ser vista, mas definitivamente havia energia táumica em abundância naquele ponto. O facho de luz focava exatamente acima de uma redoma, como se um globo de neve gigante, protegendo uma cidade submersa, estivesse repousando no fundo do mar.

Não poderia atravessar a redoma, no entanto, mas circundou por toda a área à procura de uma entrada. Foi quando percebeu que havia passagens como se fossem grande pórticos com um espelho d’água vertical, por onde seres humanóides com pele de golfinho, obviamente anfíbios, entravam e saiam da cidade. A maioria destes seres entrava, pois, em sua ronda pela redoma viu uma reunião, talvez uma festividade. Resolveu investigar e, usando sua magia mais uma vez, transformou-se em um caranguejo, pois poderia atravessar a película que separa os dois ambientes. Uma vez dentro da cidade, Brun não entendia a língua dos habitantes, mas compreendia que a festividade definiria alguma coisa importante. Viu quando Yaset interrompeu e travou contato com o exemplar daquele espécie, gerando um tipo de cisma e sendo levada. Aproveitou a noite para percorrer a cidade, deparando-se com três grandes monumentos. Enquanto a festividade ocorria diante de uma pirâmide maior e mais perfeita que a de Gizé, no Egito, os outros dois monumentos faziam uma reta perfeita com a pirâmide. Um dele lembrava muito o Templo de Ártemis de Éfeso, com suas colunas, mas maior que o templo conhecido. Na outra ponta da reta, um mausoléu que não saberia dizer se serviu de inspiração ou foi inspirado na construção de Halicarnasso.

Como um caranguejo, tudo parecia grandioso demais para sua perspectiva e aquele corpo diminuto requeria grande esforço para percorrer distâncias que não cansaria um homem. De modo que descansou diante do mausoléu. Quando amanheceu, viu novamente a multidão venerando um macho da espécie anfíbia, que abria a passagem para que ele entrasse no monumento. A curiosidade de Brun falou mais alto nesta hora e entrou junto com o anfíbio na construção. Não conseguiu acompanhar os passos do humanóide, mas o seguiu como pode. Quando finalmente atravessou o poço, viu o rastro de sangue devido ao decepamento da mão de Za-har. Neste momento, as luzes violetas das órbitas da estátua do dragão acenderam.

— Que estranha criatura é esta? - A voz falava diretamente na cabeça de Brun - Revele sua verdadeira forma agora.

A própria estátua desfez a magia do mago, trazendo-o de volta à forma humana. Brun foi pego desprevenido, sua curiosidade e sede de saber levou-o longe demais. Surpreso, ele encara a estátua.

— Você conhece minha língua?

— Falo por telepatia, não preciso de um idioma específico - responde a escultura - Mas, me diga, quem é você?

— Sou Brun Schultz, da Grande e Antiga Irmandade Iluminada de Berlim e vim aqui seguindo uma criatura celestial que encontrei petrificada. E com qual entidade eu falo agora?

— Kohukohu da Lemúria, herdeira de Sethurk, sob toda a glória do nosso senhor Cthulhu, a divindade profana de outra dimensão. Liberte-me e terá acesso a poderes nunca antes imaginados.

*

Za-har foi consagrado rei de Atlântida depois de passar pelos desafios do Panteão dos Herois, onde precisou desistir de sua mãe esquerda para seguir adiante. Chegando ao solo, foi carregado pelo próprio povo para ser levado à Pirâmide, onde se curaria do ferimento. Ele desperta após as sessões de cura, vendo Yaset ao seu lado, junto dos líderes Stin, Marlim e Quelon.

— Vamos deixar o casal a sós. Vocês têm muito o que conversar.

Pela primeira vez em milênios, Yaset se sente em casa novamente. Mesmo que aqueles ao seu redor não fossem seus conhecidos, eram atlantes a sua maneira. A presença de Za-har ali a acalma e ela não liga tanto para os conflitos políticos dos conselheiros e de Tihumla, lidaria com isso depois.

— Meus parabéns por ter passado pelos desafios do panteão, Zuh... Za-har. Você é um verdadeiro atlante, nobre como os da minha época.

— Eu lhe agradeço e... - O líder atlante pausa por um instante enquanto observa os relevos do punho de sua espada, muito parecidos com os das asas de Yaset. - Acredito que seja melhor a senhora se referir a mim como, Zuhur, mesmo que isso possa lhe ser difícil.

— Certo, Zuhur. Na verdade, é mais fácil, faz parecer que o conheço há muito tempo, mesmo que não saiba boa parte da sua história.

— Então isto pode ser mais difícil para mim. Vivo em um monastério sendo treinado por dezenas de sacerdotes por mais tempo do que consigo me lembrar. Minha infância e adolescência foram cercadas por outras crianças como eu e uma expectativa enorme ao nosso entorno sobre quem será a reencarnação de Zuhur. "Quem dentre vocês liderará nossa nação?", eu escutei essa frase mais vezes do que meu próprio nome. Mas agora eu estou aqui, dentre todos o escolhido e você à minha frente. Antes eu tinha a sensação de que lhe conhecia dos meus sonhos, mas agora sinto que lhe conheço desde muito antes de nascer.

— Não somos tão diferentes, Zuhur. Eu também fui criada com o único objetivo de me tornar uma princesa. Nunca pensei que seria algo diferente, como uma refugiada ou uma guerreira de dez mil anos de idade que precisa salvar um mundo enquanto vinga seu próprio passado. Fico feliz em ter te encontrado para dividir esse fardo comigo. Não será fácil...

Enquanto Yaset conversava com Za-har, Kohukohu e Brun forjam uma aliança. Para isso, precisariam fugir de Atlântida, juntos. Uma distração é lançada, para deixar o caminho livre pra Brun poder fugir. A conversa entre os dois ex-amantes é interrompida por uma barulheira colossal na cidade. Yaset corre para ver o que acontecia e para seu horror, vê um ataque lemuriano ocorrendo pela segunda vez em sua cidade.

A princesa não perde tempo e alça vôo, rodeando o campo de batalha enquanto procura uma forma eficaz de derrotar aquele monstro, evitando a perda de mais vidas atlantes. Em seu caminho, ela percebe dois guerreiros derrubados pelos ataques do polvo. Ela pousa ao seu lado para verificar se estão bem e após tirá-los do perigo, pega uma de suas espadas e voa novamente até Za-har.

— Precisamos abrir caminho entre os tentáculos para dar o golpe final na cabeça. Você ainda é um guerreiro formidável? Está na hora de provar. Juntos?

Yaset voa na direção da besta, usando sua agilidade aérea para desviar dos tentáculos, somente para colocar o manto e ficar invisível na frente dos olhos da monstruosidade, usando isso ao seu favor para atacar. Com a espada, ela corta um dos tentáculos, fazendo-o se recolher e abrindo caminho para que Za-har pudesse chegar até a cabeça da criatura.

— Dessa vez você não vai destruir meu lar, Cthulhu.

Quando o segundo ataque vem em sua direção, Yaset usa o poder do manto para ficar incorpórea e vê o tentáculo passando por seu corpo, sem causar nenhum dano. Sua espada corta o ar mais uma vez, na direção de outro tentáculo, decepando-o.

A atlante voa novamente, ganhando altura para ter uma visão melhor do campo de batalha. Enquanto Za-har conseguia passar pelas defesas da criatura, seus soldados ajudavam-no com os outros tentáculos. Os olhos da princesa se fixam em um adorador-de-fogo-e-fumaça correndo pela cidade. Sua experiência anterior com a invasão em Regulus a faz suspeitar dessa criatura que, com certeza, não devia estar ali, só podendo ser um dos servos de Cthulhu. Ela voa o mais rápido que consegue para capturar o homem, agarrando-o por trás e voando alto o bastante para que ele não escape, até que os guerreiros atlantes ou Za-har venham prendê-lo.

— Quem é você, invasor? O que faz na cidade sagrada de Atlântida?

— Espere! Reconheço sua espécie… Uma regulana? Nestes tempos?

— Responda minha pergunta. — Yaset responde friamente, sem demonstrar sua surpresa pela criatura falando sua língua, afinal, sabia que os seguidores de Cthulhu eram cheios de truques sujos.

— Não nos conhecemos, mas nossos pais, sim, filha de Haermys. Meu nome naqueles se perdeu, hoje sou conhecida por Kohukohu, mas este corpo humano não é meu.

— Quem era seu pai?

— Seu sogro, Rha. Sou irmã de Zuhur, o original, não esta cópia que anda por aí.

— Você mente, criatura. O rei Rha nunca teve uma filha. Não enquanto ainda era um atlante valoroso.

— Há muitas coisas que desconhece, regulana. Não sou filha de Zimbia. Sou a perfeita união de um regulano e uma lemuriana. A mais poderosa união que poderia surgir.

Yaset não responde. Sua mente é embaralhada pelo ódio aos lemurianos e sua educação a impede de lançar uma torrente de insultos ao invasor. Ela se pergunta que outros segredos o rei atlante teria mantido e o quanto Zuhur deveria saber sobre isso. Com a hesitação da regulana, Kohukohu desvencilha-se de Yaset, usando uma nuvem de tinta preta sobre os olhos da princesa, cegando-a. Kohukohu cai dos braços de Yaset, mas transformava-se em um corvo, voando em direção ao Portal de Atlântida, onde volta a se transformar em um caranguejo e some nas águas oceânicas.

Antes de alçar voo, o rosto angelical de Yaset pede para o líder na nação atlante parar os tentáculos do monstro, e assim ele o faria, apesar de ainda se sentir fraco depois das provações do panteão. Os longos tentáculos da besta marítima se contorcem e estapeiam o chão e as paredes de sua gloriosa cidade enquanto a espada de luz na mão de Zuhur brilha intensamente antes de se transformar em algo totalmente etéreo. Ao voltar à sua forma física, a espada havia se tornado em enorme tridente com pontas curvilíneas, assemelhando-se a chifres demoníacos, mas ao cruzar olhares com o polvo, ele vê tanto medo e confusão quanto havia em seus próprios olhos quando os sacerdotes foram até a sua mãe informar que o garoto Za-Har poderia ser a reencarnação do líder dos atlantes.

— Contenha sua fúria, você não precisa fazer isso, ser de espírito jovem. – Zuhur murmura na direção do próprio peito, fitando o polvo que lança seus tentáculos para diversos lados.

Ele gira o tridente na mão esquerda antes do polvo lançar um tentáculo, de cima para baixo, em sua direção. Zuhur consegue desviar, pulando para a esquerda e fazendo o tentáculo acertar o chão, jogando pedaços de pedra para todos os lados, o líder atlante crava seu tridente em uma das ventosas do polvo prendendo aquele enorme chicote do cefalópode no chão da sua gloriosa cidade. Ao olhar para os lados, Zuhur vê os soldados atlantes lutando contra os demais tentáculos, mas tendo pouco sucesso. Derrotar todos e abater a criatura seria a opção mais difícil e cruel. É quando todo seu conhecimento de vidas passadas vem à tona com as vidas antes por seu espírito vividas.

Zuhur usa suas poderosas pernas para correr pelo tentáculo preso ao chão até próximo da cabeça do monstro, próximo o suficiente para que ele escutasse sua voz soberana naquela cidade. Poucas palavras saem de sua boca, sua conexão não é verbal com o polvo, ela vem através de uma telepatia animal com aquele ser marítimo, que se acalma ao ouvir a voz densa e relaxante de Zuhur em sua mente. O líder atlante se aproxima da cabeça do polvo e encosta a testa na pele viscosa entre os olhos do cefalópode, que se abrem e observam a figura imponente a sua frente.

— Relaxe. – Diz Zuhur se segurando em uma ventosa no meio dos olhos do animal marítimo. – Meus homens não irão atacá-la se você não os atacar, ou ao meu povo.

Os longos tentáculos do animal se acalmam e param de se debater contra as construções da cidade. Os soldados no chão olham assustados com a repentina calmaria e, ao olharem para cima, veem seu líder conversar com o animal. Eles levantam suas armas e gritam a vitória enquanto Zuhur tenta descobrir como ela havia chegado ali, por mais que o animal não tivesse grandes capacidade psíquicas, para entender tudo que ocorre a sua volta, ela deveria ter sentido como havia surgido fora do seu ambiente comum.

A vitória de Za-har é interrompida momentaneamente, quando ele vê Yaset lutando em meio a nuvem preta, perdendo o controle e caindo. Com um salto fenomenal, o rei de Atlântida agarra a princesa em seus braços, pousando em segurança no chão, sob gritos e aplausos de seus súditos. Apesar de desnorteada, Yaset encara seu salvador e um beijo sela a excêntrica combinação de asas e nadadeiras, ar e água, céu e mar.
[OBJETIVOS]
• Derrotar o Polvo
••Cabeça, ND 8 (ataque) e ND 14 (defesa)
Zuhur (defesa): ♦ 1 + 2 ♥ = 3. Falha! Za-har perde 1 PV.
Zuhur (Ataque) ♠ 4 + 4(Domar) + 6 ♦ = 14. Sucesso! Za-har ganha 1 XP.
•• Tentáculo 1, ND 8 (ataque e defesa)
Yaset (defesa): ♦ 3 + 6 ♥ = 9. Sucesso!
Yaset (ataque): ♠ 1 + 8 (Invisibilidade, 1 PM) = 9. Sucesso! Yaset ganha 1 XP.
•• Tentáculo 2, ND 8 (ataque e defesa)
Yaset (defesa) ♦ 3 + (Incorpóreo, 1 PM). Sucesso!
Yaset (ataque) ♠ 1 + 8 ♥ = 11. Sucesso! Yaset ganha 1 XP.
•• Tentáculo 3, ND 8 (ataque e defesa)
Za-hur (defesa) ♦ 1 + X ♦ = 11. Sucesso!
Za-hur (ataque) ♠ 4 + 5 ♠ +2 (Espada) = 11. Sucesso! Za-har ganha 1 XP.

• Impedir a fuga de Brun, ND 8
Yaset ♠ 1 + X ♠ = 11. Sucesso! Yaset ganha 1 XP.
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