Após a queda da mítica Atlântida, poderes são aprisionados no Cometa-Prisão e a libertação deles dão início a uma nova ordem.
 
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 Episódio 02 - Retorno Sombrio

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Mick Fear
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MensagemAssunto: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptyQua Ago 10, 2022 3:38 pm

Dois anos antes, a região de Greuceanu, no coração de Silvânia, sofreu com chegada do Pecado da Ganância. O demônio extraplanar tornou-se um cemitério vivo arrasando com a cidade e levando consigo diversas vidas no processo. Não fosse o pacto da bruxa Muma Padurii com o espião avalônico Mick Fear, que tinha como missão investigar rumores de uma "arma biológica" mais mortífera que o gás mostarda usado na Grande Guerra, a horda de mortos-vivos teria se alastrado por todo o país.

Viktor Horvath, o delegado da cidade, que tem o orgulho de pertencer à linhagem direta do lendário fundador da cidade. Seu irmão Zsigmund Horvath, desaparecido anos antes, mas que se tornou um licantropo e assumiu uma forma canina chamada Quotar para ficar junto do irmão. O prefeito Gustovan, sua esposa Shanya e a filha Stephanie formavam a família mais poderosa da cidade. Esses são os poucos sobreviventes, além de alguns jovens que foram salvos na escola, de Sfantu Greuceanu. Eles encontraram abrigo temporário na Torre Táumica, a convite de sua salvadora Werena de Yacirama, a amazona, e com permissão de Lahyla, a proprietária atual do edificio.

O esposo de Lahyla, a entidade sem corpo Haermys, registrou com muita atenção ao relato de todos os sobreviventes, incluindo aqueles que deixaram a Torre recentemente, o lobisomem Tyler Greymane e o atlante Nick-Ahnor. Ele estudou suas anotações e preparou um plano para explorar a região em sua forma astral, para que, enfim, pudesse ajudar os sobreviventes a retomar a sua terra. Este tempo acabou e era chegada a hora do retorno sombrio.
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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptyQua Ago 24, 2022 7:04 pm

CENA 1

Torre Táumica, 1919

Havia se passado vários meses desde que Tyler foi levado por Nick para as terras de Wanyama. Com a falta de notícias, Werena sentia que algo havia acontecido, mas não tinha certeza e prometeu não se intrometer na contenda entre seus dois aliados. Tentava se manter calma para também acalmar os ânimos dos exilados de Sfantu Greuceanu, já que estava ali sozinha com Lahyla, para cuidar dos convidados e da Torre Táumica, pois Hærmys também não havia voltado de sua expedição astral pela terra arrasada de Transilvânia. Transilvânia. A região de Silvânia que sofreu com a infestação de mortos-vivos acabou recebendo este nome das autoridades, indicando que aquele lugar havia se transformado.

A Grande Guerra já havia acabado e o interior da Silvânia tornou-se um território proibido. Os Três Principados Silvanos (do Príncipe Srv, da Floresta de Ciprestes; do Príncipe Horvat, das Montanhas Sombrias; e do Príncipe Danu, do Rio Corrente), usaram como desculpa para o isolamento da região a notícia de que uma arma biológica experimental foi utilizada para acabar com a guerra,gerando lendas que se baseiam na verdade do que realmente aconteceu.

Swanda Saymon, a vampira que administrava a região de Sfantu Greuceanu, epicentro da infecção zumbi, esteve intimamente ligada aos acontecimentos e os reportou em primeira mão ao seu senhor Alexander,o ancião de Vedunia, com grande influência sobre o Príncipe Horvat. O vampiro mais antigo invocou um Conclave com todos os vampiros de Silvânia para tratar da situação, deixou-os a par dos horrores acontecidos e da influência de seus inimigos bruxas e lobisomens. Após dias e noites de extensa discussão, uma comitiva foi definida para explorar o interior do arco de montanhas e, imunes à zumbificação devido a sua mortandade,conseguiram fixar território dentro dos limites definidos pelo ritual de Muma Padurii.

A bruxa, por sua vez, sabia que o epicentro guardaria algo de extremo poder e não foi por acaso que usou o espião avalônico, Mick Fear, como seu próprio peão para fincar um menir confeccionado por ela mesma. Isto lhe trouxe vantagem sobre os vampiros, pois ela pode observar e se preparar melhor para lidar com as hordas de mortos-vivos que rondavam o território agora denominado de Transilvânia. Se pudesse enviar novamente seu peão e se apossar da Pirâmide Sinistra que se formou com os restos do Cemitério Vivo, poderia controlar toda a região e aumentar seu poder sobre o Príncipe dos Ciprestes.

As movimentações em torno dos Príncipes dos Ciprestes e das Montanhas, chamou a atenção do Príncipe das Planícies do Rio Danu, que recebeu a Alta Coroa, tornando-se o Alto-Príncipe após o final da Grande Guerra. Sua corte é fortemente influenciada pelos Pricolici, uma tribo de lobisomens, rivais dos vampiros strigoi da corte do Príncipe Horvat e das bruxas mumas da corte do Príncipe Srv. Quem comanda a tribo de lobisomens é Cyandar, um silvano enorme coberto de cicatrizes, de cabelos ruivos, que, em sua forma lupina, tem pelagem escarlate, e, na noite da última lua cheia, uivou na capital de Silvânia, convocando todos da alcateia e percebeu a ausência de Quotar, o filhote mais jovem da matilha. Seu desaparecimento poderia conter pistas da movimentação, de modo que uma unidade lupina foi enviada para Sfantu Greuceanu.

Os três tipos de amaldiçoados controlam um terço do território silvano e o centro da nação, nas proximidades de Greuceanu sempre foi palco de disputas, mas agora com a infestação zumbi, um grande círculo dividiu o território e agora cada facção precisa lidar com fronteiras bem definidas. Cercas e muralhas foram construídas ao redor deste círculo maldito, com incursões fracassadas na maioria das vezes, provendo muito pouca informação sobre o que realmente se passa dentro daqueles limites. Quando obtém sucesso, escolhem um povoamento para ser seu patrono e protegê-los, visto que todos os malditos são imunes à zumbificação, apesar de ainda poderem ser mortos pelas hordas.

Apenas um ser conseguiu vagar pela região sem ser visto ou incomodado pelas hordas de mostros-vivos: Hærmys de Áquila. Desde que recebeu os sobreviventes de Sfantu Greuceanu, o regulano vagou em sua forma astral para analisar o tipo de maldição que se abateu sobre a nação. Sua silhueta mágica entrou nos limites do Círculo, uma extensa área plana que abriga ruínas decadentes de antes da infestação. O céu é encoberto por uma neblina que não é natural, impedindo que o Sol penetre, no máximo produzindo alguma luz, mas tão fraca como se fosse a lua cheia. Isto impede o crescimento da vegetação, mas vastas florestas de fungos proliferaram-se e servem de alimento para os poucos herbívoros que insistem em se manter no local, insetos são a sua maioria e a base da cadeia alimentar nos últimos tempos. Algumas cidades viraram ruínas e agora são habitadas por mortos-vivos, que vagueiam à procura de alimentos. A maioria de suas vítimas são habitantes de pequenas comunidades que sobreviveram ao evento, mas hoje vivem em constante medo e desesperto, protegendo-se como podem contra os mortos-vivos. Alguns destes vilarejos ficaram sob o comando de lobisomens, vampiros ou bruxas que conseguiram chegar até eles, mas vários de seus companheiros morreram nas incursões. Esses líderes costumam ser tiranos sem piedade, que submete seus "súditos" a todo tipo de sofrimento, mas a vida seria ainda pior sem eles.

No centro do Círculo, na cidade que já foi conhecida como Sfantu Greuceanu, está a Pirâmide Sombria, que serve como habitação para o Pecado da Ganância. Feita inteiramente de ossos, exala uma energia macabra. É possível reconhecer nos pavimentos formas estranhas, tubulares, com vazamentos de um óleo escuro, que dão a impressão de seres órgãos ou artérias para a estrutura piramidal. O terreno à sua volta é pavimentado com corpos de mortos-vivos, extendendo-se por alguns quilômetros, e tudo que tenta atravessar acaba sendo agarrado e absorvido, passando a fazer parte da paisagem. Se por terra, um invasor pode ser absorvido, por ar pode ser abatido por hordas de sombras voadoras que patrulham a pirâmide o tempo todo.

Hærmys tentou penetrar na Pirâmide Sombria, mas foi repelido por alguma magia. Ele passou os últimos meses mapeando a área, antes de voltar à Torre Táumica. Quando chegou, Tyler ainda não havia voltado e encontrou apenas a esposa, Werena e seus hóspedes.

— E então? Ficamos aguardando muito tempo – disse Viktor, sem dar tempo de Hærmys cumprimentar a todos.

— É mais tenebroso do que imaginei – disse o regulano — Preciso primeiro passar as informações para o material, mas os deixarei a par de tudo.

— Por favor – implorou Gustovan — Nos adiante alguma coisa.

Hærmys olhou para o prefeito. Sua esposa, sua filha e seu neto, com já um ano de idade, também pediam respostas em suas expressões. Os órfãos também estavam inquietos, afinal, fazia quase dois anos que o extraplanar havia deixado a Torre Táumica.

— Ele vai contar assim que se recuperar – Lahyla interrompeu — Descanse, meu amado, não será um dia a mais que fará diferença agora.

— Fala isto porque não é seu povo que sofre com a maldição – Viktor está enraivecido.

— Ela tem razão, Viktor – Zsigmond tentou acalmar o irmão — Vamos dar tempo para ele. E vamos nos acalmar também.

— Eu não consigo, irmão. Sinto que tenho um dever sagrado com nossa pátria e me incapaz por meses! Preciso agir.

— Só há uma coisa que podemos fazer. É voltar a treinar para estarmos preparados para a missão. Vamos nos exercitar com Werena.

A amazona sabia o que Viktor sentia. Ela também tinha sentimentos semelhantes em relação às suas irmãs de Yacirama e se perguntava se já não se envolveu demais nos assuntos dos homens. Até Tyler, aquele que mantinha uma relação de intimidade e poderia chamar de família, estava ausente. Nos últimos meses, focou-se em treinar Viktor e Quotar para ajudá-los no retorno, isso quando não pedia permissão a Lahyla para sair ao mundo dos homens tentar ajudá-los com seu conflito global. Werena pesou a mão naquele dia, fazendo com que os gêmeos cansassem demasiadamente para dar tempo a Hærmys se recuperar.

No dia seguinte, Hærmys já esperava os silvanos. Ele tinha um mapa em mãos e havia passado suas memórias a anotações em papel. Chamou Viktor, Szigmond, Gustovan e Werena, deixando Shanya, Stephanie e Lahyla contendo as crianças.

— É isto que apurei, meus amigos. O interior da Silvânia é uma terra morta. Nada mais ali cresce e criaturas imunes aos mortos-vivos tomaram controle das poucas comunidades que sobraram, mas, embora possam ser tiranos, eles podem ser de grande ajuda para ajudar a destruir a Pirâmide Sombria.

— Eu esperava mesmo que Cyandar fosse se meter. Talvez ele e os outros da matilha sejam aliados nisto – disse Quotar.

— Também podemos pedir ajuda à Swanda – lembrou Gustovan — Ela sempre estava a postos a ajudar.

A menção ao nome da vampira produz uma careta na face do lobisomem.

— Lembro-me da bruxa que montava uma vassoura, foi por causa dela que um dos soldados conseguiu destruir o Cemitério Vivo. Se aquele soldado estiver vivo, pode nos por em contato com a bruxa – disse Werena.

— Sim, mas lembrem que não podemos confiar em qualquer um deles – disse Viktor — Temos de ter em mente em salvar o povo, primeiramente. E, assim que eles estiverem seguros, partiremos para destruir a Pirâmide.

— Vou organizar as missões a partir da Torre – disse Hærmys — Enquanto vocês partem a procura de aliados. Primeiro, vamos nos dividir e buscar cada um destes “povos”. Depois nos organizamos para adentrar o Círculo e salvar as comunidades. Até estarmos prontos para invadir a Pirâmide.

***

Berceau-de-la-Liberté, Libertérre, 1919.

A Grande Guerra finalmente tinha acabado com a Tríplice Entente, formada inicialmente por Avalon, Russkaya e Libertérre, triunfando sobre a Tríplice Aliança, formada por Jotunia, Silvânia e Warábia, e obrigando os derrotados a assinarem o Traité de Paix. O tratado criou a Sociedade das Nações, uma organização que pretende arbitrar disputas internacionais para evitar futuras guerras. Entre os objetivos da Sociedade das Nações está a criação de um grupo de elite, mas as nações vitoriosas ainda precisam decidir os moldes de como este grupo irá se formar.

Mick Fear, o espião enviado para investigar o surgimento de uma nova arma biológica no conflito do interior da Silvânia, havia reportado as informações que colheu aos seus superiores, mas seus relatórios foram confiscados por uma repartição especial que nunca tinha ouvido falar antes, devotada a casos que acabam ficando sem solução ou cuja solução é tida como paradoxal, contraditória ou até mesmo impossível. Em vez de ser chamado para maiores explicações, foi mandado novamente para a frente de guerra, onde não se envolveu mais com assuntos sobrenaturais.

Com a criação da Sociedade das Nações, Mick foi sondado para fazer parte do grupo de elite e recebeu um convite para uma entrevista em Berceau-de-la-Liberté, onde o Traité de Paix foi assinado. Ele aceitou com desconfiança e deixou seu apartamento em Avalon para viajar até Libertérre. Quando chegou ao seu destino, estranhou que estivesse sozinho e as pessoas que lhe atenderam não esperavam sua visita, mas, inusitadamente, uma sala estava reservada em seu nome.

Apenas um homem aguardava Mick Fear, um homem beirando seus quarenta anos, alto e magro, com cabelos e barbas. Ele tem um nariz muito longo e torto, como se tivesse sido quebrado pelo menos duas vezes, dedos longos e habilidosos, e seus olhos tem um tom azul brilhante que dá a impressão de enxergar a alma de quem olha.

— Mick Fear! Eu sou Daniel Oldman – ele se apresenta e Mick reconhece imediatamente o sotaque avalônico — Li seu relatório sobre os ocorridos em Silvânia e acredito em você. Na realidade, eu acredito em tudo aquilo. Eu espero que você também possa acreditar em seus olhos... Desculpe, força de expressão. Sou membro de uma Academia, reconhecida, embora não oficialmente, pela Coroa de Avalon e escolhi o senhor como um possível membro do grupo de elite da Sociedade. Possível, pois ainda preciso que passe em uma prova. A Sociedade preza pela paz e temos informações sobre conflitos entre os três Príncipes de Silvânia, como você já tem experiência naquele lugar, precisamos que evite o conflito e, de quebra, investigue o que se sucedeu após os acontecimentos relatados por você. Não declaramos o que realmente aconteceu, o mundo ainda não está preparado para conhecer tais coisas, mas você conhece e sabe da verdade. E é um talento, por isso está aqui. Tome.

Daniel entrega uma pasta a Mick. Ele folheia curioso e vê informações sobre criaturas e monstros ligados a cada umas das cortes dos Príncipes Silvanos, cópias de seu próprio relatório e o esboço de um mapa da região afetada, assim como passagens para lá. Quando o espião ergue os olhos para falar com o senhor Oldman, ele simplesmente não está mais lá.

[OBJETIVOS]
• Localizar o covil dos lobisomens nas margens do Rio Danu, próximo à cidade de Voda-Pestera, com um ND Difícil (7-9) em feitos de Foco (Percepção);

• Conquistar a confiança dos lobisomens Pricolici da corte do Príncipe Danu. Eles respeitam bons guerreiros, numa Luta em que um lobisomem irá atacar com ND Difícil (7-9), mas se defender com ND Médio (5-7);

• Infiltrar-se na corte de Vedunia, lar dos vampiros, ND Social Fácil (1-3);

• Conquistar a confiança dos vampiros Strigoi da corte do Príncipe Horvat. Eles são mais sociáveis e respeitam jogos sociais, com ND Difícil (7-9);

• A Floresta de Ciprestes é o lar das bruxas e elas são difíceis de encontrar, ND Superior (9-11) em Foco (Percepção), mas elas investigam quem sobrevive à floresta e vence um ND Médio (5-7) em Resiliência (Sobrevivência);

• Conquistar a confiança das bruxas Muma da corte do Príncipe Srb. Elas são mais enigmáticas e se entusiasmam com trocas de Conhecimento e Foco com ND Difícil (7-9).
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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptySex Ago 26, 2022 5:16 pm

Cena na Grande Guerra:

— Então, quem você acha que era o velho? Algum parente da rainha? Uma criatura do espaço que governa Avalon por trás das cortinas? — Perguntou Franklin, agora um homem feito que já havia alcançado a altura de Mick, apesar de ainda manter o topete.

— Hahaha. Você pode ter músculos agora, mas continua o mesmo, Stan! Com certeza era um político. Alguém influente, mas que não costuma aparecer, já que nunca o vi com outros figurões. E ele acreditou em tudo o que vimos. É a nossa chance de conseguir mais provas e mostrar para a coroa que temos algo importante aqui.

— Eu sempre soube que essas coisas existiam, Sir. Você que nunca me deu ouvidos.

A dupla estava em um trem que os levaria a um local próximo de Sfantu Greuceanu, já trajados como os locais, falavam e agiam como verdadeiros Silvanos. Após anos, Mick assumia novamente o papel de Bram e Franklin resolveu se disfarçar como Stan, dois soldados silvanos.

— Qual o seu plano?

— Vamos encontrar uma velha conhecida. E espero que dessa vez você não se borre de medo.

Partindo da estação mais próxima de Sfantu Greuceanu, a dupla abastece as mochilas com mais alimentos. Verificam se têm corda, roupas, barracas e sacos de dormir. Por último, Mick abre uma caixa e revela a Franklin um estoque extra de munição e granadas.

— Dessa vez estamos preparados para a guerra.

Com motos alugadas eles dirigem até uma área rural e começam a se embrenhar na Floresta de Ciprestes. Por vezes Mick tem que parar e verificar os mapas concedidos pelo velho Daniel.

— Deixe-me ver esses mapas, Sir. Meu tempo como escoteiro me ensinou bem a me guiar em florestas.

Franklin passa a guiar a dupla, escolhendo os melhores caminhos para evitar perder as motos para as armadilhas naturais do terreno. Mesmo assim, eles não conseguem encontrar o local sinalizado antes do anoitecer e são forçados a parar para montar acampamento.

— Encontrei alguns sinais de animais por perto, Sir. Acho que temos um javali por perto. Vou tentar caçá-lo, assim economizamos nossos suprimentos e enchemos a barriga de carne de qualidade.

— Certo. Vou montar umas armadilhas ao redor do acampamento e fazer uma fogueira enquanto você caça, Frank. Quer usar alguma de minhas armas?

— Hmmm, não. Na verdade, durante os últimos meses descobri um novo hobby promissor— Franklin puxa uma caixa comprida de sua mochila e dela tira um arco.

Mick não acredita, mas o jovem realmente volta mais tarde com um javali abatido por suas simples flechas. Os dois comem, trocam algumas histórias de guerra ao redor da fogueira e então dormem.

O soldado caolho tem pesadelos com Rasputin e quando acorda sobressaltado, vê Muma Padurii sentada no meio do acampamento, ao lado da fraca fogueira.

— Saudações, poderosa senhora. — Ele sai da barraca e faz uma reverência. — Sou eu, Bram. Desejo outro acordo. Para recuperar Sfantu.

O plano de Mick é continuar se disfarçando como Bram, um soldado local, para ter o apoio da bruxa. Ele pretende revelar a ela as informações obtidas no dossiê de Daniel sobre os outros rivais do território (vampiros e lobos) em troca de sua ajuda para recuperar a cidade.

Desafio: Sobreviver à Floresta de Ciprestes (ND 5-7)
Mick: 1♦ + 2♦ (Sobrevivência de Franklin) + 2 Esforço = 5

Desafio: Conquistar a confiança das Bruxas (ND7-9)
Mick: 1♥ + 2♣ (Manha) + 2♥ (Manipulação)+ 2 Esforço = 7


Última edição por Mick Fear em Seg Set 05, 2022 1:16 pm, editado 1 vez(es)
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Iara Werena

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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptySex Set 02, 2022 10:35 pm

• Werena pode fazer uma cena extra interpretativa ambientada na Grande Guerra, ND Médio (5-7);

Dessa vez, apenas os serviços de capuz foram requisitados. Era uma missão de grande importância, mas necessitava de uma sutileza especifica portada por Werena.

Infiltrada numa trupe de dançarinas burlescas a amazona sentia falta de suas longas madeixas. Provando alguns dos vestidos, encantou-se com as lantejoulas que para ela pareciam escamas douradas. As outras dançarinas logo cativaram-se pelo jeito doce da amazona e os ensaios a caminho de Jotûnia eram regados de gargalhadas e bebidas adocicadas. Por algumas noites Werena esqueceu-se da guerra e sonhava com o dia onde poderia deixar os combates de lado para viver como artista... Latifah, uma espiã de Liberterre que comandava a operação e reunira a trupe afeiçoou-se a Werena e ensinou-lhe alguns passos que a amazona jurava ter visto Lahyla os performar vez ou outra na torre, mas achou melhor não comentar.

Demorou uma quinzena para que tudo estivesse pronto. A trupe das Ninfas de Guerra faziam apresentações em acampamentos de soldados, ganhando confiança enquanto arrancavam suspiros e gemidos. Os mais ousados sempre tentavam entrar nos bastidores ao final das apresentações para um show especial. Era nesse momento em que Werena e Latifah entravam em ação. Recebiam os soldados, batizavam suas bebidas com soro da verdade e arrancavam sutilmente informações importantes sobre as movimentações de tropas e os comandantes de unidades. Quando o dia amanhecia, a trupe já estava rumando ao próximo acampamento penetrando cada vez mais fundo em Jotûnia. Seu objetivo final era um grande cabaré na capital que receberia importantes militares inimigos para uma celebração, dentre eles o Sargento Adolf Armstrong, que vinha obtendo muitas vitórias sob os soldados de Libertérre.

Sob a luz do palco Werena protagonizava um espetáculo sem comparação. Vestindo apenas um curto vestido de lantejoulas verdes e amarelas, ornada com flores silvestres e cantando dentro de uma concha, ela hipnotizava a audiência com sua voz.

- Aos bravos guerreiros dedico essa... canção. Aos bravos guerreiros abro meu coração. Pequeno e singelo, é tudo que tenho, e nele guardo a mais sincera emoção... - era como se um profundo rio corresse calmo pelos ouvidos dos presentes.

Mesmo suas colegas que acompanharam os ensaios, ficaram boquiabertas com a magia que ela exalava. O alvo daquela empreitada, estava sentado numa mesa de frente para o palco, Adolf mal piscava, encarava a amazona com seus olhos de um azul glacial. Sua pele branca ganhou um visível rubor conforme Werena saia de dentro da concha e se aproximava de sua mesa fitando fixamente enquanto descia lentamente os degraus. Sob os holofotes, a visibilidade era tanta que ninguém desconfiaria das movimentações de Latifah disfarçada de garçonete servindo as bebidas. Subindo na mesa de Adolf, Werena mantinha-o vidrado em seu balanço suave. Ela agachou devagar e tomou um gole de sua bebida, piscando para ele, em seguida Latifah trocou as taças enquanto ele admirava o ser mais belo que já cruzou sua vista.

- Rompi tratados, trai os ritos, me lancei em profunda danação... Em nome do amor eu cruzei os limites, e me vi nos braços de tão doce perdição... Mas ele se foi e eu sigo sozinha, fiquei aos prantos chorando no chão... Ergam seus copos e bebam comigo... Façam companhia a um quebrado... Coração.

Todos pareciam obedecer a última ordem da canção, levados por uma hipnose mágica viravam os copos para conter as lágrimas. As músicas instrumentais tiveram seu solo enquanto a amazona balançava seu corpo, entregue aquele momento, por um instante não havia plano ou manipulação, apenas Werena extravasando seus sentimentos ao som de uma triste música que gradualmente ia se tornando um jazz. As outras bailarinas subiam ao palco, agora entoando frases sobre esquecer as tristezas, pois tudo melhoraria ao nascer do dia de quem acordasse acompanhado. Com seus rodopios e rebolados os soldados ao redor do general ficaram inquietos  de excitação como cachorros do cio, assoviando e se estapeando enquanto a amazona se distanciava exibindo seu balançado ornado pelas lantejoulas iluminadas pelos refletores. Conforme as luzes iam gradualmente se apagando, Werena ia se despindo voltando a sua concha com passadas que transbordavam sensualidade, mas quando o público a veria completamente nua o breu tomou conta daquele salão. As palmas começaram frenéticas, a distração foi perfeita. Latifah já tinha envenenado as bebidas de Adolf e de outros militares que ela identificou como fundamentais para as operações de Jotûnia.

Embebedados pelo canto da sereia, nenhuma das vítimas esperava que se afogariam no próprio vômito antes do sol nascer.
( ♥ 3 + Atraente (1 ♥ ) + Misticismo ( ♥ 2) + Canto da Sereia ( ♥ 1 ) + Esforço 1 = 8 )

• Infiltrar-se na corte de Vedunia, lar dos vampiros, ND Social Fácil (1-3);

- M-m-m-mas é uma cidade infestada de vampiros! – O tremor dos joelhos do prefeito tornou-se visível. Algumas das crianças cochichavam entre si em meio a risadinhas.
- É uma missão diplomática, eu garanto sua segurança – Werena tentava gentilmente a convencê-lo a partir com ela para o reino de Vedunia há quase meia hora, desde que o jantar tinha se encerrado.
- Eu já fiz sua mala querido! – A esposa parecia mais alegre do que deveria em ver o marido partir o que gerou ainda mais risinhos por parte dos jovens.
- Eles são criaturas perigosas! Pelos céus! Vá você mulher! – ele retrucou.
- Você é o prefeito! – ela exclamou perdendo a paciência.
- De uma cidade que não existe mais! – o prefeito levantou as mãos ao céu exaurido daquela conversa e levantando-se de seu assento. Quando ele girou os calcanhares para sair do salão, um soco certeiro o derrubou.

Quando acordou, Werena o olhava com malícia, e um sorriso escondido por um fino leque da primeira dama que cochilava ao seu lado com a cabeça pousada no ombro da amazona dentro de uma carruagem. O prefeito se contorceu assustado.

- V-v-você me bateu! Me arrastou para o covil dessas criaturas?
- Nada disso Senhor, estou acompanhando sua comitiva para uma importante reunião com a senhorita Swanda sobre as defesas de sua cidade. Você só precisa sorrir, sua secretária – ela apontou para si mesma – já tem tudo arquitetado e os devidos documentos. Sua única preocupação é com a caligrafia exemplar de sua esposa que reproduziu sua assinatura com maestria.

Um rubor enraivecido subiu pelo pescoço do prefeito que desfrouxava sua gravata desajeitadamente. Sequer se lembrava de ter vestido aquele terno, o tinham despido ou aqueles malditos mágicos tinham feito algum de seus truques? Era grato pelo abrigo, mas toda essa história de magia o deixava sempre à beira de um ataque de nervos. Mesmo com o clima cinzento estava suando frio e quando a carruagem parou Werena abriu a janela e mostrou um documento ao guarda que ele olhou com certa dúvida, mas o sorriso da amazona parecia suficiente para que ela entrasse em qualquer lugar sem ser questionada.
( ♥ 3 + Atraente (1 ♥ ) + Esforço 1 = 5 )


• Conquistar a confiança dos vampiros Strigoi da corte do Príncipe Horvat. Eles são mais sociáveis e respeitam jogos sociais, com ND Difícil (7-9);

Swanda os receberia em seu escritório, ao lado de sua oficina dentro do castelo do príncipe Horvat. Ela e Werena tinham se visto durante os eventos do cemitério maldito, mas não tinham conversado, sequer sabiam o nome uma da outra até aquele momento. Werena ia na frente acompanhada do prefeito e sua esposa, e um guarda alto de uniforme púrpura  e capacete em aço negro. Ele os escoltou pelos corredores cheios de ornamentos como vasos, pinturas, tapeçarias e estatuetas, os olhos de Werena transbordaram de prazer com tantas peças tão bem trabalhadas. Alguns outros criados e vampiros passaram por eles dando sorrisos simpáticos. Quando finalmente chegaram ao escritório de Swanda foram anunciados e a grande porta de madeira entalhada abriu-se revelando a vampira sentada atrás de uma mesa abarrotada de papéis com rascunhos de engenhos não concluidos. Werena deu uma boa olhada nos protótipos nas prateleiras e os recortes de notícias, reconheceu uma delas.

- Então você criou aquela bomba de fumaça? - os olhos das duas se encontraram e a vampira deu um sorriso orgulhoso.

- Uma obra prima não é mesmo? Acionamento a distância e um efeito arrasador, nenhum humano ficaria de pé inalando essa fumaça fruto de uma misturinha especial - os olhos vermelhos de Swanda pareciam se deliciar enquanto descrevia o sofrimento que seu engenho poderia causar.

- Eu estava lá quando ela explodiu, se não fosse a força de minhas ancestrais eu também teria ido ao chão. Precisei carregar metade do pelotão de volta a nossa trincheira antes de seguir avançando...  O que você tem de linda, tem de perigosa Swanda.

Aquilo pareceu entreter a vampira que se levantou e pegou na mão de Werena dando-lhe um beijo. A amazona conseguia sentir os lábios gelados e um arrepio subir pelo seu braço, quando seus olhos se cruzaram novamente ela podia sentir algo tentando invadir sua mente, seduzindo-a, instigando-a a se aproximar da vampira... Conhecia esse tipo de magia. Ela puxou a mão de Swanda e a segurou pela cintura, seus rostos ficaram bem próximos. O prefeito e sua esposa estavam nitidamente desconfortáveis e deslocados ali, mal respiravam enquanto assistiam aquele excitante e perigoso jogo de sedução.

- Você é rápida, mas me subestima. Dançar comigo é como mergulhar num rio escuro, a calmaria está apenas na superfície - Werena disse quase num sussurro.

- Dançar comigo é como entrar num mar revolto, não existe calmaria, basta um deslize para nunca mais pisar em terra firme - Swanda deslizou suas unhas pelo pescoço de Werena e observou fascinada a pele escura se arrepiar.

- Eu me arrisco... Mas... vi criados andando de um lado ao outro, alguma celebração hoje? - Werena se desvencilhou voltando para perto do Prefeito enquanto Swanda recobrava a postura apesar de manter um sorriso maldoso.

- Um baile, me acompanharia? Posso arranjar convites para o prefeito e sua comitiva.

Werena apenas respondeu com um sorriso enquanto colocava os cabelos atrás da orelha desviando o olhar. Swanda abriu uma gaveta retirando um papel amarelado e um tinteiro, fechou a gaveta com tudo fazendo o prefeito pular da cadeira, ele e a esposa estavam em transe desde que as duas beldades começaram a conversar.

Saíram do castelo alguns minutos depois com os convites em mãos e voltaram a cidade, a esposa do prefeito insistira que precisavam estar vestidas a altura de um baile da corte, enquanto o prefeito ficou numa hospedagem. As duas passearam em algumas lojas e alfaiates. Sem o charme de Werena seria impossível conseguir algo para aquela noite, mas ao final retornaram a hospedagem onde encontraram o prefeito debaixo dos cobertores fingindo estar doente para não ir ao baile, sua esposa pareceu gostar da ideia, iria apenas ela e Werena.

Mesmo que a esposa do prefeito vestisse algo mais extravagante, Werena chamava bem mais atenção. Mesmo sem luar naquela noite ela teria dado conta de iluminar aquele salão. Sua beleza estava exaltada e os olhos delineados por um verde muito escuro e seu vestido justo com calda de sereia ornavam seu balançado enquanto caminhava, adornada de joias tradicionais de seu povo e pelo manto púrpura transformado num casaco de peles roxo, humanos e vampiros abriram passassem para a amazona que logo encontrou Swanda vestindo um terno super justo vermelho como o sangue. As duas passaram a noite dançando e dando risadinhas trocando gracejos. Aquilo chamou a atenção do príncipe Horvat e toda a corte.

Durante todo o baile, Príncipe Horvat estava em seu trono observando as duas, que sempre direcionavam olhares de canto de olho e cochichos que o deixava intrigado, quando alguns dos convidados começaram a se retirar ele finalmente se levantou e pediu a licença de Swanda para tirar sua acompanhante para uma dança. Werena sentiu o olhar do príncipe percorrer seu corpo como um general percorre um mapa do campo de batalha. Swanda afastou-se com uma sutil reverencia, mas sua expressão deixou Werena confusa sobre a opinião dela a respeito do príncipe. Ele tinha mãos tão frias como as dela, mas nada delicadas. Ele a segurou com firmeza, a puxou para si a encarando sem dizer uma palavra. Werena não daria para trás, conteve o nervosismo e apenas o encarou de volta. Ele a rodopiou e a agarrou novamente de forma súbita deixando a amazona desnorteada. Ele finalmente tomou a palavra. Sua voz era grave e ríspida, cada palavra tinham toneladas que faziam a amazona se sentir pressionada a se curvar. Mas não o faria, tinha conhecimento mágico e experiência suficiente para identificar efeitos sobrenaturais que dobram a vontade.

- Meus informantes me contaram de seus feitos na guerra. Mas olhando-a agora, acho difícil associar uma dama... - ele colou o seu corpo com o dela - Cavalheiro? - seus olhos expressavam dúvida, mas também curiosidade, após uma breve pausa ele retomou a fala - Bela criatura... com feitos tão destruidores.

- É porque não viu o que posso fazer com corações mi lorde.

- Sorte a minha já o que o meu não bate.

- Ainda assim posso deixar um estrago irreparável na sua memória - Werena levantou os calcanhares ficando mais próxima dos lábios gélidos do príncipe. Eu sei que você quer provar do meu sabor, não quer? Peça e talvez tenha... - eles pararam de dançar, a música pareceu cessar por um segundo, os poucos convidados restantes olharam atentos para aquela que desafiava o charme do Príncipe- Mas um príncipe precisa manter a postura, não é? Não pode pedir por algo....

- Exatamente, você é quem deve desejar o meu beijo. Já perdi a conta de quantas fiz implorar pelo meu toque.

- Não sou mais uma em seu rebanho Príncipe Horvat - Werena se afastou graciosamente e estendeu sua mão para que ele voltasse a conduzi-la, a música recomeçou mais agitada. Acredito que adoraria descobrir o que eu realmente sou antes de decidir o que realmente quer de mim... E eu... Quero um aliado contra Thurk.

Aos embalos do jazz o príncipe mostrou que não era assim tão ríspido no gingado, apesar de nitidamente ter que se esforçar para acompanhar o molejo acelerado da amazona. Antes do sol nascer, Werena teria um acordo firmado.

( ♥ 3 + Atraente (1 ♥ ) + Manipulação ( 2 ♥ ) + Esforço 3 = 9 )

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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptyDom Set 04, 2022 8:46 pm

Quotar caminhava silenciosamente pela estrada de terra vazia, a cidade de Voda-Pestera estava próxima, mas a sua volta só via altos pinheiros e arbustos. Graças a seus sentidos aguçados ele também podia ouvir a correnteza familiar do Rio Danu, o ar que respirava era frio e limpo, a paisagem tinha uma beleza díficil de explicar, mesmo com o céu cinza anunciando uma possível chuva ou geada, a natureza ali tinha um aspecto ancestral e silencioso, as árvores altas e imponentes lançavam suas sombras pesadas sobre aqueles que passavam ali e o único som que se ouvia era o ocasional farfalhar de folhas e galhos estalando com o vento ou com a movimentação de algum pequeno animal.

O silvano seguia atento a qualquer indício de outros viajantes trafegando na estrada ou mesmo de alguma patrulha lupina que os observasse da mata, mantinha-se ainda em forma humana. Seu irmão seguia ao seu lado, levemente á frente na verdade, mesmo sendo gêmeos Viktor sempre se portava como o irmão mais velho, a liderança era algo natural para ele. Zsigmond não se importava com isso, gostava de não ser o centro das atenções, tinha tendência a ser discreto e introspectivo.

A aparência de ambos também era curiosa de se observar, enquanto o ex-soldado mantinha a postura alinhada, cabelos e roupas impecáveis, seu irmão tinha uma aparência mais selvagem, cabelos longos e bagunçados, roupas largas e surradas sem contar as enormes olheiras embaixo dos olhos. Poderiam ser parecidos fisicamente, mas como se fossem versões opostas de um mesmo ser.

Uma brisa mais forte soprou, trazendo o cheiro da cidade direto para as narinas de Quotar. Um cheiro almíscar um pouco sujo, também cheiro de fumaça e suor. Uma estalagem á beira da estrada surgia.
- Vou ficar em forma de lobo agora, pode descansar na estalagem essa noite e amanhã de manhã saímos em busca da tribo. - Disse o lobisomem ao irmão.

A manhã se apresentou como o dia anterior, nublada e fria. Quotar, agora em forma lupina, se levantou e sacudiu a pelagem úmida. Tinha comido bem dos restos que encontrou nos fundos da estalagem, e conseguiu um bom local para repousar. Ouviu a movimentação de dentro da choupana, escutou a voz de seu irmão agradecendo pela hospedagem e pagando pelos serviços.

Ele saiu então pela porta da frente e o cão foi ao seu encontro, trotando preguiçosamente com a língua pendurada para fora da boca. Caminharam durante uns bons 40 minutos até chegar ao limite da floresta fora da cidade e próxima á margem do rio, seguro de olhares pela cobertura vegetal Zsigmond retornou a forma humana.
- Agora seguimos a margem do rio atentos a qualquer sinal da tribo.-
Seguiram vagando pela mata por mais uma hora e meia, as pistas eram por vezes fracas, mas começaram a se intensificar.
- Estamos perto, posso sentir o cheiro! -

Entrando em forma de Lobisomem ele correu a frente de Viktor até a entrada de uma caverna escura, encarrapitada em uma leve elevação e ladeada de pinheiros particularmente anciãos. Não aparentavam haver guardas, o que era bem estranho. Provavelmente os estavam aguardando. "Que bela enrascada que estamos no metendo" pensou o lobo. Mas caminhou confiante em direção á entrada, não tinham muita escolha.

Após caminharem pela galeria por mais uns minutos eles se depararam com um guarda, ele tinha estatura mediana para um lobisomem, sua pelagem era de um castanho-escuro meio sem graça, porém seus olhos amarelos e brilhantes pareciam ser capazes de ver a alma de Quotar, ao tomar forma humana ele se mostrou um homem de meia idade e barba castanha cheia.

-O quê querem aqui? Não teme pela vida do humano que te acompanha lobo?- rosnou para eles.
- Sou Quotar! Venho em paz de Sfantu Greauceannu e gostaria de uma audiência com Cyandar.- Disse o silvano ao tomar forma humanóide.
-Por quê deveríamos conceder uma audiência a tu? Por quê não respondeu ao chamado dos lobos?- Retrucou o guarda.
- Tenho assuntos a tratar, envolve a infestação de zumbis e o quê aconteceu com minha cidade.- Disse Quotar mantendo o tom frio e calmo.
-Então prove! Passe por mim e te daremos o direito de falar. Se não morrer, é claro!- transformou-se em lobo e atacou.

Zsigmond quer desviar o melhor possível dos golpes do guarda, assim que identificar uma brecha ele irá atacar visando o pescoço do lobo para imobiliza-lo no chão ou contra uma parede.


Desafio: Defender-se do ataque do Guarda Lobisomem. ND(7-9)
3♦ + Agilidade (+1♦) + Lobisomem (1 JOK ) + 4 de Esforço (17) = 9;

Desafio: Atacar o Lobisomem.
3♦ + Agilidade (+1♦) + Lobisomem (1 JOK ) + 2 de Esforço (15) = 7;
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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptySeg Set 05, 2022 5:16 pm

Lembro-me daquele dia. Na verdade lembro-me de cada detalhe dela como se tivesse acontecido ontem. Era um fim de tarde frio e úmido como essa que estamos passando agora. Éramos mais novos e estávamos caçando. Eu era novato ainda no quartel e ele só em casa ajudando nossos pais.
Depois disso um branco entra na minha cabeça. Só lembro de que corri como nunca para escapar dos lobos. E de que nunca acharam nada dele na floresta. Depois disse saí do exercito, voltei pra casa, e fiquei cuidado de tudo no lugar dele.
Acho que eu sempre tive a certeza que ele não tinha morrido. Acho que é coisa de irmão gêmeo achar que o outro estar bem ou mal. Acho que por isso sempre tive um pressentimento bom quando Quotar apareceu um dia e adotei como meu parceiro. Ele sempre pareceu como sendo parte da família. Agora sei o porquê.

Pareceu tão absurdo no inicio. Saber que o irmão que eu sempre desconfiava que estivesse vivo e que passei boa parte da minha vida procurando estava na minha frente o tempo todo. Mas hoje ele esta aqui do meu lado, caminhando desengonçadamente na sua forma humana. Indo comigo buscar uma tribo de lobisomens que até então eu nem sabia que existia.

Avistamos uma estalagem e meus pés agradeceriam muito um descanso agora. Não é a mesma coisa de descasar na presença da Lahyla, mas já é alguma coisa.

– Ela é casada – Penso. Mas eu não me importaria.

– Olhe irmão, uma estalagem. – diz Quotar, que dizer Zsigmond. Ainda não me acostumei. – Vou ficar na forma de lobo agora, pode descansar na estalagem essa noite e amanhã de manhã saímos em busca da tribo.

– Não vá para longe e não suma. Não sabemos se estamos sendo observado então permaneça no perímetro da estalagem. – Passo a mão e sua cabeça como de costume. Acho que nunca vou perder essa mania.
A noite passa rápido. Depois de uma sopa de alguma coisa que tinha gosto de galinha e um pão duro, dormi como uma pedra. Da janela do meu quarto observo o cachorro rondando pela floresta próxima. Pago o que devo e saio para encontrá-lo.

– Agora seguimos a margem do rio atento a qualquer sinal da tribo. – Disse ele já na forma humana.

– Precisamos estar preparados. – Respondo em atenção constante. – Estamos no território deles. Eles vão perceber nossa presença muito antes da gente notar a deles.

Caminhamos por mais um bom tempo até que Quotar começou a sentir o cheiro de alguns sinais que ele dizia ser da tribo que procurávamos. Com esses sinais cada vez mais fortes, o meu irmão assume a forma bestial e corre na minha frente. De forma alguma eu conseguiria alcançar ele, mas corri assim mesmo. Penso em sacar alguma arma, mas não é minha intenção parece hostil. Prefiro fazê-lo só em ultimo caso.
A trilha termina em uma clareira que segue uma caverna. O local perfeito para essa tribo permanecer protegida de todos e ter um lugar estratégico. Aparentemente com locais de caça próximos e água abundante.
Meu irmão já se encontra em posição de batalha. Outro lupino também aparece na entrada do refugio. O combate parece inevitável.

Quando penso em fazer algum movimento eu sinto um ar quente próximo ao meu pescoço. A nuvem de vapor formada por esse súbito sopro se espalha pelo ar frio da manhã. Eu rapidamente me viro e uma mão para sobre meu ombro, ou melhor, uma garra. A unha é negra como os pelos que reveste a mão. Sinto uma pressão forte no meu ombro, junto dela uma dor.

– Esta longe do lugar seguro reservada a vocês homem. – Fala o lobo ao meu lado – O que deseja fazer aqui. Responda corretamente e deixarei você continuar falando.
Não havia nada que eu poderia fazer. Ele sabia que estávamos vindos e preparou essa cilada. Uma boa estratégia de guerra. E ele chegou numa velocidade sobre humana. Se não fosse sua curiosidade, mina cabeça estava lá na delegacia uma hora dessa.

– Salve senhor. – Respondo com a calma. Não há muito o que fazer. – Sou Viktor Horvath. Sou um combatente de uma guerra que envolve a todos nós. Uma horda de monstros mortos vivos destruiu a minha cidade natal e agora ameaça destruir o mundo todo. Somos fracos diante dessa catástrofe e humildemente venho representando a raça dos homens solicitar o seu apoio senhor.

– Imagino então que saiba quem sou. Me chamo Cyandar e sou senhor desse local. Sei quem é o seu parceiro. Ele não faz parte da nossa tribo. O que faz um homem ao lado de um lobo.

– Ele é meu irmão. Não o trato como um lobo, e sim como minha família. Confio minha vida a ele.

– Desafio aceito homem. Caso seu irmão vença, eu posso ouvir o que vocês têm a me dizer, caso contrário você confiou sua vida a pessoa errada.

E ouvindo isso, observo meu irmão se preparando para o combate, e rezo para que o sangue do nosso ancestral seja forte nele como está sendo em mim.

Conquistar a confiança:
1 ♥+ Código de Honra (1 JOK ) + 5 de Esforço= 7
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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptyQua Set 07, 2022 10:54 pm

[RESOLUÇÃO]
• Cena extra na Grande Guerra, ND Médio (5-7):
Mick: ♠ 2 + 2 (Manha) + 2 (Manipulação) + 1 Esforço = 7 x ND 6. Sucesso. 1 XP.
Werena: ♥ 3 + Atraente 1 + Misticismo 2 + Canto da Sereia 1 + Esforço 1 = 8. Sucesso. 1 XP.

• Localizar o covil dos lobisomens ND Difícil (7-9):
Ninguém localizou o covil.

• Conquistar a confiança dos lobisomens, ND Difícil (7-9):
Viktor: 1 ♥+ Código de Honra 1 + 5 de Esforço - 1 Protegido = 6. x ND 8. Falha.

• Lobisomem ataca com ND Difícil (7-9):
Quotar: 3 ♦ + Agilidade 1 + 4 Esforço = 8 x ND 9. Falha. Machucado -1 nas jogadas.

• Contra-Ataque, ND Médio (5-7):
Quotar: 1 ♠ + Agilidade 1 + 2 Esforço  = 4 x ND 5. Falha.

• Infiltrar-se na corte de Vedunia, ND Fácil (3-5):
Werena: ♥ 3 + Atraente 1 + Esforço 1 = 5 x ND 4. Sucesso. 1 XP.

• Conquistar a confiança dos vampiros, ND Difícil (7-9):
Werena: ♥ 3 + Atraente 1 + Manipulação 2 + Esforço 3 = 9 x ND8. Sucesso. 2 XP.

• Sobreviver à Floresta de Ciprestes (ND 5-7):
Mick: 1 ♦ + 2 (Sobrevivência de Franklin) + 2 Esforço = 5 x ND 5. Sucesso. 1 XP.

• Conquistar a confiança das bruxas, ND Difícil (7-9):
Mick: 1 ♥ + 2 (Manha) + 2 (Manipulação) + 2 Esforço = 7 x ND 7. Sucesso 2 XP.



CENA 2

Base naval de Hammaburg, Jotúnia, 1918

Alguns meses após a catástrofe em Silvânia, os relatos de Mick para seus superiores foram ignorados e o soldado foi enviado novamente para o front de batalha. Nessa época, os Ocidentais enviaram tropas para se juntarem à guerra e sua chegada seria decisiva, já que o avanço de Jotúnia era notável e eles acreditavam que conseguiriam vencer o conflito antes mesmo da chegada dos novos soldados.

Usando novas técnicas de infiltração, os Jotuns conseguiam avançar nas trincheiras em Avalon e Liberterre. A própria capital de Libertérre fora bombardeada há pouco tempo. As informações assustadoras que chegaram à inteligência Avalônica eram de que os submarinos Jotuns iriam bombardear os navios Americanos antes que chegassem para ajudar.

Mick foi enviado sozinho para o lado inimigo, numa tentativa desesperada de descobrir qualquer coisa que pudesse dar uma vantagem aos aliados e permitir a chegada das tropas americanas sem grandes dificuldades. Enquanto Franklin foi enviado como piloto na guerra aérea em Libertérre, o caolho adentrou as linhas de Jotúnia como Mikael, um engenheiro mecânico.

Começou trabalhando em postos menos importantes, consertando as motos e carros dos soldados e aproveitando para invadir as salas de reuniões ou os aposentos dos generais para coletar informações e documentos importantes. Num desses documentos, Mikael descobriu a localização de um posto avançado onde alguns submarinos passavam por revisões e eram recarregados entre suas missões que duravam meses sob o oceano.

Mikael partiu imediatamente para este posto. Um lugar tão importante, entretanto, exigia uma mudança de abordagem do espião. Não poderia se passar facilmente por um Jotun e andar livremente pela base. Ele teria que apelar para a destreza e furtividade. Conseguiu entrar no posto preso embaixo de um dos veículos. Quando a oportunidade surgiu, saiu dali para os dutos de ventilação da base. Este era um trabalho que exigia paciência. Ficava horas imóvel, esperando o caminho ficar livre para mudar de posição.

Conseguiu se aproximar da área onde os submarinos chegavam e fez uma base nos dutos de ventilação. Só se movia quando necessário e só comia quando dava sorte de achar algum alimento dando bobeira no caminho em suas raras andanças. Durante a noite, conseguia ver os documentos dos submarinos atracados e conseguia ter uma noção se algum deles teria como alvo os navios americanos. Deixou vários submarinos saírem ilesos, esperando o momento certo de atacar.

O U-616 seria carregado com armamento pesado e partiria imediatamente para as águas do Atlântico. O instinto e a experiência de Mick apontavam que era aquele o alvo.

Na calada da noite, posicionou as bombas e quase foi pego por um dos guardas, que acabou sendo abatido. Com as roupas do soldado Jotun, Mick teve minutos para sair da base, usando uma moto roubada para tal. A explosão foi escutada de longe e soldados inimigos partiram atrás do espião, que por sorte foi resgatado pelo piloto Franklin horas depois.

Se foi a missão de Mick que permitiu a passagem dos navios americanos sem nenhum problema ou se foi só a sorte, nunca será sabido.

***

Front de batalha ocidental, Jotunia, 1918

Dessa vez, apenas os serviços de capuz foram requisitados. Era uma missão de grande importância, mas necessitava de uma sutileza específica portada por Werena. Infiltrada numa trupe de dançarinas burlescas a amazona sentia falta de suas longas madeixas. Provando alguns dos vestidos, encantou-se com as lantejoulas que para ela pareciam escamas douradas. As outras dançarinas logo cativaram-se pelo jeito doce da amazona e os ensaios a caminho de Jotûnia eram regados de gargalhadas e bebidas adocicadas. Por algumas noites Werena esqueceu-se da guerra e sonhava com o dia quando poderia deixar os combates de lado para viver como artista. Latifah, uma espiã de Liberterre que comandava a operação e reunira a trupe, afeiçoou-se a Werena e ensinou-lhe alguns passos que a amazona jurava ter visto Lahyla os performar vez ou outra na torre, mas achou melhor não comentar.

Demorou uma quinzena para que tudo estivesse pronto. A trupe das Ninfas de Guerra faziam apresentações em acampamentos de soldados, ganhando confiança enquanto arrancavam suspiros e gemidos. Os mais ousados sempre tentavam entrar nos bastidores ao final das apresentações para um show especial. Era nesse momento em que Werena e Latifah entravam em ação. Recebiam os soldados, batizavam suas bebidas com soro da verdade e arrancavam sutilmente informações importantes sobre as movimentações de tropas e os comandantes de unidades. Quando o dia amanhecia, a trupe já estava rumando ao próximo acampamento penetrando cada vez mais fundo em Jotûnia. Seu objetivo final era um grande cabaré na capital que receberia importantes militares inimigos para uma celebração, dentre eles o Sargento Adolf Armstrong, que vinha obtendo muitas vitórias sobre os soldados de Libertérre.

Sob a luz do palco Werena protagonizava um espetáculo sem comparação. Vestindo apenas um curto vestido de lantejoulas verdes e amarelas, ornada com flores silvestres e cantando dentro de uma concha, ela hipnotizava a audiência com sua voz.

— Aos bravos guerreiros dedico essa canção. Aos bravos guerreiros abro meu coração. Pequeno e singelo, é tudo que tenho, e nele guardo a mais sincera emoção – era como se um profundo rio corresse calmo pelos ouvidos dos presentes.

Mesmo suas colegas que acompanharam os ensaios, ficaram boquiabertas com a magia que ela exalava. O alvo daquela empreitada, estava sentado numa mesa de frente para o palco, Adolf mal piscava, encarava a amazona com seus olhos de um azul glacial. Sua pele branca ganhou um visível rubor conforme Werena saia de dentro da concha e se aproximava de sua mesa fitando fixamente enquanto descia lentamente os degraus. Sob os holofotes, a visibilidade era tanta que ninguém desconfiaria das movimentações de Latifah disfarçada de garçonete servindo as bebidas. Subindo na mesa de Adolf, Werena mantinha-o vidrado em seu balanço suave. Ela agachou devagar e tomou um gole de sua bebida, piscando para ele, em seguida Latifah trocou as taças enquanto ele admirava o ser mais belo que já cruzou sua vista.

— Rompi tratados, traí os ritos, me lancei em profunda danação. Em nome do amor eu cruzei os limites, e me vi nos braços de tão doce perdição. Mas ele se foi e eu sigo sozinha, fiquei aos prantos chorando no chão. Ergam seus copos e bebam comigo. Façam companhia a um quebrado… coração.

Todos pareciam obedecer a última ordem da canção, levados por uma hipnose mágica viravam os copos para conter as lágrimas. As músicas instrumentais tiveram seu solo enquanto a amazona balançava seu corpo, entregue aquele momento, por um instante não havia plano ou manipulação, apenas Werena extravasando seus sentimentos ao som de uma triste música que gradualmente ia se tornando um jazz. As outras bailarinas subiam ao palco, agora entoando frases sobre esquecer as tristezas, pois tudo melhoraria ao nascer do dia de quem acordasse acompanhado. Com seus rodopios e rebolados, os soldados ao redor do general ficaram inquietos  de excitação como cachorros do cio, assobiando e se estapeando enquanto a amazona se distanciava exibindo seu balançado ornado pelas lantejoulas iluminadas pelos refletores. Conforme as luzes iam gradualmente se apagando, Werena ia se despindo voltando a sua concha com passadas que transbordavam sensualidade, mas quando o público a veria completamente nua o breu tomou conta daquele salão. As palmas começaram frenéticas, a distração foi perfeita. Latifah já tinha envenenado as bebidas de Adolf e de outros militares que ela identificou como fundamentais para as operações de Jotûnia.

Embebedados pelo canto da sereia, nenhuma das vítimas esperava que se afogaria no próprio vômito antes do sol nascer.

***

Floresta de Ciprestes, Silvânia, 1919.

— Então, quem você acha que era o velho? Algum parente da rainha? Uma criatura do espaço que governa Avalon por trás das cortinas? — Perguntou Franklin, agora um homem feito que já havia alcançado a altura de Mick, apesar de ainda manter o topete.

— Hahaha. Você pode ter músculos agora, mas continua o mesmo, Stan! Com certeza era um político. Alguém influente, mas que não costuma aparecer, já que nunca o vi com outros figurões. E ele acreditou em tudo o que vimos. É a nossa chance de conseguir mais provas e mostrar para a coroa que temos algo importante aqui.

— Eu sempre soube que essas coisas existiam, Sir. Você que nunca me deu ouvidos.

A dupla estava em um trem que os levaria a um local próximo de Sfantu Greuceanu, já trajados como os locais, falavam e agiam como verdadeiros Silvanos. Após anos, Mick assumia novamente o papel de Bram e Franklin resolveu se disfarçar como Stan, dois soldados silvanos.

— Qual o seu plano?

— Vamos encontrar uma velha conhecida. E espero que dessa vez você não se borre de medo.

Partindo da estação mais próxima de Sfantu Greuceanu, a dupla abastece as mochilas com mais alimentos. Verificam se têm corda, roupas, barracas e sacos de dormir. Por último, Mick abre uma caixa e revela a Franklin um estoque extra de munição e granadas.

— Dessa vez estamos preparados para a guerra.

Com motos alugadas eles dirigem até uma área rural e começam a se embrenhar na Floresta de Ciprestes. Por vezes Mick tem que parar e verificar os mapas concedidos pelo velho Daniel.

— Deixe-me ver esses mapas, Sir. Meu tempo como escoteiro me ensinou bem a me guiar em florestas.

Franklin passa a guiar a dupla, escolhendo os melhores caminhos para evitar perder as motos para as armadilhas naturais do terreno. Mesmo assim, eles não conseguem encontrar o local sinalizado antes do anoitecer e são forçados a parar para montar acampamento.

— Encontrei alguns sinais de animais por perto, Sir. Acho que temos um javali por perto. Vou tentar caçá-lo, assim economizamos nossos suprimentos e enchemos a barriga de carne de qualidade.

— Certo. Vou montar umas armadilhas ao redor do acampamento e fazer uma fogueira enquanto você caça, Frank. Quer usar alguma de minhas armas?

— Hmmm, não. Na verdade, durante os últimos meses descobri um novo hobby promissor – Franklin puxa uma caixa comprida de sua mochila e dela tira um arco.

Mick não acredita, mas o jovem realmente volta mais tarde com um javali abatido por suas simples flechas. Os dois comem, trocam algumas histórias de guerra ao redor da fogueira e então dormem. Os dias se repetem quase do mesmo jeito. Franklin havia se mostrado um ótimo caçador, no final das contas, e, quando não trazia um javali, aparecia com lebres, frutas ou cogumelos. O rapaz está realmente disposto a investir neste hobby e quem sabe até competir nos Jogos Olímpicos de Antwerpen, no ano seguinte.

— Muito bem, Stan. Agora com o fim da Grande Guerra, os jogos irão recomeçar.

— Tenho inclusive estudado a cidade. Conta a lenda que um jotúnico cobrava pedágio daqueles que atravessavam o rio Scaldis e, para aqueles que se recusaram, ele cortava uma de suas mãos e a jogava no rio.

— Interessante história, meu amigo, me surpreende que você agora conte histórias de terror e não se borra com elas – Mick ri, deixando Franklin sem jeito — De qualquer forma, tenha cuidado com essas mãos, certo?

A dupla montou acampamento que durou semanas. Não fosse o foco de Mick na missão e sua devoção para com Avalon, teria desistido quando Franklin entediou-se dias atrás. Os homens viram seu pelos, cabelos e barbas crescerem, mais pareciam dois ermitões, até que, num determinada noite, o líder da dupla acorda sobressaltado, encharcado de suor. Havia tido pesadelos com Rasputin, embora a notícia de sua morte tenha se espalhado, algo dizia a Mick que o bruxo ainda vivia. A maldição de seu olho comprovava isso. Quando ele respira aliviado e olha pra cima, vê Muma Padurii sentada no meio do acampamento, ao lado da fraca fogueira.

— Saudações, poderosa senhora. — Ele sai da barraca e faz uma reverência. — Sou eu, Bram. Desejo outro acordo. Para recuperar Sfantu.

— Sim, eu lembro. Precisamos de ajuda. Uma coisa antes – Ela responde, continuando o jogo das três palavras por vez.

— O quê, senhora?
— Curar sua maldição!

Muma Padurii agarra Mick Fear. Um suor frio aflorou do corpo de Franklin, pronto para entrar em luta corporal, mas o olhar de seu companheiro é calmo e ele se lembra que o espião o alertou para ficar calmo e o deixar conduzir o acordo. A bruxa abraçou o avalônico, esfregando suas costas como se lhe fizesse carinho. Todos os pelos do corpo de Mick se eriçaram e ele pode sentir o bafo quente da anciã. Sua língua áspera lavou o lado direito da face do soldado, começando pelo pescoço e subindo até o tapa-olho. Ela o retirou com os dentes, exibindo o olho vazado de Mick. Sua órbita é leitosa e sem vida, mas algo mudou quando a língua da bruxa o lavou de saliva. A energia táumica da maldição de Rasputin se concentrou na órbita e Muma Padurii sugava o olho como se fosse uma fruta, chupando com força, fazendo suas bochechas ficarem fundas como uma cova. Sua boca se encheu de saliva, quase vazando pelos cantos dos lábios. Até que ela virou o rosto abruptamente e escarrou fortemente ao lado de Mick. A bruxa repetiu este ato três vezes, para desespero do avalônico, mas, ao final, ainda que não tivesse a visão de seu olho direito, Mick percebeu que conseguia focar em objetos mais distantes, de modo muito semelhante ao de antes de receber a maldição. Muma Padurii lhe livrou da praga.

— Agora está feito!

— Eu consigo… ver!

— Me deve favor.

— Eu sei, senhora. E vou cumprir. Como posso fazê-lo?

— No tempo certo. Agora, recuperar Sfantu.

— Eis um presente.

Mick abriu o dossiê entregue por Daniel e perguntou se poderia ler os textos conforme estavam escritos. Muma Padurri concordou e ele lhe revelou as informações sobre os vampiros e lobisomens rivais das bruxas. Um guia de plantas que poderia afugentar os vampiros com verbena ou como lobisomens perdem os sentidos com acônito, além de como reproduzir artificialmente a luz solar que destrói vampiros ou como dar a qualquer metal as propriedades da prata para ferir lobisomens.

— Isto é meu. Todo meu, agora. Muma Padurii agradece.

***

Vedunia, Silvânia, 1919.

— M-m-m-mas é uma cidade infestada de vampiros! – O tremor dos joelhos do prefeito tornou-se visível. Algumas das crianças cochichavam entre si em meio a risadinhas.

— É uma missão diplomática, eu garanto sua segurança – Werena tentava gentilmente convencê-lo a partir com ela para a cidade de Vedunia há quase meia hora, desde que o jantar tinha se encerrado.

— Eu já fiz sua mala, querido! – A esposa parecia mais alegre do que deveria em ver o marido partir o que gerou ainda mais risinhos por parte dos jovens.

— Eles são criaturas perigosas! Pelos céus! Vá você mulher! – ele retrucou.

— Você é o prefeito! – ela exclamou perdendo a paciência.

— De uma cidade que não existe mais! – o prefeito levantou as mãos ao céu exaurido daquela conversa e levantando-se de seu assento. Quando ele girou os calcanhares para sair do salão, um soco certeiro o derrubou.

Quando acordou, Werena o olhava com malícia, e um sorriso escondido por um fino leque da primeira dama que cochilava ao seu lado com a cabeça pousada no ombro da amazona dentro de uma carruagem. O prefeito se contorceu assustado.

— V-v-você me bateu! Me arrastou para o covil dessas criaturas?

— Nada disso Senhor, estou acompanhando sua comitiva para uma importante reunião com a senhorita Swanda sobre as defesas de sua cidade. Você só precisa sorrir, sua secretária – ela apontou para si mesma – Já temos tudo arquitetado e os devidos documentos. Sua única preocupação é com a caligrafia exemplar de sua esposa que reproduziu sua assinatura com maestria.

Um rubor enraivecido subiu pelo pescoço do prefeito que desafrouxava sua gravata desajeitadamente. Sequer se lembrava de ter vestido aquele terno, o tinham despido ou aqueles malditos mágicos tinham feito algum de seus truques? Era grato pelo abrigo, mas toda essa história de magia o deixava sempre à beira de um ataque de nervos. Mesmo com o clima cinzento estava suando frio. Quando a carruagem parou, Werena abriu a janela e mostrou um documento ao guarda que ele olhou com certa dúvida, mas o sorriso da amazona parecia suficiente para que ela entrasse em qualquer lugar sem ser questionada.

***

Vedunia, Silvânia.


Swanda os receberia em seu escritório, ao lado de sua oficina dentro do castelo do príncipe Horvat. Ela e Werena tinham se visto durante os eventos do cemitério maldito, mas não tinham conversado, sequer sabiam o nome uma da outra até aquele momento. Werena ia na frente acompanhada do prefeito e sua esposa, e um guarda alto de uniforme púrpura  e capacete em aço negro. Ele os escoltou pelos corredores cheios de ornamentos como vasos, pinturas, tapeçarias e estatuetas, os olhos de Werena transbordaram de prazer com tantas peças tão bem trabalhadas. Alguns outros criados e vampiros passaram por eles dando sorrisos simpáticos. Quando finalmente chegaram ao escritório de Swanda, foram anunciados e a grande porta de madeira entalhada abriu-se revelando a vampira sentada atrás de uma mesa abarrotada de papéis com rascunhos de engenhos não concluídos. Werena deu uma boa olhada nos protótipos nas prateleiras e os recortes de notícias, reconheceu uma delas.

— Então você criou aquela bomba de fumaça? – Os olhos das duas se encontraram e a vampira deu um sorriso orgulhoso.

— Uma obra prima não é mesmo? Acionamento a distância e um efeito arrasador, nenhum humano ficaria de pé inalando essa fumaça fruto de uma misturinha especial – Os olhos vermelhos de Swanda pareciam se deliciar enquanto descrevia o sofrimento que seu engenho poderia causar.

— Eu estava lá quando ela explodiu, se não fosse a força de minhas ancestrais eu também teria ido ao chão. Precisei carregar metade do pelotão de volta à nossa trincheira antes de seguir avançando. O que você tem de linda, tem de perigosa Swanda.

Aquilo pareceu entreter a vampira, que se levantou e pegou na mão de Werena, dando-lhe um beijo. A amazona conseguia sentir os lábios gelados e um arrepio subir pelo seu braço, quando seus olhos se cruzaram novamente ela podia sentir algo tentando invadir sua mente, seduzindo-a, instigando-a a se aproximar da vampira. Conhecia esse tipo de magia. Ela puxou a mão de Swanda e a segurou pela cintura, seus rostos ficaram bem próximos. O prefeito e sua esposa estavam nitidamente desconfortáveis e deslocados ali, mal respiravam enquanto assistiam aquele excitante e perigoso jogo de sedução.

— Você é rápida, mas me subestima. Dançar comigo é como mergulhar num rio escuro, a calmaria está apenas na superfície – Werena disse quase num sussurro.

— Dançar comigo é como entrar num mar revolto, não existe calmaria, basta um deslize para nunca mais pisar em terra firme – Swanda deslizou suas unhas pelo pescoço de Werena e observou fascinada a pele escura se arrepiar.

— Eu me arrisco. Mas vi criados andando de um lado ao outro, alguma celebração hoje? – Werena se desvencilhou voltando para perto do Prefeito enquanto Swanda recobrava a postura apesar de manter um sorriso maldoso.

— Um baile, me acompanharia? Posso arranjar convites para o prefeito e sua comitiva.

Werena apenas respondeu com um sorriso enquanto colocava os cabelos atrás da orelha desviando o olhar. Swanda abriu uma gaveta retirando um papel amarelado e um tinteiro, fechou a gaveta com tudo fazendo o prefeito pular da cadeira, ele e a esposa estavam em transe desde que as duas beldades começaram a conversar.

Saíram do castelo alguns minutos depois com os convites em mãos e voltaram à cidade, a esposa do prefeito insistira que precisavam estar vestidas à altura de um baile da corte, enquanto o prefeito ficou numa hospedagem. As duas passearam em algumas lojas e alfaiates. Sem o charme de Werena seria impossível conseguir algo para aquela noite, mas ao final retornaram a hospedagem onde encontraram o prefeito debaixo dos cobertores fingindo estar doente para não ir ao baile, sua esposa pareceu gostar da ideia, iria apenas ela e Werena.

Mesmo que a esposa do prefeito vestisse algo mais extravagante, Werena chamava bem mais atenção. Mesmo sem luar naquela noite, ela deu conta de iluminar aquele salão. Sua beleza estava exaltada e os olhos delineados por um verde muito escuro e seu vestido justo com cauda de sereia ornavam seu balançado enquanto caminhava, adornada de joias tradicionais de seu povo e pelo manto púrpura transformado num casaco de peles roxo. Humanos e vampiros abriram passassem para a amazona, que logo encontrou Swanda vestindo um terno super justo, vermelho como o sangue. As duas passaram a noite dançando e dando risadinhas trocando gracejos. Aquilo chamou a atenção do príncipe Horvat e toda a corte.

Durante todo o baile, Príncipe Vladimir Horvat estava em seu trono observando as duas, que sempre direcionavam olhares de canto de olho e cochichos que o deixava intrigado, quando alguns dos convidados começaram a se retirar, ele finalmente se levantou e pediu a licença de Swanda para tirar sua acompanhante para uma dança. Werena sentiu o olhar do príncipe percorrer seu corpo como um general percorre um mapa do campo de batalha. Swanda afastou-se com uma sutil reverência, mas sua expressão deixou Werena confusa sobre a opinião dela a respeito do príncipe. Ele tinha mãos tão frias quanto as dela, mas nada delicadas. Ele a segurou com firmeza, a puxou para si a encarando sem dizer uma palavra. Werena não daria para trás, conteve o nervosismo e apenas o encarou de volta. Ele a rodopiou e a agarrou novamente de forma súbita, deixando a amazona desnorteada. Ele finalmente tomou a palavra. Sua voz era grave e ríspida, cada palavra tinha toneladas que faziam a amazona se sentir pressionada a se curvar. Mas não o faria, tinha conhecimento mágico e experiência suficiente para identificar efeitos sobrenaturais que dobram a vontade.

— Meus informantes me contaram de seus feitos na guerra. Mas olhando-a agora, acho difícil associar uma dama... – Vladimir colou o seu corpo com o dela — Cavalheiro? – seus olhos expressavam dúvida, mas também curiosidade, após uma breve pausa ele retomou a fala — Bela criatura, com feitos tão destruidores.

— É porque não viu o que posso fazer com corações, milorde.

— Sorte a minha já o que o meu não bate.

— Ainda assim, posso deixar um estrago irreparável na sua memória – Werena levantou os calcanhares ficando mais próxima dos lábios gélidos do príncipe — Eu sei que você quer provar do meu sabor, não quer? Peça e talvez tenha... – eles pararam de dançar, a música pareceu cessar por um segundo, os poucos convidados restantes olharam atentos para aquela que desafiava o charme do Príncipe — Mas um príncipe precisa manter a postura, não é? Não pode pedir por algo....

— Exatamente, você é quem deve desejar o meu beijo. Já perdi a conta de quantas fiz implorar pelo meu toque.

— Não sou mais uma em seu rebanho, Príncipe Horvat – Werena se afastou graciosamente e estendeu sua mão para que ele voltasse a conduzi-la, a música recomeçou mais agitada — Acredito que adoraria descobrir o que eu realmente sou antes de decidir o que realmente quer de mim. E eu quero um aliado contra Turk.

Aos embalos do jazz, o príncipe mostrou que não era assim tão ríspido no gingado, apesar de nitidamente ter que se esforçar para acompanhar o molejo acelerado da amazona. Antes do sol nascer, Werena teria um acordo firmado.

— Vamos conversar a sós, a madrugada está para terminar e eu não terei muito mais tempo para desfrutar de sua companhia.

Shanya viu quando Werena saiu acompanhada do Príncipe. Estava sozinha ali, entre figurões de Vedunia. Já tinha conquistado o seu nobre marido, mas havia perdido o amante serviçal nas mãos dos mortos-vivos. Se aquelas pessoas não lhe interessavam, infiltrou-se nas dependências dos empregados, talvez algum wárabe ou ifrikano pudesse lhe encher os olhos. E as mãos. Swanda acompanhou a dama de Sfantu Greuceanu, ouvira botas sobre ela, mas agora tinha certeza que era infiel, mas não iria se envolver neste assunto.

— Mas que velha safada… – Foi a única reação da vampira.

***

Rio Danu, Silvânia.

Quotar caminhava silenciosamente pela estrada de terra vazia, a cidade de Voda-Pestera estava próxima, mas a sua volta só via altos pinheiros e arbustos. Graças a seus sentidos aguçados ele também podia ouvir a correnteza familiar do Rio Danu, o ar que respirava era frio e limpo, a paisagem tinha uma beleza difícil de explicar, mesmo com o céu cinza anunciando uma possível chuva ou geada, a natureza ali tinha um aspecto ancestral e silencioso, as árvores altas e imponentes lançavam suas sombras pesadas sobre aqueles que passavam ali e o único som que se ouvia era o ocasional farfalhar de folhas e galhos estalando com o vento ou com a movimentação de algum pequeno animal.

O silvano seguia atento a qualquer indício de outros viajantes trafegando na estrada ou mesmo de alguma patrulha lupina que os observasse da mata, mantinha-se ainda em forma humana. Seu irmão seguia ao seu lado, levemente à frente na verdade, mesmo sendo gêmeos Viktor sempre se portava como o irmão mais velho, a liderança era algo natural para ele. Zsigmond não se importava com isso, gostava de não ser o centro das atenções, tinha tendência a ser discreto e introspectivo.

A aparência de ambos também era curiosa de se observar, enquanto o ex-soldado mantinha a postura alinhada, cabelos e roupas impecáveis, seu irmão tinha uma aparência mais selvagem, cabelos longos e bagunçados, roupas largas e surradas sem contar as enormes olheiras embaixo dos olhos. Poderiam ser parecidos fisicamente, mas como se fossem versões opostas de um mesmo ser.

Viktor estava pensativo. Lembrava-se do dia, de cada detalhe do dia em que seu irmão desapareceu. Era um fim de tarde frio e úmido como a que estão passando agora. Eram mais novos e estavam caçando. Ele era novato ainda no quartel e o irmão ficava só em casa ajudando os pais. Depois disso, o policial só lembrava de que correu como nunca para escapar dos lobos. E de que nunca acharam nada de Zsigmond na floresta. Quando saiu do exército e voltou para casa, ficou cuidando de tudo no lugar dele. Viktor sempre teve a certeza que o irmão não tinha morrido. Coisa de irmão gêmeo achar que o outro está bem ou mal. O delegado teve um pressentimento bom quando Quotar apareceu um dia e o adotou como meu parceiro. Ele sempre pareceu como sendo parte da família e agora Viktor sabia o motivo. Pareceu tão absurdo no início, saber que o irmão que ele sempre desconfiava que estivesse vivo e que passou boa parte da sua vida o procurando estava na sua frente o tempo todo, mas hoje ele está ao seu lado, caminhando desengonçadamente na sua forma humana. Indo buscar uma tribo de lobisomens que até então Viktor nem sabia que existia.

Uma brisa mais forte soprou, trazendo o cheiro da cidade direto para as narinas de Quotar. Um cheiro almíscar um pouco sujo, também cheiro de fumaça e suor. Uma hospedaria à beira da estrada surgia. Ainda perdido em pensamentos, Viktor apenas visualizou a hospedaria e pensou que seus pés agradeceriam muito um descanso. Não seria a mesma coisa de descansar na presença da Lahyla, mas já é alguma coisa.

— Ela é casada – Pensa Viktor — Mas eu não me importaria.

— Olhe irmão, uma estalagem – Zsigmond quebrou o silêncio e trouxe Viktor para a realidade — Vou ficar em forma de lobo agora, pode descansar na estalagem essa noite e amanhã de manhã saímos em busca da tribo – Disse o lobisomem ao irmão.

— Não vá para longe e não suma. Não sabemos se estamos sendo observados, então permaneça no perímetro da estalagem – Viktor passou a mão em sua cabeça como de costume. Pensou consigo mesmo que nunca perderia essa mania.

Depois de uma sopa de alguma coisa que tinha gosto de galinha e um pão duro, Viktor dormiu como uma pedra. A noite passa rápido e a manhã se apresenta como o dia anterior, nublada e fria. Quotar, agora em forma lupina, se levantou e sacudiu a pelagem úmida. Tinha comido bem dos restos que encontrou nos fundos da estalagem, e conseguiu um bom local para repousar. Da janela do quarto de Viktor, o irmão observou o cachorro rondando pela floresta próxima. O animal ouviu a movimentação de dentro da choupana, escutou a voz de seu irmão agradecendo pela hospedagem e pagando pelos serviços.

Ele saiu pela porta da frente e o cão foi ao seu encontro, trotando preguiçosamente com a língua pendurada para fora da boca. Caminharam durante uns bons quarenta minutos até chegar ao limite da floresta fora da cidade e próxima à margem do rio, seguro de olhares pela cobertura vegetal Zsigmond retornou a forma humana.

— Agora seguimos a margem do rio atentos a qualquer sinal da tribo. – Disse Zsigmond.

— Precisamos estar preparados –  Viktor responde em atenção constante. — Estamos no território deles. Eles vão perceber nossa presença muito antes da gente notar a deles.

Seguiram vagando pela mata por mais uma hora e meia, as pistas eram por vezes fracas, mas começaram a se intensificar.

— Estamos perto, posso sentir o cheiro!

A trilha termina em uma clareira que antecede uma caverna. O local perfeito para essa tribo permanecer protegida de todos e ter um lugar estratégico. Aparentemente com locais de caça próximos e água abundante. Não havia sinais de lobisomens, mas quando Viktor pensou em fazer algum movimento, sentiu um ar quente próximo ao seu pescoço. A nuvem de vapor formada por esse súbito sopro se espalha pelo ar frio da manhã. Ele rapidamente se virou e uma mão parou sobre seu ombro, ou melhor, uma garra. A unha é negra como os pelos que reveste a mão. Sentiu uma pressão forte no seu ombro, junto dela uma dor.

— Está longe do lugar seguro reservado a vocês homem – Fala o lobisomem — O que deseja fazer aqui? Responda corretamente e deixarei você continuar falando.

Não havia nada que ele pudesse fazer. O lobisomem sabia que os irmãos estavam se aproximando e preparou uma cilada. Uma boa estratégia de guerra. Ele uivou e outros cinco lobisomens apareceram, rodeando Viktor e Quotar. Eles chegaram numa velocidade sobre humana. E, se não fosse a curiosidade do líder, suas cabeça estavam rolando pela floresta uma hora dessas.

— Salve, senhor – Viktor respondeu com calma — Sou Viktor Horvath. Sou um combatente de uma guerra que envolve a todos nós. Uma horda de monstros mortos vivos destruiu a minha cidade natal e agora ameaça destruir o mundo todo. Somos fracos diante dessa catástrofe e humildemente venho representando a raça dos homens solicitar o seu apoio senhor.

— Imagino que saiba quem sou. Me chamo Cyandar e sou senhor deste local. Sei quem é o seu parceiro. Ele é um filhote da nossa tribo. O que faz um homem ao lado de um lobo.

— Ele é meu irmão. Não o trato como um lobo, e sim como minha família. Confio minha vida a ele.

— Você é o irmão humano, o motivo pelo qual fez Uivo Fino nos abandonar.

— Uivo Fino?

— Sim, é o nome de seu irmão na matilha.

Os outros lobisomens começam a rir, ou o mais parecido com isso, enquanto Quotar se recolhe, acanhado.

— Pois bem – continuou Cyandar — Desafio aceito, homem. Caso seu irmão vença, eu posso ouvir o que vocês têm a me dizer, caso contrário você confiou sua vida à pessoa errada.

Viktor ouviu o líder da matilha, enquanto observava meu irmão se preparando para o combate, e rezando para que o sangue do seu ancestral seja forte no irmão como é em seu próprio sangue.

O adversário de Quotar é um lobisomem de estatura mediana, com a pelagem castanho-escuro e sem brilho, porém seus olhos amarelos e faiscantes parecem ser capazes de ver a alma de Quotar. Ele rosnou para Uivo Fino e avançou com a bocarra aberta. Zsigmond deu passos para trás, tentando esquivar do impetuoso ataque. Ele fazia o melhor possível para desviar dos golpes do lobisomem, mas as garras encontraram seu dorso e produziram um ferimento profundo.

— CAIM!

Os lobisomens que assistem a rinha se deliciaram com o latido de dor de Quotar. Cyandar olhou fixamente para Viktor, brincando com suas unhas retráteis e um sorriso maléfico no canto da bocarra. O silvano engoliu em seco e só lhe restou continuar rezando para que Zsigmond lembrasse que também é um descendente de Greuceanu. Tentando não dar atenção à dor do ferimento, Quotar identificou uma brecha no ataque do adversário. Ele havia deixado seu pescoço desprotegido e Zsigmond atacou com toda a sua força. Mas era apenas um blefe e o lobisomem recuou com facilidade. A potente mordida não encontrou seu alvo, fazendo com que as mandíbulas se chocassem e seus dentes sentirem o impacto. Quotar rolou com as patas cobrindo o focinho, enquanto os seus irmãos de matilha zombavam do ataque do filhote.

***

Floresta de Ciprestes, Silvânia

Mick e Franklin, nas identidades de Bram e Stan, estavam estupefatos com a residência de Muma Padurii. Por mais que Mick já tenha pego uma carona, ser um passageiro de uma casa ambulante com imensas patas de galinha sempre seria impressionante. Franklin mantinha-se calado, lembrava muito bem do alerta de Swanda, de que perderia a voz se não seguisse o estranho jogo de três palavras. Preferiu não arriscar. Já Mick tentava manter uma conversa com a bruxa, apesar de ser desgastante falar daquela forma.

— Entraremos no território – disse a bruxa — Melhor se prepararem.

Ela abre as janelas da casa e o que os avalônicos veem é devastador. O que anteriormente era parte da Floresta de Ciprestes agora é mais um cemitério de árvores retorcidas e cobertas com fuligem. Quase dá para ver rostos agonizantes estampados nos troncos. Os galhos mais parecem braços rogando aos céus por clemência. Eles quase são capazes de se mover. Na verdade, são capazes, sim. A casa bípede não tem como atravessar a Floresta Morta, antes, as árvores curvavam-se para sua passagem, reconhecendo a autoridade da Dama Verde. Agora, numa agonia para se salvarem, elas enroscam-se na casa para serem levadas dali.

— Destruam as árvores! Ou ficaremos presos! Elas eram pessoas!

Os galhos das árvores começam a penetrar pelas janelas e as raízes a se enroscar nas pernas. Muma Padurii necessita manter-se concentrada para guiar a casa, ou ela ficará estática. Cabe aos seus soldados deixar o caminho livre.

Quando finalmente conseguem sair da Floresta Morta, o trio se depara com uma segunda casa bípede.

— Ali, uma aliada. Irmã Muma Martolea.

A casa está empoleirada em uma muralha de troncos de madeira, servindo como uma guarita para a entrada e a saída da fortaleza. Os troncos são decorados com tripas putrefatas penduradas em pregos, na esperança de afastar as hordas de zumbis. Quando Muma Padurii é avistada, uma voz de dentro da cabana grita.

— Nemorti! Nemorti! Nemorti!

Muma Padurii olha para trás e vê uma horda de sombras avançando.

***

Vedunia, Silvânia.


— Veja, minha cara Werena. Eu já enviei uma dupla de vampiros para o que chamamos de área de exclusão. Eles têm sobrevivido, mas não conseguem avançar muito, de modo que sua ajuda é realmente apreciada. Não poderei enviar outros em sua comitiva, pois travamos uma guerra com os lobisomens e as bruxas, e agora temos um terceiro inimigo. O que posso contribuir é um documento, um selo que lhe guardará de qualquer vampiro, mas eles não são uma ameaça. Os mortos-vivos podem até nos destruir, mas não podem nos infectar. A única maneira de manter você em segurança é transformá-la também em vampira…

Werena nega. Como a última das amazonas, é seu dever manter o legado vivo e ser vampirizada seria contra tudo o que aprendeu com Yaci.

— Sinto-me lisonjeada, Príncipe Horvat. E meu povo tem ligação com a Lua e a noite, inclusive nossa anciã tinha a pele pálida como a sua, mas ainda tenho responsabilidades com meu povo. Assim, sinto muito, declinarei da oferta.

— Eu entendo. Perfeitamente – ele estava claramente aborrecido — Pensei melhor! Swanda acompanhará você. Está sob proteção do Príncipe vampiro. Meus carniçais a levarão até a área de exclusão e uma guarnição ficará sob suas ordens. Por favor, só lhe peço uma visita no futuro, em tempos menos conturbados, para apreciarmos a companhia um do outro.

Ele ergue uma taça com sangue humano e Werena brinda tocando com sua taça de vinho. Na manhã seguinte, um pequeno grupo de carniçais, serviçais do príncipe, acomoda um caixão em um pequeno veículo de carga. Três automóveis seguem o caminhão, dois fazendo a escolta de Swanda e outro levando Werena, Gustovan e Shanya.

— Eu preferia não ter vindo – diz o prefeito.

— E eu preferia ter ficado – diz a primeira-dama, despedindo-se com o olhar dos empregados do príncipe.

Werena está concentrada, embora tenha reforço com os carniçais, ela sabe a legião de mortos-vivos que os espera. A comitiva desce as montanhas em direção ao sul e, do alto, consegue-se ver que uma parte da nação de Silvânia parece retirada de um pesadelo. Uma névoa impede que o sol penetre e uma elevação obscura é destacada no centro da área, onde Werena entende estar a Pirâmide Sombria. Os quatro veículos percorrem uma estrada bem pavimentada, até chegarem à cidade da fronteira, que mais parece uma fortaleza improvisada. Construída às pressas com muros altos que se estendem por centenas de metros e se emendam com cercas de arame farpado. Eles são recebidos por Alexander Schultz, progenitor de Swanda.

— Minha criança! É bom vê-la, mas não temos boas notícias. Nossa irmã Valvas não nos manda mais notícias.

— Viemos para penetrar no campo. Tenho ordens do próprio Principe Horvat para levar esses humanos até os mortos-vivos.

— São alguma espécie de sacrifício? Interessante.

Gustovan imediatamente sente sua bexiga vazar e se contrai, retirando o paletá e escondendo as mãos à frente do corpo.

— Não – interrompe Werena — Viemos com a missão de invadir a Pirâmide Sombria e acabar com Turk.

— E quem é você?

— Sou Werena de Yacirama! Conhecida como Capuz Púrpura. A destruidora de hordas. A esmagadora de zumbis.

Alexander abaixa o tom. O renome de Capuz Púrpura é grande, mas ele se pergunta se é realmente verdade que aquele jovem afeminado de pele escura seja realmente a lenda que enfrentou os jotúnicos de igual para igual. Se assim for verdade, esta é uma valiosa informação para seus contatos na nação vizinha.

— Ah, claro. Como não pude reconhecer, mil perdões, meu jovem.

Os carniçais se organizam, estão prontos para avançar no campo. Gustovan se recompõe e Shanya mostra-se bastante interessada nos soldados que vigiam a fronteira. Swanda ordena que eles estejam prontos ao cair da próxima noite, embora pudesse avançar de dia, devido à névoa que impede a entrada de luz solar, prefere não interferir em seu ciclo de sono da mortandade.

— Senhora Werena, poderia conversar melhor – Gustovan procura a amazona, antes de partirem — Não sou a melhor companhia em uma missão como essas, minha utilidade acabou quando a deixei em Vedunia. Aqui, sou um imprestável.

Werena pondera se permite Gustovan ou sua esposa, ou ambos, fiquem no forte. Sua principal aliança é a vampira, mas talvez os humanos possam ser de alguma ajuda. De todo modo, ela se apronta e, embora não tenha Tyler para montar no campo de batalha, foi surpreendida com um presente de Swanda.

— Lembro que você é uma amazona e que precisa de uma montaria. Se, em Sfantu Greuceanu, o Cemitério foi derrotado com uma de minhas motos, porque não deixar que você pilote uma delas?

A moto tinha aspectos animalescos. Não eram lupinos como Werena estava acostumada, em vez disso possuía traços que lembravam morcegos. A própria lanterna frontal é a bocarra aberta de um sugador de sangue.

— É perfeita e me dará mobilidade. Muito obrigada, Swanda.

Os três carros, o caminhão e a motocicleta rumaram para o centro. No início, com velocidade, mas, à medida que avançavam, tomaram cautela. Estavam com velocidade reduzida quando lamentos próximos foram ouvidos, mas não era uma horda que os seguia. A comitiva visualizou, no horizonte, que uma cidade precariamente fortificada estava sendo atacada por uma horda de esqueletos.

***

Rio Danu, Silvânia

A situação não estava nada bem para os irmãos, com Viktor sob a ameaça de Cyandar e Zsigmond ferido e prestes a ser morto. Humilhado, o irmão lobisomem tropeça e cai de joelhos. O líder dos lobisomens empurra Viktor para perto de seu irmão.

— Confiou sua vida à pessoa errada, humano. E você é uma vergonha a tribo, Uivo Fino. Ainda mais que passou adiante a nossa herança e não sabemos quem é o novo membro da alcateia, mas o caçaremos e daremos um fim como daremos a você agora.

Quando os lobisomens estavam prestes a saltar, com suas garras armadas para rasgar os irmãos, o relincho de um cavalo foi ouvido. A matilha entreolhou-se confusa, não tinham sentido o cheiro de ninguém, mas um intruso se aproximava. Conduzindo uma pequena carroça, um homem tipicamente silvano avançava sobre a alcateia. Ele esmagava uma erva com as mãos, enquanto segurava as rédeas com os dentes. Circulou os lobisomens com a carroça, despejando a erva ao redor deles. Eles ainda ameaçaram pular sobre o cigano, mas uma tontura que lhe revirou os estômagos os fez recuar.

— Pule, rapaz! Salve a si e a seu cachorro! Entre na carroça.

Uma oportunidade como essa não podia ser desperdiçada. Viktor apanhou Quotar nos braços e saltou para a pequena carruagem.

— O efeito do acônito não vai durar muito tempo. Segurem-se!

O cigano guiou a carroça para longe, mas os lobisomens começaram uma perseguição. Se não os alcançassem para destruí-los, ao menos eles não teriam escapatória a não ser penetrar no Campo Corrupto, nome que os lobisomens deram à área infestada de mortos-vivos. Mesmo que o trio conseguisse se livrar dos lobisomens, teria de atravessar a fronteira. Os antigos campos verdejantes  das cercanias de Sfantu Greuceanu deram lugar a pântanos lamacentos com macabros rostos afogados. Os rostos lentamente se levantam, revelando-se uma horda de zumbis que estava nos limites da área.


[OBJETIVOS]
• Acabar com as árvores da Floresta Morta, ND Médio (7-9);
• Derrotar a Horda de Zumbis, ND Fácil (3-5);
• Derrotar a Horda de Esqueletos, ND Médio (5-7);
• Derrotar a Horda de Sombras, ND Difícil (7-9);
• Salvar os residentes da cidade atacada, ND Fácil (3-5) x 3;
• Fugir dos Lobisomens, ND Médio (5-7) e de Cyandar (7-9).


[ESFORÇO]
Mick: 15
Quotar: 14
Viktor: 15
Werena: 15

VITALIDADE
Quotar está Machucado -1 nas jogadas..


Última edição por Anfitrião em Seg Set 12, 2022 10:48 am, editado 2 vez(es)
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Mick Fear

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Episódio 02 - Retorno Sombrio Empty
MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptySex Set 09, 2022 1:51 pm

Mick ainda sentia o calafrio percorrendo seu corpo mesmo depois da bruxa se afastar, como se aquela língua áspera ainda tocasse seu rosto e a saliva quente penetrasse em seus poros, conectando-o àquela criatura para sempre. Enquanto isso, sentia a influência de Rasputin diminuindo sobre ele, como uma nuvem sombria e densa saindo de seus ombros.

Franklin tinha os olhos arregalados e suava frio, não conseguia parar de olhar o olho completamente branco de Mick. Apesar de tentar manter a pose, ainda tinha os resquícios do jovem medroso que fora.

– O que você está sentindo? Como está sua visão?

– Ainda não está perfeito como meu outro olho, mas consigo ver melhor... Cruzes! Você sempre foi tão feio?

Nenhum dos dois consegue rir da piada. Estavam muito tensos em meio a uma situação tão esquisita.

Mesmo tendo presenciado várias situações inexplicáveis, a mente racional de Mick ainda buscava uma explicação para a casa mágica da Muma. Olhava ao redor procurando engrenagens e motores daquele veículo, mas sem achar nada, se rendeu à ignorância. "Magia existe. Agora preciso aprender mais sobre ela."

– Como magia funciona? – Pergunta Mick à bruxa.

— Tecemos Energia Táumica.

— Eu não conheço. Que energia é?

— Tudo tem energia. Nós de magia. Nossa força vital. A centelha da vida. Matéria também é. Tecemos esses nós. Recriamos as coisas. Modificamos as coisas. Lemos as coisas. Destruímos as coisas.

O militar não entende nada. "Essa velha é louca!", ele pensa. Mas antes que pudesse responder, a casa começa a ser atacada por galhos retorcidos.

— Destruam as árvores! Ou ficaremos presos! Elas eram pessoas!

Sempre pronto para a ação, Mick não hesita. Saca duas pistolas e começa a atingir os galhos com uma precisão quase perfeita, ainda mais agora com o olho semi-curado pela bruxa.

Franklin também saca seu arco e atinge alguns galhos com flechas que ficam presas na madeira, sem causar a destruição das armas de fogo. O jovem fica desesperado por um momento, sem saber o que fazer, mas bastou uma troca de olhares com Mick para o superior entender a situação.

— Melhor usar uma arma de verdade. — Disse o bigodudo e jogou uma das pistolas para Franklin, que a agarrou no ar e também começou a atirar.

Mais à frente, quando parecia que estariam livres de inimigos, a casa ambulante é atacada por sombras que a dupla já havia enfrentado há algum tempo.

— Merda, eu odeio essas criaturas mais do que odeio jotúnicos.

Mick se lembra da última vez que tentara atingir aquelas criaturas com armas comuns, sem sucesso.

— Elas não podem ser feridas por nossos tiros. Precisamos de luz para enfrentá-las, Stan. Acho que as nossas granadas serão suficientes. Só precisamos de um jeito mais eficaz de acertá-las... — Ele olha ao redor, procurando algo útil. — Droga, você ganhou, prepara esse arco, ele vai ser útil.

O espião pega algumas flechas de Franklin, algumas linhas de costura que encontra na casa da bruxa e abre a caixa de granadas. Com sua manha de criar engenhocas e armadilhas com poucos recursos, ele usa a linha para prender algumas granadas nas pontas das flechas.

— Atire o mais perto das sombras que conseguir. Cuidado com o peso extra das granadas nas flechas!

Franklin mira com cuidado, nervoso para provar suas habilidades. Mick espera que a flecha atirada por Franklin chegue o mais perto possível das sombras, então atira na granada para fazê-la explodir.

• Acabar com as árvores da Floresta Morta, ND Médio (5-7);
Mick: ♣2 + 2♣ (Tiro) - 1♣ (Deficiencia) + 2 Esforço = 5

• Derrotar a Horda de Sombras, ND Difícil (7-9);
Mick: ♣2 + 2♣ (Tiro) + 2♣ (Manha) - 1♣ (Deficiencia) + 1♣ (Franklin) + 2 Esforço = 8
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Iara Werena

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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptySeg Set 12, 2022 11:10 pm

Alexander abaixa o tom, mas Werena consegue ler as entrelinhas. Mesmo depois de tantas batalhas, ainda subestimavam suas capacidades. Longe de abalar a amazona, como uma Iara sabia que a surpresa pode definir os rumos de um combate. Ainda se lembrava de como foi pega desprevenida por Thurk, e prometera a si mesma que não aconteceria novamente.

Acelerando a motocicleta ela toma a dianteira atropelando os primeiros esqueletos e testando a resistência daquele veículo. O vento em seu rosto gerava uma sensação prazerosa, contrastando com o aperto que sentia no coração. Apesar de mais veloz, aquele monstro metálico não se comparava com o calor fulminante de Tyler entre suas coxas. Enquanto avançava fazia uma prece silenciosa, "Ancestrais, impulsionem-me para vitória, me livrem do golpe fatal, que eu seja a luz que dissipa todo mal", pedindo forças, alimentava a esperança de que veria os olhos dourados de seu impetuoso amante mais uma vez. Descrevendo um semicírculo ao segurar um dos freios a amazona levanta poeira e grita para sua comitiva.

- Demarquem o perímetro! Rodeiem a cidade, vamos estabelecer uma base improvisada até tomarmos conta da situação, compreenderam? São apenas esqueletos, protejam as costas uns dos outros e garanto que antes do amanhecer cantaremos vitória! Ao meu sinal...

A voz de Werena ecoa, a cada combate que esteve presente pode aflorar suas habilidades de liderança, seu carisma incentivava tropas a feitos de bravura memoráveis e ali não seria diferente. Seu manto esvoaçante e sua postura erguendo o punho criam uma imagem inspiradora de uma heroína. Sob a luz da lua ela sorri e brada de forma gutural.

- AVANÇAR! AVANÇAR! AVANÇAR!

Com o poder do manto, Werena torna-se incorpórea e atravessa a horda de esqueletos se dirigindo primeiramente para o coração da cidade enquanto a comitiva cercava a área. Seu primeiro foco era encontrar os civis em apuros, revelava-se quando avistava um sobrevivente e logo via a esperança reacender naquelas terras arrasadas. Com um sorriso caloroso colocou uma mãe que agarrava-se a sua criança nos braços na garupa da motocicleta e acelerou até os veículos da comitiva para deixar sua resgatada. Aos prantos a mulher agradece, a amazona abre um sorriso e pergunta de outros sobreviventes, algumas rápidas palavras são trocadas. Werena dá instruções para erguerem barricadas e aproveitarem do solo para e dos escombros para criarem bolsões e valas para os esqueletos onde deveriam posicionar as minas; subindo novamente na moto a amazona acelera e o motor ronca. Com os poderes do manto ela não precisava se preocupar em desviar de esqueletos ou escombros, de forma certeira ia até os civis e retornava. Em pouco tempo criaram um círculo de resistência. Werena coordenava as saraivas de tiros que conduziriam os inimigos para as valas improvisadas, enquanto Shanya acalmava os civis e o marido. Swanda localizava a posição deles em seus mapas traçando as próximas rotas.

- Mestre Alexander, qual foi a última posição notificada por Valvas? – a vampira ajeita seus óculos enquanto seu senhor desliza seu dedo comprido pelo mapa. A amazona observa a conversa, mas assim que os esqueletos se aglomeram próximos das valas ele se prepara para o último ato daquele combate.

- Pelotão! Hora de estabelecer nosso território! Vou atraí-los, ao meu sinal usem a artilharia pesada para explodir esse malditos! Vão, vão, vão!

De forma graciosa Werena salta por cima da barricada, seu manto púrpura deixa um elegante rastro refletindo a luz do luar. Os civis aplaudem enquanto observam a amazona correr destemida na direção dos esqueletos. Tornando-se o centro da aglomeração, como o flautista mágico Werena os atrai para sua perdição ativando algumas minas que quando detonadas lançam ossos pelos ares. Com um assovio agudo, os carniçais entendem o sinal e acionam os explosivos. Werena se protege com os poderes do manto assumindo a forma incorpórea passeando pelo cambo de batalha. Com a fumaça atrás de si e desfilando de forma triunfante ela retorna ao círculo de resistentes. Mantinha a postura de heroína invicta, enquanto escondia suas preocupações sobre o avanço, sobre seus colegas que também buscavam reforços, sobre seu amado sem mandar notícias, sobre a grande batalha que os aguardava.

• Derrotar a Horda de Esqueletos, ND Médio (5-7);

3 ♥ + Manipulação (2 ♥ ) + Incorpóreo ( 2 JOK ) + Esforço 1 = 8

• Salvar os residentes da cidade atacada, ND Fácil (3-5) x 3;
2 ♠ + Incorpóreo ( 2 JOK ) + Esforço 1 = 5
2 ♠ + Incorpóreo ( 2 JOK ) + Esforço 1 = 5
2 ♠ + Incorpóreo ( 2 JOK ) + Esforço 1 = 5
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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptyDom Set 18, 2022 11:02 pm

Quotar sentia o sabor de sangue em sua boca, Viktor o havia salvado mais uma vez, que belo inútil que era. A tribo mantinha seu desprezo pelo membro mais jovem, e ainda mais agora sabendo que ele havia transmitido a maldição para mais um sem a permissão de Cyandar.
- AH, INFERNO! - ruge o silvano com ódio.
Não suportava mais ser subjugado com tanta facilidade, não conseguiu evitar seu sequestro, não conseguiu retornar a sua família, não pode cuidar de seus pais... Tudo aquilo doía muito em seu peito, e queimava.
Levantou-se olhando em volta, seu irmão se agarrava a carroça com força, o homem desconhecido chicoteava os cavalos e gritava para eles avançarem, as árvores eram quase um borrão que passavam a sua volta, ás vezes não atingindo o carro por um triz.
Olhando para trás ele ouviu antes de enxergar os lobos se aproximando, estavam sedentos por sangue e corriam a toda velocidade atrás dos fugitivos. De relance ele também enxergou a pelagem ruiva de Cyandar. Quotar então se equilibrou na traseira do veículo, flexionando suas garras e expondo seus dentes afiados.
- Mantenham a velocidade, eu cuido deles!-

Quotar irá defender a carroça, rebatendo as investidas dos lobos com golpes poderosos de suas garras antes que eles possam adentrar a carroça e oferecer perigo para seu irmão ou para o desconhecido.

1 ♠ + Agilidade 1 + Garras 1 + esforço 5 - 1 Ferimento = 7
1 ♠ + Agilidade 1 + Garras 1 + esforço 6 - 1 Ferimento = 8
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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptySeg Set 19, 2022 10:07 am

Viktor observa os ferimentos de seu companheiro e recém descoberto irmão. Não é a primeira vez que ele se machuca. Ele foi meu fiel companheiro por muito tempo enquanto eu era só um sargento em uma pacata vila do interior. Mas o mal que enfrentamos agora é muito maior, assim como as feridas que estão agora sendo lambidas por seu irmão.

– Não se preocupe meu irmão, sempre te protegi de bêbados de bares e ladrões de gado quando éramos parceiros, mesmo sabendo do que você se tornou, sempre será meu protegido. – E dizendo isso tenta se segurar na carroça com força. Esse comentário parece ter irritado mais ainda seu irmão, mas ele não se importa.

Ao cruzar a barreira do pântano, o Sargento sente uma coisa estranha no ambiente. Sons e cheiros, uma sensação de arrepio na sua alma que o faz lembrar a sua luta com o cemitério vivo. Ao olhar por onde a carroça está passando, ele observa mortos vivos no local. Essa experiência anterior se mostrou um trauma. Ele vê entre os mortos seus amigos de sua cidade, a menina que ele paquerou, e o pior. Vários dos seus subalternos que não escaparam do triste destino de virar um monstro.

– Mantenha a velocidade, eu cuido deles. – Falou o lobo pulando da carroça.

As palavras de seu irmão mostraram que ele estava ainda em campo de batalha e imediatamente ele saca seu rifle, faz uma prece silenciosa e começa a atirar nos monstros.

– Senhor, cubra-me com o manto da fé e da coragem que tanto abençoaram meus ancestrais. Dai-me a força que eu preciso. – E dizendo isso puxa seu gatilho contra os zumbis e Sombras que atacam a carroça.

Zumbis: ♣1+♣2(tiro)+1(Codigo de Honra)+1(Inimigos)+ 3 Esforço = 8

Sombras: ♣1+♣2(tiro)+1(Codigo de Honra)+1(Inimigos)+ 6 Esforços = 11

Obs: Não coloquei protegido -1 nem sentidos ampliados +1.
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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptyQua Set 21, 2022 10:03 pm

CENA 3

Floresta Morta, Silvânia.


Mick ainda sentia o calafrio percorrendo seu corpo mesmo depois da bruxa se afastar, como se aquela língua áspera ainda tocasse seu rosto e a saliva quente penetrasse em seus poros, conectando-o àquela criatura para sempre. Enquanto isso, sentia a influência de Rasputin diminuindo sobre ele, como uma nuvem sombria e densa saindo de seus ombros.

Franklin tinha os olhos arregalados e suava frio, não conseguia parar de olhar o olho completamente branco de Mick. Apesar de tentar manter a pose, ainda tinha os resquícios do jovem medroso que fora.

— O que você está sentindo? Como está sua visão?

— Ainda não está perfeito como meu outro olho, mas consigo ver melhor... Cruzes! Você sempre foi tão feio?

Nenhum dos dois consegue rir da piada. Estavam muito tensos em meio a uma situação tão esquisita. Mesmo tendo presenciado várias situações inexplicáveis, a mente racional de Mick ainda buscava uma explicação para a casa mágica da Muma. Olhava ao redor procurando engrenagens e motores daquele veículo, mas sem achar nada, se rendeu à ignorância. "Magia existe. Agora preciso aprender mais sobre ela."

— Como magia funciona? – Pergunta Mick à bruxa.

— Tecemos Energia Táumica.

— Eu não conheço. Que energia é?

— Tudo tem energia. Nós de magia. Nossa força vital. A centelha da vida. Matéria também é. Tecemos esses nós. Recriamos as coisas. Modificamos as coisas. Lemos as coisas. Destruímos as coisas.

O militar não entende nada. "Essa velha é louca!", ele pensa. Mas antes que pudesse responder, a casa começa a ser atacada por galhos retorcidos.

— Destruam as árvores! Ou ficaremos presos! Elas eram pessoas!

Sempre pronto para a ação, Mick não hesita. Saca duas pistolas e começa a atingir os galhos com uma precisão quase perfeita, ainda mais agora com o olho semi-curado pela bruxa. Franklin também saca seu arco e atinge alguns galhos com flechas que ficam presas na madeira, sem causar a destruição das armas de fogo. Os disparos são suficientes para impedir o avanço das árvores, mas os cipós que se enroscam em seus galhos parecem tentáculos que se movem com uma vontade macabra. Eles alcançam as janelas e penetram a casa, enroscando-se na perna de Franklin. Os cipós enlaçaram o rapaz muito rapidamente, de modo que usar as duas mãos para um tiro de arco tornava-se impossível. O jovem fica desesperado por um momento, sem saber o que fazer, mas bastou uma troca de olhares com Mick para o superior entender a situação.

— Melhor usar uma arma de verdade – Disse o bigodudo e jogou uma das pistolas para Franklin, que a agarrou no ar.

O soldado também começou a atirar, despedaçando o cipó que o prendia e sentindo o ácido de sua seiva queimar-lhe as roupas. Decepado, o cipó começou a se debater e a se agitar pela pequena sala da casa de Muma Padurii. Ela grita para Mick, mas o avalônico não entende, então ela se esforça e se comunica na língua dele.

— Pegue o cipó! Pode ser útil! Se bem usado, ele vira chicote!

— Stan! Afaste-se desta “serpente vegetal”!

— Serpente? O senhor me deu uma ideia!

Franklin está acostumado a lidar com cobras nos seus treinamentos de sobrevivência na selva. Aproximou-se ousadamente dos galhos da árvore mais próxima e arrancou um deles, depois mirou a pistola na face macabra estampada no tronco e atirou, destruindo-a em pedaços. Com o galho quebrado, improvisou uma forquilha e prendeu o cipó que se debatia e, como se fosse uma serpente de verdade, prendeu-a e a confinou em um balaio da bruxa.

— Consegui! – disse, sorrindo como um adolescente.

— Não se aproxime tanto assim dos perigos, Stan. Está aqui sob meu comando, mas eu também sou responsável por sua segurança.

— Não se preocupe, senhor. Agora podemos partir.

A bruxa puxou o que seriam as rédeas da casa e o “veículo” ganhou velocidade. Quando finalmente conseguem sair da Floresta Morta, o trio se depara com uma segunda casa bípede.

— Ali, uma aliada. Irmã Muma Martolea.

A casa está empoleirada em uma muralha de troncos de madeira, servindo como uma guarita para a entrada e a saída da fortaleza. Os troncos são decorados com tripas putrefatas penduradas em pregos, na esperança de afastar as hordas de zumbis. Quando Muma Padurii é avistada, uma voz de dentro da cabana grita.

— Nemorti! Nemorti! Nemorti!

Muma Padurii olha para trás e vê uma horda de sombras avançando. Mick reconhece aquelas silhuetas, ele e Franklin já haviam enfrentado antes, quando estiveram presentes no despertar do Cemitério Vivo. Depois que o monstro foi destruído, as legiões de mortos-vivos se alastraram e fizeram várias atrocidades com as comunidades vizinhas. Muma Martolea estava dentro do território para proteger uma destas comunidades.

— Merda, eu odeio essas criaturas mais do que odeio jotúnicos.

Mick se lembra da última vez que tentou atingir aquelas criaturas com armas comuns, sem sucesso.

— Elas não podem ser feridas por nossos tiros. Precisamos de luz para enfrentá-las, Stan. Acho que as nossas granadas serão suficientes. Só precisamos de um jeito mais eficaz de acertá-las... — Ele olha ao redor, procurando algo útil. — Droga, você ganhou, prepara esse arco, ele vai ser útil.

O espião pega algumas flechas de Franklin, algumas linhas de costura que encontra na casa da bruxa e abre a caixa de granadas. Com sua manha de criar engenhocas e armadilhas com poucos recursos, ele usa a ponta da linha para amarrar as rabeiras das flechas, enquanto a outra ponta foi amarrada às granadas de modo que, quando fosse disparada, a flecha levasse um explosivo de carona.

— Atire o mais perto das sombras que conseguir. Cuidado com o peso extra das granadas nas flechas!

Franklin mira com cuidado, nervoso para provar suas habilidades. Mick espera que a flecha atirada por Franklin chegue o mais perto possível das sombras, então atira na granada para fazê-la explodir. Assim que a flecha atravessa as sombras voadoras, Mick atira na granada a reboque, acertando-a em cheio. A explosão produz luz suficiente para despedaçar a maioria das sombras, enquanto que o restante pega fogo com o explosivo. Ardendo em chamas, os espectros rodopiam pelo ar como insetos mortos, decompondo-se em cinzas antes mesmo de chegarem ao solo. Franklin fica assustado com a ideia de Mick.

— Ardil muito engenhoso – disse Muma Padurii, sorrindo e exibindo os dentes assimétricos. Mick ganhava o respeito da bruxa a cada ação.

Franklin disparou mais flechas e Mick deu cobertura atirando nas granadas que carregavam. Com poucos disparos, não restava mais nenhuma sombra e o caminho até a casa de Muma Martolea estava livre.

***

Zabrag, Área de Exclusão, Silvânia.

Alexander abaixa o tom, mas Werena consegue ler as entrelinhas. Mesmo depois de tantas batalhas, ainda subestimam suas capacidades. Longe de abalar a amazona, como uma Iara sabia que a surpresa pode definir os rumos de um combate. Ainda se lembrava de como foi pega desprevenida por Turk, e prometeu a si mesma que não aconteceria novamente.

Acelerando a motocicleta, ela toma a dianteira atropelando os primeiros esqueletos e testando a resistência daquele veículo. O vento em seu rosto gera uma sensação prazerosa, contrastando com o aperto que sente no coração. Apesar de mais veloz, aquele monstro metálico não se compara com o calor fulminante de Tyler entre suas coxas. Enquanto avança, faz uma prece silenciosa, "Ancestrais, impulsionem-me para vitória, me livrem do golpe fatal, que eu seja a luz que dissipa todo mal", pedindo forças, alimenta a esperança de que verá os olhos dourados de seu impetuoso amante mais uma vez. Descrevendo um semicírculo ao segurar um dos freios, a amazona levanta a poeira e grita para sua comitiva.

— Demarquem o perímetro! Rodeiem a cidade, vamos estabelecer uma base improvisada até tomarmos conta da situação, compreenderam? São apenas esqueletos, protejam as costas uns dos outros e garanto que antes do amanhecer cantaremos vitória! Ao meu sinal...

A voz de Werena ecoa, a cada combate que esteve presente pode aflorar suas habilidades de liderança, seu carisma incentivava tropas a feitos de bravura memoráveis e ali não seria diferente. Seu manto esvoaçante e sua postura erguendo o punho criam uma imagem inspiradora de uma heroína. Sob a luz da lua, ela sorri e brada de forma gutural.

— AVANÇAR! AVANÇAR! AVANÇAR!

Com o poder do manto, Werena torna-se incorpórea e atravessa a horda de esqueletos, dirigindo-se primeiramente para o coração de Zabrag enquanto a comitiva cerca a área. Seu primeiro foco é encontrar os civis em apuros, ela percorreu as ruas arrasadas e viu uma mulher e sua criança tentando se proteger de um grupo de esqueletos. Werena revelou-se dentro do esconderijo, assustando o pequeno, a mãe sorriu, pois reconheceu a fama de Chapéu Púrpura, reacendendo a esperança naquelas terras arrasadas. Com um sorriso caloroso, colocou a mulher ainda agarrada à sua criança nos braços na garupa da motocicleta e acelerou até os veículos da comitiva para deixar sua resgatada.

— Muito obrigado, Dama Púrpura – a mulher agradece quase se prostrando diante de Werena, como quem se prostra diante de uma santa.

Werena abriu um sorriso, ainda se acostumando a ser tratada como heroína.

— Diga-me, senhora. Há outros sobreviventes?

— Sim, estão no castelo de Valvas, mas ela desapareceu a dois dias.

Werena dá instruções para erguerem barricadas e se aproveitarem do solo e dos escombros para criarem bolsões e valas, onde os esqueletos deveriam cair e posicionar as minas. Subindo novamente na moto, a amazona acelera e o motor ronca. Com os poderes do manto, ela não precisa se preocupar em desviar de esqueletos ou escombros, atravessando-os como um fantasma. Alexander, ao ver como seus lacaios e os protegidos de Valvas vibram com a demonstração de poder de Werena, assumiu uma forma de névoa e acompanhou a amazona. Assim como ela, o vampiro deslizou pelo campo de batalha, sem ser atingido pelos mortos-vivos decrépitos, chegando até os civis, mas, ao contrário de Werena, ele não tem poder de levar os sobreviventes em segurança.

— Formidável este seu artefato – diz o vamoiro, mas Werena se concentra nos salvamentos.

A amazona conseguiu ir e voltar algumas vezes, sempre resgatando sobreviventes. Alexander permaneceu na trincheira, orientando a comitiva a seguir o plano de Werena. Em pouco tempo criaram um círculo de resistência. Chapéu Púrpura coordeniu as saraivadas de tiros que conduziram os inimigos para as valas improvisadas. Os esqueletos são particularmente resistentes aos disparos perfurantes, devido a não terem carne para ser destruída, mas, para o plano seguir adiante, bastava que eles caíssem nas covas. Shanya acalmava os civis e o marido, enquanto Swanda localizava a posição deles em seus mapas traçando as próximas rotas.

— Mestre Alexander, qual foi a última posição notificada por Valvas? – a vampira ajeita seus óculos, enquanto seu senhor desliza seu dedo comprido pelo mapa.

— O rebanho disse que Valvas desapareceu a dois dias, seu último avistamento foi no castelo de Zabrag. Espero que ela não tenha sido destruída, ou terei de eleger uma neófita.

Alexander olhou com interesse para Werena. Já tinha em seu controle a vampira que possui o conhecimento da região área de exclusão. Ser senhor de Werena e se apoderar de seu artefato poderia lhe conceder suficiente para desafiar o próprio príncipe Horvat. A amazona escuta a conversa, mas assim que os esqueletos se aglomeram próximos das valas, ela se prepara para o último ato daquele combate.

— Pelotão! Hora de estabelecer nosso território! Vou atraí-los, ao meu sinal usem a artilharia pesada para explodir esse malditos! Vão, vão, vão!

De forma graciosa, Werena salta por cima da barricada, seu manto púrpura deixa um elegante rastro refletindo a luz do luar. Os civis aplaudem enquanto observam a amazona correr destemida na direção dos esqueletos. Tornando-se o centro da aglomeração, como o flautista mágico, Werena os atrai para sua perdição ativando algumas minas que, quando detonadas, lançam ossos pelos ares. Com um assovio agudo, os carniçais entendem o sinal e acionam os explosivos. Werena se protege com os poderes do manto, assumindo a forma incorpórea passeando pelo cambo de batalha. Com a fumaça atrás de si e desfilando de forma triunfante, ela retorna ao círculo de resistentes. Mantinha a postura de heroína invicta, enquanto escondia suas preocupações sobre o avanço, sobre seus colegas que também buscavam reforços, sobre seu amado sem mandar notícias, sobre a grande batalha que os aguardava.

***

Rio Danu, Silvânia.

Quotar sentia o sabor de sangue em sua boca, Viktor havia lhe salvado mais uma vez, que belo inútil que era. A tribo mantinha seu desprezo pelo membro mais jovem, e ainda mais agora sabendo que ele havia transmitido a maldição para mais um sem a permissão de Cyandar.

— AH, INFERNO! – ruge o silvano com ódio.

Não suportava mais ser subjugado com tanta facilidade, não conseguiu evitar seu sequestro, não conseguiu retornar a sua família, não pode cuidar de seus pais. Tudo aquilo doía muito em seu peito, e queimava. Levantou-se olhando em volta, seu irmão se agarrava a carroça com força. Viktor observa os ferimentos de seu companheiro e recém descoberto irmão. Não é a primeira vez que ele se machuca. Ele foi seu fiel companheiro por muito tempo quando Viktor era só um sargento em uma pacata vila do interior, mas o mal que enfrentam agora é muito maior, assim como as feridas que estão agora sendo lambidas por seu irmão.

— Não se preocupe, meu irmão, sempre te protegi de bêbados de bares e ladrões de gado quando éramos parceiros, mesmo sabendo o que você se tornou, sempre será meu protegido — E dizendo isso tenta se segurar na carroça com força. Esse comentário parece ter irritado mais ainda seu irmão, mas ele não se importa.

O homem desconhecido chicoteava os cavalos e gritava para eles avançarem, as árvores eram quase um borrão que passavam à sua volta, às vezes, não atingindo o carro por um triz. Olhando para trás, Quotar ouviu antes de enxergar os lobos se aproximando, estavam sedentos por sangue e corriam a toda velocidade atrás dos fugitivos. Szigmond se equilibrou na traseira do veículo, flexionando suas garras e expondo seus dentes afiados.

— Mantenham a velocidade, eu cuido deles!

Os lobisomens finalmente conseguem alcançar a carroça e começam a golpear as rodas traseiras, para destruí-las e parar o veículo. Quotar rebateu as investidas dos lobos. Quando um deles ergueu a pata para acertar a roda, ele revidou com um golpe poderoso de suas garras, fazendo com que ele rolasse pelo caminho e ficasse para trás. Percebendo que Uivo Fino estava bem posicionado, eles mudaram a estratégia. Avançaram até emparelhar com a carroça para que pudessem adentrar a carruagem, mas o atento irmão Horvath mordeu-lhes as patas, derrubando-os com um movimento do pescoço. Um a um, os lobisomens da matilha foram sendo derrubados e Quotar sentia-se confiante novamente. Depois de muito tempo, voltou a se sentir útil e até esboçou um sorriso. Porém, a investida da matilha nada mais era que uma distração para a aproximação de Cyandar. O próprio lobisomem alfa deixou a caverna para perseguir o filhote. Se antes Quotar se sentia imprestável, ter a atenção de Cyandar fazia-lhe duvidar de seus primeiros pensamento. Fera Escarlate, codinome do líder da matilha, é bem mais perigoso que os demais lobisomens. Astuto, ele corre o suficiente para se aproximar e saltar sobre a roda, não dando tempo para que Quotar o atinja, pois ele rolava e voltava para a correr para saltar novamente. Para não oferecer perigo para seu irmão e para o desconhecido, Quotar sabia que teria de se sacrificar. O problema de Cyandar era com ele, não com seus parceiros. Ele certamente iria segui-lo para descontar sua fúria. Antes que Fera Escarlate pudesse se reerguer para voltar a correr e saltar mais uma vez, Quotar saltou perpendicularmente da carroça, ganhando um caminho diferente de seu irmão. Viktor esboçou um grito, mas entendeu a estratégia. Antes que Cyandar se aprumasse, jogou um barril da carroça, fazendo com que o lobisomem tropeçasse e perdesse tempo.

— Minha rakija!

— Desculpe-me, senhor, mas era a sua bebida ou a sua carroça – Viktor respondeu ao cigano.

— Briga de lobos, né? Ao menos os dois animais já se retiraram. Como você foi se meter nisso, homem?

— Longa história, mas aquele é meu irmão.

O cigano se calou. Viktor não sabia, mas ele é de um povo que caça e combate criaturas como a que seu irmão se tornou. Os ciganos são os verdadeiros descendentes de Greuceanu. Conta a lenda que um dragão que se apoderou do filho do Sol, um cavaleiro estrangeiro, e da sua esposa lunar, aprisionada em pedra. O Imperador da região, naquele tempo pertencente ao Império Warábico prometeu dar a mão de sua filha em casamento e metade de seu reino a qualquer um um corajoso o suficiente para obtê-los de volta. Após uma longa jornada de aventuras, o herói derrota o dragão e seus generais, cada um pertencente a um tipo de monstro: vampiro, bruxa, lobisomem e múmia, mas, quando Greuceanu cavalgou sozinho para o reino do Imperador para ganhar sua recompensa, encontrou um vampiro manco na estrada. O monstro coxo roubou a espada de Greuceanu, uma cimitarra, pertencente originalmente ao cavaleiro solar, e a entrega ao conselheiro do Imperador, que fez um acordo com o vampiro para levar o crédito pelo trabalho de Greuceanu e se casar com a princesa. O vampiro recebeu a parte arcadiana do Império e os seus asseclas se espalharam pela Silvânia. Os lobisomens se esconderam entre o povo das planícies do Rio Danu e as bruxas se recolheram na Floresta de Ciprestes. As múmias permaneceram com a corte do Imperador, permanecendo na Warábia.

Os descendentes de Greuceanu também se espalharam pela região e formaram quatro famílias distintas, cada uma especializada em combater um tipo de monstro. A família Dracul ocupou as montanhas do norte, na fronteira com a Jotúnia e se especializou nas fraquezas dos vampiros. O clã Lupin permaneceu na bacia do Rio Danu até as costa do Mar de Jadran que faz fronteira com a Hespéria, e se aperfeiçoou no combate aos lobisomens, enquanto a linhagem Samca desenvolveu capacidades de lidar com as bruxas na floresta do oeste, na fronteira com Russkaya. A etnia Cabirus migrou para o Império Warábico, onde aprofundou-se no tratamento com as múmias. Diversas tribos nômades warábicas têm descendência de Greuceanu, como a tribo de Lahyla, os al-Talibah.

Marko, o cigano que salvou Viktor, faz parte da família Lupin. Apesar de ser avalônico, ele descende de silvanos por parte de pai, orgulhoso de conseguir citar seus ancestrais até a origem em Greuceanu. Sua família é conhecida graças a uma relíquia, um dos anéis originais do herói mítico. O tataravô de Marko foi um dos guardiões do Anel de Fogo e foi morto em combate por um lobisomem, cujo pêlo ganhou uma cor avermelhada característica, passada de pai para filho. Desde então, seus descendentes se tornaram os melhores especialistas em estudar, rastrear, caçar e exterminar todo tipo de transmorfos animais, não só lobisomens. Marko lutou pelo exército avalônico na Grande Guerra e precisou se afastar da Silvânia, mas se arrepende hoje por ter deixado sua terra. Ele pensa que, se tivesse permanecido, poderia ter impedido que a infestação zumbi tivesse acontecido. Agora, os mortos-vivos são uma ameaça pior que os lobisomens. O cigano reconhece Cyandar como o herdeiro daquele que matou seu ancestral, mas se vê na obrigação de salvar Viktor, mas agora, sabendo que o irmão é uma das criaturas que jurou exterminar, já tem dúvidas se tomou a decisão certa, mas tem tempo de pensar muito.

A carroça cruza a barreira do pântano, Viktor sente uma coisa estranha no ambiente. Sons e cheiros, uma sensação de arrepio na sua alma que o faz lembrar a sua luta com o Cemitério Vivo. Ao olhar por onde a carroça está passando, ele observa mortos vivos no local. Essa experiência anterior se mostrou um trauma. Ele vê entre os mortos seus amigos de sua cidade, a menina que ele paquerou, e o pior, vários dos seus subalternos que não escaparam do triste destino de virar um monstro. Sem seu irmão e sozinho novamente com um estranho, ele está em um novo campo de batalha e imediatamente sacou seu rifle, fez uma prece silenciosa e começou a atirar nos monstros.

— Senhor, cubra-me com o manto da fé e da coragem que tanto abençoaram meus ancestrais. Dai-me a força que eu preciso – Disse, puxando o gatilho contra os zumbis que atacam a carroça.

Desde que foi amaldiçoado pelo Cemitério Vivo com seu lamento de morte, Viktor vê mortos-vivos por todos os cantos. Sem saber o que é real e o que é imaginação, ele conquistou um fervor em sua alma que lhe dá potência aos seus golpes. Antes, talvez não tivesse tanto foco, mas, agora, trata os mortos-vivos como inimigos prediletos, alvos que anseiam suas balas. A devoção de Viktor em destruir os zumbis é tanta que ele deixa um rastro de corpos apodrecidos. Sequer conseguem se aproximar da carroça e são acertados em cheio. Marko se espanta com a destruição causada por Viktor e se distancia do povoado onde eles estavam atacando.

— Veja, os mortos tentam invadir as vilas. O povo formou barricadas e fortificou os limites urbanos. A guerra acabou em Arcádia, mas não terminou aqui. Você tem ideia do que aconteceu? Desculpe, não me apresentei, sou Marko Lupin, dos Lupin do Mar de Jadran.

Marko conta sua história pessoal, sobre a guerra e como deixou Silvânia, até chegar a uma colina distante das vilas, onde tem visão privilegiada do pesadelo que se tornou Silvânia na área de exclusão. No horizonte, a Pirâmide Sinistra se destaca na paisagem, rodeada pelo Pântano do Diabo, onde um dia foi Sfantu Greuceanu.

— É um mau agouro enorme que uma aberração dessas tenha acontecido justamente na cidade do patriarca de meu povo, você não acha? Somos os protetores desta terra e falhamos. Tenho de destruir esta monstruosidade.

***

Jassy, Área de Exclusão, Silvânia.

A casa Muma Martolea saltou da muralha amadeirada como uma galinha pula de um poleiro, ela recebeu sua irmã Padurii com afagos e gargalhadas. Mick e Franklin se assustam com a confraternização bizarra de duas bruxas decrépitas, onde elas ficam repetidamente se beijando nas bochechas ressecadas. A casa de Padurii se aconchega entre suas patas de galinha e “estaciona” próximo à de Martolea, como se fosse a casa vizinha de uma vila criando uma espécie de pátio entre as duas. Cadeiras são postas para fora e uma fogueira é acesa. Os habitantes de Jassy olham com curiosidade, não bastasse terem de servir a Martolea, agora precisam redobrar o seu trabalho e servir duas bruxas.

— Como está, irmã?

— Tem sido difícil. As hordas avançam. Mantenho a segurança. Eles me servem. Mas muitos morrem.

— Precisamos nos unir. Destruir a Pirâmide. Consegui conter vilão. Soldado me ajudou. Bram e companheiro. Não lembro nome – Muma Padurii olhou para Franklin. O rapaz estremeceu na hora, revirou os olhos e quase desmaiou.

— Stan, minha senhora. Ele é tímido – Mick respondeu por ele — Como iremos destruir. A Pirâmide, digo.

— Pra que destruir? Olhe, minha irmã. Temos tudo aqui. Dor, sofrimento e aflição. Sou bem servida. Quero ser mãe. Ter uma filha. Aqui é ideal.

— Como, minha irmã? Lugar maldito, aqui. Virou um pesadelo.

— Somos bruxas, irmã. Só precisamos mais. Precisamos controlar Pirâmide. Não destruir Pirâmide.

— Isto chama atenção. Atenção muito indesejada. Ciganos virão aqui. Poderão nos destruir. Não nos arrisque. Basta a perda… Perda de Russakaya.

— Não, minha irmã. Rasputin foi destruído. Anastasia está viva!

— Que grande notícia! Preciso de ajuda. Sua ajuda, Bram. Você me deve – Muma Padurii aponta o dedo grotesco para Mick. Seu olho cego arde.

— Terá minha ajuda.

— Mas não agora. Invadiremos a Pirâmide. Precisamos ir investigar.

— Perigoso para humano. Só malditos podem. Enviei meus espiões. Todos viraram zumbis. Como proteger eles?

— Com meu menir. Bram colocou lá. Temos uma vantagem.

Muma Padurii entrega um pingente a Mick. É um menir em miniatura, muito parecido com a pedra dada pela bruxa e usada como ponta de lança por Swanda. Não fosse os engenhos da vampira, talvez não tivesse destruído o Cemitério Vivo.

— Isto abre passagem, mas só um – a bruxa olha para Franklin — Terá de ficar.

***

Zabrag, Área de Exclusão, Silvânia.

Werena, Swanda e Alexander chegam ao castelo de Zabrag. Os lacaios de Valvas levam o trio até a vampira. Ela foi ferida pelos esqueletos, mas, embora seus ferimentos se curem com sangue, ela está em torpor. Um dos esqueletos a atingiu no coração, transpassando-o e a empalando. Qualquer movimento matará a vampira definitivamente. Os carniçais conseguiram resgatá-la a muito custo, perdendo mais da metade deles e sem que Valvas possa criar mais. Os esqueletos estavam para invadir a cidade, não fosse a chegada da comitiva.

— Como senhor de Valvas, vocês servem a mim agora – Alexander fez um rasgo em seu antebraço, provocando uma hemorragia. Os carniçais de Valvas começaram a chupá-lo e a lambê-lo, sugando seu sangue. O vampiro olha com pena para a vampira moribunda, mas com muito interesse em Werena.

Assim que o último carniçal se alimenta de Alexander, eles se ajoelham, aguardando as ordens de seu novo mestre. Ele caminha até a moribunda, afaga seu rosto e corta a ponta do seu dedo, deixando cair uma gota, pintando os lábios de Valvas como se fosse um batom. Sua expressão é de lamento, ele acaricia o corpo imóvel da vampira. Sua mão deixando os lábios e deslizando pelo rosto, pescoço e colo, até chegar ao osso em seu coração. Com um movimento rápido, ele puxa a estaca óssea de uma só vez, fazendo a vampira erguer os braços e sentir a última dor, com uma expressão de espanto em seu rosto, a boca aberta e a língua de fora. Ela lança um último olhar para seu mestre, antes de se desfazer em cinzas.

— Está feito. Ela não tinha salvação – Alexander fala enquanto as cinzas se dispersam.

Swanda evitar olhar Alexander nos olhos. Viu como Valvas foi desprezada por não ser mais útil e pensa se teria o mesmo destino algum dia. Agora ele é senhor de Zabrag também, aumentando em muito sua influência.

— Sei o que está pensando, minha criança, mas não havia outro jeito. Sem salvação numa guerra contra um inimigo poderoso. Ela foi uma peça importante neste jogo e nos deu dicas valiosas. Enviou parte de seus carniçais para invadir a Pirâmide, mas nenhum retornou. Isso nos leva a crer que apenas os completamente amaldiçoados têm poder de entrar lá. Em outras palavras, vampiros como nós. O que me leva a ter de fazer uma pergunta, Werena. Como pretende entrar lá?

***

Próximo a Klausenburg, Área de Exclusão, Silvânia.

Quotar foge de Cyandar. A Fera Escarlate persegue Uivo Fino por horas, mas começa a cansar. Alguma coisa na bebida do barril que Viktor derrubou deixava-o fraco, sem força suficiente para vencer a corrida contra Quotar. O filhote percebeu, talvez o cigano tenha mesmo envenenado o líder da matilha. O dá a Zisgmond algumas opções: deixá-lo à própria sorte e provavelmente ser morto pelos zumbis; aproveitar a fraqueza momentânea de Cyandar e dar cabo dele; ou mostrar compaixão e ajudar Fera Escarlate.

Ele precisa se decidir, para então encontrar seu irmão e concluir a vingança por Sfantu Greuceanu.

***

Pirâmide Sinistra, antiga Sfantu Greuceanu, Silvânia.

Formada pelos restos do Cemitério Vivo e das estruturas dos edifícios de Sfantu Greuceanu, a Pirâmide Sinistra está no meio do Pântano do Diabo. O lugar transformou-se de um corpo d’água calma com grande biodiversidade para um ambiente que afugenta qualquer vida. Os juncos que antes serviam de refúgio para espécies de peixes, anfíbios e répteis agora viraram uma abominação que agarra qualquer criatura que se atreva a atravessar o pântano. As vítimas são amarradas aos chão e lentamente afogadas no que parece ser uma enzima digestiva que corrói os corpos.

Os juncos malditos não são o único perigo, pois a entrada da Pirâmide é protegida por um guardião: o corpo zumbificado de Ban, o monge dragão que se sacrificou para derrotar o Cemitério Vivo.



RESOLUÇÃO:




[OBJETIVOS]
• Viktor pode socializar com Marko e saber da história dos ciganos, num feito MED de Social.
• Viktor também conquistar a confiança dele e receber ajuda dos sortilégios ciganos, num feito DIF de Social.
• Mick pode controlar Franklin, quando sozinho, Muma Martolea tentará devorá-lo. Ela tem Atitude MED e Resiliência DIF.
• Werena precisa passar em um Feito Social DIF, pois Alexander tentará dominá-la mentalmente para transformá-la em sua criança.
• Se Werena quiser, pode lutar com ele. Ele tem Atitude DIF e Resiliência SUP.
• Quotar acabar com Cyandar, basta um feito de Atitude INF, ou ajudá-lo, num feito de Social MED
• Passar pelos juncos é um feito de Atitude FAC x 3, mas também pode ser encontrado um caminho seguro com Foco SUP.
• Ban tem Atitude SUP e Resiliência DIF


[TESOUROS]
Somente Mick:
Chicote de Vinha (2 XPs): um cipó que pode ser usado como arma, podendo atacar à distância e paralisar o alvo por duas lutas, antes de apodrecer. Concede + 1 de Bônus de Atitude para ataques ou para se movimentar.

[ALIADOS]
• Mick ganhou um bônus de +3 pela confiança de Muma Padurii
• Werena ganhou um bônus de +3 pela confiança do Príncipe Horvat
• Quotar e Viktor não ganharam bônus, mas podem ganhar a partir de suas ações com Cyandar e Marko
• Os bônus podem ser usados em um trste de +3, um teste de +2 e outro de +1 ou três testes de +1

[ESFORÇO]
Mick: 11
Quotar: 03
Viktor: 12
Werena: 11


Última edição por Anfitrião em Dom Set 25, 2022 1:29 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptyDom Set 25, 2022 1:16 pm

Ao saltar da carroça, tudo parecia em camêra lenta para o Silvano. Ouviu seu irmão gritar, o estalar do chicote, os cavalos relinchando, o ranger da carroça, os galhos quebrando e, por fim, ouviu a exclamação abafada de Cyandar ou tropeçar no barril lançado por Viktor.

O Alpha rolou no chão em meio a relva e antes que pudesse recobrar o equílibrio, Zsigmond já estava em cima dele. Suas garras rasgaram a pele por debaixo da pelagem rubra do outro, sangue borrifou nas folhas dos arbustos, o uivo do lobo ferido foi abafado pelo rosnado do irmão Horvath. Pela primeira vez em anos pode-se ver medo nos olhos de Fera Escarlate, já Quotar não tinha mais medo, o ódio suprimiu o medo, os anos de maus-tratos, distância da família e resignação explodiram de uma só vez.

- Quando chegar ao inferno Cyandar, lembre-se de quem te mandou, lembre do nome de Zsigmond Horvath. - disse o lobo cinza ao rubro, e com uma mordida fatal subjugou-o.

Erguendo sua cabeça, o descendente de Greuceanu uivou tão forte quanto nunca uivou em sua vida. Um novo Alpha se apresentava á matilha naquele momento.

Finalizar Cyandar: 1 ♠  + Garras(+1 ♠ ) + Agilidade (+1 ♠ ) + 1 Esforço = 4


Última edição por Quotar em Seg Set 26, 2022 10:38 am, editado 1 vez(es)
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Mick Fear

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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptyDom Set 25, 2022 3:35 pm

Tem algo belo e familiar na confraternização das bruxas que fazem Mick se lembrar de casa. Não do ambiente pomposo de sua família, mas do cotidiano caloroso das famílias suburbanas que ele gostava de visitar disfarçado quando era adolescente. Ver este nível de humanidade nas duas bruxas o acalmava. Era melhor se apegar ao que tinham em comum.

Já Franklin só conseguia pensar que agora tinham duas delas e seria mais difícil escapar caso decidissem traí-los.

As bruxas discutem o que fazer e Mick presta atenção. Elas queriam dominar a pirâmide e usar seu poder. O espião suspeita de suas intenções, mas acredita que poderia ser proveitoso ter um aliado em posição de poder. Se a relação deles continuasse útil como fora até agora, a coroa se beneficiaria desse acordo.

— Não, minha irmã. Rasputin foi destruído. Anastasia está viva! — Diz uma delas no meio da discussão. Mick dá um sorriso orgulhoso ao ouvir do assassinato de Rasputin, mas se espanta ao ouvir o nome da princesinha de Ruskaya. As bruxas só podiam estar se referindo a ela, mas a informação que a coroa tinha era que todos da família estavam mortos, o que abalava muito o Rei que era um parente bem próximo. Ele adoraria saber que sua priminha Anastasia estava viva.

Franklin vê Mick vestir o amuleto da bruxa e ir embora com Muma Padurii, deixando-o a sós com a outra velha. De tudo de ruim que podia acontecer com ele, esse era o pior. “Ficar com a bruxa conhecida já era ruim, mas ficar com essa velha que nunca nem vi…”.

— Você tem certeza? Eu posso ir. Já enfrentei zumbis… — O jovem tenta argumentar, seguindo o estilo de fala das bruxas, mas tudo em vão.

Franklin vê a bruxa como um predador. Seus anos como escoteiro estudando o comportamento animal o davam base para saber quando uma criatura estava prestes a atacar. Os olhares dela demonstravam interesse e o deixavam desconfortável. Sabendo que seria um alvo fácil, o jovem se posiciona já preparado para fugir.

Ao menor sinal de ataque da bruxa, Franklin dispara em fuga para a floresta. Mesmo sabendo que ali também era perigoso, ele prefere enfrentar mais galhos que a assassina faminta. No caminho, ele tenta se cobrir ao máximo de lama e folhas para se misturar à paisagem e procura algum esconderijo para se proteger dos galhos e da bruxa, ficando com a arma a postos.

Longe dali, sem imaginar o sufoco do jovem soldado, Mick e Muma chegam ao Pântano do Diabo. Eles observam toda a desolação ao redor. O cheiro ácido dos corpos sendo corroídos quase faz o soldado vomitar, era pior do que os horrores que ele vira na guerra.

— Isso será seu. Como vai ser? Como vão liderar? — Ele pergunta a Muma.

A fortaleza parece inexpugnável, mas Mick sabe que toda base precisa de uma rota de fuga. Se não houvesse caminho seguro para entrar na Pirâmide, isso faria de seus habitantes prisioneiros. Ele observa bem os arredores; lembra dos mapas que estudou em Londres, mostrando como aquela região era antigamente e começa a montar um modelo mental dos lugares mais prováveis de se ter uma passagem. Com sua Manha, ele tenta rastrear pegadas ou outros sinais de passagem pela região.

Caso encontre a passagem, Mick vai andando por ela enquanto esfarela pedaços de sua ração, deixando uma trilha de migalhas para ajudar eventuais aliados que passem por ali. Ao apontar a fraqueza do inimigo, ele acredita que mesmo que falhe em derrotá-lo, outros poderão se beneficiar depois.

Enquanto passa atento pelo caminho, Mick tem a impressão de ser observado, como se os fantasmas dos antigos moradores de Sfantu Greuceanu estivessem com ele.

Mais próximo da pirâmide, Mick nota seu guardião. Ele parecia familiar, mas sua aparência pútrida faz com que o espião não o reconheça de seu breve encontro anterior. A sensação de estar sendo observado não passa. A todo momento Mick olha sobre os ombros em busca de companhia. Enfim, ele tenta se concentrar no combate a frente.

— Conto com você. Peço sua benção. Seja como for — Mick pede a bruxa.

Mick usa sua manha para se aproximar mais do guardião, procurando uma posição mais estratégica para atirar nele. Confiando que teria ajuda da bruxa, ele atira em Ban e só para ao vê-lo derrotado, sem se preocupar muito em se defender, já que acreditava que derrubaria o inimigo rapidamente.

Bruxa Atitude MED (5-7)
Franklin: ♦ 2 + 2 (Sobrevivência) + 1 Esforço = 5

Junco Foco SUP (9-11)
Mick: ♣2 + 2♣ (Manha) + 1♣ (Aluno da Capital) + 4 Esforço = 9

Ban Resiliência DIF (7-9)
Mick: ♣2 + 2♣ (Tiro) +  2♣ (Manha) - 1♣ (Deficiência) + 1 Esforço + 1 Muma = 7

Após o combate, uma bela jovem se materializa à frente dos olhos do avalônico, usando um manto púrpura. Ela não fora esquecida pelo espião, também estava presente anos atrás quando enfrentaram o Cemitério Vivo. Mick também suspeitava que era ela a verdadeira face da lenda do "Capuz Púrpura" que assustava os soldados Jotúnicos durante a guerra.

[DIÁLOGO NO POST DE WERENA]
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Iara Werena

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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptySeg Set 26, 2022 10:10 am

A pergunta de Alexander não assusta Werena, era apenas a confirmação do que já vinha intuindo após escutar parte da conversa entre os dois durante toda a operação de retomada de território. No entanto ela sabe que além de um aliado importante, ele era poderoso demais para ser confrontado abertamente. Ela sente seus olhos devorando-a antecipadamente e finge cair em seu domínio enquanto se aproxima mordendo os lábios e olhos pidões.

Tenho algumas ideias, mas o que você sugere Alexander?

O vampiro lambe o lábio e a abraça pela cintura sentindo o cheiro de vida pulsante que a amazona exala sem esforço. Esse sorri e olha fixo para seu pescoço preparando-se para o bote, mas é surpreendido por um tapa no rosto e um riso travesso.

Para que tanta pressa? O Príncipe Horvat fez a mesma proposta para mim... porque me unir a você seria mais vantajoso? - ela não se afasta, mas passa os dedos pelo maxilar marcado do vampiro - Se bem que... Vejo um futuro grandioso para homens com grandes ambições...

Você brinca com o perigo criança... - apesar de fascinado com a audácia da amazona, o tapa tinha ferido seu ego, resultando num misto de raiva com excitação pelo desafio. Eu poderia tomá-la como minha cria sem consentimento e ...- ele é interrompido quando Werena coloca um dedo sobre o seu lábio.

O Príncipe Horvat também poderia ter feito isso, mas para mostrar sua superioridade optou por me conquistar. Está desistindo por não se achar a altura de uma competição? - ela ri maliciosamente e fica na ponta dos pés para alcançar o ouvido de Alexander, com uma voz aveludada essa sussurra o encantamento das Iaras na mente do vampiro. Mostre seu valor na batalha que se aproxima... No final das contas, uma amazona sempre prefere um consorte destemido que as pompas de um palácio. Lute por mim se me deseja...

Swanda observa toda aquela cena intrigada, seus sentimentos e a breve amizade de Werena conflitavam com o ciúmes de vê-la sendo tão cobiçada pelo seu senhor enquanto sua posição era colocada em risco. A vampira sai da sala batendo a porta com violência atrás de si. A deixa permite que Werena se desvencilhe do abraço de Alexander e também sai da sala para preparar seu equipamento antes do avanço até a pirâmide maldita. Alexander dá um sorriso nervoso enquanto apalpava suas partes por instinto mesmo que a falta de sangue impedisse que algo se erguesse.

Isso ainda não terminou amazona, você será minha - ele resmunga e parte a procura de um humano para drenar e aliviar a tensão gerada por Werena.

• Werena precisa passar em um Feito Social DIF, pois Alexander tentará dominá-la mentalmente para transformá-la em sua criança.
3 ♥ + Atraente 1 ♥  + Manipulação  2 ♥ + Misticismo 2 JOK + Canto da Sereia 1 ♥ + Esforço 1 = 10


Dessa vez quem dirige a motocicleta é Swanda com Werena segurando firme na cintura da vampira sentada na garupa. Antes de partirem elas trocaram algumas palavras, a amazona sentia que deveria se explicar sua nova amiga. Sabiam do perigo de Alexander e resolveram manter segredo sobre a resolução do conflito ficando o tempo todo quietas no trajeto até que  Swanda desacelera e aponta para uma figura voando em cima de uma vassoura com alguém em sua garupa.

Olhem! Bruxas...

Elas podem estar do mesmo lado que a gente... Não é? – Werena olha esperançosa.

Esqueço-me como pode ser ingênua bela Werena... – Alexander diz de forma soberba voando ao lado das duas em sua forma de névoa. Bruxas nunca estão do mesmo lado que ninguém, é sempre do lado delas.

O trio opta por uma aproximação mais sutil. Oculta pelo manto a amazona faria o reconhecimento do território e das intenções das bruxas, para então dar o sinal para que os dois vampiros avançassem. Werena torna-se invisível e observa a dupla pousar; a bruxa caminha acompanhada de um homem familiar, lembrava-se dele na batalha de tempos atrás naquele mesmo território, talvez fossem aliados, só não sabiam disso. O espião olhava para trás desconfiado e a amazona refletia se os poderes da bruxa permitiam que a vissem, mas ainda assim continuou a segui-lo de perto, indo por onde ele andava para evitar o junco pantanoso e tomando o máximo de cuidado para não pisar nas migalhas que ele deixava.

Continuaria oculta se não fosse a visão de Ban zumbificado. Ela fica boquiaberta e sente o peso no coração tendo que revisitar a dolorosa memória do sacrifício do último monge dragão, que agora estava ali assombrando novamente.  Apesar de um momento tenso, seria a oportunidade perfeita de verificar se a bruxa e seu aliado estariam do lado de Thurk caso passassem sem problemas. Quando vê o soldado preparando seu arma e pedindo ajuda para a bruxa ela tem a confirmação que precisaria agir.

Werena permanecerá oculta e se posicionará de forma privilegiada quando o embate começar. Apesar de ter aprimorado suas habilidades ainda não era tão resistente e pede a força de suas ancestrais para que seja mais resiliente no momento de aflição. “Pela lua que clareia a noite, peço a força das ancestrais, para resistir ao mal e as ameaças sobrenaturais”. Um brilho cintilante demarca sua silhueta, revelando sua posição apenas para os olhos mais atentos e no momento que o monge zumbi faria seu movimento de ataque ela chama o poder espiritual da lua e convoca uma ventania que lança Ban aos ares, impedindo de concluir seu ataque e deixando-o exposto para as balas de Mick Fear. Ao final da saraivada do soldado ela abaixa o capuz.

Saudações! Sou Aliada! -  mostrando as mãos e com um belo sorriso Werena tenta mostrar que é confiável.

Com um assovio ela convoca os vampiros que atravessam o junco de forma abrupta em cima da motocicleta de Swanda que estaciona ao lado de Werena encarando a bruxa com um sorriso maldoso e as presas a mostra. Notando o clima de inimizade a amazona se coloca no centro do grupo. Lembrando das histórias de suas ancestrais sobre as Cucas ela demonstra calma enquanto fala pausadamente.

Quero trégua temporária... Thurk ameaça maior. Engolir todos territórios... Sobreviventes lacaios descartáveis... Ninguém quer isso.

Saudações, Capuz Púrpura. É uma honra conhecê-la! Obrigado pela ajuda com aquela criatura. Concordo que juntos temos mais chances de recuperar as terras de Sfantu Greuceanu. — Mick se vira para a bruxa que estava carrancuda com a presença das duas pessoas pálidas — Podemos nos ajudar? Somente juntos conseguiremos.

• Ban tem Atitude SUP
( 1 ♦  + Invisibilidade  2 ♠ + Misticismo  2 JOK + Comunhão 1 JOK + Poeira Lunar  1 ♣ + Esforço 4 = 11 )
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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptySex Set 30, 2022 6:44 pm

Viktor ouve atentamente a historia do homem que mesmo sem o conhecer, salvou a sua vida. Ele sentiu o desconforto de Marko, o cigano quando ele contou que Quotar era seu irmão e ao mesmo tempo um lobisomem.

O sargento sabia o quanto era ruim sentir a desconfiança das pessoas, ele também estava assim. Demorava muito a confiar em alguém depois de tudo que passou.

– Senhor, perdoe-me pela minha falta de cortesia. Chamo-me Viktor Horvath, sou um sargento da policia e por forças do destino, somos de certa forma parentes porque também sou descendente de Greuceanu. Sempre lutei para que o local onde eu vivesse fosse um local de paz e ordem. Lutando contra o que era errado e isso se manteve na luta que travei contra o Cemitério Vivo. Mas não posso aceitar esse mérito sozinho.

– Sei que sua tradição é lutar contra essas bestas que nos atacaram, mas meu irmão é apenas uma vitima dessa luta, e esta tentando sempre lutar do nosso lado. E somos gêmeos e logo temos também da mesma descendência.

Viktor sentia que tinha muito a aprender com esse cigano. Ele tem um histórico de luta contra o crime, mas tudo isso que estava acontecendo era novidade na vida dele, e um vacilo ele poderia morrer, ou pior, poderia se tornar um monstro. Se ao menos ele tivesse a espada de Greuceanu. Viktor sempre acreditou que essa espada fosse uma lenda, mas se tudo que esta acontecendo é real, essa espada poderia estar ai em algum lugar e seria uma grande auxilio em sua luta.

– Sou muito grato por tudo o que fez por mim e pelo meu irmão, peço que não deixe seu ódio ancestral falar mais do que sua empatia e que confie em mim e que sejamos uma força conjunta nessa luta.

Socializar com Marko:
Viktor: 1♥ + Código de Honra 1 + 4 de Esforço = 6

Conquistar a confiança dele:
Viktor: 1♥ + Código de Honra 1 + 6 de Esforço = 8
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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptyQua Out 05, 2022 5:37 pm

CENA 4

Jassy, Área de Exclusão, Silvânia.


Tem algo belo e familiar na confraternização das bruxas que faz Mick se lembrar de casa. Não do ambiente pomposo de sua família, mas do cotidiano caloroso das famílias suburbanas que ele gostava de visitar disfarçado quando era adolescente. Ver este nível de humanidade nas duas bruxas o acalmava. Era melhor se apegar ao que tinham em comum. Já Franklin só conseguia pensar que agora tinham duas delas e seria mais difícil escapar caso decidissem traí-los.

As bruxas discutem o que fazer e Mick presta atenção. Elas queriam dominar a pirâmide e usar seu poder. O espião suspeita de suas intenções, mas acredita que poderia ser proveitoso ter um aliado em posição de poder. Se a relação deles continuasse útil como fora até agora, a coroa se beneficiaria desse acordo.

— Não, minha irmã. Rasputin foi destruído. Anastasia está viva! — Diz uma delas no meio da discussão.

Mick dá um sorriso orgulhoso ao ouvir do assassinato de Rasputin, mas se espanta ao ouvir o nome da princesinha de Ruskaya. As bruxas só podiam estar se referindo a ela, mas a informação que a coroa tinha era que todos da família estavam mortos, o que abalava muito o Rei que era um parente bem próximo. Ele adoraria saber que sua priminha Anastasia estava viva. Franklin vê Mick vestir o amuleto da bruxa e ir embora com Muma Padurii, deixando-o a sós com a outra velha. De tudo de ruim que podia acontecer com ele, esse era o pior.

“Ficar com a bruxa conhecida já era ruim, mas ficar com essa velha que nunca nem vi…”. Pensa o soldado.

— Você tem certeza? Eu posso ir. Já enfrentei zumbis… — O jovem tenta argumentar, seguindo o estilo de fala das bruxas, mas tudo em vão.

Franklin vê a bruxa como um predador. Seus anos como escoteiro estudando o comportamento animal o davam base para saber quando uma criatura estava prestes a atacar. Os olhares dela demonstravam interesse e o deixavam desconfortável. Sabendo que seria um alvo fácil, o jovem se posiciona já preparado para fugir.

Muma Martolea olha desejosa para Franklin. Seus protegidos não tem o vigor do jovem, estão famintos e medonhos, amedrontados demais e sem ânimo ou vontade de viver. O jovem não. É nítido que ele tem medo e isso delicia a bruxa, sua vivacidade é quase palpável e palatável, o que faz a bruxa lamber os beiços sempre que se aproxima do jovem. A cada aproximação, Franklin tem um mini infarto. Mick já tinha deixado a fortaleza de Jassy por algumas horas e o jovem passou este tempo arrumando suas coisas, até que a voz de Muma Martolea ressoou.

— Menino, vem cá!

Nesta hora, o sangue de Franklin gelou a ponto de ele ficar tonto. Este mal súbito foi interpretado como um feitiço da bruxa e ele não pensou duas vezes antes de disparar em fuga para a floresta. Mesmo sabendo que ali também era perigoso, ele prefere enfrentar mais galhos que a assassina faminta. No caminho, ele se cobriu ao máximo de lama e folhas para se misturar à paisagem e encontrou um esconderijo para se proteger dos galhos e da bruxa, dentro de um tronco oco de árvore. Sua arma ficou a postos o tempo todo, tremendo como a sua mão.

***

Zagrab, Área de Exclusão, Silvânia


A pergunta de Alexander não assusta Werena, era apenas a confirmação do que já vinha intuindo após escutar parte da conversa entre os dois durante toda a operação de retomada de território. No entanto, ela sabe que além de um aliado importante, ele era poderoso demais para ser confrontado abertamente. Ela sente seus olhos devorando-a antecipadamente e finge cair em seu domínio enquanto se aproxima mordendo os lábios e olhos pidões.

— Tenho algumas ideias, mas o que você sugere Alexander?

O vampiro lambe o lábio e a abraça pela cintura sentindo o cheiro de vida pulsante que a amazona exala sem esforço. Esse sorri e olha fixo para seu pescoço preparando-se para o bote, mas é surpreendido por um tapa no rosto e um riso travesso.

— Para que tanta pressa? O Príncipe Horvat fez a mesma proposta para mim... porque me unir a você seria mais vantajoso? - ela não se afasta, mas passa os dedos pelo maxilar marcado do vampiro - Se bem que... Vejo um futuro grandioso para homens com grandes ambições...

— Você brinca com o perigo criança... - apesar de fascinado com a audácia da amazona, o tapa tinha ferido seu ego, resultando num misto de raiva com excitação pelo desafio. Eu poderia tomá-la como minha cria sem consentimento e … – ele é interrompido quando Werena coloca um dedo sobre o seu lábio.

— O Príncipe Horvat também poderia ter feito isso, mas para mostrar sua superioridade optou por me conquistar. Está desistindo por não se achar a altura de uma competição? – Ela ri maliciosamente e fica na ponta dos pés para alcançar o ouvido de Alexander. Com uma voz aveludada, sussurra o encantamento das Iaras na mente do vampiro — Mostre seu valor na batalha que se aproxima... No final das contas, uma amazona sempre prefere um consorte destemido que as pompas de um palácio. Lute por mim se me deseja...

Swanda observa toda aquela cena intrigada, seus sentimentos e a breve amizade de Werena conflitavam com o ciúmes de vê-la sendo tão cobiçada pelo seu senhor enquanto sua posição era colocada em risco. A vampira sai da sala batendo a porta com violência atrás de si. A deixa permite que Werena se desvencilhe do abraço de Alexander e também sai da sala para preparar seu equipamento antes do avanço até a pirâmide maldita. Alexander dá um sorriso nervoso enquanto apalpava suas partes por instinto mesmo que a falta de sangue impedisse que algo se erguesse.

— Isso ainda não terminou, amazona. Você será minha – ele resmunga e parte à procura de um humano para drenar e aliviar a tensão gerada por Werena.

***

Próximo a Klausenburg, Área de Exclusão, Silvânia.


Ao saltar da carroça, tudo acontecia lentamente para Quotar. Ouviu seu irmão gritar, o estalar do chicote, os cavalos relinchando, o ranger da carroça, os galhos quebrando e, por fim, ouviu a exclamação abafada de Cyandar ao tropeçar no barril lançado por Viktor. O lobisomem alfa rolou no chão em meio a relva e antes que pudesse recobrar o equilíbrio, Zsigmond já estava em cima dele.

— Uivo Fino, você não sabe...

Mas Cyandar não terminou sua frase. As garras de Quotar rasgaram a pele por debaixo da pelagem rubra do outro e sangue borrifou nas folhas dos arbustos. O uivo do lobo ferido foi abafado pelo rosnado do irmão Horvath. Pela primeira vez em anos, pode-se ver medo nos olhos de Fera Escarlate, já Quotar não tinha mais medo, o ódio suprimiu o medo, os anos de maus-tratos, distância da família e resignação explodiram de uma só vez.

— Uivo Fino renasceu, meu nome agora é Arranca Peles! Quando chegar ao inferno Cyandar, lembre-se de quem te mandou – disse o lobo cinza ao rubro, e com uma mordida fatal subjugou-o.

Erguendo sua cabeça, o descendente de Greuceanu uivou tão forte quanto nunca uivou em sua vida. Um novo alfa nascia naquele momento. Os demais lobos da matilha, que haviam deixado de perseguir a carroça para correr atrás de seu líder, assistiram a cena à distância. Um a um se aproximou do novo alfa, abaixando a cabeça em sinal de subordinação.

— Vocês têm um novo líder agora e usarei a pele do antigo como meu próprio manto, para que todos lembrem de não me menosprezar, como Fera Escarlate fez e pagou com a vida!

Quotar fez um corte longitudinal na barriga de Cyandar e cortes perpendiculares nas patas dianteiras e traseiras. O corpo humano deixou a pele de lobo, que saiu intacta e perfeitamente utilizável como manto. Atou as patas dianteiras com um nó no pescoço, deixou a pele e a cauda cair sobre suas costas e usou o escalpo do lobo como elmo. A visão de um lobisomem usando a pele de outro deu imponência a Quotar. Mais do que nunca, o filhote precisaria de respeito entre seus irmãos da matilha. Ele sabe que a morte de Fera Escarlate não seria tão bem recebida e logo seria posto à prova, era apenas questão de tempo.

***

Pirâmide Sinistra, Área de Exclusão, Silvânia.


Longe dali, sem imaginar o sufoco do jovem soldado, Mick e Muma Padurii chegam ao Pântano do Diabo. Eles observam toda a desolação ao redor. O cheiro ácido dos corpos sendo corroídos quase fazia o soldado vomitar, era pior do que os horrores que ele vira na guerra.

— Isso será seu. Como vai ser? Como vão liderar? — Ele pergunta.

— Há muitos meios. Limparei a terra. Usarei minha magia. Silvânia, terra bruxa – respondeu Muma Padurii.

A fortaleza parece inexpugnável, mas Mick sabe que toda base precisa de uma rota de fuga. Se não houvesse caminho seguro para entrar na Pirâmide, isso faria de seus habitantes prisioneiros. Ele observa bem os arredores; lembra dos mapas que estudou em Londres, mostrando como aquela região era antigamente e começa a montar um modelo mental dos lugares mais prováveis de se ter uma passagem. Ele passou um bom tempo observando, evitando a todo tempo os estranhos juncos do pântano amaldiçoado. Percebeu que uma trilha muito tênue leva em direção à Pirâmide. Quem quer usasse o caminho, também era vulnerável às plantas malditas.

Mick começou a trilhar o caminho, enquanto esfarela pedaços de sua ração, deixando uma trilha de migalhas para ajudar eventuais aliados que passem por ali. Talvez aqueles que chegavam com a barulhenta moto ao longe pudessem ajudá-lo no futuro. Quem guia o veículo é Swanda, com Werena sentada na garupa segurando firmemente na cintura da vampira. Antes de partirem elas trocaram algumas palavras, a amazona sentia que deveria se explicar à sua nova amiga. Sabiam do perigo de Alexander e resolveram manter segredo sobre a resolução do conflito ficando o tempo todo quietas no trajeto até que  Swanda desacelera e aponta para uma figura voando em cima de uma vassoura com alguém em sua garupa.

— Olhem! Bruxas!

— Elas podem estar do mesmo lado que a gente, não é? – Werena olha esperançosa.

— Esqueço-me como pode ser ingênua, bela Werena – Alexander diz de forma soberba voando ao lado das duas em sua forma de névoa — Bruxas nunca estão do mesmo lado que ninguém, é sempre do lado delas.

O trio opta por uma aproximação mais sutil. Oculta pelo manto, Werena torna-se invisível e observa a dupla pousar. A bruxa caminha acompanhada de um homem familiar, lembrava-se dele na batalha de tempos atrás naquele mesmo território, talvez fossem aliados, só não sabiam disso. O espião olhava para trás desconfiado e a amazona refletia se os poderes da bruxa permitiam que a vissem, mas ainda assim continuou a segui-lo de perto, indo por onde ele andava para evitar o junco pantanoso e tomando o máximo de cuidado para não pisar nas migalhas que ele deixava. Mick tem a impressão de ser observado, como se os fantasmas dos antigos moradores de Sfantu Greuceanu estivessem com ele, ele pensa.

— Algo de errado? Está muito inquieto.

Mais próximo da pirâmide, Mick nota seu guardião. Ele lhe parecia familiar, mas sua aparência pútrida faz com que o espião não o reconheça de seu breve encontro anterior. A sensação de estar sendo observado não passa. A todo momento Mick olha sobre os ombros em busca de companhia. Enfim, ele tenta se concentrar no combate à frente. Werena observou a movimentação de Mick, ainda oculta pelo Manto de Invisibilidade, até vê-lo atirar e conseguir ver o alvo do espião. É Ban zumbificado. Ela fica boquiaberta e sente o peso no coração tendo que revisitar a dolorosa memória do sacrifício do último monge dragão, que agora estava ali assombrando novamente.  Apesar de um momento tenso, seria a oportunidade perfeita de verificar se a bruxa e seu aliado estariam do lado de Turk caso passassem sem problemas. Quando vê o soldado preparando sua arma e pedindo ajuda para a bruxa, ela tem a confirmação que precisaria agir.

— Conto com você. Peço sua benção. Seja como for — Mick pede a bruxa.

— Entregue sua arma – ordena Muma Padurii, ao que Mick prontamente concorda.

A bruxa murmura baixinho sobre a pistola do espião, estalando os dedos por cima enquanto joga um pó esverdeado. Ela dá três voltas ao redor de si mesma, erguendo a arma acima de sua cabeça e abaixo de seus joelhos. Tenuemente, a pistola adquire um brilho fantasmagórico. Muma Padurii aponta a arma para Werena, que se mantinha invisível, fazendo a amazona se assustar, mas a bruxa retrai a arma e a entrega a Mick.

— Agora está pronta. Enfeiticei sua arma.

Sorrateiramente, Mick contorna a Pirâmide e se aproxima mais do guardião, até encontrar uma posição mais estratégica para atirar nele. Confiando que sua mira restaurada sem a maldição de Rasputin lhe daria vantagem num ataque surpresa, ele põe o zumbi na mira. Mas isto também lhe traz um pensamento à cabeça: se Rasputin morreu, sua maldição não teria morrido junto? Será que teria sido engabelado pela bruxa? Até onde ela foi sincera com Mick? Muitas dúvidas afloram na cabeça do espião e isso se reflete na sua concentração. Ele atira em Ban, mas o tiro não acerta o zumbi e o barulho chama atenção para o espião. Ao contrário do que se espera de um morto-vivo, aquele espécime tem movimentos muito rápidos. Werena permaneceu oculta até o avanço de Ban. Apesar de ter aprimorado suas habilidades, ela ainda não é tão resistente e pede a força de suas ancestrais para que seja mais resiliente no momento de aflição.

— Pela lua que clareia a noite, peço a força das ancestrais, para resistir ao mal e às ameaças sobrenaturais – ela murmurou.

Um brilho cintilante demarca sua silhueta, revelando sua posição apenas para os olhos mais atentos e no momento que o monge zumbi faz seu movimento de ataque, ela chama o poder espiritual da lua e seu corpo ganha tenacidade. Mesmo que seu Escudo-Espelho não mais tenha poder sobrenatural, ela o carrega consigo e agora que está reforçada pela magia de Yaci, pôs-se na frente de Ban. O impacto das garras do zumbi no escudo fez com que o Manto da Invisibilidade baixasse, revelando Werena. Ban continuou a golpear, com Werena resistindo bravamente aos golpes.

Mick se assusta com a visão reveladora. Pelos trajes utilizados por Werena e lembrando dos boatos que coletou durante toda a Grande Guerra, aquela é a verdadeira face da lenda do "Capuz Púrpura" que assustava os soldados jotúnicos durante a guerra. Então ele entende de quem se trata. Werena não foi esquecida pelo espião, também estava presente anos atrás quando enfrentaram o Cemitério Vivo.

— Sou uma aliada! Mas não sei quanto tempo posso aguentar! – disse, segurando com força o Escudo e contendo o avanço de Ban.

Antes que Mick reagisse de alguma forma, Muma Padurii agarra-o pelo braço e olha direto em seus olhos.

— Deixe a amazona. Temos que entrar. Os segredos esperam.

Ela arrastou Mick para dentro da Pirâmide. Deixando Werena à própria sorte com o zumbi de Ban, que não cessou o ataque por nenhum momento e não dava sinais de que iria parar até ser derrotado. Swanda e Alexander não enxergavam o que estava acontecendo, pois Werena ainda não havia dado o sinal.

***

Pântano do Diabo, Área de Exclusão, Silvânia.


Viktor ouve atentamente a história do homem que mesmo sem o conhecer, salvou a sua vida. Ele sentiu o desconforto de Marko, o cigano, quando ele contou que Quotar era seu irmão e ao mesmo tempo um lobisomem. O sargento sabia o quanto era ruim sentir a desconfiança das pessoas, ele também estava assim. Demorava muito a confiar em alguém depois de tudo que passou.

— Senhor, perdoe-me pela minha falta de cortesia. Chamo-me Viktor Horvath, sou um sargento da polícia e por forças do destino, somos de certa forma parentes porque também sou descendente de Greuceanu – disse Viktor.

— Então seu sangue é cigano também. Nosso sangue está espalhado por todo o país. Ainda resistimos, mesmo após as invasões dos warábicos do sul, dos russkayanos do oeste, dos jotúnicos do norte e os hesperianos do leste. Nossa nação é o ponto central de um conflito de milênios e já sofreu muito nas mãos de estrangeiros. O pior de todos é esta coisa que se instalou no coração da Pátria e sabe-se lá de onde veio – disse Marko.

— Sempre lutei para que o local onde eu vivesse fosse um local de paz e ordem. Lutando contra o que era errado e isso se manteve na luta que travei contra o Cemitério Vivo, mas não posso aceitar esse mérito sozinho.

— Lutar contra os invasores de nossos campos faz parte de nós, Viktor. Talvez, se você não estivesse na cidade, este horror teria se espalhado por toda nação.

— Sei que sua tradição é lutar contra essas bestas que nos atacaram, mas meu irmão é apenas uma vítima dessa luta, e está tentando sempre lutar do nosso lado. E somos gêmeos e logo temos também da mesma descendência.

— Você tem alma nobre, Viktor, mas desconhece o poder corruptor destas criaturas. Cedo ou tarde, seu irmão ganhará status entre os lobos e se voltará contra você. É apenas uma questão de tempo.

A fala de Marko deixou Viktor pensativo, ele sentia que tinha muito a aprender com esse cigano. Ele tem um histórico de luta contra o crime, mas tudo isso que estava acontecendo era novidade na vida dele e ele poderia morrer com um vacilo, ou pior, poderia se tornar um monstro. Se ao menos ele tivesse a espada de Greuceanu. Viktor sempre acreditou que essa espada fosse uma lenda, mas se tudo que está acontecendo é real, essa espada poderia estar aí em algum lugar e seria uma grande auxílio em sua luta.

— Sou muito grato por tudo o que fez por mim e pelo meu irmão, peço que não deixe seu ódio ancestral falar mais do que sua empatia e que confie em mim e que sejamos uma força conjunta nessa luta.

— Empatia? Veja se aqueles monstros têm empatia – Marko aponta para a matilha de Arranca Peles.

Os lobisomens avançavam contra a carroça. De longe, haviam sentido o cheiro do cigano. Os betas aceitaram a contragosto a nova liderança de Quotar e a pele de Fera Escarlate, que lhe deu o novo nome de honra, intimida bastante a matilha. Era chegada a hora de Zsigmond provar estar apto a liderar a alcateia. Ele só não esperava que seu irmão estivesse aliado ao cigano, principalmente a um daquela família.

— Veja, Arranca Peles! Um Lupin, o Mata Alfas! É a sua grande chance de acabar com esta praga que assola nossa matilha! Vamos trucidá-los!

***

Pirâmide Sombria, Área de Exclusão, Silvânia.


Mick foi arrastado para dentro da Pirâmide pela bruxa Muma Padurii, deixando o problema de passar pelo monge zumbi com a Dama Púrpura. A passagem de entrada lembra um esfíncter com saliências semelhantes a presas que terminam em um canal escuro, oleoso e pulsante, fazendo um caminho ascendente que pode ser percorrido usando-se estreitamentos como degraus. A bruxa levou consigo uma lanterna e entregou a Mick, enquanto ela mesma enxergava no escuro. Tocar naquelas haustras dá a Mick a maior sensação de nojo de sua vida, mas ele é firmemente arrastado pela bruxa.

— Não tenha nojo. Já vamos chegar.

A dupla escala o canal até chegar a uma câmara, onde podem ver cadáveres de uma bruxa, um vampiro e um lobisomem. Estes foram os primeiros exploradores da Pirâmide Sinistra e não conseguiram regressar e nem serem resgatados. Os corpos estão parcialmente digeridos, o que indica que foram atacados por alguma criatura muito grande, visto as marcas que carregam. A câmara tem duas saídas, uma ascendente e outra descendente. A superior é ligeiramente mais estreita, enquanto a inferior é mais larga, mas repleta de pequenos pólipos que se remexem.

— Veja o pingente – Muma Padurii quebra o silêncio.

O pingente de Mick se agita como a ponta de uma bússola, indicando o caminho para cima, quase levitando com uma força que o espião não compreende.

— Aqui nos separamos. Encontre o menir. Traga para baixo. Enfrentarei o monstro. Desconheço a criatura. Mas a subjugarei.

O avalônico não tem muita opção a não ser seguir as ordens da bruxa. Acima, depois de passar pelo canal mais estreito, Mick encontra uma segunda câmara, onde o menir e restos da motocicleta de Swanda repousam. O objeto é guardado por um homem branco que sussurra baixinho, como se conversasse. Outros quatro objetos estranhos estão ao redor do menir, parecem ovos de mais ou menos quinze centímetros, com a casca queratinosa mas também metálica, pulsante como toda a estrutura da pirâmide. O guardião acaricia cada um dos ovos e olha com receio para o menir.

Vencido Roderick, o guardião, Mick pode pegar um dos ovos. Cada um tem um detalhe diferente: um par de asas, um olho, pequenos espinhos e uma cauda com ferrão.

Ao retornar ao caminho seguido por Muma Padurii, Mick precisa passar com um canal cheio de pólipos que tentam agarrá-lo, até finalmente chegar à câmara subterrânea. A bruxa está lutando com um homem, que guarda uma última passagem revestida de presas. Ele está usando uma armadura muito semelhante às cascas dos ovos que Mick viu anteriormente, com grandes chifres retorcidos como se fosse um cabrito montês, mas um grande olho de uma energia desconhecida de Mick está pulsante, assim como olhos menores nas palmas das mãos. A bruxa está ferida, pois está dividida entre a luta contra o guardião e com a abertura da passagem.

— Bom que chegou. Preciso de ajuda. Lute com ele. Abrirei a passagem. Trouxe o menir?


RESOLUÇÃO:


[OBJETIVOS]
• Viktor precisa sobreviver aos lobos, eles atacam com Atitude MED (5-7) e têm Resiliência MED (5-7) também.

• Quotar precisa provar sua liderança entre os lobisomens, matando Marko, que tem Atitude DIF (7-9) e Resiliência MED (5-7).

• Viktor e Quotar podem tentar evitar o confronto com um Feito Social SUP (9-11).

• Werena precisa vencer Ban, que tem Atitude SUP (9-11) e Resiliência DIF (7-9).

• Mick precisa vencer Roderick, que tem Atitude MED (5-7) e Resiliência MED (5-7).

• Para chegar à última câmara, Mick precisa passar pelos pólipos, ND MED (5-7).

• Mick precisa vencer Dastan, que tem Atitude DIF (7-9) e Resiliência SUP (9-11).

• Após Werena vencer Ban, poderá se juntar a Mick contra Roderick, ou passar pelos pólipos e depois ajudar a bruxa contra Dastan. O mesmo vale para Quotar e Viktor, sendo que estes precisam chegar à Pirâmide e passar pelos juncos, um feito de Atitude FAC (3-5) x 3, mas também pode ser encontrado um caminho seguro com Foco SUP (9-11) em que somente um precisa fazer.

[ESFORÇO]
Mick: 05
Quotar: 02
Viktor: 03
Werena: 06

FERIMENTOS
Quotar: -1 Machucado

[TESOUROS]
Marko pode oferecer um dos seguintes itens a Viktor:
• Pé de Coelho: concede +1 em testes que envolvam velocidade.
• Garra de Prata: dá +1 em ataque normais e +2 contra lobisomens.

Somente Quotar:
• Pele Escarlate: dobra o valor dos bônus de lobisomens: Agilidade +2 e Garras +2.
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Mick Fear

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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptySáb Out 08, 2022 1:16 pm

O canal estreito dentro da Pirâmide faz Mick se lembrar daquele tempo se esgueirando pelos dutos de ar na base naval de Hammaburg. Ao chegar à nova câmara, o espião está coberto pelo sangue negro e oleoso o que acabava tornando mais fácil se misturar ao ambiente. Ele vê um homem louco conversando sozinho perto do menir. Um obstáculo entre o soldado e seu objetivo.

Mick tenta permanecer furtivo, aproveitando o corpo coberto de sangue para se misturar às paredes cobertas por aquele óleo negro e não ser visto pelo alvo. Ele saca a arma e respira fundo, tentando se concentrar para não cometer o mesmo erro que tivera ao enfrentar o zumbi lá fora. Ele mira na cabeça de Roderick, para eliminá-lo com um único ataque e não dar a chance de ser atacado.

Caso consiga derrubar o alvo, Mick pega o menir e se depara com os ovos metálicos. "Essa é a prova que preciso levar de volta para Avalon", ele pensa. O espião escolhe pegar o ovo com o símbolo do olho e levar consigo, mas antes de sair da câmara, ele atira nos outros ovos.

Voltando para a sala onde havia se separado da Muma, Mick começa a ir na direção do caminho que ela fora. O espião carrega o ovo em um braço, o menir encaixado no coldre e a arma na mão. Ao dar o primeiro passo para dentro do corredor, ele nota os pólipos se estentendo em sua direção e pula para trás.

— Eu já estou entendendo de magia e vocês não são os primeiros que tentaram me agarrar hoje.

Mick recua, pega uma de suas granadas guardadas na parte de dentro do sobretudo e joga no meio dos pólipos, esperando acabar com eles. Após a explosão, passa pelo corredor com a arma em punhos, atento para atirar caso algum dos pólipos tenha sobrevivido e tente agarrá-lo.

O espião segue em frente e encontra Muma Padurii ferida pelo combate contra o inimigo demoníaco. Mick admira aquela armadura capaz de enfrentar a bruxa, era desse tipo de equipamento que os soldados avalônicos precisavam. Pela semelhança entre a armadura e o ovo que carregava, o bigodudo se pergunta se aquele ovo daria origem a um equipamento daqueles.

— Bom que chegou. Preciso de ajuda. Lute com ele. Abrirei a passagem. Trouxe o menir?

Mick enfia a arma na calça, tira o menir do coldre e entrega para a bruxa.

— Você aí na armadura, já acabou. A pirâmide está cercada, o reforço já está a caminho. Por mais forte que seja, não pode enfrentar tantos adversários. — Ele mostra o ovo que carregava — Seu amigo morreu e você vai ter o mesmo destino se não se render.

O espião tenta intimidar o inimigo só para abaixar sua guarda, sem a intenção de aceitar o rendimento. Ao notar uma abertura, Mick dispara uma serie de tiros rápidos, mirando as balas abençoadas pela bruxa nos olhos pulsantes da armadura e nos espaços do corpo que ela não cobria.

Roderick Resiliência MED (5-7)
Mick: ♣2 + 2♣ (Tiro) -1 (Deficiencia) + 2♣ (Manha) + 1 Esforço = 6

Pólipos ND MED (5-7)
Mick: ♣2 + 2♣ (Tiro) -1 (Deficiencia) + 2 Esforço = 5

Dastan Resiliência SUP (9-11)
Mick: ♣2 + 2♣ (Tiro) -1 (Deficiencia) +2 Manipulação+ 2 Bruxa + 2 Esforço = 9
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Iara Werena

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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptySáb Out 08, 2022 2:00 pm

Os joelhos de Werena começa a tremer diante dos ataques poderosos de Ban, o barulho que o escudo espelho fazia deixaram a amazona ainda mais preocupada, sem a magia que o revestia poderia se quebrar se ela insistisse naquele embate de forças. Mesmo com sua magia de comunhão ativa ela sabia que sozinha não daria conta de deter o monge Dragão e precisaria ser mais esperta para contornar aquela situação. Aprendeu na guerra que recuar antes de fazer um ataque certeiro poderia virar um combate.

Aguardando uma oportunidade ela permanece Resiliente, movendo-se devagar para aproximar-se dos juncos. A cada novo golpe ela dava mais algumas passos, até que puxaria o manto novamente, para se tornar incorpórea. Ban a atravessaria e cairia nos juncos dando tempo suficiente para que ela ative sua invisibilidade e recue. Tomando moderada distância ela assovia, dando o sinal que os vampiros aguardavam para avançar. A moto de Swanda ronca e com Alexander em sua garupa eles avançam pelos juncos e se aproximam da disputa entre a amazona e o monge.

- Swanda! Alexander! SOCORRO! - Werena sinaliza esquivando de mais um golpe - Ele é muito poderoso, mas consigo combinar nossas forças num ataque poderoso!

A dupla de vampiros avançam contra o monge permitindo que Werena assuma uma posição mais segura. Swanda manobra sua motocicleta num cavalo de pau obrigando o monge a dar um salto para trás enquanto Alexander voa sobre ele atacando-o por cima. A amazona sussura uma cantiga ancestral e tece um fio cintilante que sai de seu útero em direção a Swanda e Alexander. Ao encostar neles uma aura com o mesmo brilho brilha de forma intensa conforme Werena se aproxima.

Swanda e Alexander olham um para o outro um tanto espantados, depois de anos noite a dentro experienciando sua não-vida sentiram um calor e acolhimento semelhante a um abraço materno enquanto a aura os envolvia. Diferente de quando absorviam energia vital, recebê-la daquela forma liberava um êxtase diferente. Eles se voltam para o zumbi e num ataque combinado surrando-o com violência. Swanda mostra suas presas e ameaça atacar Ban que é supreendido quando uma névoa se densifica em Alexander atrás dele que brutalmente atravessa o peito do monge com seu soco. Com a outra mão ele agarra a cabeça de Ban e a separa do restante do corpo. O lorde vampiro lança um sorriso sádico enquanto experimenta aquela descarga de poder.

• Vencer Ban:
Atitude SUP (9-11) X 1 ♦ + Misticismo (2 JOK ) + Comunhão (1 JOK ) + Incorpóreo (2 JOK ) + Invisibilidade (2 ♠ ) + Esforço 3 = 11
Resiliência DIF (7-9) X 3 ♣ + Misticismo (2 JOK ) + Sincronia (2 ♠ ) + Vampiro (1 JOK ) + Esforço 1 = 9

O trio penetra no estreito canal que Werena observou Mick e a Bruxa passarem momentos antes. Alertada sobre o perigo de entrar ali ela puxa o manto e torna-se incorpórea e dá graças por não ter que tocar diretamente naquela estrutura grotesca. O óleo jorrado e a textura metálica pulsante causava náuseas na amazona, uma visão pior que os horrores da guerra. Apesar de manterem a cautela o barulho de uma explosão demarca uma urgência em se locomoverem e parte para a câmara onde se deparam com Mick ameaçando o capanga que ela enfrentou anos antes quando resgatou Tyler.

- Swanda, Alexander não posso participar desse combate, mas estarei cobrindo a retaguarda de vocês com minha magia - diz a amazona atrás dos vampiros enquanto volta a tecer o fio de energia táumica conectando-os.

- Mostrarei para essa bruxa o que é realmente poder, venha Swanda! - brada Alexander enquanto torna-se névoa.

Swanda funciona como isca para o ataque de Dastan, ela sibila e assume uma postura defensiva enquanto seu mestre se materializa atrás dele e o agarra impedindo-o que se mova. O inimigo ainda assim mostra-se poderoso então Werena segura com firmeza o fio cintilante e grita cedendo mais energia para os vampiros levando-os a outro acesso de poder e assim permitindo que consigam conter o adversário.

• Vencer Dastan:
Atitude DIF (7-9) X 1♦ + Misticismo (2⭐ ) + Sincronia (2♠ ) + Vampiro (2⭐ ) + 2 Esforço : 9
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Quotar

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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptySeg Out 10, 2022 11:05 pm

Quotar se sentia seguro de si pela primeira vez na vida,agora portava com altivez o manto que um dia fora o Fera Escarlate, todos ali lhe deviam respeito e temor. Ergueu-se altivo e encarou sua matilha. Porém, antes que pudesse falar algo, o cheiro do cigano chegou até a nariaa dos lobos. O instinto assassino tomou conta de seus corpos e eles partiram em direção à carroça onde estava seu irmão e o estranho que os ajudara.
— Veja, Arranca Peles! Um Lupin, o Mata Alfas! É a sua grande chance de acabar com esta praga que assola nossa matilha! Vamos trucidá-los!- Gritou um dos betas.
Mas Quotar estava sem reação, seu irmão estava ao lado do cigano, segurando um objeto com seu punho erguido, algo de grande poder.
- ESPEREM! - O poder do alfa entoou em sua voz, o timbre estava diferente, era como 10 mil vozes de comando falassem em uníssono através da sua, como se todos aqueles que já foram alfa naquela matilha ordenassem junto a ele.
- Meu irmão acompanha o homem, veremos o que ele tem a oferecer em troca de sua vida.-
Zsigmond era Alfa a apenas alguns segundos e já dava uma ordem complexa e que causou desconforto a matilha, mas aquela seria sua prova , não era um simples animal, não poria sua vida em risco nem que isso significasse o fim de sua própria.

Evitar o confronto:
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Viktor Horvath

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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptySex Out 14, 2022 4:14 pm

— Empatia? Veja se aqueles monstros têm empatia – Marko aponta para a matilha de Arranca Peles.

Viktor fica olhando por algum tempo sem conseguir raciocinar. Esta viagem e tudo que aconteceu até agora foi para conseguir a ajuda da alcateia dos lobisomens ´para a luta contra os mortos vivos e agora eu sinto que mesmo o meu irmão sendo o novo líder, há uma hostilidade no grupo.

— Será possível que terei que lutar contra meu próprio irmão? – comenta em voz alta o sargento ainda sem entender.

— Tome isso soldado, irá te ajudar caso a minha versão da história esteja mais correta que a sua. – E dizendo isso, Marko entrega para uma arma para Viktor. – Essa é a garra de preta. Uma ótima forma de ver se há bondade no interior do coração desses monstros. Há há há.

Viktor olha para sua arma e sente muito poder e medo na decisão que pode tomar. Ele sempre foi pacifico e queria que tudo fosse resolvido da melhor maneira possível. E mesmo sem esperança, vai tentar. Ele saiu de um local tranquilo para um inferno, depois foi para um paraíso e por senso de justiça voltou para o inferno para abraçar o capeta. Ele já perdeu sua cidade, perdeu sua casa, perdeu seu cachorro, perdeu seus amigos e companheiros da polícia, perdeu a companhia de uma bela mulher e agora só lhe resta o juízo e esse ainda está fragmentado.

— Não há esperança em mim, me sinto como um rato que caiu numa tina cheia de leite. E por isso, não posso desistir. Se o rato na tina do leite não parar de tentar fugir, não vão fazer do leite manteiga e achar a sua fuga. – E pensando no discurso que fez, Viktor da uma risada pra si mesmo. — Acho que daqui pra frente essa deve ter sido minha última risada.

Caminhando até a borda da carroça ele ergue a sua nova arma e grita para os lobos ouvirem.

— Senhores. Estou buscando falar com a parte hominídea de cada um de vocês. Busco a parte racional de cada um e clamo pela ajuda de vocês. Sei que são mais do que feras selvagens. Irmão. Viemos para esse inferno para buscar ajuda dos homens que vestem a pele de lobos para a nossa causa. Foi com esse propósito que saímos do paraíso e aqui estamos. — e enchendo o pulmão de ar, Viktor baixa a arma e aponta para cada um deles. — Não sou mais forte que o bando de vocês, mas me atrevo a dizer que pelo menos um eu vou matar. Pense aí que esse pode ser você que está me ouvindo. Vale a pena dar a sua vida por uma investida sem proposito? Vocês são cães correndo atras das rodas das carroças? Não estou pedindo para vocês abandonarem a parte fera de vocês, mas sim não serem só isso. Vamos avançar até a pirâmide maldita. Lá que se encontra os nossos inimigos. Ajudem-me a encontrar o caminho e sejamos uma força conjunta.

E com a garganta seca e com a alma cheia de esperança, Viktor com a garra de prata em mãos aguarda o resultado que o destino fará.

— Que os deuses tenham um bom destino para mim. Esses foram meus últimos esforços.

Evitar o confronto:
1 ♥ + código de honra (1) + garra de prata +(1) + 03 de esforço+ 1xp

Caso o primeiro der certo:
Encontrado um caminho seguro com Foco SUP (9-11).
1 ♣ + código de honra (1) + ajuda dos lobisomens
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MensagemAssunto: Re: Episódio 02 - Retorno Sombrio   Episódio 02 - Retorno Sombrio EmptyQua Out 19, 2022 4:45 pm

CENA FINAL

Pântano do Diabo, Área de Exclusão, Silvânia.

Quotar se sente seguro de si pela primeira vez na vida. Agora, porta com altivez o manto que um dia fora o Fera Escarlate. Com todos ali lhe devendo respeito e temor, ergueu-se altivo e encarou sua matilha. Porém, antes que pudesse falar algo, o cheiro do cigano chegou até as narinas dos lobos. O instinto assassino tomou conta de seus corpos e eles partiram em direção à carroça onde estava seu irmão e o cigano Marko.

— Veja, Arranca Peles! Um Lupin, o Mata Alfas! É a sua grande chance de acabar com esta praga que assola nossa matilha! Vamos trucidá-los! - Gritou um dos betas.

Quotar estava sem reação, seu irmão estava ao lado do cigano, segurando um objeto com seu punho erguido, algo de grande poder.

— ESPEREM!

O poder do alfa entoou em sua voz, o timbre estava diferente, era como se dez mil vozes de comando falassem em uníssono através da sua, como se todos aqueles que já foram alfa naquela matilha ordenassem junto a ele. Os lobisomens beta cessaram o avanço, dando ouvidos ao Arranca Peles.

— Meu irmão acompanha o homem, veremos o que ele tem a oferecer em troca de sua vida.

Zsigmond era Alfa a apenas alguns segundos e já dava uma ordem complexa e que causou desconforto a matilha, mas aquela seria sua prova , não era um simples animal, não poria sua vida em risco nem que isso significasse o fim de sua própria. Os betas entreolhara-se e disseram somente uma palavra.

— NÃO!

— Não? – Quotar questionou, incrédulo, diante do motim à sua frente.

— Não! Aquele é um inimigo jurado de nossa espécie. Não iremos negociar com aquele caçador. E se seu irmão se interpuser entre nós, será nossa presa também.

O bando de lobisomens avançou contra a carroça de Marko Lupin. No veículo, ele e Vikto perceberam o avanço da matilha, agitada e sedenta de sangue. Uivando e saltitando nas quatros patas, chegariam muito rápido à dupla. Os dois tiveram pouco tempo para traçar uma estratégia. Viktor fica olhando por algum tempo sem conseguir raciocinar. Esta viagem e tudo que aconteceu até agora foi para conseguir a ajuda da alcateia dos lobisomens para a luta contra os mortos vivos e agora ele sente que mesmo o seu irmão sendo o novo líder, há uma hostilidade no grupo.

— Será possível que terei que lutar contra meu próprio irmão? – comenta em voz alta o sargento ainda sem entender.

— Tome isso, soldado. Irá te ajudar caso a minha versão da história esteja mais correta que a sua. –  Marko entrega para uma arma para Viktor. – Essa é a Garra de Prata. Uma ótima forma de ver se há bondade no interior do coração desses monstros. Ha ha ha.

Viktor olha para a arma e sente muito poder e medo na decisão que pode tomar. Ele sempre foi pacífico e queria que tudo fosse resolvido da melhor maneira possível. E mesmo sem esperança, vai tentar. Ele saiu de um local tranquilo para um inferno, depois foi para um paraíso e, por senso de justiça, voltou para o inferno para abraçar o capeta. Ele já perdeu sua cidade, perdeu sua casa, perdeu seu cachorro, perdeu seus amigos e companheiros da polícia, perdeu a companhia de uma bela mulher e agora só lhe resta o juízo e esse ainda está fragmentado.

— Não há esperança em mim, me sinto como um rato que caiu numa tina cheia de leite. E por isso, não posso desistir. Se o rato na tina do leite não parar de tentar fugir, não vão fazer do leite manteiga e achar a sua fuga. – E pensando no discurso que fez, Viktor dá uma risada para si mesmo. — Acho que daqui pra frente essa deve ter sido minha última risada.

Caminhando até a borda da carroça ele ergue a sua nova arma e grita para os lobos ouvirem. Eles imediatamente param quando veem a arma de prata.

— Senhores. Estou buscando falar com a parte hominídea de cada um de vocês. Busco a parte racional de cada um e clamo pela sua ajuda. Sei que são mais do que feras selvagens. Irmão, viemos para esse inferno para buscar ajuda dos homens que vestem a pele de lobos para a nossa causa. Foi com esse propósito que saímos do paraíso e aqui estamos. — E enchendo o pulmão de ar, Viktor baixa a arma e aponta para cada um deles. — Não sou mais forte que o bando de vocês, mas me atrevo a dizer que pelo menos um eu vou matar. Pense aí que esse pode ser você que está me ouvindo. Vale a pena dar a sua vida por uma investida sem proposito? Vocês são cães correndo atrás das rodas das carroças? Não estou pedindo para vocês abandonarem a parte fera de vocês, mas sim não serem só isso. Vamos avançar até a pirâmide maldita. Lá que se encontram os nossos inimigos. Ajudem-me a encontrar o caminho e sejamos uma força conjunta.

E com a garganta seca e com a alma cheia de esperança, Viktor com a garra de prata em mãos aguarda o resultado que o destino fará. Os lobisomens betas se entreolham mais de uma vez. Aos poucos, risos contidos vão aumentando de intensidade.

— He.

— He. He.

— Hehehe. He.

— HE.

— HE. HE.

— HEHEHE. HE.

— HEHEHEHEHE.

— HEHEHEHEHEHEHEHEHEHEHE.

Viktor e Marko ficam sem entender o motivo das risadas, mas o cigano já prepara a arma em sua mão.

— Você fala igual ao seu irmão. He. He. Uivo Fino. He. He. Não sabemos como ele conseguiu vencer o Alfa, mas não serve como um. Lhe falta ódio. E isso nós temos de sobra. Ódio de vocês!

As risadas dos lobisomens se tornam rosnados e uivos. Quotar espera o pior e avança para acudir o irmão. A matilha derrubou a carroça, o que quer que tenha envenenado Cyandar seria imprestável contra eles. Os cavalos foram destrinchados para que o cigano não pudesse fugir, então se focaram nos humanos. Como Viktor bem avisou, estava preparado para tirar a vida de um dos lobisomens, mas esta jornada toda o enfraqueceu tanto que não conseguia se esforçar para mais nada. A coisa piorou quando seus delírios sobre os mortos-vivos voltaram e ele se viu sendo atacado não só pelas feras, mas também por Marko, agora zumbificado. Seu pavor pelos zumbis é mais forte que pelos lobos e sua devoção em acabar com eles falou mais alto. Marko estava prestes a esfaquear um dos lobisomens, quando sentiu a lâmina da Garra de Prata penetrar-lhe entre as costelas. Ele recuou e abriu a guarda para ter um braço arrancado pelas mordidas de dois lobisomens ao mesmo tempo. Seu braço foi jogado de um lobisomem para outro como se fosse um brinquedo. O braço do cigano se tornaria uma relíquia entre a matilha. Enquanto os dois lobisomens brincavam entre si, um terceiro apenas assistiu Viktor esfaquear Marko repetidas vezes.

— Por que está fazendo isso comigo?

— Morre, desgraçado! Você acabou com a paz em minha cidade! Infectou todo o meu povo! Não descansarei até acabar com todos os zumbis!

— Viktor – Marko tentou trazê-lo à luz, cuspindo sangue – Eu não sou um zumbi...

Então o silvano caiu em si e cessou os ataques. O sangue cigano em suas mãos serviu de prova para a consciência de Viktor. O lobisomem só riu.

— Maluquinho!

E saltou sobre o delegado de Sfantu Greuceanu, mordendo-lhe a jugular e lhe dando uma morte rápida. Quotar chegou exatamente nesta hora, também estava exaurido desta jornada. Seu último esforço foi convencer a matilha a não atacar. Sem sucesso. Só teve forças para uivar e espantar a matilha com a autoridade de Alfa que eles ainda respeitam. Os lobisomens fugiram, brincando com o braço de Marko. E rindo. Zsigmond deixou a forma de lobo, segurou o irmão em seus braços, ouvindo suas últimas palavras.

— Que os deuses tenham um bom destino para mim, irmão. Esses foram meus últimos esforços.

Os olhos de Viktor fecharam e Zsigmond chorou copiosamente, ergueu o pescoço para cima e uivou, de olhos fechados. Em sua dor, não percebeu que Marko ainda vivia. O cigano retirou a Garra de Prata de suas costelas e cortou a garganta do Arranca Peles, que gorgolejou em seu próprio sangue. Zsigmond levou a mão ao seu pescoço, incrédulo pelo golpe repentino.

— Malditos sejam todos os lobisomens!

Quotar caiu desfalecido, seus olhos mirando os de Viktor. Um triste fim para os gêmeos Horvath. Marko se arrastou, procurando abrigo no que sobrou da carroça. O cheiro de sangue iria atrair os zumbis a qualquer momento. Não tinha muito o que fazer e se preparou para o pior quando viu uma movimentação próxima. De trás de arbustos secos, viu um jovem sair de seu esconderijo. Assustados, ele se aproximou e chutou o lobisomem.

— Ele? Ele está morto?

— Por Greuceanu! Sim!

— E este aí? Eu acho que lembro dele, de Sfantu Greceanu, antes de tudo isto se transformar como está agora.

— Também, infelizmente...

— E o senhor? Perdeu muito sangue. Como posso ajudá-lo?

— Estou além de qualquer ajuda, meu jovem. E é melhor você se afastar. Logo, os desmortos serão atraídos pelo sangue. Aqui não é um lugar seguro.

— Acho que nenhum lugar aqui é seguro, senhor.

— Você é sensato. Poderia fazer um favor para este pobre moribundo?

— O que eu puder fazer para confortá-lo, senhor.

— Corte a cabeça fora. A minha e a deste homem. Não há mais desonra do que dois filhos de Greuceanu alimentando as fileiras de zumbis.

— Senhor...

— Por favor, faça.

O rapaz levantou-se e usou a faca para separar a cabeça de Viktor de seu corpo. Ele não entende direito para que isto serviria e não se sente nada em paz por manipular um cadáver. E pensar que deveria decapitar aquele homem ainda vivo lhe fazia mal.

— Só mais uma coisa. Leve esta arma. É uma arma sagrada para meu povo e não pode se perder aqui. Leve também a pele que aquele maldito veste. É um item muito importante para eles, mas que pode servir como uma arma contra esses malditos no futuro.

— Farei isto, senhor. Preparado?

— Sim. Só uma última coisa. Qual o seu nome, meu bom jovem?

— Nestas terras, me chamam de Stan, senhor, mas nome verdadeiro é Franklin.

Disse antes que o fio da lâmina rasgasse o pescoço de Marko. Franklin fez o sinal da cruz e ensaiou cavar uma cova para cada um dos mortos, até que ouviu os gemidos característicos dos zumbis se aproximando.

— Sinto muito por não lhes dar um funeral digno, senhores. Se ficar, quem precisará de um sou eu. Agora vejamos, se eu bem conheço o chefe, ele foi para aquela pirâmide esquisita.

Franklin arrumou suas coisas e partiu em direção onde espera encontrar Mick Fear.

***


Pirâmide Sinistra, Área de Exclusão, Silvânia.

Os joelhos de Werena começam a tremer diante dos ataques poderosos de Ban. O barulho que o Escudo-Espelho fazia deixou a amazona ainda mais preocupada, afinal, sem a magia que o revestia poderia se quebrar se ela insistisse naquele embate de forças. Mesmo com sua magia de comunhão ativa, ela sabe que sozinha não dará conta de deter o Monge Dragão e precisa ser mais esperta para contornar aquela situação. Aprendeu na guerra que recuar antes de fazer um ataque certeiro poderia virar um combate.

O corpo morto-vivo de Ban é bem diferente dos zumbis que Werena enfrentou anteriormente, o que a leva a crer que este cadáver é alguma outra coisa, mais poderosa. Ainda porta o Medalhão do Relâmpago, item de seu clã original, mas Werena não viu sinal do Cinturão da Força que o monge conquistou anos antes, um artefato-irmão de seu Escudo-Espelho, segundo as histórias que Yaset contava. Yaset. Depois que ela sumiu, tudo degringolou. Os artefatos perderam os poderes. Ban faleceu. Nick e Tyler sumiram. John Turk reapareceu e invocou este demônio guardado na Pirâmide Sombria, transformando toda uma região numa área de exclusão. Dependendo do que encontrasse lá dentro, teria de procurá-la. Seu surgimento parece estar relacionado a todos esses eventos e não deixa de ser responsabilidade. Três já se passaram desde seu desaparecimento e Werena se pergunta como deve estar o pequeno Ya-Bel.

Seus pensamentos são interrompidos com as pancadas dos punhos mumificados de seu antigo companheiro. Não fosse a magia de Comunhão com Yaci, talvez seu artefato já tivesse se partido em dois. Werena permaneceu resiliente ao avanço do morto-vivo, movendo-se devagar para aproximar-se dos juncos. A cada novo golpe ela dá mais alguns passos, até que se aproxima o suficiente de seu intento. A amazona puxou o manto novamente, para se tornar incorpórea. Ban a atravessou e caiu nos juncos. Quando ele pisou sobre as plantas, foi agarrado pelas folhas. Gavinhas se desenrolam e amarram firmemente o corpo zumbificado ao chão, recobrindo-o de ramas. Ele se debateu, ao mesmo tempo que é corroído pelas enzimas digestivas secretadas pelas plantas.

Isto deu tempo suficiente para que Werena ative sua invisibilidade e recue. Tomando moderada distância, ela assobia, dando o sinal que os vampiros aguardavam para avançar. A moto de Swanda ronca e, com Alexander em sua garupa, eles avançam pelos juncos para se aproximar da disputa entre a amazona e o monge. Ban soltou-se dos juncos. Mesmo sendo um morto-vivo, conseguiu acessar os poderes do Medalhão, eletrocutando e queimando uma área circular em torno de si, destruindo esta parte dos juncos. Ele se levantou e encarou Werena. Rápido como um raio, chegou em instantes à sua adversária.

— Swanda! Alexander! SOCORRO! – Werena sinaliza esquivando de mais um golpe — Ele é muito poderoso, mas consigo combinar nossas forças num ataque poderoso!

A dupla de vampiros avançou contra o monge. A motociclista saltou com seu véiculo sobre o morto-vivo, fazendo o pneu traseiro da moto deixar um rastro de borracha nas costas de Ban, permitindo que Werena assuma uma posição mais segura. Swanda manobra sua motocicleta num cavalo de pau, obrigando o monge a dar um salto para trás, enquanto Alexander voa sobre ele, em sua forma de névoa, atacando-o por cima. A amazona sussurra uma cantiga ancestral e tece um fio cintilante que sai de seu útero em direção a Swanda e Alexander. Ao encostar neles uma aura com o mesmo brilho resplandeceu de forma intensa conforme Werena se aproxima.

Swanda e Alexander olham um para o outro um tanto espantados, depois de anos noite a dentro experienciando sua não-vida, sentiram um calor e acolhimento semelhantes a um abraço materno, enquanto a aura os envolvia. Diferente de quando absorviam energia vital, recebê-la daquela forma liberou um êxtase diferente. Este sentimento faz Alexander nutrir um interesse maior em Werena. De alguma forma, ele terá de se apropriar dos poderes da amazona, mesmo que contra a sua vontade. Primeiro, se mostraria um aliado útil a Werena, depois, pensaria em alguma forma de conquistá-la.

O trio se volta para o zumbi e num ataque combinado. Swanda mostra suas presas e ameaça atacar Ban, mas ele é surpreendido quando uma névoa se densifica em Alexander atrás dele. O vampiro preparou seu braço para atravessar brutalmente o peito do monge com um soco, mas a velocidade de Ban é mais rápida que a condensação de Alexander. Antes do vampiro se reintegrar, o dragão invocou o poder elétrico do Medalhão, eletrocutando a névoa e o transformando em uma mini tempestade. Pequenos relâmpagos se dispersaram pela nuvem, com clarões aleatórios, fazendo o vampiro se contrair cada vez que uma parte sua se solidifica. Preso em sua própria estratégia, Alexander feriu-se e gotas de sangue vampírico choveram daquela pequena nuvem. Um estrondo mais forte foi ouvido quando Ban atirou um raio contra Alexander, percorrendo o cordão umbilical que o une a Werena e esta a Swanda, eletrocutando ambas.

Com suas aliadas caídas, Alexander vislumbrou uma oportunidade de se mostrar poderoso e impressionar Werena. Controlou a nuvem eletrificada e penetrou o corpo do zumbi pelas narinas. A resistência de Ban aos relâmpagos fez com que os raios se dispersassem e isto permitiu que o vampiro tomasse o controle de sua forma de névoa. Uma mão arrombou o peito do monge de dentro para fora, abrindo um buraco que deixou a névoa escapar e se solidificar à sua frente. Retomado o controle de seu corpo, Alexander agarrou a cabeça de Ban e a separou do restante do corpo. O lorde vampiro lança um sorriso sádico enquanto experimenta aquela descarga de poder. Antes que o corpo caísse, porém, Werena pode vislumbrar uma silhueta fantasmagórica esticando o braço em sua direção. A silhueta de um monge draconiano. Por leitura labial, ela reconheceu seu nome sendo pronunciado.

A amazona se levantou na direção da aparição, mas se dispersou entre os autoelogios que Alexander dá para si mesmo.

***

Interior da Pirâmide Sinistra, Área de Exclusão, Silvânia.

Dentro da Pirâmide, o canal estreito faz Mick se lembrar dos tempos se esgueirando pelos dutos de ar na base naval de Hammaburg. Ao chegar à nova câmara, o espião está coberto pelo sangue negro e oleoso, o que acabava tornando mais fácil se misturar ao ambiente. Ele vê um homem louco conversando sozinho perto do menir. Um obstáculo entre o soldado e seu objetivo.

— Temos de esperar um deles nascer – diz o homem, com um sotaque westerno.

— Sim, se conseguirmos dois – ele responde a si mesmo, num sotaque warábico —  Poderemos finalmente desfazer essa aliança!

— Não há nada que eu queira mais que isso, beibe – respondeu a primeira voz.

Mick permaneceu furtivo, aproveitando o corpo coberto de sangue para se misturar às paredes cobertas por aquele óleo negro e não ser visto pelo alvo. Ele saca a arma e respira fundo, se concentrando para não cometer o mesmo erro que tivera ao enfrentar o zumbi lá fora. Ele mira na cabeça de Roderick, para eliminá-lo com um único ataque e não dar a chance de ser atacado. Com um único disparo, Mick atinge a cabeça de Roderick, dividindo-a em duas. O corpo se levanta e as duas metades da cabeça começam a brigar entre si. Parte direita tentando sufocar a esquerda e vice-versa. Roderick rodeia o próprio corpo e a disputa entre as duas metades faz com que o corpo perca a coordenação, levantando e caindo diversas vezes. As metades estão tão entretidas em controlar o corpo que não percebe a silhueta de Mick nas paredes oleosas.

— O que aconteceu?

— Eu não sei!

— O que aconteceu?

— Eu não sei!

Assustado com o que vê, e aproveitando a briga “interna” de Roderick, Mick pega o menir. Ele pensa em dar cabo do sujeito, mas aquilo poderia atrasá-lo e uma briga neste momento pode lhe custar recursos que precisará quando penetrar mais fundo na Pirâmide. Até que se depara com os ovos metálicos.

"Essa é a prova que preciso levar de volta para Avalon", ele pensa.

O espião escolhe pegar o ovo com o símbolo do olho e levar consigo, mas antes de sair da câmara, ele atira nos outros ovos. Roderick finalmente o vê, mas, enquanto metade quer persegui-lo, metade quer tentar resgatar os ovos.

— Temos que pegá-lo!

— Temos de salvar os ovos!

— Mas ele os destruiu!

— Mas precisamos tentar!

— Não!

— Sim!

Mick deixa o louco para trás, voltando para a sala onde havia se separado da Muma, e segue na direção do caminho que ela fora. O espião carrega o ovo em um braço, o menir encaixado no coldre e a arma na mão. Ao dar o primeiro passo para dentro do corredor, ele nota os pólipos se estendendo em sua direção e pula para trás.

— Eu já estou entendendo de magia e vocês não são os primeiros que tentaram me agarrar hoje.

Mick recua, pega uma de suas granadas guardadas na parte de dentro do sobretudo e joga no meio dos pólipos, esperando acabar com eles. Após a explosão, passa pelo corredor com a arma em punhos, atento para atirar caso algum dos pólipos tenha sobrevivido e tente agarrá-lo. Como suspeitou, Mick precisou dar mais alguns tiros, pois a explosão não foi suficiente para acabar com todos. E à medida que um pólipo era destruído, outros dois cresciam.

— Isso parece a Hidra de Lerna!

— É por isso que o senhor precisa de um Hércules, chefe.

Mick olha para trás e vê Franklin usando a Pele Escarlate como o herói grego usava a pele do Leão de Nemeia. Em vez de um tacape, no entanto, carrega uma adaga prateada. Mick se alegra ao vê-lo e fica curioso do que aconteceu com seu parceiro durante este tempo em que ficaram separados.

— Sei o que está pensando, chefe, há muito o que contar, mas prefiro fazer isso na mesa de um bar. O que precisa saber agora é que talvez esta arma nos auxilie a passar por este… intestino?

Franklin atacou os pólipos. Embora alguns lhe acertassem, a Pele Escarlate o protegia. Como esperado, a lâmina da Garra de Prata tem um efeito cauterizante nos pólipos, impedindo-os de crescerem. Com algum esforço, o soldado pouco a pouco abre caminho, até se ver livre de todos os tentáculos.

— Viu, chefe? Eu disse que daria cert…

Um último pólipo levou mais tempo para crescer, passando despercebido de Franklin quando ele se virou para falar com Mick. O rapaz empalideceu quase instantaneamente, mas conseguiu cortar o pólipo antes de desmaiar. O espião o acudiu antes que caísse.

— Desculpe, chefe…

— Você foi perfeito, Franklin. Vamos procurar um lugar seguro para você ficar.

Mick arrastou o rapaz até um túnel curvo sem saída. Pelo que entendeu, aquele ainda estava em construção ou talvez não tivesse mais serventia, mas serviria como porto seguro para Franklin.

— Fique aqui e se mantenha seguro. Eu volto logo, provavelmente com ajuda.

O espião segue em frente e encontra Muma Padurii ferida pelo combate contra o inimigo demoníaco. Mick admira aquela armadura capaz de enfrentar a bruxa, era desse tipo de equipamento que os soldados avalônicos precisavam. Pela semelhança entre a armadura e o ovo que carregava, o bigodudo se pergunta se aquele ovo daria origem a um equipamento daqueles.

— Bom que chegou. Preciso de ajuda. Lute com ele. Abrirei a passagem. Trouxe o menir?

Mick enfia a arma na calça, tira o menir do coldre e entrega para a bruxa. Ela sorri e rasga a parede que muda sua configuração, mais parecida com uma fina membrana. Com o buraco feito, Muma Padurii enfia as duas mãos e termina por rasgar a membrana, com tamanho suficiente para que ela passe, gargalhando e deixando Mick para trás. Ele encara o soldado de armadura, estudando a melhor forma de vencê-lo.

— Você aí na armadura, já acabou. A pirâmide está cercada, o reforço já está a caminho. Por mais forte que seja, não pode enfrentar tantos adversários. — Ele mostra o ovo que carregava — Seu amigo morreu e você vai ter o mesmo destino se não se render.

— Impossível! Não deveriam ter vindo aqui! Ele vai transformar todos vocês em…

Dastan interrompe a fala. Seus chifres brilham com uma luz vermelha e um olho de energia é formado entre eles. Ele abaixa a cabeça e dá a oportunidade que Mick anseia. O espião esperava apenas que ele abaixasse sua guarda. Ao notar uma abertura, Mick dispara uma série de tiros rápidos, mirando as balas abençoadas pela bruxa nos olhos pulsantes da armadura e nos espaços do corpo que ela não cobria. Mas tudo foi em vão. Nem as balas abençoadas de Muma Padurii puderam penetrar aquela armadura. É um item formidável e uma grande aquisição para Avalon. Mais do que nunca, Mick espera sair vivo desta. Quando Dastan levanta a cabeça, seu timbre de voz é nitidamente diferente.

— Não tenho amigos, apenas meu senhor. Espero que seu reforço esteja mesmo a caminho, serão integrados aos nossos exércitos de mortos-vivos!

Mick engole em seco. Se as balas abençoadas foram incapazes de feri-lo, como poderia ser vencido?

Enquanto isso, o trio formado por Werena, Alexander e Swanda penetra no estreito canal que Werena observou Mick e a Bruxa passarem momentos antes. O barulho de uma explosão demarca uma urgência em se locomoverem. Alertada sobre o perigo de entrar ali, ela puxa o manto e torna-se incorpórea e dá graças por não ter que tocar diretamente naquela estrutura grotesca.

— Espere, Werena – Alexandre fala — Você sabe que mortais não podem entrar aí. Uma aura rejeita a entrada de qualquer um que não seja um amaldiçado.

— Sim, eu sei – Werena responde, com um leve sorriso.

Alexander cruza os braços, à espera da rejeição da Pirâmide, como aconteceu com diversos antes, mas se surpreende por Werena ser capaz de entrar. Ele ainda ergue o indicador, pensando em falar algo, mas desiste. Swanda só ri da expressão de seu senhor. O óleo jorrado e a textura metálica pulsante causam náuseas na amazona, uma visão pior que os horrores da guerra. O trio se depara com a bifurcação e ouve um lamento do túnel superior, mas os barulhos de tiros na passagem inferior lhes dá o sentimento de urgência. Eles passam pelos pólipos cauterizados por Franklin e não percebem a passagem escondida onde o rapaz está e chegam à câmara onde se deparam com Mick ameaçando o capanga que ela enfrentou anos antes quando resgatou Tyler.

— Swanda, Alexander, não posso participar desse combate, mas estarei cobrindo a retaguarda de vocês com minha magia – diz a amazona atrás dos vampiros, enquanto volta a tecer o fio de energia táumica conectando-os.

— Mostrarei para essa bruxa o que é realmente poder, venha Swanda! – brada Alexander, enquanto se torna névoa.

— Espera, cadê a bruxa? – Questiona a vampira.

Dastan caminha decididamente em direção a Mick, com as duas mãos espalmadas em sua direção. O espião revidou disparando, mas seus tiros não surtem qualquer efeito. As mãos do Acólito brilham mais intensamente, mas Mick é agarrado por Swanda num salto.

— Humm… Cheiro de chá no seu sangue. É avalônico?

Swanda deixa Mick fora do alcance de Dastan e sibila, atraindo-o como isca e assume uma postura defensiva, enquanto seu mestre se materializa atrás dele e o agarra impedindo-o que se mova. O olho entre os dois chifres vira-se em meia volta e mira diretamente no rosto de Alexander, queimando-o como fogo.

— AAHHHHHH!

Alexander solta Dastan segurando o rosto com as duas mãos, ainda fumegante. Liberto, o Acólito dispara contra Swanda, atingindo-a nas pernas. Ela cai para trás, segurando os ferimentos, também saindo fumaça deles. Ela se vira para Mick e grita.

— FOGE!

O inimigo mostra-se mais poderoso do que o esperado. Em pouco tempo, feriu Alexander e Swanda. Mick foge e se refugia com Werena. Segurando-a nos ombros, dando-lhe apoio. Então Werena segura com firmeza o fio cintilante e grita cedendo mais energia para os vampiros, levando-os a outro acesso de poder.

— Terei de mudar de tática – diz Swanda, com a energia renovada por Werena.

Dastan se aproxima perigosamente da vampira e Swanda apenas olha para ele com ternura. O inimigo para e se sente estranho. Há muito tempo não nutre sentimento algum por ninguém e aquela vampira lhe parece tão frágil, tão necessitada de ser protegida, tão bela!

— O que você está fazendo comigo? – a voz de Dastan voltou ao habitual — Você é… minha amiga?

O Acólito cessa seu ataque. O olho entre os chifres se desfaz e suas feições tornam-se amigáveis. Alexander levanta pronto para atacá-lo, mas Swanda gesticula para que ele não se mova.

— Sim, sou sua amiga. Por que você não vem comigo e meu mestre? Poderemos ser todos amigos, o que acha? Deixar este lugar sujo e sombrio…

— Sim, eu vim de uma terra de luz e areia. É para onde eu deveria voltar…

— Claro! Podemos ajudá-lo com isso. Ou melhor, levá-lo para conhecer outros como nós. Fazer parte de nosso clã, de nossa família!

— Isso seria muito bom. Eu me sinto tão sozinho!

— Não tem mais ninguém neste lugar?

— Temos um lacaio que está na outra câmara, mas ele é louco.

— E ali, adiante? – Swanda aponta para a passagem utilizada por Muma Padurii.

— NÃO! Não devem passar! Não devem incomodá-lo! Ele vai lhes fazer de escravos!

— Ele quem?

— Ele!

Dastan aponta para a passagem se abrindo. Dela, sai uma figura conhecida por Mick, sua aliada bruxa Muma Padurii. Ela tem uma expressão satisfeita e faz carinho na barriga. Está acompanhada de um homem de feições warábicas marcantes. Este é bem conhecido de Werena: John Turk. A amazona se levanta, mas é impedida por Mick. Ele percebe que está está exaurida e, de onde os dois estão, podem fugir estrategicamente.

— Espere, vamos ouvir o que eles têm a dizer. Além disso, estamos muito fracos.

Muma Padurii passeia na câmara, com uma satisfação que deixa todos muito apreensivos. Aquele foi o plano dela o tempo todo. Sabia que não poderia simplesmente enfrentar Ganância dentro da Pirâmide, então, se não podia vencê-lo, por que não se juntar a ele? Quando soube das influências nefastas que o mago John Turk, ainda sob a alcunha de Petre Hoffmeister no hospital de Sfantu Greuceanu, traçou um plano de contingência para obter poder dele. Os dois firmaram um acordo e ele revelou um ritual para transformar o país numa região assolada, só precisaria de um círculo mágico para definir a extensão de seu reino. Quando Mick a procurou, ela observou que ali estava um grande aliado, afinal, bastava manipulá-lo para que ele colocasse o menir no centro da área onde ela não poderia entrar, enquanto ela mesma definiria a fronteira. Agora que tudo havia sido feito e Ganância já tem um corpo próprio, veio cobrar sua parte no trato: copular com o demônio. Da união macabra entre ele e a bruxa, nasceria a mais poderosa das bruxas de todos os tempos. Sua filha. E, devendo obediência à mãe, seria a arma ideal para se tornar a líder das bruxas e tomar o lugar de Baba Yaga em Russkaya, agora que Rasputin não é mais uma ameaça.

— Bruxa! – grita Swanda — Isto tudo é armação sua! Estava na minha cara o tempo todo! Aquele espetáculo com o menir, o avalônico. Eu não acredito que também fui feita de fantoche!

— Eu só tenho necessidade de ser mãe, defunta! E agora poderei realizar meu sonho!

— Espera – Alexander interrompe — Se você é mãe, quer dizer que vocês dois…

— Não! Não comigo – John Turk revela uma expressão de certo nojo — Com ele!

A membrana se abre, revelando uma criatura cônica de pele rugosa, como se fosse casca de árvore, a criatura se movimenta com minúsculos pés na base do cone, muito semelhantes a pés de estrelas-do-mar e seus membros superiores mais parecem com cinco tentáculos. O maior deles termina em uma saliência como uma cabeça, onde está encaixada uma máscara do mesmo material do ovo que Mick roubou ou da bioarmadura de Dastan. Os demais quatro tentáculos não são desenvolvidos, como se ainda fossem evoluir de alguma forma. A “cabeça” emite sons incompreensíveis, mas que John Turk parece entender, pois ele concorda e acena. Um dos tentáculos aponta para Alexander e o mago olha para ele.

— Você é abençoado com a ganância, não? Quer de qualquer maneira se apoderar de uma amazona. Este é o seu desejo mais profundo, estou certo?

— Você está lendo minha mente? Ou isto que está fazendo isso?

— Apenas responda ao questionamento de nosso senhor.

— Sim, eu a desejo, sim. Não pelo seu corpo, mas pelo que ela representa, pelo que ela tem!

— O que ela tem nos pertence. É do Manto que você fala, correto? Foi por isso que ela conseguiu entrar. Onde ela está?

— Não interessa – berrou Swanda — Não pode cair na conversa desta coisa, mestre.

— Ora, Swanda, mas é por isso que viemos aqui. Quero barganhar com a criatura. A bruxa já teve o que é dela. Que nojo! Quero sair no lucro também.

— Meu protetor, veja – a vampira segurou o braço de Dastan — Eles estão me fazendo mal! Querem me destruir.

— Não deixarei que nada ferir você!

Dastan invocou o poder do olho novamente e suas mãos dispararam contra Alexander, Muma Padurii, John Turk e Ganância. O vampiro transformou-se em névoa, a bruxa atravessou a câmara, passando por Werena e Mick com uma velocidade espantosa. Ganância se recolheu na câmara interior e apenas John Turk permaneceu combate seu lacaio rebelde. Swanda se afastou gradualmente, ainda precisava manter contato visual com Dastan para não perder o controle e se aproximou de Werena e Mick.

— Temos de fazer igual à bruxa e correr daqui. Infelizmente, não poderei acompanhá-los, mas darei tempo para vocês. Vão.

— Numa briga de cachorro grande assim, é o mais sensato a se fazer. Vamos, talvez a gente ainda pegue a bruxa na saída.

Mick e Werena correram, encontraram Franklin no caminho e saíram da Pirâmide Sinistra. Chegaram a tempo de ver a casa bípede de Muma Padurii correndo no horizonte, a bruxa conseguiu fugir. Eles, no entanto, precisam passar por todo o campo infestado de mortos-vivos.

— Não vamos conseguir. Não vamos conseguir. Não vamos conseguir.

Até que Werena lembrou de como conseguiu fugir daquele mesmo lugar anos atrás. Naquela ocasião, o atlante Nick-Ahnor guardava consigo a Chave da Torre, dada a ele por Hærmys, justamente para uma ocasião com esta. Quando o Cemitério Vivo dispersou todos os mortos-vivos, o grupo só conseguiu ser salvo porque o tubarão usou a chave em uma tranca qualquer que os levou diretamente à Torre Táumica. Desta vez, é Werena quem carrega a chave. O problema é achar uma porta no meio do descampado. A amazona retirou o artefato de suas coisas e mostrou para a dupla avalônica.

— Sei que vocês não entenderiam, mas esta chave pode ser a nossa salvação. Só preciso encontrar uma porta, mas aqui?

— Não se preocupe, moça – Mick responde — Já tive minha dose de magia nesta vida. Não há nada que eu não duvide mais.

— Moça, serve qualquer porta? – Franklin pergunta.

— Sim, qualquer uma.

— Mesmo que esteja quebrada?

— Acho que pode servir.

— Venham comigo.

— Realmente, você hoje está cheio de surpresas, rapaz – comentou Mick.

Franklin os guia rapidamente pelo campo. Quando se distanciam, podem ouvir gritos de horrores nas vozes de Swanda e Dastan e então um silêncio. Da Pirâmide Sinistra, uma névoa escapa e rodopia sobre a estrutura, como se procurasse algo. Após algumas volta, para na direção do trio e avança pelo ar.

— Oh, oh. Problemas à vista, é melhor se apressar Fran… Quer dizer, Stan.

O rapaz acelera o passo e leva Mick e Werena até os destroços da carroça de Marko Lupin. Seu cadáver ainda está ali dentre os restos de sua moradia sobre rodas. O pequeno casebre está parcialmente destruído, mas a estrutura da porta que levava ao seu interior está intacta. Werena olha com desgosto para Franklin, nitidamente decepcionada.

— Espero que sirva.

Ela encosta a chave na fechadura, que magicamente se adapta à tranca, e abre a porta. A passagem leva não para o que restou da carroça ou do chão, mas sim para uma sala ampla, onde Lahyla pode recebê-los. Ela abre um sorriso ao ver Werena, mas logo sente a falta de Viktor, Quotar, Shanya e Gustovan. Sua expressão muda quando ela vê o cadáver de Marko. Ele lhe é estranhamente familiar, mas Werena apressa a dupla de convidados a entrar, pois a névoa já se aproxima o suficiente para ver as feições de Alexander em meio ao vapor. A amazona tranca a porta no momento em que o vampiro a toca. Ele se solidifica e começa a esmurrar a madeira, destruindo-a em poucos golpes, apenas para visualizar o chão do lamaçal sob a porta.

— NÃÃÃOOO!!!

Na Torre Táumica, Werena reencontra Tyler após mais de um ano separados e o beija demoradamente. Mick e Franklin são recebidos por Lahyla, que não se mostra tão receptiva, mas extremamente pensativa. Os dois avalônicos estão atônitos com a descoberta do semiplano e ficam mais ainda quando são recebidos pelo anfitrião, Hærmys.



[FIM]


RESOLUÇÃO:



CONTINUA…
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