Após a queda da mítica Atlântida, poderes são aprisionados no Cometa-Prisão e a libertação deles dão início a uma nova ordem.
 
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 Episódio 03 - A Cabeça do Lobo

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MensagemAssunto: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptyQua Nov 30, 2022 1:56 pm

1920.

Tyler finalmente está livre para recuperar o seu passado. Depois de perder a Coroa para os atlantes, o lobisomem recebeu a notícia, por Werena, que seu tutor, Quotar, foi morto pelos ciganos em Transilvânia. Novamente, este povo atravessou o seu caminho, mas agora ele pode voltar ao seu povo de origem e, se tiver oportunidade, se vingar duplamente.
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MensagemAssunto: Re: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptyTer Jan 31, 2023 5:27 pm

INTRODUÇÃO

Torre Táumica, 1920.

Werena já não tinha notícias de Tyler há meses. Desde que voltou de sua incursão a Silvânia e teve de despachar Mick e Franklin para suas residências em Avalon, que estava apreensiva, não apenas pela ausência de seu companheiro, mas também pelo desaparecimento de Viktor e Quotar. A esta altura, já imaginava o pior, mas não deixou a desesperança dominar os órfãos de Greuceanu. Como portadora da Chave, estreitou relações com os habitantes da Torre Táumica, principalmente os duendes-folha na sua guerra interminável com as fadas-abelhas pela posse da incrível árvore antropomórfica que parece ter consciência, embora não tenha despertado ainda. Até que, certo dia, ouviu batidas fortes vindas de fora da Torre Táumica. Ninguém nunca havia batido assim naquela porta e eram poucos que sabiam da sua existência, afinal, do lado de fora estava o inóspito interior desértico de Khemet, muitos quilômetros a oeste do Rio Kiira . Chakmati, o simpático golem guardião da Torre transformou sua forma original que mais parece um boneco de ventríloquo com uma cabeça esférica para uma ameaçadora forma guerreira de quase dois metros de altura. A postos para destruir quem quer que estivesse forçando a porta, Chakmati não viu quando Werena ativou o poder do Manto da Invisibilidade e atravessou parcialmente a porta, para recuar em seguida, retirar o capuz, tornando-se visível novamente e expressar o mais maravilhoso sorriso que ela deu nos últimos meses.

— Tyler!

Ela abriu a porta e o lobisomem surgiu. Magro, sujo, cabeludo e queimado de sol, mas Werena não se importou, abraçou-o mesmo fedido de suor e o beijou mesmo sentindo gosto de vermes.

— Priiii pipipipipi pripri pripri pripri! Mestre Greymane! Nos assustou!

— Muita coisa aconteceu, porteiro! Mas depois eu explico.

Tempos depois, assim que Tyler se recuperou, contou sua história. O lobisomem saiu de Wanyama há meses, ferido pelos atlantes e escorraçado pelos ferais. Foi deixado às margens do Lago Nyanza e vagou desorientado devido a caprichos da feitceira Mama Magamba. Desnorteado e perambulando sem rumo, não fosse sua forte ligação com Werena e os sentidos aguçados de lobo, jamais poderia traçar um rumo para a porta da Torre. Ele percorreu toda a planície do alto Kiira, atravessou a Núbia de sul a norte e teve de enfrentar bandidos por todo o caminho, que suspeitavam da presença de um homem branco naquelas terras. Mas os últimos meses foram piores. Tendo de atravessar a pé e sem mantimentos uma boa parte do deserto khemetiano. Só seus sentimentos lhes davam forças para continuar. Seu corpo, ferido e mal-nutrido era apenas um peso para sua alma, mas não se deu por vencido, afinal, se não tinha resiliência física, restava-lhe grande força de vontade para continuar.

A história comove Werena, Lahyla e todos os habitantes da Torre Táumica, mas agora é Tyler quem precisa de notícias e Werena contou-lhe que seu "progenitor" na maldição do lobo não retornou. Embora ele nunca tenha se importado muito com Quotar de verdade, esperava que seu mestre cumprisse sua promessa, que ele o levasse à sua tribo, de volta às Terras Altas, mas com seu desaparecimento, não esperaria mais e teria de partir por conta própria.

Após muito pensar e conversar com Werena, decidiu que iria ele mesmo em busca de respostas. Agora que sua vida e o mundo finalmente se acalmaram, poderia se dedicar a seguir a única pista que tinha: a região de Glas-Kaw e o nome de sua mãe, Arlinn. A amazona decidiu apoiá-lo e sabia que isso era importante para Tyler, uma forma de se reconectar com seu povo, o que a faz lembrar de suas irmãs. Sendo a última delas e não encontrando forças para voltar a Yacirama. Ela meneou a cabeça, afugentando estes pensamentos e se focando no problema de seu companheiro.

— Tem noção de onde começamos a procurar?

— Lembro-me vagamente das paisagens, mas certamente cresci nas Terras Altas. Glas-Kaw é um bom começo. E Arlinn Greymane não deve ser um nome tão comum.

Semanas depois, a dupla já se ambientava na cidade terraltina. Inicialmente, passaram por um casal discreto, para a diferença de etnia de Werena não chamasse tanta atenção dos locais, mas não teve jeito e logo ambos eram reconhecidos como o avalônico e a hybrazileira e isso lhes trazia desvantagem, visto que os locais não aceitam muito bem relações interraciais e, para piorar, ficavam confusos quando o corpo de Werena foi se modificando aos poucos. A princípio, todos pensavam que se tratava de um trio, tamanha a diferença que se fazia, mas algumas pessoas já notavam que os rostos no corpo masculino e no feminino são o mesmo, o que acaba levando a comentários maldosos. Tyler tenta não dar atenção a essas pessoas e prefere se focar no foi fazer em Glas-Kaw, passeiando pelas ruas da cidade, tentando resgatar de sua memória qualquer detalhe que lhe desse uma pista, qualquer sensação de reconhecimento, qualquer sentimento, qualquer lembrança.

Mais um dia se passou sem qualquer avanço, o que deixa Tyler muito frustrado.

— Não fique assim. Veja, você tem se focado muito nisto. Quem sabe, relaxando um pouco, as memórias podem vir mais facilmente?

— Não estou no clima.

— Então eu invoco a tempestade!

Tyler ri, mas se mantém sério.

— Não sabe como é ruim essa sensação de impotência.

— Mas sei como é bom quando você demonstra a potência que tem. Vem, vamos. Não aceito um não como resposta. Qualquer salão, qualquer bar, qualquer pub. Não é assim que chamam aqui?

O lobisomem se mantém estático, mas vai cedendo.

— Tá bom. Só por hoje, e só porque estou cansado.

— Cansado você estará quando voltarmos.

Werena sorri, com os olhos brilhando. Tyler a agarra num abraço de urso. Ou melhor, de lobo, e caem sobre a cama.

— Não agora, quando voltarmos.

O casal percorreu algumas ruas, escolhendo um pub não muito cheio, mas que fosse bom o suficiente para passarem a noite. Terminando por entrar no pub Ghrinn. A taverna é relativamente pequena e discreta, mas o que mais chama atenção do casal é o segurança, que usa um típico chapéu de caubói ocidental, Bartley Seddon.

Vindo do outro lado do Oceano Ocidental, o oestiano é um ex-soldado que serviu na Grande Guerra, mas seu maior objetivo não era representar os interesses de sua nação no conflito e sim reencontrar seu irmão perdido Roderick. Ele saiu de casa logo a morte do pai, deixando Bart e sua mãe sozinho para cuidar do rancho no meio oeste. A vida dura da família foi marcada pela falta de mantimentos e clima rigoroso do interior, quando a ajuda do irmão poderia ter sido essencial. Poderia inclusive ter salvado a mãe, vítima de exaustão e fome. Desiludido e sozinho, o jovem Bartley alistou no exército oestiano assim que teve notícias da guerra em Arcádia. Ele sabia que seu irmão poderia ter se envolvido, já que a última notícia que teve foi que ele entrou em um grupo de mercenários liderados por um nome que nunca iria esquecer: Tyler Greymane.

Bartley chegou à terra devastada, lutando em batalhas que ele não via sentido, penetrando cada vez mais fundo no continente, seguindo a mais fraca pista do paradeiro de seu irmão. Sem sucesso. Até repensar uma estratégia e procurar por quem ele acreditava ser o chefe de seu irmão. Soube com relativa facilidade que Greymane é terraltino e muitos se indagavam qual relação ele teria com a Capuz Púrpura e seu Lobo Rei. Bart seguiu o caminho da dupla, mas eles sumiam como que por mágica.

Com o fim do conflito, sem ter para onde voltar e para quem voltar, Bartley fixou-se em Glas-Klaw, na esperança de encontrar mais pistas sobre o Greymane. Não sabia fazer muita coisa além de cuidar de ranchos e lutar na Guerra e, como o clima das Terras Altas é muito diferente de Ocidentália, seguiu a segunda opção, tornando-se segurança dos bares da cidade. Sempre esteve de ouvidos atentos para coletar informações sobre seu alvo e mudou com frequência de estabelecimento, a fim de cobrir uma área maior.

Depois de ter passado dois anos sem pistas concretas, não poderia acreditar que o Greymane acabara de passar por ele, mas não haveria como reconhecê-lo, não havia foto ou qualquer imagem, nada além de um nome. A aparência de Tyler não chama atenção de Bartley, mas sim a sua parceira Werena. Era extremamente raro que alguém de Pindorama andasse por aquelas terras e foi isso que fez o segurança ficar de olho no casal. Porém, outro grupo também lhe chamou atenção. Um quarteto de romani, provavelmente silvanos. Este grupo sofre represálias por ser marginalizado e são poucos os nativos que gostam deles ou os toleram.

Os silvanos conversam entre si com risadas altas, como se estivessem comemorando algo. Da mesa do casal, eles conseguem ouvir sobre seus parentes terem acabado com o mal em uma região, mas não obtém muitos detalhes. Movimentando-se pelo estabelecimento, Bart tem a impressão de ouvir o nome “Greymane”. Ao se aproximar, escuta que o último Pricolici é um terraltino foragido e que todos os silvanos estão mortos. O oestiano não faz ideia do que aquilo significa, permanecendo atento para captar o teor que envolve Greymane. Já Tyler fica incomodado com os ciganos, seu sangue começa a subir e suas unhas ficam pontudas cada vez mais. Werena percebe o incômodo de Tyler e vê que os pelos do peito e do braço de seu companheiro estão engrossando.

Até que todos param de falar e olham para fora. Na rua, um silvano mais velho, manco e uma cicatriz horrenda no rosto, se aproxima. Com dificuldade, ele entra no bar, puxando a perna e se apoiando numa bengala.

— Velho Velkan! Aí está você – o mais falastrão.

O idoso chega até os mais jovens e Tyler sente seus pelos se eriçarem, como se reconhecesse aquele homem de seu passado sombrio. A alegria dos, agora, cinco perturba o lobisomem de alguma forma. Atento ao movimento, Bartley vê que o terraltino está se agitando, mas nada tão incomum assim para que despertasse qualquer suspeita.

Pouco tempo se passa e um sexto elemento surge. Ele tem os traços típicos dos silvanos, mas não pertence a etnia cigana, suas vestes estão bastante gastas e ele está bem nervoso. Entrou no Ghrinn focado em Velkan. Tudo aconteceu muito rápido. O silvano desatou seu sobretudo, segurou com força um pacote amarrado e atirou na mesa dos outros silvanos, gritando em seguida.

— PELOS PRICOLICI!

A bomba caiu sobre a mesa, assustando o quinteto e dispersando os demais clientes. De efeito rápido, o explosivo foi acionado e atirou destroços para todos os lados.


[OBJETIVOS]
• Tyler deve fazer um teste médio de Foco (5 a 7) para não entrar em Fúria e atacar os ciganos.

• Werena pode fazer um teste médio de Social (5 a 7) para acalmar Tyler.

• Tyler deve fazer um teste médio de Foco (5 a 7) para se lembrar de Velkan.

• Bartley pode fazer um teste fácil de Foco (3 a 5) para ouvir a conversa de Werena e Tyler e descobrir que aquele é o homem que levou seu irmão.

• O trio pode fazer um teste fácil de Foco (3 a 5) para ouvir a conversa dos ciganos.

• Todos devem fazer um teste médio de Resiliência (5 a 7) para se protegerem da bomba.

• Como consequência da explosão, os silvanos sobreviventes perseguem o terrorista. O trio pode tentar alcançá-lo antes, com um teste médio de Atitude (5 a 7) ou tentar capturar um dos perseguidores, com um teste fácil de Atitude (3 a 5).

• O trio, mas principalmente Tyler e Werena, podem tentar extrair informações de qualquer um que seja capturado no teste anterior. Para isso, precisa de um teste difícil de Social (7 a 9).

• Bartley também pode tentar alcançar Tyler, com um teste Atitude contra um teste de Resiliência de Tyler, e conseguir alguma informação com ele, com teste de Social contra um de Foco de Tyler.


Última edição por Anfitrião em Seg Out 16, 2023 2:46 pm, editado 2 vez(es)
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Bartley Seddon

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MensagemAssunto: Re: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptyQui Fev 09, 2023 9:19 pm

Bartley olhou ao redor do bar e murmurou para si mesmo: "Acho que é hora de sair daqui".

Ele estava preocupado com o fato de que, ultimamente, o bar estava recebendo poucos clientes e isso estava prejudicando sua busca por pistas sobre o desaparecimento de seu irmão. Além disso, ele sabia que a calma sempre foi um mau sinal nas batalhas que ele havia participado.

Quando um casal entra no bar, Bart nota que eles pareciam surpresos ao vê-lo ali, vestido como um caubói, mas ele não se importou.O mesmo acontece com Werena que chama atenção de Bart e instintivamente fica de olho no casal. No entanto, a tensão no bar aumentou quando um grupo de romani chega.Entre muitas risadas altas dos silvanos Bart tem a impressão de ter ouvido o nome "Greymane".

- Diabos! Será que ouvi direito? - Sussurou Bartley.

A tensão no bar aumenta quando todos se calam ao avistarem do lado de fora um silvano mais velho, ele também entra no pub, caminha com dificuldade e se junta ao grupo.
O clima fica ainda mais estranho quando logo em seguida chega mais um, com traços típicos de um silvano.
Bart presta atenção em cada detalhe, sua avaliação do cenário que se constrói parece suspeito.

A partir dali tudo foi muito rápido e sem tempo para uma reação, ao ouvir o grito "PELOS PRICOLICI!" o caubói percebe que tudo ia ficar pior.


[OFF]


• Bartley pode fazer um teste fácil de Foco (3 a 5) para ouvir a conversa de Werena e Tyler e descobrir que aquele é o homem que levou seu irmão.
3 ♣  + 1 esforço = 4

• Todos devem fazer um teste médio de Resiliência (5 a 7) para se protegerem da bomba.
2 ♦ + Luta (+2) + 1 esforço = 5

• Bartley também pode tentar alcançar Tyler, com um teste Atitude contra um teste de Resiliência de Tyler, e conseguir alguma informação com ele, com teste de Social contra um de Foco de Tyler.
3 ♠ + 2 esforço = 5
2 ♥ + Código de Honra (+1) + 1 esforço = 4
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Tyler Greymane

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MensagemAssunto: Re: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptySeg Fev 13, 2023 7:50 pm

Tyler estava pouco confortável naquela situação. Em pouco tempo, passou por poucas e boas e, se não fosse por sua forma licantrópíca, tudo seria pior. E, agora, não conseguia achar nenhuma informação sobre sua família em Glas-Kaw. Em virtude da insistência de Werena, acatou ir até um pub. E, lá, só passou por total perturbação, e já sentia que o lobo queria sair, para cada palavra que ouvia daqueles ciganos. Até tentava conversar, falando sobre o que lembrava de Arlinn novamente, e tentando colocar a cabeça no lugar. Porém, estava difícil se segurar com aquele quarteto.

— Eu não gosto desses ciganos... — Tyler balbucia baixo, falando já com um tom de voz remetendo a sua forma de lobo. Ele sentia as garras quase rasgando seus calçados, e os pelos se eriçavam e engrossavam. — Werena, vamos sair, e...

Quando o quinto chegou — um velhote — Tyler sentiu uma fúria maior ainda. Enfincou as garras na mesa, suas memórias o corroíam por dentro. Não se recordava daquele velho, apesar dele ser familiar até demais, e Tyler se concentrou em ouvir a conversa deles.

Porém, depois de um tempo, quando alguém resolveu explodir o lugar, o lobisomem precisou agir, correndo para tentar pegar aquele que lançou o explosivo, tentando usar uma tática de combate que é o tackle — saltar contra ele e o derrubar no chão, o agarrando por inteiro — e não se importando muito de esconder as garras ou os pelos.

TESTES

• Tyler deve fazer um teste médio de Foco (5 a 7) para não entrar em Fúria e atacar os ciganos.
Werena fez o teste

• O trio pode fazer um teste fácil de Foco (3 a 5) para ouvir a conversa dos ciganos.
♣ 1 + Sentidos Aguçados 1 + Esforço 2 = 4

• Tyler deve fazer um teste médio de Foco (5 a 7) para se lembrar de Velkan.
♣ 1 + Esforço 4 = 5

• Todos devem fazer um teste médio de Resiliência (5 a 7) para se protegerem da bomba.
♦ 4 + Esforço 2 = 6

• Como consequência da explosão, os silvanos sobreviventes perseguem o terrorista. O trio pode tentar alcançá-lo antes, com um teste médio de Atitude (5 a 7)
♠ 3 + Agilidade 1 + Luta 2 + Esforço 2 = 8

• Bartley também pode tentar alcançar Tyler, com um teste Atitude contra um teste de Resiliência de Tyler, e conseguir alguma informação com ele, com teste de Social contra um de Foco de Tyler.
Assumirei a falha


Última edição por Tyler Greymane em Sáb Fev 18, 2023 1:13 pm, editado 1 vez(es)
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Iara Werena

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MensagemAssunto: Re: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptyTer Fev 14, 2023 12:14 am

O coração da amazona andava tão atribulado que dedicar-se a busca de Tyler tornara-se uma prova de seu amor, mas também uma distração de suas agonias. Nas noites de pouca luz lunar sonhava com Tayná naquela forma monstruosa berrando seu nome em meio há um floresta de galhos retorcidos e solo rochoso sob um céu fartamete estrelado. Durante o dia, seus os afazeres na torre e a constante ameaça da pirâmide, Thurk e seus novos lacaios continuavam a perturbar e preocupar Werena.

Apesar de responder com muito afeto suas cartas, o príncipe vampiro subestimava a ameaça de seu antigo subordinado, o que deixava o coração de Werena ainda mais aflito, temia que estivesse amaldiçoada, que todos que ela tocasse encontrassem um trágico fim... Quando acordava na madrugada abraçava Tyler o mais forte possível e se concentrava nas batidas de seu coração até finalmente ter sono sem sonhos.

Mesmo depois de muitas aventuras e já saber se virar melhor em ambientes diversos, não era de seu agrado dormir ao relento constantemente, em Yacirama tudo era muito confortável e tinha água em abundância na temperatura ideal para um banho independente do horário, detestava o hábito do povo daquele continente de poucos banhos. Tentou relaxar na taberna até notar o humor de Tyler se alterando. Ela pousa sua mão suave sobre a mão dele fazendo uma carícia. Ela tenta sorrir enquanto ajeita o manto e fala de forma aveludada.

- Meu querido, não deixe que te controlem de novo. Guarde seu combustível, prometo que virá o momento de liberar sua raiva. Por favor, por mim, recue e vamos ser cautelosos... Me diga, sobre o que eles estão conversando?

Quando a explosão acontece Werena só tem tempo de se proteger. Graças ao talismã que recuperou do corpo reanimado de Ban ela pode ver tudo acontecer diante de seus olhos a tempo de reagir, rápida com um relâmpago púrpura ela puxa seu manto e se lança para direção oposta, rolando pelo chão procurando uma posição estratégica onde pudesse visualizar a situação e tomar a melhor decisão.

Quando a perseguição começa, ela encontra um brecha e torna-se invisível. Longe dos olhares dos envolvidos ela se aproxima de um dos ciganos e o puxa para trás com uma faca pressionando a lateral de seu tronco para afastá-lo do grupo e facilitar a ação de Tyler. "Fique quietinho, e ninguém se fere, só quero dar um fim a essa loucura". Recordando-se dos tempos como infiltrada durante a guerra, Werena usa o cabo de sua adaga para acertar a nuca do cigano e desacordá-lo, para enfim, poder ir atrás de Tyler.

Uma vez que o alvo deles estiver dominado Werena usará de seus talentos para retirar as informações que precisa. Como num passe de mágica ela revela-se surpreendendo o terrorista com seu sorriso malandro, tão próxima dele que a ponta de seus narizes se tocam enquanto ela murmura uma canção suave. Do ponto de vista do terrorista o mundo parece desacelerar e a turvar-se, com exceção do belo rosto de Werena que para ele, estava coberto de um brilho sutil e cintilante. A iara inclina sua cabeça, os cabelos caem sobre o rosto enquanto sua boca se aproxima do ouvido do terrorista. Sua voz sai doce, mas profunda, um eco vindo do fundo de um rio, tragando a mente e o coração de seu alvo.

- Você vai colaborar comigo, não vai? Pode confiar, abra seu coração e me conte o que preciso saber - ela pede manhosa e dá um beijo suave em sua têmpora.
[OBJETIVOS]

• Werena pode fazer um teste médio de Social (5 a 7) para acalmar Tyler.
♥ 3 + Atraente (+1 ♥ ) + Manipulação (+2 ♥ ) + Esforço 1 = 7

• Todos devem fazer um teste médio de Resiliência (5 a 7) para se protegerem da bomba.
♦ 2 + Incorpóreo (+2 JOK ) + Velocidade do Relâmpago (+1 ♠ ) + Esforço 2 = 7

• Como consequência da explosão, os silvanos sobreviventes perseguem o terrorista. O trio pode tentar capturar um dos perseguidores, com um teste fácil de Atitude (3 a 5).

♠ 2 + Invisibilidade (+2 ♠ ) + Esforço 1 = 5

• O trio, mas principalmente Tyler e Werena, podem tentar extrair informações de qualquer um que seja capturado no teste anterior. Para isso, precisa de um teste difícil de Social (7 a 9).

♣  3 + Atraente (+1 ♥ ) + Misticismo (+2 JOK ) + Canto da Sereia (+1 ♥ ) + Esforço 2 = 9
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MensagemAssunto: Re: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptySex maio 05, 2023 5:34 pm

ATO I
Glas-Kaw, Terras Altas, 1920.

O coração da amazona andava tão atribulado que dedicar-se à busca de Tyler tornara-se uma prova de seu amor, mas também uma distração de suas agonias. Nas noites de pouca luz lunar, sonhava com Tayná naquela forma monstruosa berrando seu nome em meio a uma floresta de galhos retorcidos e solo rochoso, sob um céu fartamente estrelado. Durante o dia, os seus afazeres na torre e a constante ameaça da pirâmide, Turk e seus novos lacaios continuavam a perturbar e preocupar Werena.

Apesar de responder com muito afeto suas cartas, o príncipe vampiro subestimava a ameaça de seu antigo subordinado, o que deixava o coração de Werena ainda mais aflito, temia que estivesse amaldiçoada, que todos que ela tocasse encontrassem um trágico fim... Quando acordava na madrugada abraçava Tyler o mais forte possível e se concentrava nas batidas de seu coração até finalmente ter sono sem sonhos.

Mesmo depois de muitas aventuras e já saber se virar melhor em ambientes diversos, não era de seu agrado dormir ao relento constantemente, em Yacirama tudo era muito confortável e tinha água em abundância na temperatura ideal para um banho independente do horário, detestava o hábito do povo daquele continente de poucos banhos. Entendia que, devido ao frio, inexistente em Yacirama, os locais evitavam banhar-se e se aqueciam principalmente com bebida. Esperando que Tyler pudesse espairecer de sua busca infrutífera, levou-o a um pub curiosamente guardado por um estrangeiro com chapéu de caubói.


Bartley olhou ao redor do bar e murmurou para si mesmo: "Acho que é hora de sair daqui". Ele estava preocupado com o fato de que, ultimamente, o bar estava recebendo poucos clientes e isso estava prejudicando sua busca por pistas sobre o desaparecimento de seu irmão. Além disso, ele sabia que a calma sempre foi um mau sinal nas batalhas que ele havia participado.

Ao chegarem no pub, Tyler segurou a porta aberta para Werena, e os dois entraram juntos. O lugar estava lotado, e eles se misturaram à multidão. O cheiro de álcool e fumaça de cigarro invadiu suas narinas, e Tyler tentou não tossir. Enquanto procuravam por uma mesa vazia, Tyler notou um homem alto e magro de chapéu de caubói no canto, que parecia ser o segurança do local. Bartley, era o nome dele. Eles são servidos pelos atendentes, que levam cerveja para o terraltino e uísque para a hy-brazileira, enquanto o oestiano ronda pelo salão, com a desculpa perfeita para que chegasse perto o suficiente e ouvir a conversa dos dois. O homem estava claramente desconfortável na mesa, afinal, em pouco tempo, passou por poucas e boas e, se não fosse por sua forma licantrópica, tudo seria pior. Desmotivado, não conseguia achar nenhuma informação sobre sua família em Glas-Kaw. Em virtude da insistência de Werena, acatou ir até um pub. E, lá, só passou por total perturbação, e já sentia que o lobo queria sair, para cada palavra que ouvia daqueles ciganos. Até tentava conversar, falando sobre o que lembrava de Arlinn Greymane novamente, e tentando colocar a cabeça no lugar. Porém, estava difícil se segurar com aquele quarteto.

Enquanto conversavam, Tyler notou que Bartley se aproximava deles. O caubói tinha um sorriso amigável no rosto.

— Oi, casal – ele disse — Eu sou Bartley. Sou o segurança aqui do pub. Posso ajudar vocês com alguma coisa?

Tyler ficou um pouco tenso novamente, mas Werena sorriu para Bartley e respondeu.

— Não, obrigada. Estamos apenas curtindo a noite.

Bartley acenou com a cabeça e se afastou, deixando Tyler e Werena sozinhos novamente. A mulher tentava relaxar na taberna até notar o humor de Tyler se alterando. Ela pousou sua mão suave sobre a mão dele fazendo uma carícia. Ela tenta sorrir enquanto ajeita o manto e fala de forma aveludada.

— Meu querido, não deixe que te controlem de novo. Guarde seu combustível, prometo que virá o momento de liberar sua raiva. Por favor, por mim, recue e vamos ser cautelosos... Me diga, sobre o que eles estão conversando?

O brilho do sorriso sincero e a beleza do rosto de Werena acalmam Tyler. Ter a amazona como parceira e amante realmente é um presente do destino. Ele não consegue sequer imaginar que fins teria levado se não fosse a presença constante da yara. O toque da pele amendoada de Werena faz os pelos grossos e louros de Tyler relaxarem e essa sensação alivia toda a tensão do lobisomem, permitindo que ele foque na segurança da mão de Werena e aguçe sua audição, excluindo os ruídos do ambiente e se concentrando na conversa dos ciganos.

— ... Então parece que eles sumiram de lá. Contamos sete carcaças, mas não encontramos o vermelho. Parece que ele já havia sido morto antes.

— Quem teria matado a Fera?

— Aquela região está passando por uma grande maldição. Os mortos voltam a andar e não estou falando de vampiros.

— Como assim? Morto é morto!

— Os chupadores de sangue são diferentes e ficam abrigados em seus castelos. Esses outros vagueiam por todo o canto e aparecem em número muito maior.

— Alguns dos nossos também morreram. Você pode não acreditar, mas Marko van Helsing foi encontrado morto. Perto dele havia um humano e um lobisomem.

— Sim, os irmãos de Greuceanu. O Criador os receba.

— Só o humano, o pricolici que arda no Inferno!

— Deixando os Pelos Vermelhos de lado, como está a caçada aos Pelos Cinza?

— Os Greymane?

Neste momentro, a pulsação de Tyler volta a ficar mais forte e Werena percebe a irritação. Seu toque já não é mais o suficiente.

— Olhe para mim. Você está comigo! O que eles falaram?

— Tocaram no nome da família, estavam falando dos Greymane.

— Diabos! Será que ouvi direito? — Sussurou Bartley. Depois de muito tempo, o caubói ouve o nome do raptor de seu irmão e compreende que aquele grandalhão pode ser quem ele procura por todos esses anos.

— Werena, vamos sair, e…

Enquanto Tyler e Werena discutiam sobre o que fazer, Bartley se aproximou deles novamente.

— Vocês estão bem? — ele perguntou.

Tyler assentiu e contou para Bartley que tinha uma história recente com os ciganos de Silvânia. O caubói franziu a testa, pensando no que fazer.

— Eu vou manter um olho neles — disse Bartley — Não vou deixar nada acontecer com vocês.

Tyler agradeceu a gentileza de Bartley.

A tensão no bar aumenta quando todos se calam ao avistarem do lado de fora um silvano mais velho. Ele também entra no pub, caminha com dificuldade e se junta ao grupo.

— VELHO  VELKAN! — Berram em uníssono os quatro silvanos mais jovens.

Ouvir este nome novamente faz todos os músculos do corpo de Tyler se contraírem. Werena, boquiaberta, nunca havia presenciado a transformação de seu companheiro com tanta ira. As expressões do terraltino alteram-se como se ele fosse explodir. Seus braços retorcidos em direção ao tórax quase forçam tanto o tecido de suas roupas que elas se rasgam quase como papel. Os pêlos grossos dos braços crescem entre estas frestas da camisa. A expressão de raiva, com os dentes trincando, afiando-se como se todos fossem caninos. Na cadeira, uma protuberância peluda cresce a partir do final do cóccix, transformando-se numa cauda de lobo. Seus pés aumentaram e deformaram, transformando-se em patas e destruindo os calçados. Suas unhas da mão cresceram tanto que deixaram marcas na mesa, quando ele tentou se segurar.

— Werena, saia daqui, não consigo e nem quero me controlar. Vou finalmente provar o sangue desses assassinos.

Antes que a amazona pudesse responder, as feições de Tyler mudam completamente. Dominado pela ira e uivando para os ciganos, o lobisomem salta sobre o quarteto. O cigano que estava de costas para o casal vê garras negras nascerem de seu tórax, Tyler pulou sobre a presa, perfurando-a pelas costas e, num movimento brusco, separando as patas, o corpo do cigano foi dividido em dois, banhando de sangue e estranhas os outros três silvanos da mesa.

Imediatamente, os ciganos restantes levantaram-se e empurram a mesa contra Tyler. Velkan sequer entrou no pub, dando meia volta e puxando a perna apressadamente para fugir dali. A mesa arremessada foi destruída como se fosse de brinquedo. Os estilhaços acertaram os rosto de cigano, cegando-o momentaneamente, apenas para ter como sua última visão a bocarra escancarada de Tyler, que lhe arrancou o rosto com uma só mordida.

Bartley estava atento ao casal, mas jamais esperaria ver um monstro daqueles surgindo em sua frente. Já havia ouvido histórias de lobisomens em sua terra natal, principalmente entre os nativos oestianos, mas nunca pensou em encontrar um desses tão longe de casa. O caubói arrumou o seu chapéu, última lembrança de seu pai, o que lhe dava a maior confiança. Com uma corda usada para amarrar barris de uísque, manuseou como um chicote, usando uma cadeira como escudo. Evitou usar suas pistolas de início, não sabia como lidar com a forma monstruosa, mas aquela coisa era a única que poderia lhe dar informações sobre seu irmão desaparecido.

Focado somente em seus alvos ciganos, Tyler foi surpreendido pelo oestiano quando um golpe de corda açoitou-lhe as costas. A besta virou-se rapidamente, mas uma cadeira arremessada pelos seus inimigos lhe trouxe o foco de volta. O breve movimento de dúvida de Tyer foi crucial para que Bartley terminasse de atar nós na corda para servir como laço e laçar o lobisomem pelas costas. Com um puxão forte, evitou que outro cigano fosse assassinado pelo terraltino. O lobisomem forçou o laço, mordiscando e arranhando a corda, mas o manejo com chicote de Bartley é tamanho, com tanta experiência na doma de cavalos selvagens e na captura de gado fugitivo que rapidamente amarrou os membros de Tyler, imobilizando seu corpo e conseguindo conter a fera. Werena correu para ele e seus olhos encontraram os de Tyler.

— Sou eu, sou eu. Você precisa se controlar, ou vai destruir este bar e a cidade — A voz de Werena e firme e doce ao mesmo tempo.

— Acho muito bom, moça — respondeu Bartley — E eu tenho perguntas para vocês. É o mínimo que me devem.

Werena não respondeu a Bartley, estava ao lado de Tyler, focada em trazê-lo de volta. Ela estava tendo sucesso em acalmá-lo e ajudá-lo a retornar à forma humana. À medida que Tyler se transformava de volta em humano, a corda que o amarrava começou a se afrouxar .Por um momento, a besta interior de Tyler se acalmou, mas logo um novo incidente se sucedeu. Um quinto elemento silvano aproveitou a confusão no bar e atirou uma bomba improvisada no centro do estabelecimento.

— PELOS PRICOLICI!

Graças ao Talismã do Relâmpago que Werena recuperou do corpo reanimado de Ban, ela pode ver tudo acontecer diante de seus olhos a tempo de reagir. Rápida com um raio púrpura, ela puxa seu manto e se lança para direção oposta, rolando pelo chão procurando uma posição estratégica onde pudesse visualizar a situação e tomar a melhor decisão. A explosão atordoou todos no local. Werena tentou desesperadamente soltar Tyler das cordas enquanto o pub trepidava com as explosões. Todos no pub entraram em pânico, alguns tentando fugir da explosão e os outros clientes tentavam se esconder e se proteger. A fumaça começou a se espalhar pelo pub, tornando difícil para Tyler e Werena verem o que estava acontecendo. Enquanto Bartley tentava proteger os outros clientes e evacuar o pub, Tyler retomou o controle e se transformou novamente em humano. Werena suspirou aliviada e ajudou Tyler a se soltar das cordas. Eles rapidamente saíram do pub, juntamente com Bartley e os outros clientes, e se afastaram da cena do ataque. Do lado de fora, eles viram que a bomba havia causado danos significativos nas construções vizinhas.

Tyler não pensou duas vezes e correu em direção ao terrorista, saltando contra ele e derrubando-o no chão. Ele o agarrou com força, sem se preocupar em esconder as garras ou os pelos que começaram a surgir em seu corpo. O homem começou a se debater e tentar se libertar. Ele era forte e resistente, e não estava disposto a ser capturado tão facilmente. O terrorista tentou chutar Tyler e se soltar de seu aperto, mas o lobisomem era rápido e habilidoso. Ele conseguiu manter sua presa firme, ignorando a dor dos chutes e golpes que recebia.

Enquanto Tyler captura o terrorista, Werena encontra uma brecha e se torna iinvisível. Longe dos olhares dos envolvidos, ela se aproxima de um dos ciganos e o puxa para trás com uma faca pressionando a lateral de seu tronco para afastá-lo do grupo e facilitar a ação de Tyler.

— Fique quietinho, e ninguém se fere, só quero dar um fim a essa loucura.

Recordando-se dos tempos como infiltrada durante a guerra, Werena usa o cabo de sua adaga para acertar a nuca do cigano e desacordá-lo, para enfim, poder ir atrás de Tyler.

Uma vez que o alvo deles estiver dominado, Werena usa de seus talentos para retirar as informações que precisa. Como num passe de mágica, ela se revela surpreendendo o terrorista com seu sorriso malandro, tão próxima dele que a ponta de seus narizes se tocam enquanto ela murmura uma canção suave. Do ponto de vista do terrorista, o mundo parece desacelerar e começa a se turvar, com exceção do belo rosto de Werena que, para ele, estava coberto de um brilho sutil e cintilante. A iara inclina sua cabeça, os cabelos caem sobre o rosto, enquanto sua boca se aproxima do ouvido do terrorista. Sua voz sai doce, mas profunda, um eco vindo do fundo de um rio, tragando a mente e o coração de seu alvo.

— Você vai colaborar comigo, não vai? Pode confiar, abra seu coração e me conte o que preciso saber – ela pede manhosa e dá um beijo suave em sua têmpora.

— Eu me chamo Zar, conhecido como Olhos de Âmbar entre os Pricolici, os lobisomens do Leste – Zar olhou para ela com seus olhos amarelados, sua expressão é tensa e sua voz tem raiva — Eu vim para me vingar dos ciganos. Eles mataram quase todos da minha matilha. Eu e alguns poucos sobreviventes estamos caçando-os para que não possam continuar matando mais lobisomens.

Tyler ouviu as palavras de Zar e sentiu uma pitada de raiva e tristeza por dentro. Ele sabia muito bem o que era ser separado de sua mãe lobisomem, que pertencia à matilha Fenrir, pelas mãos dos ciganos. Mas ele também sabia que não eram todos os ciganos que estavam envolvidos naquela situação, e que a maioria deles não tinham nada a ver com a perseguição dos lobisomens.

— Você é um Pricolici também, filho do Arranca Peles. Conhecido entre os humanos como Zsigmond Horvath. Eu sei que você está procurando por sua mãe biológica, que é uma Fenrir. Eu posso te ajudar a encontrá-la, mas em troca, preciso da ajuda de vocês para acabar com os ciganos e suas alianças. Os lobisomens não podem se dar ao luxo de serem divididos neste momento.

—  O QUÊ? – Tyler grita — Como você sabe sobre a minha mãe?

— Eu sei que ela é da matilha Fenrir, mas você não vai encontrá-la na Escócia.

— Então, o que você quer em troca? — Werena interrompeu.

— Ajude-me a exterminar os ciganos em minha terra natal e eu direi onde os Fenrir habitam.

— E por que devemos confiar em você?

— Porque se eu quisesse, já teria matado vocês dois. E também porque sei que você é um Pricolici. Não é fácil encontrar um irmão de matilha nesses dias.

— Tudo bem. Eu aceito o acordo — Tyler falou, decidido.

— Tyler, você sabe o que está fazendo?

— Eu sei o que estou fazendo, Werena. E se isso me levar a encontrar minha mãe, vale a pena arriscar.

Werena nunca havia Tyler falar com tanta firmeza. Até se mostrou surpresa com a expressão dele, mas precisa se focar em Zar no momento.

— Então, podemos confiar em você? Você não está simplesmente usando isso como uma desculpa para sua própria vingança? – perguntou Werena.

— Eu juro pela honra dos Pricolici que estou dizendo a verdade. A situação é grave e precisamos agir juntos.

Werena olhou com desconfiança, mas decidiu que precisa investigar mais sobre as informações de Zar. Afinal, a ameaça de uma guerra contra a espécie de Tyler é algo que não pode ignorar.

— E Quotar? Digo, Arranca Peles? Não temos notícias dele desde que saímos de Silvânia. Onde ele está?

— Morto. Assim que se tornou o Alfa dos Pricolici e tentou invadir a Terra Morta, foi emboscado pelo líder dos ciganos Lupin, mas nossa matilha o devorou. Isto resultou na guerra entre nós e os ciganos e eles infelizmente estão levando vantagem, já que não temos mais nosso Alfa.

Werena olhou para Tyler com pesar. Depois de mais de um ano sem notícias dos irmãos Horvath, receber a informação que um deles morreu foi um golpe duro.

Assim, os três uniram forças em uma busca por justiça e vingança, cada um com suas próprias motivações e objetivos. Ainda sob efeito da magia de sedução de Werena, Zar acompanhou a iara até o hotel, Tyler, porém, foi impedido por Bartley, que havia deixado o pub assim que os clientes ficaram em segurança com a polícia e os bombeiros.

— Tyler, eu sou Bartley, irmão de Roderick.

Tyler se surpreende com a presença de Bartley e tenta manter a calma.

— Bartley, é bom ver você depois de tanto tempo. Não reconheci aquele menino franzino, você virou um homem! Como está sua mãe?

Bartley ignora a pergunta e vai direto ao assunto.

— Onde está meu irmão, Tyler? Eu sei que ele faz parte do seu bando de mercenários.

— Eu não sei do que você está falando, Bartley – Tyler franze a testa e responde, cauteloso — Eu não tenho ideia de onde seu irmão está.

Bartley não acredita em Tyler e começa a se exaltar.

— Não minta para mim, Tyler. Eu ouvi você falando sobre Roderick. Eu sei que ele está com você.

— Olha, Bartley — Tyler tenta manter a calma e responde, sério — Eu entendo que você esteja preocupado com seu irmão, mas não é seguro para ele voltar para casa agora. Ele tem muitos inimigos e seria perigoso para ele e sua família.

— Eu não me importo com os inimigos dele ou com a sua segurança! — Bartley fica ainda mais irritado e levanta a voz — Eu só quero saber onde ele está! Ele é meu irmão e eu tenho o direito de saber onde ele está!

— Tudo bem, Bartley — Tyler levanta as mãos em sinal de rendição e suspira — Eu vou te dizer onde ele está, mas você precisa entender que ele não pode voltar para casa. Ele está em uma missão perigosa e precisa ficar escondido até que tudo esteja resolvido.

Bartley se acalma um pouco.

— Ele está bem? Ele está vivo?

Tyler assente com a cabeça.

— Sim, ele está vivo. Mas ele não é mais a mesma pessoa. Ele enlouqueceu com os experimentos que um antigo contratador, John Turk, fez com ele. E ele não é mais um simples mercenário. Agora, ele é o guardião de um santuário grotesco, uma pirâmide no meio da Terra Morta da Silvânia. Ele acredita que a pirâmide é a chave para desvendar todos os mistérios do universo.

Bartley fica em choque, sem saber o que pensar. Ele sabia que a vida de seu irmão havia mudado drasticamente desde que ele se juntou ao bando de Tyler, mas nunca imaginou que ele acabaria como um guardião de uma estranha pirâmide em algum lugar remoto da Silvânia.

— Eu preciso ir até lá, Tyler. Preciso ver meu irmão. Você pode me ajudar?

Tyler olha para Bartley, um pouco hesitante.

— Eu não posso acompanhá-lo, Bartley. Ninguém pode. Minha esposa conheceu o lugar e quase não voltou de lá com vida. A pirâmide é um lugar perigoso. John Turk e seus homens ainda estão lá, com os experimentos mais grotescos que você possa imaginar. Eu tenho uma viagem a fazer para lá, mas a companhia, você pode não gostar.

— Por quê?

— Bem, é o homem que acabou de destruir seu bar.

— Isso não importa. Não é meu e eu já estava de saída. Se você pode me levar até o meu irmão, é para lá que eu vou e dane-se o resto!

— A única coisa que eu posso te pedir é para que tome cuidado. Já perdi companheiros demais nas mãos de Turk.

— Não sou mais aquele rapazote que você conheceu. Sou um homem agora e trago minha família comigo — finalizou Bartley, se referindo ao chapéu de caubói que pertenceu a Roderick e, antes dele, a seu pai.

O oestiano acompanha o terraltino, seguiram para o hotel onde a hy-brazileira e o silvano os aguardavam. Partiriam na manhã seguinte. Juntos, eles pegaram um trem para Londinum, onde iriam embarcar em um navio em direção a Tômis, na Silvânia.

No navio, os quatro se instalaram em suas cabines e começaram a explorar o local enquanto a viagem não começava. Bartley ficou aborrecido com a ideia de estar em um navio, afinal, ele é um homem da terra e confia mais em sua habilidade de montar cavalos que em nadar, caso fosse necessário por algum motivo, e passou a maior parte do tempo no convés observando as ondas. Werena admirava a vista do oceano e lembrou das histórias sobre os mitos e lendas marinhos dos povos indígenas da Amazônia. Tyler, por sua vez, tentava manter seu lobisomem interior sob controle, o que era difícil em um ambiente tão restrito. E Zar estava ansioso para chegar em seu país de origem e levar Tyler como um reforço contra os ciganos.

Eles se acomodaram em suas cabines, Tyler ainda um pouco enjoado do movimento do navio. Werena, com seus conhecimentos em ervas e medicamentos naturais, preparou um remédio para ajudá-lo a se sentir melhor. Bartley, por sua vez, passava a maior parte do tempo no convés, ele se sentia deslocado, um homem enraizado na terra, desconfiando das águas desconhecidas abaixo. Enquanto os outros se entretinham em suas cabines, ele mantinha os olhos fixos no horizonte, ponderando sobre a jornada à frente. Montar cavalos era muito mais confiável do que enfrentar mares incertos. No entanto, sua determinação o impulsionava a encarar essa aventura, em busca de seu irmão perdido nas terras distantes da Transilvânia.

Enquanto o navio navegava pelas ondas, Bartley divagava sobre os desafios que o aguardavam, sabendo que enfrentaria muito mais do que simples marolas. Ele se viu obrigado a confrontar suas próprias limitações e a abrir caminho em direção ao desconhecido.

Durante a viagem, eles enfrentaram muitos desafios, desde a luta contra o enjoo e as ondas violentas até o tédio e a monotonia de estar preso em um navio por várias semanas. Para passar o tempo, eles jogavam cartas, contavam histórias e ouviam as aventuras de Bartley em seus anos como mercenário e soldado, até que lhe foi revelado que estava diante das pessoas responsáveis pela lenda de Capuz Púrpura e o Lobo Rei.

Junto a seus companheiros, Bartley enfrentou tempestades que sacudiram suas almas e testaram sua coragem. Embora ele fosse um homem de ação, estava ciente de que essa jornada não seria apenas luta física, mas também um embate interno contra suas dúvidas e receios. 

Ao longo da jornada, eles enfrentaram algumas tempestades que deixaram todos um pouco abalados, mas conseguiram chegar com segurança a Tômis, um dos principais portos de Silvânia, onde embarcaram em um trem que os levaria para o interior da nação, rumo à cidade de Voda-Pestera. Enquanto os trilhos avançavam rumo à capital dos lobisomens Pricolici, Bartley não conseguia deixar de se maravilhar com a jornada que estavam trilhando. Sua mente se enchia de curiosidade e antecipação em relação à capital dos lobisomens Pricolici. "Que segredos e aventuras nos aguardam lá?" ele se perguntava, pronto para enfrentar o desconhecido com renovado vigor.

— Chegamos à minha cidade — disse Zar — Primeiro, precisamos que vocês sejam aceitos na nossa matilha e isso vai exigir um duelo de luta. Com exceção de você, Tyler, mas ainda assim precisará se mostrar digno de ser o Pricolici que é.

As palavras de Zar interromperam os pensamentos de Bartley.  Ele olhou para o lobisomem, pensando sobre a importância desse lugar e como ser aceito na matilha era vital para sua missão. "Um duelo de luta... será que estou pronto para isso?" Bartley se perguntou, um misto de ansiedade e determinação se formando em seus pensamentos.
A voz de Werena o trouxe de volta à realidade.

— Desculpe-me, Zar — Werena interrompeu — Eu não posso comprar um lado nesta guerra sem falar com todos os envolvidos. Vão vocês até os Pricolici e se entendam com eles. Eu vou atrás dos ciganos, investigar o lado deles e negociar alguma trégua.

 "Espera, isso não parece certo", pensou Bartley enquanto escutava Werena expressar suas objeções. Ele admirou a postura dela, pensando que talvez fosse sábio considerar todos os lados antes de se comprometer totalmente. "Ela está certa, essa é uma decisão importante", concordou mentalmente, reconhecendo a importância de encontrar uma solução que beneficiasse a todos.

— Eu só quero saber quando passaremos pela tal pirâmide para que eu possa encontrar meu irmão — disse Bartley.

— Para isso, você terá de adentrar na área restrita — respondeu Zar — E precisará da autorização dos Pricolici, pois estas são suas terras.

A resposta de Zar trouxe novas reflexões. Bartley se imaginou enfrentando a área restrita e a pirâmide misteriosa. "Autorização dos Pricolici... isso soa como um desafio e tanto", refletiu Bartley, pensando sobre as implicações dessa jornada perigosa. Ele compartilhou um olhar significativo com Tyler, trocando pensamentos não ditos sobre a aventura que estava por vir.

— Tá, tá! Vamos logo com isso — Tyler falou, impaciente — Quero que me falem onde posso encontrar a minha família.

Tyler, por sua vez, parecia impaciente e ansioso para avançar. "Ele é tão direto", pensou Bartley, admirando a franqueza de Tyler. Ao ouvir a fala, Bartley se viu compartilhando da urgência de Tyler em reunir-se com sua família. "Nossas motivações podem ser diferentes, mas todos estamos aqui por razões importantes", concluiu Bartley, um sentimento de unidade crescendo em seu coração enquanto eles se preparavam para enfrentar os desafios que os aguardavam.

[OBJETIVOS]
• Todos devem fazer um Feito MED de Sobrevivência para atravessar o país sem encontrar com os mortos-vivos.
• Este teste pode ser substituído por um Feito DIF de Luta, para enfrentar os mortos-vivos.
• Tyler precisa de um Feito MED Social para conquistar a confiança dos Pricolici (eles estão ressentidos por ela não ter se juntado à matilha quando se transformou).
• Bartley precisa de um Feito DIF de Luta para ser aceito na matilha.
• Werena precisa de um Feito DIF de Rastreio para encontrar os ciganos.
• Werena precisa de um feito MED de Social para se sentar à roda com os ciganos. E um segundo Feito DIF para tentar a trégua.
• Bartley pode tentar ir sozinho até a Pirâmide Sombria e precisará de um Feito FAC de Físico para passar pelos juncos que protegem o lugar ou tentar encontrar o caminho com um Feito SUP de Foco. Se conseguir passar por todos estes testes, encontrará o irmão e precisará de um Feito EXT de Social para convencê-lo a ir com ele.


[RESOLUÇÃO]:


Última edição por Anfitrião em Seg Out 16, 2023 2:47 pm, editado 2 vez(es)
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Iara Werena

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MensagemAssunto: Re: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptyDom Jun 18, 2023 1:32 pm

— Tá, tá! Vamos logo com isso — Tyler falou, impaciente — Quero que me falem onde posso encontrar a minha família.

Foram as últimas palavras de Tyler antes de se separarem. Nem um beijo, uma devida despedida. Os dias que se seguiram em sua busca pelos ciganos não foram fáceis, mas para a doce amazona, foi digerir esse sentimento sozinha com certeza o desafio mais difícil. Tinha medo principalmente da fúria de Tyler, continuar seguindo-o poderia levar ambos para um banho de sangue e a maculação de seus almas. Já bastava para Werena os sonhos com sua irmã. Já começava a acreditar que ela a chamava da lua, para onde Werena a enviou anos atrás por matar a aldeia que cresceram juntas.

Recordando-se da urgencia de sua missão, optou por um abordagem direta, evitaria ao máximo o conflito deslizando pelo campo. Puxando o capuz sobre si o corpo de Werena fica levemente translúcido, uma aura gélida cobre seu corpo. Ela ativa o talismã em seu cinto e seus olhos se iluminam soltando pequenas descargas elétricas. Quando ela corre pelas florestas e os mortos-vivos, tudo que se vê é um relâmpago púrpura cortando o terreno. Fazendo pequenas pausas próxima aos rios ela recupera as forças e volta sua corrida até chegar ao coração daquela terra arrasada.

Feito Sobrevivência:


Saindo da zona de perigo seguiu pelos rios, deixando as correntezas pacíficas a levarem pelo continente. Por vezes banhava-se nas águas e achava curioso quando encontrava com andarilhos e patrulheiros que ao vê-la nas águas gritava espantados e boquiabertos “Ninfa!”, “Vênus das águas doces!”, ela sorria, as vezes se aproximava, eles lhe ofereciam comidas e presentes e a yara lhes concedia doces beijos e rogava-lhes uma benção. Essas suas aparições causaram burburinhos na região sobre uma sereia da pele avermelhada que abençoava homens e mulheres que fossem gentis com o rio e as criaturas próximas. Os ciganos logo ficaram sabendo e precisavam investigar se aquilo não se tratava de mais uma criatura que lhes causaria muito trabalho.

Parando para acampar a anciã de Yacirama visitou Werena em sonho, mostrando lembranças ancestrais dos rituais das yaras que atraiam inúmeros homens da região até o refúgio, chorou ao ver novamente de forma tão vivida um festejo tão importante para todas as suas antepassadas, no entando um ponto específico estava diferente, a velha anciã estava sentada ao lado de Werena.
- Já não é mais uma criança né, Werena... Mas segue os mesmos olhos brilhantes. Muitos tolos veem como é bela por fora, mas ficariam ainda mais deslumbrados com o que você tem dentro. Sei que tem sido tempos difíceis, e essa terra que você tem pisado foi lavada com tanto sangue... Mas não perca a esperança, quando você fala com o coração, carrega a força de todas nós - ela fechou os vagarosamente e deitou no colo de Werena que acariciava sua cabeça enquanto toda a cena ia ficando cada vez mais escura.

Ao despertar, Werena compreendeu que invés de persegui-los deveria atrair os ciganos com seu canto de sereia. A cada encontro com os residentes daquelas terras, as informações colhidas serviam a iara para calcular um perímetro mais assíduo para colocar seu plano em prática: Como suas antepassadas faziam, pintou-se com argila da terra perfumada com frutas silvestres, vestiu-se de conchas e o Manto de Saturno como uma túnica púrpura e reuniu flores locais, adornando um pedra alta próxima de um rio largo, formando um altar. Ela subiu e moveu os braços lentamente, graciosa como o voo de uma garça a distância, enquanto sua cintura ondulava como um rio tranquilo, serpenteado como a anaconda ancestral do rio de Yacirama, seus lábios se abriram e Werena cantou de forma sedutora, alternando entre graves e agudos, do flerte ao delírio, excitando a natureza a sua volta, convidando pássaros a juntarem-se a ela enquanto lobos deitavam-se próximos de suas presas, todas as feras amansadas pela presença voluptuosa da sereia.

Feito de Atração:

Não demorou para que tochas fossem avistadas aproximando seguidas do relinchar de cavalos. Diferente do que Werena esperava eles não estavam totalmente mesmerizados como estava acostumada a notar em quem ouvia seu canto, eles sorriam, pareciam convidativos, mas ainda assim no controle de seus corpos. Ela achou aquilo curioso e sorriu quando o comboio terminou de se alocar nas margens do rio.

- Bem-vindos! - anunciou a iara - É uma honra conhecê-los, me dariam o grande prazer de me sentar à roda com vocês?

Uma cigana bonita, de vestes vermelhas e roxas tomou a frente, seus braceletes tintilavam frenéticos quando ela se movia. A rosa vermelha acima da orelha contrastava os cabelos negros dando uma aparencia provocante e misteriosa. Ela deu uma gargalhada e apontou o dedo para Werena. “Se puder nos acompanhar, será sempre bem vida!”. Os demais ciganos começaram a bater palmas abrindo uma roda, a cigana da rosa vermelha rodopiava suas várias saias no centro da roda enquanto Werena descia da pedra ornada de flores e se aproximava agora dançando de forma mais frenética. Outros ciganos juntavam-se a roda, dançando ao redor das duas enquanto outros puxavam tambores e outros instrumentos desconhecidos para a ybrasileira o que a encheu de alegria.

Feito de Etiqueta:

Após quase uma hora de dança frenética, eles acenderam fogueiras e partilharam comida e histórias de suas andanças. Alegrou-se o comboio ao descobrir que a história de Capuz Púrpura era na verdade uma sereia de outro continente, e lamentaram em conjunto as perdas desde que a pirâmide maldita ergueu-se. Werena partilhou seu ponto de vista de todos aqueles acontecimentos, contou-os sobre Thurk, partilhou os conhecimentos de Haermys sobre como a maldade dele poderia macular cada vez mais esse planeta até afundá-lo em danação como houve com seu plano milhares de anos atrás.

Depois da meia-noite, quando os primeiros retiravam-se para suas carroças, Werena foi convidada a carroça dos anciões, onde residia os quatro mais velhos daquele comboio. Eles leram sua mão, trocaram muitas expressões tristes, mas esperançosas, a mais velha tomou a fala.

- És um belíssimo espírito, que muda com a lua, mas sempre tão pura como nossa luminífera noturna. É um prazer que tenhamos nos encontrado, mas agora precisamos saber sem rodeios, porque nos convocou Werena? - todos encaravam a iara que respirou profundamente.

Essa guerra entre vocês e os lobisomens precisa de uma trégua. O ódio que esse conflito alimenta está fortalecendo forças irão dizimar não apenas ambas as tribos, mas todas desse plano. Eu abro meu coração para vocês, podemos tentar juntos, cortar o mal pela raiz e depois resolver nossas questões sem mais sangue ser derramado? Eu sonho que todos os que nascerem depois de nós, sofram menos e farei o possível para tornar o mundo que vivo num lugar melhor. Me ajudem, eu amei um deles, sei que existe mais que uma maldição, existe redenção se ainda houver espaço para o amor. Me deem um voto de confiança, tudo que peço é que dois representantes do seu povo me acompanhe para negociarmos um tratado entre os clãs.

Feito Diplomacia:
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Tyler Greymane

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MensagemAssunto: Re: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptyQui Ago 03, 2023 3:14 pm

Tyler seguiu pelos rincões da Silvânia por alguns dias, vendo aquela terra arrasada, buscando chegar até as terras Pricolici. Por alguns momentos, pensava em Werena, e até entendia a posição dela. Mas ainda estava temeroso, pois via que ela, constantemente, se recusava a tomar uma posição nesse conflito. Hesitava em defender o povo lupino. Conhecia a amada o suficiente para saber que seu principal temor era, na realidade, o banho de sangue, a corrupção de suas almas.

Mas até ali, quem se tingia de vermelho constantemente era o licantropo. E a única alma corrompida até ali era a dele. Werena estaria segura enquanto ele fosse o responsável por tantas almas perdidas.

Seu sangue fervia para voltar a confrontar algo — ou alguém. Mas, por alguns instantes, o melhor que Tyler pôde fazer foi manter-se, junto de Zar, oculto para os mortos. As grandes cidades eram seguras, tais como os principais caminhos. Para o lugar que precisava ir, entretanto, não era bem assim.

Mas, num certo ponto, Tyler cansou de se esconder. Deixou Zar manterem suas discrições, e deixou o lobo sair e fazer a festa, sentindo novamente suas vestes cederem e darem lugar a seu corpo animal de pura fúria. Zar pôde ver a fúria licantrópica de Tyler em ação, e ver o quão fácil para o lobo parecia ser aquele duelo. E era uma forma dele estar em paz com seu lobo interior, compensando o período que ficou no navio.

Feito DIF de Luta:

Já Tyler tinha consciência do que fazia, mas sentia que, mais e mais, o lobo exigia sacrifícios. Ao voltar pra forma humana, a ausência de vestes não lhe incomodava, isso ele já notara antes, e o lobo reclamava um pouco mais de seu corpo humano, ampliando os pelos em partes do corpo. Cobriu-se meramente para poder continuar o caminho sem ser indagado por pessoas aleatórias sobre sua nudez, e também para não seduzi-las — pensamento esse que fazia Tyler rir.

Porém, ao chegar junto ao principal rincão dos Pricolici, Tyler estranhamente se sentia "em casa". Não totalmente, por que seu coração pulsava para outro clã, seu clã de origem. Manteve-se em forma humana, vendo que era quase uma aberração perto dos demais lobisomens, que facilmente se passavam como humanos, e até sentiu um pouco de desgosto. Ora, os Pricolici se envergonhavam do lobo que existia dentro deles?

Dentro daquele território, sentia os olhares desconfiados contra si. Ainda que Zar o escoltasse, os Pricolici claramente não confiavam em Tyler. Afinal, recebera a bênção lupina de um deles, e desaparecera, sem unir-se à matilha. O caçador Tyler gargalharia sobre isso, sobre essa ideia de ser leal a algo que não fosse a si mesmo. O lobisomem Tyler compreendia esse sentimento profundamente.

Ao chegar diante do alpha dos Pricolici, Tyler sentiu que, ali, era hora de agir. Antes que qualquer um pudesse fazer algo, Tyler se ajoelhou diante do alpha, apoiando um joelho no chão e apoiando o braço no outro, em posição de cavaleiro. De cabeça baixa, evitou olhar para o alpha por alguns momentos, até que pôde, enfim, observar seu rosto e seus traços.

— Eu sou Tyler Greymane, que os humanos apelidaram de Lobo-Rei. Sou filhote de Arlinn Greymane, líder dos Fenrir, mas carrego em meu sangue, além do sangue dos terraltinos, o sangue dos Pricolici, com a bênção adquirida por Quotar Horvath, o Arranca-Peles — os olhos dourados de Tyler se estreitaram, encarando o alpha Pricolici, vendo nele uma força tão grande que lhe era nostálgica. — Sei que a situação dos Pricolici está precária. Sei que eu devo lealdade a esta matilha, mas sei que vocês devem saber que meu coração lupino não pulsa neste local, mas sim nas Terras Altas, de onde fui separado de minha ninhada. Tal qual uma loba que perde seu filhote é consumida pela raiva, um filhote afastado de sua mãe se torna perdido.

Os sentidos de Tyler apontavam para um cerco dos Pricolici ao redor, e ele mesmo não saberia dizer se sua fala serviria de algo. Mas, de certa forma, aquela era a primeira vez em que estava junto dos seus irmãos de espécie. Não havia por que mentir para um lobo como ele. Mas... sentia que falava como sua mãe, ao se referir à maldição licantrópica. Lembrava dela a chamando de bênção. Lembrou até de Quotar estranhando o quão prazerosa era aquela situação para Tyler. Poucos encaravam isso como uma bênção.

— Sei que não tomei os caminhos corretos, e que desonrei tudo aquilo que a mãe de todos os lobos diz, mas é diante da lua e de seu representante Pricolici em terra que suplico por misericórdia e aceitação. Posso oferecer-lhes minha força, e meu lobo estará a disposição de vocês para tudo, nas dificuldades do combate ou nos prazeres da vida. Mas quero retornar para os braços de minha mãe, e sei que isso pode significar o início de uma grande aliança entre os Pricolici e os Greymane. Por que eu pertenço a ambos, e não pretendo abandonar meu sangue.

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MensagemAssunto: Re: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptyTer Ago 08, 2023 10:36 pm

No convés do navio, Bartley se sentia deslocado, um homem enraizado na terra, desconfiando das águas desconhecidas abaixo. Enquanto os outros se entretinham em suas cabines, ele mantinha os olhos fixos no horizonte, ponderando sobre a jornada à frente. Montar cavalos era muito mais confiável do que enfrentar mares incertos. No entanto, sua determinação o impulsionava a encarar essa aventura, em busca de seu irmão perdido nas terras distantes da Transilvânia.

Enquanto o navio navegava pelas ondas, Bartley divagava sobre os desafios que o aguardavam, sabendo que enfrentaria muito mais do que simples marolas. Ele se viu obrigado a confrontar suas próprias limitações e a abrir caminho em direção ao desconhecido.

Junto a seus companheiros, Bartley enfrentou tempestades que sacudiram suas almas e testaram sua coragem. Embora ele fosse um homem de ação, estava ciente de que essa jornada não seria apenas luta física, mas também um embate interno contra suas dúvidas e receios.

Ao longo da jornada, depararam-se com tempestades que abalaram a todos, porém conseguiram alcançar Tômis com segurança. Tômis, um dos portos mais importantes de Silvânia, foi o ponto de partida para a próxima etapa: embarcar em um trem que os conduziria rumo a cidade de Voda-Pestera, a capital dos lobisomens Pricolici.
Enquanto os trilhos avançavam rumo a Voda-Pestera, Bartley não conseguia deixar de se maravilhar com a jornada que estavam trilhando. Sua mente se enchia de curiosidade e antecipação em relação à capital dos lobisomens Pricolici. "Que segredos e aventuras nos aguardam lá?" ele se perguntava, pronto para enfrentar o desconhecido com renovado vigor.

"Chegamos à minha cidade", disse Zar, interrompendo os pensamentos de Bartley. Ele olhou para Zar, pensando sobre a importância desse lugar e como ser aceito na matilha era vital para sua missão. "Um duelo de luta... será que estou pronto para isso?" Bartley se perguntou, um misto de ansiedade e determinação se formando em seus pensamentos.
A voz de Werena o trouxe de volta à realidade. "Espera, isso não parece certo", pensou Bartley enquanto escutava Werena expressar suas objeções. Ele admirou a postura dela, pensando que talvez fosse sábio considerar todos os lados antes de se comprometer totalmente. "Ela está certa, essa é uma decisão importante", concordou mentalmente, reconhecendo a importância de encontrar uma solução que beneficiasse a todos.

A resposta de Zar trouxe novas reflexões. Bartley se imaginou enfrentando a área restrita e a pirâmide misteriosa. "Autorização dos Pricolici... isso soa como um desafio e tanto", refletiu Bartley, pensando sobre as implicações dessa jornada perigosa. Ele compartilhou um olhar significativo com Tyler, trocando pensamentos não ditos sobre a aventura que estava por vir.

Tyler, por sua vez, parecia impaciente e ansioso para avançar. "Ele é tão direto", pensou Bartley, admirando a franqueza de Tyler. Ao ouvir a fala, Bartley se viu compartilhando da urgência de Tyler em reunir-se com sua família. "Nossas motivações podem ser diferentes, mas todos estamos aqui por razões importantes", concluiu Bartley, um sentimento de unidade crescendo em seu coração enquanto eles se preparavam para enfrentar os desafios que os aguardavam.

O ar estava impregnado de tensão na clareira, onde Bartley aguardava o início do desafiador duelo que definiria seu destino na matilha de Zar. O silêncio era quase palpável, interrompido apenas pelo leve sussurro do vento nas folhas das árvores circundantes. Os olhares intensos dos lobisomens presentes pareciam penetrar a alma de Bartley, aumentando a pressão que ele sentia.

O vento sussurrou mais uma vez, balançando as folhas das árvores como se fossem testemunhas silenciosas desse momento crucial. Bartley ergueu o olhar e encontrou os olhos de Zar, firme e imponente, emanando uma aura de autoridade. O líder da matilha estava prestes a dar o sinal que definiria o começo do duelo, e a tensão no ar era quase insuportável.

 Feito de Luta
 
Spoiler:

Bartley sabia que atravessar o país infestado de mortos-vivos seria uma tarefa perigosa e desafiadora. Ele traçou um plano meticuloso, levando em consideração cada detalhe para evitar ser detectado por essas criaturas famintas.
Primeiro, ele escolheu rotas secundárias e caminhos menos óbvios, evitando estradas principais e áreas urbanas que poderiam estar repletas de mortos-vivos. Ele se moveu principalmente durante o dia, aproveitando a luz natural para facilitar sua navegação e minimizar o risco de encontros indesejados.

Enquanto atravessava o país, Bartley mantinha um estado constante de vigilância. Ele observava cada movimento, cada som, constantemente avaliando o ambiente ao seu redor. Ele sabia que qualquer erro poderia custar caro, então ele confiava em sua intuição afiada e em suas habilidades de sobrevivência.

À medida que os dias passavam, Bartley se adaptava a esse modo de vida furtivo e paciente. Ele se tornava parte da paisagem, uma sombra que se movia com determinação em direção ao seu objetivo. A jornada era exaustiva, mas ele estava disposto a enfrentar todos os obstáculos para chegar um passo mais perto de seu irmão e cumprir sua missão.

 Feito de Sobrevivência
 
Spoiler:

Determinado a avançar em sua busca pelo irmão, Bartley decidiu seguir sozinho em direção à misteriosa Pirâmide Sombria. Ele sabia que o desafio era imenso, mas estava disposto a enfrentar os perigos.

O ambiente úmido e nebuloso criava uma atmosfera opressora, mas Bartley não permitia que o desconforto abalasse sua determinação. Sempre observando para detectar qualquer sinal de perigo, mantendo-se alerta para qualquer movimento ou som fora do comum.

À medida que ele se aproximava da Pirâmide Sombria, os juncos pareciam se fechar ainda mais ao seu redor, como se tentassem impedi-lo de avançar. Bartley precisou usar sua agilidade e destreza para se mover através das barreiras naturais, empurrando os juncos e abrindo um caminho à medida que avançava.

A cada passo adiante, a tensão aumentava. Bartley sabia que estava se aproximando do epicentro da atividade sombria que cercava a pirâmide. Ele podia sentir a energia carregada no ar, um presságio dos desafios que o aguardavam.

Finalmente, diante da imponente Pirâmide Sombria, Bartley parou por um momento, observando-a com misto de respeito e curiosidade. A estrutura sombria parecia emanar uma aura enigmática, desafiando qualquer um que se aproximasse.

  Feito de Físico
 
Spoiler:

Após superar os desafios dos juncos e adentrar na área restrita da Pirâmide Sombria, Bartley finalmente encontra seu irmão,Roderick , de pé diante da imponente estrutura. Seus olhares se encontram em um momento de reconhecimento e emoção contida. A jornada incansável chegara ao seu ápice, e a realidade do encontro inundou Bartley com uma mistura de alegria e alívio.

Os irmãos trocam um abraço forte e significativo, uma conexão que havia sido perdida por tanto tempo. Bartley não conseguia conter as lágrimas, enquanto suas emoções transbordavam. Roderick também estava visivelmente emocionado, mas seu semblante estava marcado por uma sombra de tristeza e cansaço.

-Irmão... finalmente te encontrei", diz Bartley com a voz embargada.Tenho procurado por você incansavelmente, enfrentado desafios inimagináveis. Não posso perder mais tempo. Precisamos sair daqui juntos, voltar para casa.

-Eu nunca deixei de procurar por você. Nossa mãe partiu, e eu fiquei sozinho, tendo que enfrentar a vida da maneira que pude. Eu precisei ser forte, mesmo quando tudo parecia desmoronar. Mas agora, olhando nos seus olhos, eu vejo a oportunidade de recomeçarmos juntos.

-Eu sei que você enfrentou muitos desafios, Roderick, e não posso imaginar o que você passou. Mas isso não muda o fato de que somos irmãos, que compartilhamos um vínculo único. Eu não estou aqui para julgar você, apenas para oferecer uma chance de recomeço.

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MensagemAssunto: Re: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptyTer Ago 22, 2023 4:56 pm

ATO II


Voda-Pestera, Silvânia, 1920.

— Tá, tá! Vamos logo com isso — Tyler falou, impaciente — Quero que me falem onde posso encontrar a minha família.

Foram as últimas palavras de Tyler antes de se separarem. Nem um beijo, uma devida despedida. Os dias que se seguiram em sua busca pelos ciganos não foram fáceis, mas para a doce amazona, foi digerir esse sentimento sozinha com certeza o desafio mais difícil. Tinha medo principalmente da fúria de Tyler, continuar seguindo-o poderia levar ambos para um banho de sangue e a maculação de suas almas. Já bastava para Werena os sonhos com sua irmã. Já começava a acreditar que ela a chamava da Lua, para onde Werena a enviou anos atrás por matar a aldeia que cresceram juntas.

Recordando-se da urgência de sua missão, optou por uma abordagem direta, evitaria ao máximo o conflito deslizando pelo campo. Puxando o capuz sobre si o corpo de Werena fica levemente translúcida, uma aura gélida cobre seu corpo. Havia feito uma troca de artefatos. Embora o Escudo-Espelho fosse sagrado para Yacirama, deixou-o junto das outras relíquias regulanas na sala do tesouro da Torre Táumica, com o Chapéu da Fortuna, as Sandálias da Velocidade e o Cinturão do Dragão, o qual ela recuperou naquela mesma terra do corpo revivido de Ban, seu antigo companheiro monge, portador do Talismã do Relâmpago, que Werena também carregou consigo. Ela ativa o talismã em seu cinto e seus olhos se iluminam soltando pequenas descargas elétricas. Quando ela corre pelas florestas e os mortos-vivos, tudo que se vê é um relâmpago púrpura cortando o terreno. Fazendo pequenas pausas próxima aos rios, ela recupera as forças e volta sua corrida até chegar ao coração daquela terra arrasada.

Bartley, Tyler e Zar seguiram pelos rincões daquela terra arrasada por alguns dias, vendo os rincões de Silvânia, buscando chegar até as terras Pricolici. Por alguns momentos, o lobisomem pensava em Werena, e até entendia a posição dela. Mas ainda estava temeroso, pois via que ela, constantemente, se recusava a tomar uma posição nesse conflito. Hesitava em defender o povo lupino. Conhecia a amada o suficiente para saber que seu principal temor era, na realidade, o banho de sangue, a corrupção de suas almas. Mas até ali, quem se tingia de vermelho constantemente era o licantropo. E a única alma corrompida até ali era a dele. Werena estaria segura enquanto ele fosse o responsável por tantas almas perdidas.

Bartley estava focado e tinha experiência em atravessar campos como aqueles, pois já tinha experimentado os horrores da Grande Guerra. Ele sabia que atravessar o país infestado de mortos-vivos seria uma tarefa perigosa e desafiadora. Ele traçou um plano meticuloso, levando em consideração cada detalhe para evitar ser detectado por essas criaturas famintas.

Primeiro, ele escolheu rotas secundárias e caminhos menos óbvios, evitando estradas principais e áreas urbanas que poderiam estar repletas de mortos-vivos. Ele se moveu principalmente durante o dia, aproveitando a luz natural para facilitar sua navegação e minimizar o risco de encontros indesejados. Enquanto atravessava o país, Bartley mantinha um estado constante de vigilância. Ele observava cada movimento, cada som, constantemente avaliando o ambiente ao seu redor. Ele sabia que qualquer erro poderia custar caro, então ele confiava em sua intuição afiada e em suas habilidades de sobrevivência. À medida que os dias passavam, Bartley se adaptava a esse modo de vida furtivo e paciente. Ele se tornava parte da paisagem, uma sombra que se movia com determinação em direção ao seu objetivo. A jornada era exaustiva, mas ele estava disposto a enfrentar todos os obstáculos para chegar um passo mais perto de seu irmão e cumprir sua missão.

Porém, o sangue de Tyler fervia para voltar a confrontar algo — ou alguém. Mas, por alguns instantes, o melhor que Tyler pôde fazer foi manter-se, junto de Bartley e Zar, oculto para os mortos. As grandes cidades eram seguras, tais como os principais caminhos. Para o lugar que precisava ir, entretanto, não era bem assim. Mas, num certo ponto, Tyler cansou de se esconder. Deixou seus companheiros manterem suas discrições, deixou o lobo sair e fazer a festa, sentindo novamente suas vestes cederem e darem lugar a seu corpo animal de pura fúria. Seus amigos puderam ver a fúria licantrópica de Tyler em ação, e ver o quão fácil para o lobo parecia ser aquele duelo. E era uma forma dele estar em paz com seu lobo interior, compensando o período que ficou no navio.

Na beira da floresta densa, um lobisomem chamado Tyler emergiu das sombras, sua pelagem escura reluzindo à luz da lua. Seus olhos amarelos e intensos exibiam uma mistura de fúria e determinação enquanto ele farejava o ar, captando o fedor pútrido da horda de mortos-vivos que se aproximava.

Os mortos-vivos, um amálgama grotesco de carne em decomposição, gemiam e arrastavam seus corpos mutilados sem direção. Graças à prudência de Bartley, a horda não os havia percebido. Tyler rosnou baixo, suas garras afiadas se estendendo à medida que ele se preparava para o confronto iminente. Com um salto poderoso, ele se lançou no meio da horda, para desespero de Bartley e Zar. A agilidade e força sobrenatural do lobisomem deixando os mortos-vivos atônitos por um momento.

As garras e presas de Tyler eram como lâminas afiadas, cortando através da carne morta e apodrecida com facilidade. Ele se movia com uma graça selvagem, evitando os ataques desajeitados dos mortos-vivos enquanto retalhava suas fileiras. A cada golpe, corpos desmembrados e destroçados caíam ao seu redor, formando um círculo de carnificina.

Os olhos do lobisomem brilhavam com um fogo interior enquanto ele rugia para o céu, desafiando os mortos-vivos que ousavam se aproximar. Sua pelagem estava manchada de sangue e carne putrefata, mas ele não mostrava sinais de cansaço. Enquanto o combate feroz continuava, os mortos-vivos pareciam perceber que enfrentavam algo mais do que apenas um inimigo comum. Se tivessem algum sentimento, o medo se espalharia entre eles, mas a fome tendo como alvo um oponente formidável tornava seus ataques ainda mais desesperados e descoordenados. Tyler aproveitou essa vantagem e avançou com ainda mais ferocidade, atacando com uma determinação implacável.

À medida que o lobisomem destroçava a última onda de mortos-vivos, ele finalmente emergiu do campo de batalha improvisado, sua respiração ofegante e sua pelagem grudenta de sangue e vísceras. Com passos largos e poderosos, ele avançou em direção à aldeia dos Pricolici que agora estava visível além da clareira, mostrando o caminho para Bartley e Zar. A aldeia, iluminada por tochas tremeluzentes, estava silenciosa, seus habitantes assistindo com mistura de choque e gratidão ao espetáculo da destruição que Tyler infligira à horda de mortos-vivos.

Tyler, agora exausto mas vitorioso, entrou na aldeia e olhou ao redor com seus olhos amarelos. Ele havia conquistado o respeito dos lobisomens, que o admiravam boquiabertos com tamanha ferocidade, principalmente os mais jovens, mas os anciãos ainda não confiavam nele e sua reação silenciou o ânimo dos "filhotes".

Saindo da zona de perigo, Werena seguiu pelos rios, deixando as correntezas pacíficas a levarem pelo continente. Por vezes, banhava-se nas águas e achava curioso quando encontrava com andarilhos e patrulheiros que, ao vê-la nas águas, gritavam espantados e boquiabertos.

— Ninfa!

— Vênus das águas doces!

Ela sorria. Às vezes, se aproximava. Eles lhe ofereciam comidas e presentes e a yara lhes concedia doces beijos e lhes rogava uma benção. Essas suas aparições causaram burburinhos na região sobre uma sereia da pele avermelhada que abençoava homens e mulheres que fossem gentis com o rio e as criaturas próximas. Os ciganos logo ficaram sabendo e precisavam investigar se aquilo não se tratava de mais uma criatura que lhes causaria muito trabalho. Afinal, Werena não sabia, mas as lendas de sereias tinham como base uma criatura que os ciganos também caçavam: os reptilianos; seres com partes escamosas que possuíam uma cauda com formatos a depender da ninhada, como serpentes, peixes ou escorpiões.

Parando para acampar, a anciã de Yacirama visitou Werena em sonho, mostrando lembranças ancestrais dos rituais das yaras que atraiam inúmeros homens da região até o refúgio. Chorou ao ver novamente de forma tão vivida um festejo tão importante para todas as suas antepassadas. No entanto, um ponto específico estava diferente, a velha anciã estava sentada ao lado de Werena.

—  Já não é mais uma criança, né, Werena? Mas segue os mesmos olhos brilhantes. Muitos tolos veem como é bela por fora, mas ficariam ainda mais deslumbrados com o que você tem dentro. Sei que tem sido tempos difíceis, e essa terra que você tem pisado foi lavada com tanto sangue. Mas não perca a esperança. Quando você fala com o coração, carrega a força de todas nós — ela fechou os olhos vagarosamente e deitou no colo de Werena, que acariciava sua cabeça ao mesmo tempo em que toda a cena ficava cada vez mais escura.

Ao despertar, Werena compreendeu que, ao invés de persegui-los, deveria atrair os ciganos com seu canto de sereia. A cada encontro com os residentes daquelas terras, as informações colhidas serviam para a iara calcular um perímetro mais assíduo e colocar seu plano em prática: Como suas antepassadas faziam, pintou-se com argila da terra perfumada com frutas silvestres, vestiu-se de conchas e o Manto da Invisibilidade como uma túnica púrpura e reuniu flores locais, adornando um pedra alta próxima de um rio largo, formando um altar. Ela subiu e moveu os braços lentamente, graciosa como o voo de uma garça a distância, enquanto sua cintura ondulava como um rio tranquilo, serpenteado como a anaconda ancestral do rio de Yacirama. Seus lábios se abriram e Werena cantou de forma sedutora, alternando entre graves e agudos, do flerte ao delírio, excitando a natureza a sua volta, convidando pássaros a juntarem-se a ela, enquanto lobos deitavam-se próximos de suas presas, todas as feras amansadas pela presença voluptuosa da sereia.

Na aldeia dos Pricolici, Tyler tinha consciência do que fazia, mas sentia que, mais e mais, o lobo exigia sacrifícios. Ao voltar pra forma humana, a ausência de vestes não lhe incomodava, isso ele já notara antes, e o lobo reclamava um pouco mais de seu corpo humano, ampliando os pelos em partes do corpo. Cobriu-se meramente para poder continuar o caminho sem ser indagado por pessoas aleatórias sobre sua nudez, e também para não seduzi-las — pensamento esse que fazia Tyler rir.

Porém, ao chegar ao centro do covil dos Pricolici, Tyler estranhamente se sentia "em casa". Não totalmente, por que seu coração pulsava para outro clã, seu clã de origem. Manteve-se em forma humana, vendo que era quase uma aberração perto dos demais lobisomens, que facilmente se passavam como humanos, e até sentiu um pouco de desgosto. Ora, os Pricolici se envergonhavam do lobo que existia dentro deles?

Dentro daquele território, sentia os olhares desconfiados contra si. Ainda que Zar o escoltasse, os Pricolici claramente não confiavam em Tyler. Afinal, recebera a bênção lupina de um deles, e desaparecera, sem unir-se à matilha. O caçador Tyler gargalharia sobre isso, sobre essa ideia de ser leal a algo que não fosse a si mesmo. O lobisomem Tyler compreendia esse sentimento profundamente.

— Estou de volta, conforme prometido, Canino Solitário — Zar se apressou em se apresentar — Encontrei o Greymane, filhote do Arranca-Peles. Ele e seu parceiro me ajudaram contra o Lupin que também caçavam os Fenrir.

— Sabe qual é a regra para trazer humanos aqui, Zar — respondeu o ancião — Na ausência de nosso alfa, assumi a liderança da matilha e indicarei Radu, o Rugido da Floresta, para enfrentar seu companheiro e ser aceito na matilha. Radu, pode acompanhar o forasteiro. Os mais jovens podem ir também. Eu, Zar e Tyler temos assuntos a tratar.

Bartley foi escoltado pelos outros lobisomens. A matilha estava enfraquecida. Eles tinham perdido vários membros e haviam restado somente cinco dos Pricolici, além de Zar e Capcaun. Radu o acompanhou com interesse. Ele é imponente, com olhos amarelos brilhantes e pelos negros que reluziam sob a luz da lua.

O ar estava impregnado de tensão na clareira, onde Bartley aguardava o início do desafiador duelo que definiria seu destino na matilha de Zar. O silêncio era quase palpável, interrompido apenas pelo leve sussurro do vento nas folhas das árvores circundantes. Os olhares intensos dos lobisomens presentes pareciam penetrar a alma de Bartley, aumentando a pressão que ele sentia. O vento sussurrou mais uma vez, balançando as folhas das árvores como se fossem testemunhas silenciosas desse momento crucial. Bartley ergueu o olhar e encontrou os olhos de Radu, firme e imponente, emanando uma aura de selvageria.

Sob a pálida luz da lua cheia, Bartley, o destemido caubói americano, se encontrava no coração da floresta, cercado pela matilha de lobisomens. Seu objetivo era ganhar a aceitação dessas criaturas místicas, e a única maneira de fazer isso era enfrentando um dos lobisomens em uma batalha de força e habilidade. Com seu chapéu de couro inclinado para a frente, Bartley mantinha a calma e confiança que o chapéu de seu pai lhe proporcionava. Ele lentamente deslizou suas duas pistolas das coldres, segurando-as firmemente em suas mãos calejadas. O olhar determinado do caubói encontrou o olhar penetrante de Radu, e ambos sabiam que a batalha que estava prestes a ocorrer seria crucial para o destino de Bartley.

Radu deu um rosnado gutural e avançou com velocidade sobrenatural. Bartley saltou para o lado, suas botas batendo suavemente contra o solo da floresta. O lobisomem atacou novamente, garras afiadas buscando o caubói com sede de sangue. Bartley esquivou-se habilmente, usando sua agilidade e experiência em brigas de bar para se manter fora do alcance das garras letais.

As pistolas do caubói rugiram, e os tiros ecoaram pela floresta enquanto ele atirava precisamente em direção a Radu. As balas atingiram o lobisomem, causando ferimentos profundos, mas não o suficiente para detê-lo completamente. Radu rosnou e avançou novamente, desta vez conseguindo acertar um golpe em Bartley, rasgando parte de sua camisa e deixando um arranhão doloroso em seu braço.

Bartley recuou, sentindo a dor latejante em seu braço ferido. Enquanto Radu se preparava para outro ataque, Bartley tirou o chapéu de couro e o segurou com força em sua mão, fechando os olhos por um breve momento. Uma onda de sentimento pareceu percorrer Bartley, enquanto ele se concentrava no poder de seu amuleto pessoal. Aquele item havia pertencido ao seu pai e sua mãe havia usado antes de falecer, era a última lembrança de sua família. Com determinação renovada, ele lançou-se para a frente, movendo-se mais rápido do que nunca. As pistolas dispararam novamente, e as balas encontraram seu alvo com precisão mortal, atingindo o tórax de Radu.

O lobisomem silvano soltou um uivo agonizante, cambaleando para trás antes de finalmente cair de joelhos e desmoronar. A lua brilhava sobre o cenário, iluminando a cena da vitória de Bartley. Ele se aproximou do lobisomem derrotado, sentindo uma mistura de triunfo e respeito pela batalha que travaram.

A matilha de lobisomens observava em silêncio, reconhecendo a coragem e habilidade de Bartley. Com o chapéu de couro ainda em sua mão, o cowboy tinha provado sua valentia e conquistado o respeito da matilha. Ele tinha se tornado parte de seu mundo sobrenatural, unindo-se a eles como um igual.

— Muito bom, oestiano — disse Sombra Selvagem, um dos lobisomens que assistia a luta — Agora, você tem nossa atenção.

— Eu só preciso saber onde encontrar o meu irmão. Ele pertenceu ao grupo de Tyler há muitos anos e me foi dito que ele estava em alguma pirâmide.

Todos os lobisomens se entreolharam, sem certeza do que dizerem.

— Você procura a Pirâmide Sombria, então. É o lugar mais perigoso da região, erguida nos escombros da cidade de Sfantu Greuceanu, às margens do Lago do Diabo. Ninguém vai lá. É a origem de todos os mortos-vivos!

— Mas eu preciso ir! Nem que seja a última coisa que eu faça.

— Você tem coragem, estrangeiro, mas esta pode ser a sua perdição. Faremos a sua vontade, no entanto, e o levaremos até a antiga estrada que levava a Sfantu Greuceanu, mas estará por conta própria. Nosso dever aqui é não deixar nada sair.

Bartley é levado até uma muralha feita de toras de madeira, apontadas para o horizonte, uma última defesa para o que quer que conseguisse avançar pelo poço de piche que foi cavado para impedir o avanço das hordas de mortos-vivos. O caubói se orientou pelo que um dia uma grande estrada movimentada e conseguia ver, no horizonte, em meio a uma área escura, a Pirâmide Sombria despontar ao longe.

— Boa sorte , oestiano — disse Radu, com os ferimentos da luta com Bartley se regenerando — Você pode ter me vencido, mas você vai precisar mais que habilidade para seguir seu caminho.

O lobisomem, apesar de derrotado, tem uma expressão de admiração pelo caubói. O estrangeiro entendeu que aquelas criaturas têm uma cultura própria que idolatra a violência. Ele ouviu as palavras de Radu com atenção e apertou com força seu chapéu de couro, antes de atravessar uma ponte improvisada que lhe fizeram para seguir o caminho na área de exclusão.

Longe dali, Werena avistou tochas se aproximando, seguidas do relinchar de cavalos. Diferente do que a amazona esperava, eles não estavam totalmente mesmerizados como estava acostumada a notar em quem ouvia seu canto. Eles sorriam, pareciam convidativos, mas ainda assim no controle de seus corpos. Ela achou aquilo curioso e sorriu quando o comboio terminou de se alocar nas margens do rio.

— Bem-vindos! — anunciou a iara — É uma honra conhecê-los, me dariam o grande prazer de me sentar à roda com vocês?

Uma cigana bonita, de vestes vermelhas e roxas tomou a frente, seus braceletes tintilavam frenéticos quando ela se movia. A rosa vermelha acima da orelha contrastava com os cabelos negros compondo uma aparência provocante e misteriosa. Ela deu uma gargalhada e apontou o dedo para Werena.

— Se puder nos acompanhar, será sempre bem vida!

Os demais ciganos começaram a bater palmas abrindo uma roda, a cigana da rosa vermelha rodopiava suas várias saias no centro da roda, enquanto Werena descia da pedra ornada de flores e se aproximava agora dançando de forma mais frenética. Outros ciganos juntavam-se a roda, dançando ao redor das duas enquanto outros puxavam tambores e outros instrumentos desconhecidos para a hybrasileira, o que a encheu de alegria.

Por outro lado, na aldeia dos Pricolici, a alegria dá lugar à tensão. Ao chegar diante do ancião dos Pricolici, Tyler sentiu que, ali, era hora de agir. Antes que qualquer um pudesse fazer algo, Tyler se ajoelhou diante de Canino Solitário, apoiando um joelho no chão e apoiando o braço no outro, em posição de cavaleiro. De cabeça baixa, evitou olhar para ele por alguns momentos, até que pôde, enfim, observar seu rosto e seus traços.

— Eu sou Tyler Greymane, que os humanos apelidaram de Lobo-Rei. Sou filhote de Arlinn Greymane, líder dos Fenrir, mas carrego em meu sangue, além do sangue dos terraltinos, o sangue dos Pricolici, com a bênção adquirida por Quotar Horvath, o Arranca-Peles — os olhos dourados de Tyler se estreitaram, encarando o Pricolici, vendo nele uma força tão grande que lhe era nostálgica.

— Eu sei quem você é e a falta que fez em nossos momentos mais angustiantes. Tivemos um desgarrado, perdemos nosso alfa, dois deles e caímos em desonra. Os Pricolici carecem de um líder da matilha e coube a mim, um ancião, guiar os lobisomens restantes — disse Capcaun, com uma voz tremida e ressentida.

— Sei que a situação dos Pricolici está precária. Sei que eu devo lealdade a esta matilha, mas sei que vocês devem saber que meu coração lupino não pulsa neste local, mas sim nas Terras Altas, de onde fui separado de minha ninhada. Tal qual uma loba que perde seu filhote é consumida pela raiva, um filhote afastado de sua mãe se torna perdido.

Os sentidos de Tyler apontavam para uma negativa do Pricolici, e ele mesmo não saberia dizer se sua fala serviria de algo. Mas, de certa forma, aquela era a primeira vez em que estava junto dos seus irmãos de espécie. Não havia por que mentir para um lobo como ele. Mas... sentia que falava como sua mãe, ao se referir à maldição licantrópica. Lembrava dela a chamando de bênção. Lembrou até de Quotar estranhando o quão prazerosa era aquela situação para Tyler. Poucos encaravam isso como uma bênção.

— Sei que não tomei os caminhos corretos, e que desonrei tudo aquilo que a mãe de todos os lobos diz, mas é diante da lua e de seu representante Pricolici em terra que suplico por misericórdia e aceitação. Posso oferecer-lhes minha força, e meu lobo estará a disposição de vocês para tudo, nas dificuldades do combate ou nos prazeres da vida. Mas quero retornar para os braços de minha mãe, e sei que isso pode significar o início de uma grande aliança entre os Pricolici e os Greymane. Por que eu pertenço a ambos, e não pretendo abandonar meu sangue.

— Não pode ser um lobo de duas cabeças, Greymane. Ou é um Pricolici ou um Fenrir. E se foi um Pricolici quem lhe passou a licantropia, é com eles quem deve ficar. Deve abandonar e esquecer seus laços sanguíneos como o humano que foi e deve honrar ao sangue do lobo que lhe deu poderes.

As palavras de Capcaun ferem Tyler como flechas. E agora, a clareira na floresta estava mergulhada em um silêncio tenso. Tyler Greymane estava parado no centro, sua pelagem loura brilhando fracamente à medida que ele respirava fundo, os olhos carregados de determinação e raiva. Sua mente estava em conflito, lutando entre a lealdade à tribo que lhe infectou e o desejo ardente de voltar para a tribo de sua mãe, onde pertencia por direito de sangue. Seus olhos ardiam com um misto de determinação e raiva contida. Diante dele, Canino Solitário, um ser encurvado pela idade e detentor de um único dente, permanecia calmo em meio à escuridão.

O vento sussurrava entre as árvores, suas folhas conspirando segredos enquanto a tensão crescia no ar. A serenidade da noite estava prestes a ser rompida pela tempestade interna de Tyler. O terraltino fitou intensamente os olhos do ancião, uma mistura de desafio e desespero refletidos neles. Ele sabia que Canino Solitário detinha a informação que ele tanto ansiava - o local das reuniões da tribo de sua mãe, nas terras distantes de Midgard.

Com um grunhido rouco, Tyler avançou com selvageria, seu corpo movendo-se como um raio movido a raiva. Canino Solitário não tentou fugir ou se esquivar; em vez disso, ele permaneceu parado, uma figura encurvada, envelhecida e sábia. Os primeiros golpes de Tyler atingiram o ar, sua fúria fazendo com que os movimentos fossem erráticos e incoerentes. No entanto, com cada soco e chute, ele começou a ajustar sua abordagem, direcionando sua raiva em uma coreografia desordenada de violência.

Canino Solitário não conseguia evitar todos os golpes agora. Os grunhidos de dor de Capcaun ecoavam na noite, misturados ao som de cada impacto. Ele tentou retaliar com golpes fracos e imprecisos, mas a força implacável de Tyler o dominou rapidamente. Canino Solitário tropeçou, caindo de joelhos, sua resistência estava diminuindo, e ele começava a tossir manchas de sangue. Tyler rugiu, um som de exaustão e raiva se misturando, enquanto ele continuava a atacar. Seus socos e chutes encontraram seu alvo repetidas vezes, deixando marcas vermelhas e sangrentas na pele envelhecida de Canino Solitário. O ancião tossia e gemia, seu corpo encurvado e trêmulo sob a brutalidade do ataque.

A cada golpe, a expressão no rosto de Tyler oscilava entre desespero e ódio. Ele não parecia notar o estado cada vez mais precário de Canino Solitário. Cada ferida infligida parecia alimentar ainda mais sua sede por vingança. Finalmente, após uma série de golpes intensos, Canino Solitário caiu de bruços no chão, ofegante e ensanguentado. Tyler ficou sobre ele, o peito subindo e descendo com respirações pesadas, os olhos injetados de sangue fixos no ancião encurvado.

Tyler rugiu, uma mistura de exaustão e ódio em sua voz. Ele se abaixou para se aproximar de Canino Solitário, respirando pesadamente. O ar que saía de suas narinas era como um vendaval que soprava sobre os ferimentos do ancião. Entre respirações ofegantes, o ancião começou a falar, sua voz rouca e baixa.

— Você quer saber... sobre a tribo de sua mãe, em Midgard... — ele começou, pausando para tossir mais sangue — Mas... se me matar... nunca saberá... onde fica o covil dos Fenrir.

Tyler cerrou os dentes, suas garras sujas de sangue.

— Eu quero a informação! Posso acabar não só com você, velho, mas com toda a sua linhagem!

Canino Solitário olhou para Tyler com olhos assustados. Se perguntou se Tyler seria mesmo capaz de extinguir uma parte do lobo apenas para rever a sua mãe. Ponderou que seu fim estava próximo, mas a linhagem dos Pricolici deveria permanecer. Em meio a seus pensamentos, lembrou de uma antiga profecia sobre o lobo de três cabeças, mais popularmente conhecido entre os humanos como o Cérbero, mas cujas raízes do mito chegavam ao ancestral dos lobisomens, um demônio vindo de outra estrela, acometido pela fúria. Um ser que deveria ser a personificação da Ira.

— As reuniões... ocorrem nas profundezas da floresta de Yggdrasil... Uma clareira sagrada... onde o destino é tecido pelos nossos ancestrais... Mas você não deveria... seguir por esse caminho..."

Ignorando as palavras fracas do ancião, Tyler ergueu a pata e desferiu um último golpe devastador. O som de ossos quebrando ecoou pela clareira, acompanhado pelo gemido agonizante de Canino Solitário. Tyler recuou, olhando para o resultado de sua fúria, para o corpo quase inerte do ancião. Canino Solitário tentou falar mais uma vez, sua voz um sussurro rouco.

— A floresta... de Yggdrasil... nas terras... de Midgard... lá você... encontrará...

Tyler não deu tempo para terminar. Com um rosnado selvagem, ele levantou suas garras e desferiu um golpe final, pondo fim à vida de Canino Solitário. O corpo do ancião ficou imóvel, um testemunho das marcas selvagens de sua luta final.

O terraltino olhou ao redor, sua pelagem loura manchada de sangue e suor. Ele não tinha tempo para lamentar; os outros Pricolici estavam se aproximando, atraídos pelo som da luta. Com uma última olhada para o corpo de Canino Solitário, Tyler fugiu da clareira, sua fúria não satisfeita, mas sua busca por informações agora obtida, a um custo terrível.

Mas antes que Tyler pudesse tomar uma decisão final, um uivo cortou o silêncio. Uma figura se aproximava correndo, a pelagem dourada brilhando à luz da lua. Era a mãe de Tyler, a lobisomem da tribo Fenrir que ele tanto ansiava reencontrar. Com um olhar cheio de tristeza e amor, ela se aproximou lentamente e falou com uma voz suave e autoritária. Suas palavras ecoaram na mente de Tyler, fazendo-o recuar de sua fúria. Ele olhou para Capcaun, inerte, mais um membro dos Pricolici morto, e então para sua mãe. Em seus olhos, a batalha interna ainda estava presente, mas um fio de razão retornava lentamente.

Tyler abaixou a cabeça, soltando um último rugido de frustração e resignação. Ele recuou, afastando-se de Capcaun. Sua mãe se aproximou dele, tocando suavemente seu focinho com o dela, uma expressão de compreensão e conforto passando entre eles.

A clareira na floresta ficou em silêncio mais uma vez, enquanto a lua observava a cena de conflito e reconciliação. A selvageria havia cedido, pelo menos temporariamente, ao poder do amor, do entendimento e da escolha consciente de resistir à escuridão que ameaçava consumir Tyler Greymane. Airlynn era um fio de esperança para a alma amaldiçoada de seu filho, mas talvez a visão de sua mãe não fosse real.

Fantasmagórica, Airlynn correu em direção à Lua, parando alguns instantes para olhar para trás. Tyler entendeu o recado. Voltou a se transformar em lobo e seguiu a visão de sua mãe. Enquanto corria, a lua continuava a brilhar implacavelmente, sua luz prateada revelando os destroços deixados para trás pela fúria de um lobisomem desesperado, enquanto a noite permanecia imperturbável. Mas Tyler só tinha olhos para a ilusão criada em sua mente.

As sombras da noite dançavam ao redor de Tyler enquanto ele corria pelo denso bosque, seus sentidos aguçados pela mistura de excitação e apreensão. A ilusão de sua mãe o conduzia, cada vislumbre da figura etérea alimentando suas esperanças há muito guardadas. Ele se lançou adiante, o coração batendo forte em seu peito peludo e a respiração profunda e ofegante.

A lua cheia brilhava no céu, lançando uma luz prateada sobre as árvores altas e antigas. Tyler seguiu os rastros de sua mãe ilusória, cada passo o aproximando de um destino incerto. Seus olhos amarelados cintilavam com determinação, o desejo de finalmente pertencer à tribo dos Fenrir ecoando em sua mente.

A ilusão da mãe de Tyler virou-se, seus olhos brilhando com um amor maternal reconfortante. Ela parecia tão real, tão palpável, que Tyler quase podia sentir o toque suave de suas palavras em sua mente. Com um aceno suave da mão etérea, ela indicou o caminho adiante. O uivo distante de lobos ecoou pela noite, como se estivessem chamando Tyler para se juntar a eles.

Empolgado, Tyler acelerou o ritmo, seus músculos se movendo em harmonia com a terra sob suas patas. Ele seguiu a ilusão, a sensação de que sua mãe estava finalmente o guiando em direção à sua verdadeira herança. Porém, à medida que avançava, as árvores começaram a parecer mais altas e ameaçadoras, seus galhos estendendo-se como garras em direção ao céu.

Subitamente, a ilusão da mãe de Tyler se deteve à beira de um claro na floresta. Ela se virou para ele mais uma vez, um sorriso sereno nos lábios. Mas quando Tyler chegou perto o suficiente para olhar nos olhos dela, ele percebeu algo perturbador. Seus olhos eram vazios, sem vida, como se a ilusão estivesse começando a desvanecer.

Antes que Tyler pudesse reagir, uma sombra escura emergiu da escuridão atrás dele. Era Sombra Selvagem, o lobisomem mais furtivo e astuto da tribo Pricolici. Seu pelame negro fundia-se perfeitamente com a noite, tornando-o quase invisível até o momento em que atacou. Com um rugido, ele avançou sobre Tyler, garras afiadas e dentes à mostra.

O confronto foi rápido e feroz. Tyler lutou com todas as suas forças, mas Sombra Selvagem era um adversário formidável. Em meio à batalha, Rugido da Floresta e Olhos de Âmbar apareceram, flanqueando Tyler com suas presenças imponentes. Cada golpe que Tyler lançava era correspondido por uma força maior, uma habilidade superior na arte da luta.

Enquanto os lobisomens Pricolici cercavam Tyler, ele finalmente percebeu a ilusão que o havia enganado. Sua mãe não estava ali para guiá-lo. Era uma armadilha, um truque cruel de sua própria mente, concebido durante sua fúria após matar o ancião. Ele estava prestes a pagar um preço terrível por sua traição.

Dois outros lobisomens se juntaram à luta, suas silhuetas destoando dos outros. Eram Lobo Gris e Olhos Escarlates, cujos nomes refletiam suas características físicas distintas. A batalha atingiu um clímax violento, e Tyler percebeu que suas esperanças de se juntar aos Fenrir haviam sido substituídas pela dura realidade de sua traição à tribo dos Pricolici.

À medida que as garras afiadas se fechavam ao seu redor e os rosnados ecoavam na noite, Tyler compreendeu a profundidade de sua escolha. Seu desejo de pertencer a algo diferente o havia levado por um caminho perigoso e traiçoeiro. Agora, estava encurralado, cercado pelos lobisomens cujas lealdades ele havia traído, todos unidos pela fúria e pela necessidade de justiça.

Sob a luz pálida da lua cheia, a batalha entre Tyler e os lobisomens Pricolici continuou a se desenrolar com uma intensidade avassaladora. As garras e dentes afiados se chocavam em um turbilhão de movimentos frenéticos, enquanto os grunhidos e rosnados ecoavam através da floresta. O ar estava carregado com a tensão palpável da luta pela sobrevivência.

Tyler estava determinado a não ser dominado. Cada golpe que ele desferia era carregado de força e ferocidade, sua fúria se misturando com o desejo de redimir sua traição. Sombra Selvagem, Rugido da Floresta e Olhos de Âmbar atacavam com coordenação implacável, tentando subjugar Tyler com sua superioridade numérica. Mas Tyler não cedia.

Com uma explosão de energia, Tyler se lançou em direção a Sombra Selvagem, suas garras encontrando seu alvo. O lobisomem Pricolici rugiu em agonia enquanto o sangue escorria de suas feridas. Em um último ato de desespero, Sombra Selvagem tentou um ataque final, mas Tyler o esquivou habilmente e retaliou com um golpe mortal, rasgando sua garganta. Sombra Selvagem caiu silenciosamente, sua forma escura desvanecendo-se na noite.

Rugido da Floresta avançou, sua massa imponente parecendo desafiar a gravidade enquanto ele investia contra Tyler. As forças dos dois colidiram em um impacto ensurdecedor, sacudindo as árvores ao redor. Rugido da Floresta tentou usar sua força bruta para subjugar Tyler, mas este o superou com agilidade e inteligência. Com um golpe preciso, Tyler atingiu as costelas de Rugido da Floresta, fazendo-o hesitar por um momento crucial. Nesse instante, Tyler aproveitou a oportunidade e perfurou o coração de seu adversário com suas garras. Rugido da Floresta tombou, seus olhos vazios fixos no céu noturno.

Olhos de Âmbar, o terceiro lobisomem Pricolici, não se deixou intimidar pela morte de seus companheiros. Ele avançou com os olhos ardendo de fúria, cada passo marcando a determinação de vingar seus colegas caídos. Tyler e Olhos de Âmbar se engalfinharam em uma luta feroz, suas garras e dentes se chocando em um duelo de forças. Tyler sentia o cansaço se acumulando, mas sua determinação era inabalável.

— Eu o trouxe aqui para salvar os Pricolici — disse Zar — E acabei sendo o responsável pela sua extinção. Eu preciso detê-lo nem que seja a última coisa que eu faça!

Após uma série de movimentos rápidos e esquivas, Tyler encontrou uma abertura na defesa de Olhos de Âmbar. Ele atacou com precisão cirúrgica, atingindo o peito de Olhos de Âmbar com um golpe mortal. O lobisomem Pricolici cambaleou para trás, emitindo um último rosnado antes de cair no chão, vida escorrendo de sua forma.

Os outros dois lobisomens, Lobo Gris e Olhos Escarlates, assistiram horrorizados à queda de seus companheiros. A presença iminente da morte os envolveu com uma aura sombria. Em uma sequência rápida de ações, Tyler abateu Lobo Gris com um golpe certeiro na garganta, seguido de uma investida brutal contra Olhos Escarlates, encerrando a vida dele com um golpe devastador.

A floresta, agora silenciosa, testemunhou a carnificina que ocorreu naquele claro iluminado pela lua. Tyler permanecia no centro, sua pelagem coberta de sangue e suor, sua respiração pesada. Ele havia enfrentado os lobisomens Pricolici e emergido vitorioso, mas a vitória era amarga. A ilusão de sua mãe, a traição que ele havia cometido, tudo aquilo pesava sobre ele como um fardo implacável. Com um olhar vazio e exausto, Tyler se afastou da cena destruída, sua jornada longe de ter terminado.

Após quase uma hora de dança frenética, os ciganos Lupin acenderam fogueiras e partilharam comida e histórias de suas andanças com Werena. Alegrou-se o comboio ao descobrir que a história de Capuz Púrpura era na verdade uma sereia de outro continente, e lamentaram em conjunto as perdas desde que a pirâmide maldita ergueu-se. Werena partilhou seu ponto de vista de todos aqueles acontecimentos, contou-os sobre Turk, partilhou os conhecimentos de Hærmys sobre como a maldade dele poderia macular cada vez mais esse planeta até afundá-lo em danação como houve com seu plano natal milhares de anos atrás.

Depois da meia-noite, quando os primeiros retiravam-se para suas carroças, Werena foi convidada a carroça dos anciões, onde residiam os quatro mais velhos daquele comboio. Eles leram sua mão, trocaram muitas expressões tristes, mas esperançosas, a mais velha tomou a fala.

— És um belíssimo espírito, que muda com a Lua, mas sempre tão pura como nossa luminífera noturna. É um prazer que tenhamos nos encontrado, mas agora precisamos saber sem rodeios, porque nos convocou, Werena?

Todos os quatro encaravam a iara, que respirou profundamente.

— Essa guerra entre vocês e os lobisomens precisa de uma trégua. O ódio que esse conflito alimenta está fortalecendo forças que  irão dizimar não apenas ambas as tribos, mas todas desse plano. Eu abro meu coração para vocês, podemos tentar juntos, cortar o mal pela raiz e depois resolver nossas questões sem mais sangue ser derramado? Eu sonho que todos os que nascerem depois de nós, sofram menos e farei o possível para tornar o mundo que vivo num lugar melhor. Me ajudem, eu amei um deles, sei que existe mais que uma maldição, existe redenção se ainda houver espaço para o amor. Me deem um voto de confiança, tudo que peço é que dois representantes do seu povo me acompanhem para negociarmos um tratado entre os clãs.

— Existe sim uma redenção, mas, para isso, é necessário retirar o lobo da alma de seu marido. Ele estaria preparado?

— Marido? — o que parecia ser uma pergunta simples, ecoou. Nem de longe se adequavam ao que as pessoas daquele continente chamavam de casamento, mas naquele momento o importante era  a paz — Pelo bem de nosso planeta, retiraria o lobo da alma dele e quem mais for preciso.

— Poderemos então salvar seu marido, se ele concordar em retirar o lobo. Os demais é que serão um problema. Eles não aceitarão isso e é com eles nosso maior conflito.

Werena abraça os próprios ombros, não conseguia esconder a dúvida em seu rosto. Não tinha certeza se Tyler aceitaria de bom grado abrir mão de seu poder.

— Existe outra forma de eu ajudá-los nesse conflito? Tenho outros aliados num semiplano tentando conter a proliferação do mal.

— Nos ajudar? Nossa missão é acabar com todos os lobisomens. As demais famílias ciganas enfrentam, cada uma, um inimigo diferente: os van Helsing combatem os vampiros na fronteira com a Jotúnia; os Tammuz enfrentam as bruxas na fronteira com Russkaya; e os Cabirus têm como alvo o podo anfíbio. Você tem sorte de ter nos encontrado. Se fôssemos os Cabirus, poderíamos ter te capturado antes de começar uma conversa. Todos nós, descendentes de Greuceanu temos nossas obrigações, que é erradicar uma dessas ameaças. Você pode ajudar a todos se lutar conosco. E, se fosse solteira, poderia até ser uma de nós.

— De linhagem eu entendo bem, sou a última das Amazonas de Yacirama. Nossa função era proteger um artefato sagrado e dar continuidade aos nossos costumes. E o casamento não é um deles. Reconheço a bondade em seu propósito, e reafirmo que lutarei ao lado de vocês se necessário. Resta agradecer pela recepção, a tempos eu não me sentia tão viva dançando e festejando. Adoraria levar um representante a torre de Haermys para firmar outra aliança contra as forças malignas. Combinar e organizar nossas forças, para diminuir as baixas nessa guerra.

— Conversaremos sobre isso mais tarde. É melhor se preparar para a batalha. Você captura o seu marido para que nós possamos remover o lobo dele. Os demais lidarão com os lobisomens restantes.

Determinado a avançar em sua busca pelo irmão, Bartley decidiu seguir sozinho em direção à misteriosa Pirâmide Sombria. Ele sabia que o desafio era imenso, mas estava disposto a enfrentar os perigos. Refez os seus passos conforme avançou dias antes de chegar ao covil dos Pricolici, quando seus planos foram desfeitos devido à fúria de Tyler, mas agora que estava só, conseguiu evitar os grupos de mortos-vivos até chegar ao Pântano do Diabo. O ambiente úmido e nebuloso criava uma atmosfera opressora, mas Bartley não permitia que o desconforto abalasse sua determinação. Sempre observando para detectar qualquer sinal de perigo, mantendo-se alerta para qualquer movimento ou som fora do comum. À medida que ele se aproximava da Pirâmide Sombria, os juncos pareciam se fechar ainda mais ao seu redor, como se tentassem impedi-lo de avançar. Bartley precisou usar sua agilidade e destreza para se mover através das barreiras naturais, empurrando os juncos e abrindo um caminho à medida que avançava. A cada passo adiante, a tensão aumentava. Bartley sabia que estava se aproximando do epicentro da atividade sombria que cercava a pirâmide. Ele podia sentir a energia carregada no ar, um presságio dos desafios que o aguardavam. Finalmente, diante da imponente Pirâmide Sombria, Bartley parou por um momento, observando-a com misto de respeito e curiosidade. A estrutura sombria parecia emanar uma aura enigmática, desafiando qualquer um que se aproximasse.

O caubói destemido de olhos firmes e chapéu gasto, ajustou a gola de sua jaqueta de couro e apertou o cabo da pistola em sua cintura. Diante dele erguia-se a sinistra pirâmide tecnorgânica, uma estrutura alienígena feita de uma combinação bizarra de metal e matéria biológica. O vento sibilava de forma inquietante ao redor da entrada escura e sinistra da pirâmide, criando um ambiente de suspense e tensão. Com um passo cauteloso, Bartley avançou em direção à entrada da pirâmide, sua lanterna acesa criando um círculo de luz amarelada nas paredes brilhantes e úmidas. À medida que adentrava, a atmosfera sufocante parecia engoli-lo, uma mistura de cheiros metálicos e algo indefinível, orgânico e putrefato.

A primeira câmara interna era um verdadeiro labirinto de tubos pulsantes, semelhantes a veias, e estruturas que lembravam órgãos em forma e textura. Uma escuridão oleosa e densa pairava nas bordas da sala, como um óleo negro que parecia respirar. O brilho espectral da lanterna revelou a estranha simbiose entre metal e biologia, uma fusão quase antinatural que parecia ganhar vida à medida que Bartley avançava. Os sons ecoavam pelas paredes, um conjunto de murmúrios e sussurros que não podiam ser rastreados. Bartley sentiu arrepios na espinha, mas a determinação em seus olhos não diminuiu. Ele sabia que precisava encontrar seu irmão, Roderick, que supostamente estava perdido nessas profundezas tecnorgânicas.

Enquanto seguia os corredores tortuosos, Bartley eventualmente chegou a uma câmara maior, iluminada por uma bioluminescência fraca e pulsante. No centro da sala, ele viu uma figura encurvada e trêmula - Roderick. A sanidade que costumava brilhar nos olhos de seu irmão agora havia sido substituída por um vazio assustador. Ele murmurava palavras incoerentes para si mesmo, suas mãos estendidas para tocar os tubos pulsantes ao redor dele.

— Roderick!

Bartley chamou, sua voz ecoando na câmara. Ele deu passos cuidadosos em direção ao irmão, mas cada passo parecia afundar na substância viscosa que cobria o chão. Ele pôde ver as lágrimas nos olhos de Roderick, uma expressão de medo e confusão. Bartley lutou contra a viscosidade do chão e finalmente chegou ao lado de Roderick. Ele pegou os ombros do irmão, olhando profundamente em seus olhos vazios. Os irmãos trocam um abraço forte e significativo, uma conexão que havia sido perdida por tanto tempo. Bartley não conseguia conter as lágrimas, enquanto suas emoções transbordavam. Roderick também estava visivelmente emocionado, mas seu semblante estava marcado por uma sombra de tristeza e cansaço.

— Irmão, finalmente te encontrei — diz Bartley com a voz embargada. Tenho procurado por você incansavelmente, enfrentado desafios inimagináveis. Não posso perder mais tempo. Precisamos sair daqui juntos, voltar para casa.

— Bartley... irmão... não posso sair... não consigo... — Roderick murmurou, sua voz trêmula e distorcida.

— Eu nunca deixei de procurar por você. Nossa mãe partiu, e eu fiquei sozinho, tendo que enfrentar a vida da maneira que pude. Eu precisei ser forte, mesmo quando tudo parecia desmoronar. Mas agora, olhando nos seus olhos, eu vejo a oportunidade de recomeçarmos juntos. Eu sei que você enfrentou muitos desafios, Roderick, e não posso imaginar o que você passou. Mas isso não muda o fato de que somos irmãos, que compartilhamos um vínculo único. Eu não estou aqui para julgar você, apenas para oferecer uma chance de recomeço. Roderick, estamos saindo daqui. Você não está sozinho nisso. Eu estou aqui com você — Bartley afirmou com firmeza, sua voz carregada de determinação.

Mas Roderick apenas balançou a cabeça lentamente, como se estivesse perdido em um pesadelo do qual não podia escapar. Bartley sabia que não podia forçar a sanidade de volta a ele, mas não desistiria sem lutar. E assim, naquela câmara de órgãos pulsantes, óleo escuro e metal biomecânico, os dois irmãos permaneceram - um lutando para manter sua determinação, o outro lutando para encontrar uma luz em meio à escuridão de sua própria mente. A pirâmide tecnorgânica continuava a respirar e pulsar ao seu redor, um mundo estranho e ameaçador que testava os limites da coragem e do amor fraternal.

Roderick lentamente virou-se para encarar Bartley, seus olhos vazios encontrando o olhar firme do irmão. A luz fraca da câmara de órgãos pulsantes refletia nas íris opacas de Roderick, enquanto ele lutava para se concentrar no rosto familiar diante dele. Bartley pôde ver a cicatriz proeminente que cortava a nuca de Roderick, uma marca que parecia narrar uma história sombria e inexplicável. Bartley notou a maneira como a cicatriz se estendia pela nuca de Roderick, separando-a em duas metades distintas. Era como se o tiro que ele recebera tivesse dividido sua mente e alma, deixando uma ferida tanto física quanto espiritual. A curiosidade e a preocupação brilharam nos olhos de Bartley enquanto ele observava aquela divisão, sabendo que algo profundo e misterioso estava acontecendo dentro de Roderick.

Enquanto Bartley estudava a cicatriz, uma mudança sutil passou pelos olhos de Roderick. A expressão vazia deu lugar a uma inquietação intensa. A cabeça de Roderick tremeu ligeiramente e então, como se fosse uma cena saída dos pesadelos mais obscuros, as duas metades da cicatriz começaram a se separar. Uma linha de fenda apareceu ao longo da marca, aprofundando-se gradualmente até que as duas metades da cabeça de Roderick estavam visivelmente divididas.

— Bartley, Bartley — uma voz sussurrou de dentro da abertura, ecoando pelas paredes da câmara e carregada de malícia e escuridão — Finalmente nos encontramos face a face.

Bartley recuou instintivamente, sua mão instintivamente indo para o cabo de sua pistola. Ele olhou em choque enquanto as duas metades da cabeça de Roderick agora pareciam ser controladas por vontades separadas. A parte esquerda, ainda com os olhos opacos e vazios, era Roderick. A parte direita, contudo, era algo diferente. Os olhos dessa metade brilhavam com um ardor intenso e um sorriso sádico curvava seus lábios.

— Roderick, o que está acontecendo? — Bartley perguntou, sua voz carregada de preocupação e incerteza. Ele tentou manter seus instintos alerta, enquanto lutava para compreender a situação.

A parte esquerda do rosto de Roderick permanecia vazia, seus olhos opacos e inexpressivos. A parte direita, contudo, emitia uma aura sombria, uma presença que Bartley não conseguia explicar completamente. Ele sabia que estava testemunhando algo além de sua compreensão. O caubói percebeu que a situação estava ficando cada vez mais perigosa. As duas partes de Roderick pareciam ter vontades distintas, e ele não sabia como controlar a situação. Ele sabia que precisava agir com cautela e determinação, para ajudar seu irmão a encontrar sua integridade e sanidade mais uma vez. Com a pistola ainda em mãos, Bartley manteve seu olhar fixo nas duas partes de Roderick, sentindo uma mistura de apreensão e determinação. Ele engoliu em seco, tentando afastar o medo que começava a se enraizar. Finalmente, reuniu coragem para falar.

— Quem... quem é você? — Bartley perguntou, sua voz soando mais firme do que ele se sentia por dentro.

A parte direita do rosto de Roderick, aquela que parecia emitir uma aura sombria, inclinou a cabeça lentamente, como se considerasse a pergunta. A voz que saiu dele era fria e carregada de um tom sombrio.

— Eu sou Abbas. E você deve ser Bartley, o irmão de meu atual hospedeiro.

Bartley franziu o cenho, tentando processar as palavras de Abbas.

— Abbas? Mas... o que você está fazendo aqui? E o que você quer?

A parte esquerda do rosto de Roderick permanecia imóvel, enquanto a parte direita - Abbas - parecia avaliar Bartley com interesse.

— Eu estava aprisionado em uma tumba antiga. Quando Roderick entrou lá, vi a oportunidade de escapar dessa prisão. E agora, aqui estou eu, livre no mundo novamente, através deste corpo — Abbas explicou, seu tom cheio de um misto de amargura e triunfo.

Bartley assentiu lentamente, tentando processar a informação. Ele tinha ouvido histórias sobre tumbas amaldiçoadas e espíritos vingativos, mas estar diante disso era algo completamente diferente.

 — Então, você é... um fantasma? Um espírito que tomou posse do corpo de Roderick? — Bartley perguntou, mantendo seu tom cauteloso.

Abbas riu, um som que parecia ecoar das profundezas do abismo.

— Fantasma, espírito, seja lá como você queira chamar. O fato é que agora eu sou parte deste corpo, e pretendo permanecer assim.

Bartley não pôde deixar de sentir um calafrio diante da determinação de Abbas. Ele olhou para Roderick, para a parte esquerda do rosto que permanecia vazia e sem vida. Ele estava determinado a encontrar uma maneira de ajudar seu irmão a recuperar sua sanidade.

— Roderick é meu irmão, e vou fazer o que for preciso para trazê-lo de volta — Bartley declarou, sua voz firme.

Abbas soltou uma risada baixa e sinistra.

— E você acha que é tão simples assim? Roderick foi um mero acidente. Meu mestre me deu um lar, uma finalidade. Eu não vou deixar isso desaparecer. Ele me ofereceu poder, uma oportunidade de servir a um mestre que compreende o valor do que eu posso oferecer.

Bartley apertou a pistola com mais força, seu olhar não vacilando. Ele estava diante de um desafio assustador, mas estava disposto a lutar por seu irmão e trazer de volta a sanidade que lhe havia sido roubada. A batalha estava apenas começando, e Bartley estava decidido a lutar até o fim. O caubói observou enquanto Abbas se movia com um tipo de elegância sombria. Ele parecia completamente à vontade em seu próprio corpo, um contraste assustador com a agonia e confusão de Roderick. A presença de Abbas era ameaçadora e Bartley sentiu um calafrio correr por sua espinha.

— Onde está Roderick? — Bartley exigiu, sua mão agora firmemente segurando a pistola.

Abbas riu, um som que parecia mais uma coleção de sombras.

— Ele está aqui, em algum lugar. Mas você acha que vou deixar que volte? John Turk é meu mestre, e eu sou leal a ele.

A situação estava se tornando mais complexa e perigosa a cada momento. Bartley estava diante de uma dualidade assustadora - Roderick, o irmão perdido em seu próprio tormento, e Abbas, uma personalidade sombria e leal ao misterioso John Turk. Enquanto Bartley segurava a pistola com firmeza, ele sabia que precisava encontrar uma maneira de reunir as partes fragmentadas de Roderick e libertá-lo da influência maligna de Abbas. Bartley observou Abbas, buscando entender melhor a complexidade da situação.

— Quem é esse mestre, John Turk? E por que ele está interessado em você e em Roderick?

Abbas lançou um olhar penetrante a Bartley, seus olhos escuros brilhando com uma mistura de desprezo e satisfação.

— John Turk é um homem com um passado tão antigo quanto a própria Terra. Um mago de idade incalculável, que espera pacientemente para trazer à superfície os sete Pecados, personificados. A pirâmide na qual estamos agora é um dos Pecados - a personificação da Preguiça. Uma armadilha, um elo para o passado de John. Mas a verdadeira chave está em desencadear os Pecados. E Roderick... Roderick é um mero peão nesse tabuleiro cósmico. John usou sua fraqueza para abrir portas para os Pecados.

Bartley sentiu uma raiva crescer dentro de si, dirigida a esse John Turk e seu plano sinistro.

— E qual é o propósito disso tudo? Por que trazer os Pecados à Terra?

Abbas sorriu, um sorriso que parecia carregar mais segredos do que respostas.

— Oh, a resposta a essa pergunta é tão profunda quanto o próprio tempo. A humanidade é uma criatura tão fascinante, capaz de virtudes e atrocidades em igual medida. John acredita que libertar os Pecados trará à tona o verdadeiro potencial da humanidade, sua natureza mais obscura e intensa. E acredite, Bartley, isso é apenas o começo. A Ira será a próxima a se manifestar, e seus estrondos ecoarão por toda a Terra.

A revelação deixou Bartley atordoado, a magnitude da situação pesando sobre ele como uma tempestade iminente. Ele pensou em Tyler Greymane, o lobisomem que havia cruzado seu caminho na busca por Roderick. Lembrou de seu acesso de fúria no bar em Glas-Kaw e na travessia da Silvânia. Agora, ao ouvir a menção à Ira, ele compreendeu que as coisas estavam muito mais profundas do que ele jamais imaginara. A determinação queimava nos olhos de Bartley. Ele sabia que estava diante de uma batalha épica, uma batalha que se estenderia além do visível, uma batalha pelas almas dos homens e pelo destino da Terra. Abbas pode ter sido um mensageiro sombrio, mas Bartley estava pronto para enfrentar qualquer adversidade para trazer seu irmão de volta à luz e parar o avanço implacável dos Pecados.

Enquanto Bartley mantinha seu olhar fixo em Abbas, a parte esquerda do rosto de Roderick pareceu tremer por um momento. Os olhos opacos piscaram algumas vezes, e Bartley pôde sentir uma mudança no ar. Quando ele menos esperava, Roderick tomou posse de seu próprio corpo por um breve instante.

— Bart... fuja... agora...

A voz de Roderick soou fraca e distante, uma luta desesperada para romper a barreira que Abbas tinha sobre ele. O coração de Bartley apertou-se ao ouvir a voz de seu irmão, mesmo que fosse apenas por um momento. Ele engoliu em seco, compreendendo a urgência das palavras. Ele sabia que precisava agir rápido. Sem hesitar, Bartley recuou lentamente, mantendo sua pistola à mão. Seu olhar permaneceu fixo em Roderick, que parecia lutar para manter a conexão. Bartley sabia que estava diante de algo muito além de sua compreensão, mas ele estava disposto a fazer tudo o que fosse necessário para ajudar seu irmão.

Enquanto saía cautelosamente da câmara, Bartley se lembrou de Werena, a amazona indígena hybrasileira que procurara a aliança dos ciganos. Ela era uma figura forte e corajosa, e Bartley tinha a esperança de que ela pudesse fornecer a ajuda que eles precisavam nesse momento sombrio. Já havia presenciado a magia de Werena em ação e talvez ela pudesse ajudar seu irmão. Ou, ao menos, indicar alguém que pudesse fazer isso.

Após atravessar o pântano de juncos, Bartley finalmente retornou ao covil dos lobisomens, onde a devastação e a carnificina eram evidentes. O lugar que costumava ser o lar dos lobisomens Pricolici estava agora marcado pela fúria de Tyler Greymane. A visão da destruição o fez tremer, imaginando o que havia acontecido ali. Mas Bartley sabia que não podia se deter. Ele tinha uma missão a cumprir, um plano que envolvia encontrar Werena e pedir sua ajuda.

O céu sobre o covil dos lobisomens estava nublado, lançando uma atmosfera sombria sobre o cenário de devastação. Enquanto Bartley observava a destruição causada por Tyler Greymane, ele notou uma agitação na periferia de seu campo de visão. A silhueta de uma amazona montada em um cavalo, acompanhada por um grupo de ciganos, emergiu das sombras da floresta. Werena, a destemida amazona indígena hybrasileira, havia chegado. Ela se deteve diante da cena de carnificina, seu rosto transparecendo uma mistura de choque e horror. Os ciganos que a acompanhavam olhavam em volta com uma mistura de admiração e triunfo, percebendo que os lobisomens Pricolici haviam sido derrotados. O olhar de Werena encontrou o de Bartley, e ela desceu do cavalo com uma expressão de tristeza e raiva. Ela se aproximou do caubói, sua voz carregada de emoção.

— Isso é um massacre. Não é o que eu esperava encontrar aqui.

Bartley assentiu, compreendendo a turbulência de sentimentos de Werena.

— Tyler... ele fez isso. E a coisa só está começando.

Com os ciganos festejando ao redor, alguns deles começaram a entoar cânticos em louvor a Werena. A amazona, no entanto, parecia perturbada pelo que havia acontecido, mesmo que não fosse de sua autoria. Enquanto o burburinho ecoava ao redor deles, Bartley se aproximou de Werena, suas palavras sussurradas para que apenas ela pudesse ouvir.

— Nós precisamos conversar, Werena. Há muito que eu descobri na pirâmide.

Os olhos de Werena encontraram os de Bartley, a curiosidade misturada com preocupação. Ela assentiu, sinalizando que estava pronta para ouvir. Bartley revelou todas as informações que havia obtido na pirâmide, sobre Abbas, John Turk, e o plano sombrio de trazer os Pecados à Terra. Werena ouvia atentamente, suas sobrancelhas franzidas enquanto processava a magnitude da situação.

— Então, estamos lidando com algo muito maior do que eu imaginava — Werena disse finalmente, sua voz carregada de determinação — Nós precisamos agir rápido. Mas não podemos enfrentar isso sozinhos.

— Eu sei — Barltey concordou — É por isso que precisamos ir para Midgard, no Norte. Tyler seguiu para lá, talvez ele já possuído pela Ira. É lá que ele encontrará apoio para o que está por vir.

A jornada rumo a Midgard começou, os ciganos reunindo seus pertences e seguindo Bartley e Werena. A viagem foi longa e desafiadora, atravessando terras desconhecidas e enfrentando obstáculos que testavam sua coragem. Mas a determinação deles era inabalável, e finalmente, após muitas semanas, eles chegaram às terras geladas do norte. Midgard, a terra natal dos lobos Fenrir e das lendas antigas, aguardava-os com promessas e perigos. Com o vento cortante soprando em seus rostos, Bartley e Werena olharam para o horizonte desconhecido, prontos para enfrentar o próximo capítulo nessa batalha que determinaria o destino da humanidade.

[OBJETIVOS]
• Antes de chegar a Midgard, Tyler precisa escolher o caminho:
- Atravessar a cordilheira Miogaror, que separa Midgard de Arcádia, e enfrentar uma nevasca passando por feito de Sobrevivência ND DIF.
- Atravessar o Mar do Norte e enfrentar a esquadra Jormungand, passando por um combate ND EXT.
• Werena ou Bart podem tentar despistar os ciganos, para que não cheguem a Midgard, ND DIF (qualquer naipe).
• Werena ou Bart podem fazer um feito para seguir o rastro de Tyler, ND DIF.
• Werena pode fazer um teste social para que os ciganos lhe ensinem um ritual para acalmar a fera, ND DIF. E deve fazer um feito de Mente DIF para aprender rápido (ou usar 10 xp para comprar o poder - ela tem um saldo de 17).

Spoiler:

[ESFORÇO]
Tyler = 3
Werena = 9
Bartley = 9


Última edição por Anfitrião em Seg Out 16, 2023 2:48 pm, editado 1 vez(es)
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Iara Werena

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MensagemAssunto: Re: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptySáb Out 07, 2023 4:56 pm

Dentre tantas missões a atual tinha sido muito mais desgastante do que o esperado. Tantos deslocamentos, investigações e claro, surpresas. Tanto da grandeza e maldade dos planos do grande inimigo, mas também do quão perigoso aquele que se deitava com a amazona poderia ser. As novas informações fizeram seu coração chorar e ela perguntava-se onde teria errado, o que teria deixado passar, o que poderia ter feito de diferente.

Seguiram a viagem com o comboio, e a cigana da rosa vermelha notou o aspecto cabisbaixo da amazona. Após o momento de desabafo com a nova amiga, Werena foi levada por ela para um pouco mais afastado da caravana para poderem conversar com mais privacidade. Após escutar atentamente as aflições, a cigana finalmente se posicionou.

-Eu realmente sinto muito Werena… Mas afaste de sua mente essa ideia de que a culpa é sua, estamos enfrentando algo muito maior que nossas vidas. O importante é fazer o possível daqui para frente…

Após um longo abraço a cigana colocou uma flor violeta nos cabelos de Werena e de braços dados voltaram a rota do comboio.Os dias passaram-se lentos. A amazona tentava ajudar como podia e aprendia os mais básicos costumes daquele povo, e após estabelecer uma relação amigável com a maioria os anciãos começaram a chamá-la em sua carruagem com mais frequência, trocavam histórias sobre suas culturas, encontram pontos em comuns e arquitetaram possíveis planos para enfrentar o mal adiante.

Durante uma madrugada gelada, Werena foi chamada. A anciã mais velha estava chamando. Tinha um segredo para partilhar.
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MensagemAssunto: Re: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptyDom Out 08, 2023 1:13 am

Chegar até Arlinn. Era a única coisa que a mente de Tyler processava naquele instante. O lobo só queria duas coisas. Voltar para seu bando original. E sangue. Sangue de quem parasse em sua frente. Sangue de quem tentasse o impedir.

Há dias não assumia sua forma humana, deixando o lobo ter plena atitude em seu corpo. Sentia-se bem daquele jeito. Como o predador que nasceu para ser desde sempre. Sentia as patas no chão frio, conforme atravessava as cordilheiras, chegando, em alguns momentos, a parar e soltar um grande uivo para os céus, um urro que mostrava que o herdeiro dos Greymane estava retornando para reclamar o que era seu.

Seu faro atento lhe guiava pelos caminhos tortuosos, e poucas vezes pôde parar para descansar no caminho. Sabia que provavelmente estaria sendo perseguido. Que alguém estaria o caçando. O impedindo de chegar em seu grande objetivo.

Em algumas poucas vezes, o lobisomem retomava seu "controle". Sentia o remorso e a culpa pela traição que fizera. Mas os instintos lhe cobravam seguir adiante.

"Revele seu maior potencial, lobo... esqueça as amarras humanas..."

E ele lembrava de Werena.

Na última vez que readquiriu plena consciência, pensou nela. Se ela ainda o amaria e o aceitaria. Temeu pela vida dela. E se ela estivesse o seguindo? E se o lobo resolvesse que ela não seria capaz de pará-lo.

Não era possível impedir o lobo de avançar. Mas o humano ainda gritava o nome dela, entre os uivos noturnos.
Feito DIF de Sobrevivência:
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MensagemAssunto: Re: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptySáb Out 14, 2023 11:01 pm

Bartley estava decidido a seguir os rastros de Tyler Greymane, ele sabia que a busca seria desafiadora, mas sua determinação era inabalável. Com sua pistola firmemente presa ao coldre, ele começou a traçar um plano.

Com sua pistola seguramente acomodada no coldre, Bartley começou a traçar um plano meticuloso para seguir os rastros de Tyler. Seus olhos varriam o ambiente em busca de sinais, examinando cada pedaço de evidência deixado para trás pelo lobisomem. Marcas de pegadas na terra, galhos partidos e qualquer indício que pudesse indicar a direção que Tyler havia tomado. A experiência de Bartley, mostrou-se inestimável nesse momento. Cada detalhe era importante, cada pista podia aproximá-lo mais de seu objetivo.

Enquanto observava os sinais deixados por Tyler, ele não pôde deixar de pensar na magnitude da ameaça que se aproximava. A sensação de que o destino da humanidade pendia na balança pesava em seus ombros, mas ele não hesitaria. Seu pensamento estava focado: "Não posso falhar. Não desta vez." A determinação queimava dentro dele, alimentando sua busca incansável por Tyler, mesmo que isso o levasse ao coração das terras desconhecidas e perigosas do Norte. Cada passo o aproximava de um confronto que determinaria o curso da história, e Bartley estava pronto para enfrentar o desafio.

A jornada em Midgard estava longe de ser tranquila. As terras do Norte eram desconhecidas e repletas de desafios, mas Bartley sabia que a vida que conheciam estava em jogo. Ele estava disposto a enfrentar qualquer obstáculo, a seguir os rastros de Tyler até o fim do mundo, se necessário fosse. O vento cortante e as paisagens gélidas aguardavam por eles, e Bartley estava pronto para iniciar o próximo capítulo nessa batalha épica que determinaria o destino da humanidade. A sensação de urgência e a tensão no ar eram palpáveis, mas Bartley não recuaria. A missão de detê-los era pessoal, e ele estava determinado a ter sucesso.


Seguir o rastro de Tyler.
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MensagemAssunto: Re: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptySeg Out 16, 2023 11:56 am

ATO III

Cordilheira Miogaror, Fronteira de Midgard, 1920.


Tyler Greymane, o lobisomem dividido entre os Pricolici e os Fenrir, avançava cautelosamente pelas montanhas Miogaror, enquanto uma nevasca feroz rugia ao seu redor. Seu instinto animal aguçado o guiava através do turbilhão de neve, seus olhos amarelos brilhando com uma intensidade selvagem. Cada passo era uma batalha contra o frio cortante e a visibilidade limitada. Chegar até Arlinn era a única coisa que a mente de Tyler processava naquele instante. O lobo só queria duas coisas: voltar para seu bando original e sangue. Sangue de quem parasse em sua frente. Sangue de quem tentasse o impedir.

Há dias não assumia sua forma humana, deixando o lobo ter plena atitude em seu corpo. Sentia-se bem daquele jeito. Como o predador que nasceu para ser desde sempre. Sentia as patas no chão frio, conforme atravessava as cordilheiras, chegando, em alguns momentos, a parar e soltar um grande uivo para os céus, um urro que mostrava que o herdeiro dos Greymane estava retornando para reclamar o que era seu.

Seu faro atento lhe guiava pelos caminhos tortuosos, e poucas vezes pôde parar para descansar no caminho. À medida que a nevasca aumentava em intensidade, Tyler começou a buscar abrigo. Seu focinho farejador captava o cheiro de uma toca natural escondida entre as rochas. Com a agilidade de um lobo, ele se enfiou na entrada estreita e sinuosa, buscando refúgio do vendaval de neve. O interior da toca era escuro, mas ao menos estava livre do vento gélido e da neve que caía incessantemente lá fora. Sabia que provavelmente estaria sendo perseguido. Que alguém estaria o caçando. O impedindo de chegar em seu grande objetivo.

Por horas, Tyler permaneceu agachado na toca, seu corpo se aquecendo gradualmente com a pelagem espessa. Ele sabia que precisava esperar a tempestade passar antes de continuar sua jornada. Enquanto aguardava, seu focinho tremeu ao detectar o cheiro de presas nas proximidades. A fome se fez presente, e Tyler decidiu que era hora de caçar. Silenciosamente, ele saiu da toca e se camuflou na paisagem branca e gelada. Sua audição aguçada captava o som das presas sob a neve, e ele avançou sorrateiramente. Com um salto rápido e preciso, Tyler capturou um coelho que estava se movendo sob a camada de neve. A presa ofereceu um alívio bem-vindo para sua fome e energia para suportar a nevasca.

Após a refeição, Tyler retornou à sua toca e esperou pacientemente que a tempestade diminuísse. O tempo parecia passar lentamente, mas eventualmente, os ventos diminuíram, e a neve parou de cair. Com a visibilidade restaurada, Tyler retomou sua jornada em direção à Midgard, sua pelagem agora coberta de flocos de neve.

Longe dali, Werena estava pensativa em meio aos seus companheiros ciganos. Dentre tantas missões, a atual tinha sido muito mais desgastante do que o esperado. Tantos deslocamentos, investigações e claro, surpresas. Tanto da grandeza e maldade dos planos do grande inimigo, mas também do quão perigoso aquele que se deitava com a amazona poderia ser. As novas informações fizeram seu coração chorar e ela perguntava-se onde teria errado, o que teria deixado passar, o que poderia ter feito de diferente.

Ela e Bart seguiram a viagem com o comboio, e a cigana da rosa vermelha, chamada Valentina Vilezca, ela soube mais tarde, notou o aspecto cabisbaixo da amazona. Após o momento de desabafo com a nova amiga, Werena foi levada por ela para um pouco mais afastado da caravana para poderem conversar com mais privacidade. Após escutar atentamente as aflições, a cigana finalmente se posicionou.

— Eu realmente sinto muito, Werena, mas afaste de sua mente essa ideia de que a culpa é sua, estamos enfrentando algo muito maior que nossas vidas. O importante é fazer o possível daqui para frente – disse a anciã.

Após um longo abraço, a cigana colocou uma flor violeta nos cabelos de Werena e de braços dados voltaram a rota do comboio.Os dias passaram-se lentos. A amazona tentava ajudar como podia e aprendia os mais básicos costumes daquele povo, e após estabelecer uma relação amigável com a maioria, os anciãos começaram a chamá-la em sua carruagem com mais frequência, trocavam histórias sobre suas culturas, encontram pontos em comuns e arquitetaram possíveis planos para enfrentar o mal adiante.

Durante uma madrugada gelada, Werena foi chamada. Valentina estava chamando. Tinha um segredo para partilhar. A cigana acendeu uma vela vermelha e chamou a amazona para se sentar ao lado da fogueira. As chamas pareciam dançar em seus olhos experientes, enquanto a anciã observava Werena com um olhar sério.

— Werena, minha querida, chegou a hora de compartilhar um segredo antigo e poderoso com você.

Werena olhou para a cigana com uma mistura de expectativa e apreensão.

— O que é esse segredo, Valentina? Por que você está me contando isso agora?

— Nós, ciganos, guardamos uma magia que poderia ser a chave para acalmar a fera que habita Tyler, seu marido. Uma magia que só é compartilhada com aqueles que possuem o coração puro o suficiente para usá-la com sabedoria. É um segredo que nos foi transmitido de geração em geração.

Werena baixou os olhos por um momento, pensando no dilema que a atormentava.

— Eu entendo a importância de acabar com a fera interior que aflige Tyler. Mas também sei o quanto ele valoriza sua natureza de lobisomem, é uma parte fundamental de sua cultura e identidade. Como posso decidir o que é melhor para ele?

A anciã assentiu com compreensão, mas sua determinação permaneceu inabalável.

— Werena, entendo seus sentimentos. Mas, neste momento, devemos pensar na segurança de todos. Lobisomens, quando não controlados, podem representar uma ameaça para todos nós, inclusive para você. Queremos que você chegue perto o suficiente de Tyler para que possamos emboscá-lo e usar a magia que compartilharei com você para acalmá-lo.

Werena abaixou a cabeça, sentindo o peso da decisão que estava prestes a tomar.

— Eu sei que é um risco, e que o que está em jogo é a segurança de todos, incluindo a minha. Estou disposta a aprender essa magia, mas espero que haja uma maneira de fazê-lo sem destruir completamente a essência de Tyler.

Valentina apoiou uma mão gentil no ombro de Werena.

— Você tem um coração nobre, Werena. Vamos fazer o que pudermos para preservar a essência dele, mesmo enquanto acalma a fera. E lembre-se, a magia que vamos compartilhar com você é uma das quatro ferramentas que você terá para lidar com essa situação. Ainda há esperança para ele, minha querida, e para todos nós.

Werena olhou nos olhos da cigana, um misto de medo e determinação refletindo em seu olhar.

— Eu farei o que for preciso para proteger Tyler. Ensine-me, Valentina. Ensinem-me essas magias.

Valentina Vilezca olhou para Werena com seriedade, pronta para revelar os segredos que há muito tempo eram guardados pelos ciganos.

— Werena, as magias que estamos prestes a compartilhar são conhecidas como o "Grimório Lupin". São segredos que a família Lupin, nossos antepassados, passaram de geração em geração, na esperança de livrar o mundo da maldição dos lobisomens.

Werena ouviu com atenção, ansiosa para aprender e entender o significado por trás dessas magias.

— O primeiro é a "Poção da Lua Negra". Ela afugenta lobisomens com a simples presença de seu aroma. Essa poção pode manter as feras afastadas e proteger aqueles que dela se aproximam – Valentina fez uma pausa antes de continuar. — O segundo é a "Transmutação de Luna". Essa magia permite que você converta objetos de metal em prata, tornando-os capazes de ferir lobisomens. É uma habilidade vital quando confrontamos criaturas da noite.

Werena assentiu, absorvendo as palavras da cigana.

— O seguinte é a "Barreira de Rosas de Prata". Com esta magia, você pode criar uma barreira de rosas e espinhos, algo que é conhecido por afastar lobisomens e proteger áreas ou pessoas de ataques noturnos – a cigana olhou diretamente nos olhos de Werena antes de revelar o quarto segredo — O último, mas não menos importante, é a "Extração do Espírito do Lobo". Esta magia permite que você separe o espírito do lobo da parte humana do lobisomem, tornando possível acalmá-lo. No entanto, lembre-se de que o espírito do lobo não se perde ou é destruído; ele deve ser transferido, seja para outra pessoa, seja para uma garrafa de contenção. Se essa garrafa for quebrada, o espírito do lobo pode transformar qualquer um em lobisomem.

A anciã deixou um momento de silêncio pairar no ar, permitindo que a gravidade da situação se estabelecesse.

— Essas magias são nossas ferramentas para enfrentar a maldição dos lobisomens. Vamos ensiná-las a você com a esperança de que você possa ajudar a pôr fim a essa maldição e salvar Tyler e outros que podem estar sob sua influência.

Werena assentiu, agora compreendendo o valor e a importância desses segredos. Ela estava disposta a aprender e a usar essas magias em sua missão para proteger Tyler e a comunidade cigana.

— Durante as próximas noites, partilharei estes segredos, sempre diante da fogueira. Durante o dia, você pode ficar à vontade para desfrutar de nossa hospitalidade e se envolver com nossos costumes.

Na primeira lição, Valentina Vilezca reuniu ervas relacionadas às lendas de lobisomens, como acônito e beladona. Werena aprendeu a selecionar cuidadosamente as ervas necessárias para a poção. A cigana explicou os poderes mágicos das plantas usadas, desde o acônito até a beladona, e como combiná-las com precisão. Werena as colheu com cuidado durante o dia, sentindo a energia das plantas se misturando com a sua. À noite, ela viu as cores das ervas dançarem no caldeirão, produzindo uma poção fumegante que liberava um aroma intenso.

Depois foi a vez de Valentina ensinar a Werena a magia da transmutação, permitindo que ela convertesse os metais das armas em prata. Durante o dia, Werena observou os ciganos trabalhando com metais, moldando-os em joias e ferramentas. A amazona reuniu peças de aço e ferro. Ela sabia que precisava de uma conexão profunda com o metal para transformá-lo. À noite, quando a cigana a instruiu a realizar a magia, ela sentiu o metal em suas mãos se tornar fluido, transformando-se em prata com uma cor radiante. Ela segurou uma lâmina e, com um gesto mágico, viu o aço se transformar em prata brilhante. A perspectiva de ferir Tyler para salvá-lo a assombrava, mas ela entendia que, às vezes, era necessário.

Na próxima lição, a instrutora conduziu Werena a um campo de rosas selvagens, onde a natureza já havia tecido uma barreira com espinhos afiados. Ela colheu as mais belas flores e as viu florescer sob seu toque. À noite, Werena aprendeu a fortalecer essa barreira com magia. Enquanto os espinhos se entrelaçavam e formavam uma parede defensiva, Werena experimentava uma sensação de poder e pensava em como poderia usar essa magia para proteger Tyler dos impulsos da fera interior.

Werena já estava caminhando para o desfecho do aprendizado, quando chegou a hora de Valetina explicar a magia de retirar o "espírito do lobo" de um lobisomem e transformá-lo em humano. Werena já sabia como fazer isso, mas demonstrou a arte de tocar o coração de Tyler e convencê-lo a se transformar. Durante o dia, ela viu os ciganos cuidando de suas garrafas de contenção, lembrando-a de que o espírito do lobo não se perde ou é destruído, mas transferido. A responsabilidade de escolher o destino do espírito a preocupava. Ela passou horas refletindo sobre como tirar o "espírito do lobo" de Tyler. Conversou com alguns ciganos mais velhos sobre a responsabilidade de transferir o espírito e as possíveis consequências. À noite, quando a cigana guiou Werena no processo de transformação, ela visualizou o espírito do lobo de Tyler ser envolto por uma luz dourada e, com um toque suave, transformou-se em sua forma humana.

Com as lições de Valentina Vilezca sobre a Poção da Lua Negra frescas em sua mente, Werena resolveu praticar sozinha e começou a coletar as ervas necessárias durante o dia, aprimorando suas habilidades de identificação de ervas e começou a secar e triturar as plantas coletadas para a poção. Ela percebeu como as cores se intensificavam à medida que as ervas secavam sob o sol. Ela sabia que esta magia era uma das mais cruciais para proteger Tyler. À noite, sob a orientação de Valentina, ela misturou as ervas e observou o caldeirão com atenção, sentindo o poder das ervas fluir enquanto a mistura borbulhava e se transformava em um líquido de aparência mágica.

Continando sua preparação, Werena escolheu uma variedade de objetos de metal variados, desde lâminas até balas. Ela imaginou como essas ferramentas agora transformadas em prata poderiam ser usadas para ajudar Tyler. Ela os segurou, sentindo o peso e a textura de cada um, sabendo que logo seriam transformados em algo mais. À noite, quando aplicou a magia de transmutação, testemunhou o metal escurecer e brilhar, sentindo o calor da prata em suas mãos, tornando-se prata brilhante, pronto para ferir lobisomens.

Já havia se passado uma semana desde o início do treinamento intensivo. Werena passou mais tempo no campo de rosas, compreendendo a beleza e a força das flores e espinhos. Ela colheu e preparou as rosas, sentindo a ligação entre ela e a natureza, o que lhe trazia boas lembranças de Yacirama. Na hora da prática, criando a barreira, viu os espinhos crescerem e se enroscarem, formando uma muralha de proteção à sua volta.

Seu treinamento estava quase concluído quando Werena explorou a ética e as implicações de retirar o espírito do lobo de Tyler. Ela se perguntou se havia uma maneira de transferi-lo para outra pessoa ou como contê-lo de forma segura. Passou o dia falando com os ciganos sobre as implicações da transformação do espírito do lobo de Tyler e explorou alternativas, considerando o destino desse espírito. À noite, vislumbrou o momento em que realizaria a magia, sentindo o peso da responsabilidade e a conexão profunda entre ela e Tyler, enquanto o espírito do lobo se separava dele e era envolto por uma aura dourada.

Werena estava sentada perto da fogueira, olhando as chamas dançarem no escuro da noite. Ela estava preocupada, pensando na última magia que aprendera, a "Extração do Espírito do Lobo". Apesar de entender a necessidade de controlar Tyler, sua mente estava repleta de dúvidas e preocupações. Decidindo buscar a sabedoria de Valentina mais uma vez, ela a chamou.

— Valentina, posso falar com você?

A cigana, sentada do outro lado da fogueira, assentiu com um olhar compassivo.

— Claro, minha querida. O que está te afligindo?

Werena hesitou antes de falar, suas palavras saindo com cuidado.

— Eu ainda tenho dúvidas sobre a magia de retirar o espírito do lobo de Tyler. Eu entendo a importância de acalmá-lo, mas a ideia de separar essa parte dele... É tão dolorosa. Eu o amo, Valentina, e não quero que ele perca uma parte tão significativa de si mesmo.

A anciã sorriu gentilmente e se aproximou da jovem.

— Werena, eu entendo o seu dilema. É uma escolha difícil que você está enfrentando. Mas lembre-se, a essência do que torna Tyler quem ele é não se perderá. A magia permite apenas que o espírito do lobo seja isolado, controlado e, se necessário, transferido.

Werena olhou nos olhos sábios da cigana, buscando orientação.

— E se não houver ninguém para receber o espírito do lobo? E se a garrafa de contenção for quebrada?

Valentina pegou a mão de Werena com carinho.

— Entendo suas preocupações, minha querida. Mas é por isso que precisamos ter cuidado e responsabilidade. Não pretendemos destruir a essência de Tyler, mas sim proporcionar uma chance de equilíbrio entre as duas partes dele. A magia nos dá a oportunidade de manter a fera sob controle, para o bem de todos. E, se for preciso, encontraremos uma solução para o espírito do lobo, de uma maneira ou de outra.

Werena soltou um suspiro pesado, sabendo que ainda estava em conflito, mas sentindo o apoio e a sabedoria da anciã.

— Obrigada por sua orientação, Valentina. Eu quero fazer o que for necessário para proteger Tyler e a comunidade. Mesmo que isso signifique tomar decisões difíceis.

A cigana sorriu com apreço.

— Você é uma mulher corajosa e nobre, Werena. A jornada que você está enfrentando é cheia de desafios, mas saiba que estamos aqui para apoiá-la a cada passo do caminho. Juntos, conseguiremos superar essa ameaça e manter a segurança de todos.

Werena sorriu, ainda sem jeito.

— Agora precisamos apenas esperar as notícias dos nossos batedores. Eles já deveriam ter voltado com o rastro do seu marido.

O grupo de batedores havia partido há dias. Era formado por três homens da caravana e o caubói americano. Bartley estava decidido a seguir os rastros de Tyler Greymane, ele sabia que a busca seria desafiadora, mas sua determinação era inabalável. Com sua pistola firmemente acomodada no coldre, Bartley começou a traçar um plano meticuloso para seguir os rastros de Tyler. Seus olhos varriam o ambiente em busca de sinais, examinando cada pedaço de evidência deixado para trás pelo lobisomem. Marcas de pegadas na terra, galhos partidos e qualquer indício que pudesse indicar a direção que Tyler havia tomado. Bartley sabia que sua missão era crucial: ele se voluntariou para se juntar ao grupo de caçadores ciganos na esperança de despistá-los e, ao mesmo tempo, encontrar pistas que levassem ao seu amigo Tyler antes que fosse tarde demais. Antes de sua missão, Bartley teve uma conversa com o líder dos caçadores ciganos, chamado Andrei, que estava cético sobre a presença do estrangeiro no grupo.

— Eu conheço essas terras, Andrei, e sou bom em seguir pistas. Posso ser útil na busca por Tyler. Além disso, sou amigo da família, e isso me motiva a ajudar.

— Esse chapéu tem algum significado especial para você? – Andrei, observando o chapéu de caubói gasto que Bartley usava, perguntou curiosamente.

Bartley olhou para o velho chapéu, que havia pertencido a seu irmão mais velho e antes disso a seu pai. Era uma relíquia de família, seu amuleto de sorte.

— Este chapéu tem uma longa história em minha família. É meu amuleto de sorte e me dá coragem nas horas difíceis. Tenho esperança de que ele nos guie até Tyler – Ele respondeu com um suspiro.

Enquanto observava os sinais deixados por Tyler, ele não pôde deixar de pensar na magnitude da ameaça que se aproximava. A sensação de que o destino da humanidade pendia na balança pesava em seus ombros, mas ele não hesitaria. Seu pensamento estava focado.

— Não posso falhar. Não desta vez.

A determinação queimava dentro dele, alimentando sua busca incansável por Tyler, mesmo que isso o levasse ao coração das terras desconhecidas e perigosas do Norte. Cada passo o aproximava de um confronto que determinaria o curso da história, e Bartley estava pronto para enfrentar o desafio.

A jornada em Midgard estava longe de ser tranquila. As terras do Norte eram desconhecidas e repletas de desafios, mas Bartley sabia que a vida que conheciam estava em jogo. Ele estava disposto a enfrentar qualquer obstáculo, a seguir os rastros de Tyler até o fim do mundo, se necessário fosse. O vento cortante e as paisagens gélidas aguardavam por eles, e Bartley estava pronto para iniciar o próximo capítulo nessa batalha épica que determinaria o destino da humanidade. A sensação de urgência e a tensão no ar eram palpáveis, mas Bartley não recuaria. A missão de detê-los era pessoal, e ele estava determinado a ter sucesso.

A experiência do caubói, mostrou-se inestimável nesse momento, fazia o rapaz relembrar os tempos da Grande Guerra. Cada detalhe era importante, cada pista podia aproximá-lo mais de seu objetivo. No entanto, à medida que os dias passavam, Bartley não conseguia cumprir sua missão. Sua falha em despistar os ciganos estava relacionada a um trauma que o assombrava. Durante a Primeira Guerra Mundial, Bartley havia atuado como batedor para as tropas em que serviu, e a memória dos horrores da guerra o perseguia. O som de explosões e o cheiro da morte o assombravam constantemente.

Em um momento de exaustão, enquanto seguia o rastro de Tyler na neve, Bartley teve um flashback para os dias sombrios da guerra. Ele se viu novamente nas trincheiras, sua mente assombrada pelos horrores da batalha. O presente e o passado se misturaram, e Bartley perdeu o rastro de Tyler. O lobisomem havia desaparecido entre as montanhas, e Bartley estava perdido em suas próprias lembranças.

A busca por Tyler também se mostrou extremamente difícil. A neve recente apagou as pegadas do lobisomem, e Bartley se sentia impotente, incapaz de encontrar qualquer pista útil. Seus esforços eram em vão, e a frustração tomava conta dele.

Finalmente, a tragédia aconteceu quando o grupo de caçadores de ciganos, liderado por Andrei, encontrou um local onde uma criança havia sido morta. Bartley sentiu um arrepio de culpa e desespero ao perceber que a situação estava fora de controle. Ele não podia contar a verdade sobre Tyler, pois isso apenas aumentaria a hostilidade dos ciganos em relação a ele.

Bartley tentou consolar os pais da criança, mas sua falha em encontrar seu amigo Tyler pesava sobre ele. A história tomou um rumo sombrio e incerto, enquanto o destino de todos os envolvidos permanecia em suspense. As memórias da guerra e as falhas do presente se entrelaçaram, tornando a busca por Tyler ainda mais desafiadora e pessoal para Bartley. Seu velho chapéu de caubói, apesar de ser seu amuleto de sorte, não foi capaz de protegê-lo do peso de seus erros e traumas.

Na caverna, o lobisomem mastigava sua presa. Sua mente humana relembrou os últimos passos, mesmo na forma de lobo. Ele se movia silenciosamente como a sombra, sua pelagem brilhando sob o luar. Faminto, ele farejou o ar e detectou o cheiro de uma presa. Sua fome incontrolável o impulsionou a caçar. Com agilidade e destreza, Tyler avançou na direção da presa, seus olhos amarelos brilhando com intensidade. Ele se aproximou silenciosamente, preparando-se para o ataque. E então, com um salto rápido e mortal, ele capturou a presa, um coelho que brincava na neve.

No entanto, à medida que Tyler segurava a presa em sua mandíbula, algo estranho aconteceu. Um flash de memória o atingiu com uma força avassaladora. Ele viu a si mesmo, mas não como um lobo, como uma criatura irracional, mas como um homem, um homem que perseguia o coelho, uma criança que brincava inocentemente na neve. Ele viu a alegria nos olhos da criança se transformar em pânico quando a presa implacável se abateu sobre ela.

O remorso e a culpa inundaram Tyler. Ele largou o coelho imediatamente e se recuou horrorizado. Ele se lembrava de ter sido a criança nas histórias que ouvira quando criança, aquelas histórias de lobisomens que caçavam pessoas sem piedade, que eram máquinas assassinas movidas pela ira.

Tyler recuou ainda mais na floresta, sua mente atormentada por suas ações. Ele estava assombrado pela possibilidade de que, ao perder o controle de sua fúria, pudesse se tornar uma fera irracional que não hesitaria em ferir ou matar inocentes. O que ele era capaz de fazer o assustava profundamente.

O luar brilhava sobre ele, mas não oferecia consolo. Tyler Greymane, agora atormentado por suas ações, enfrentou um dilema profundo. Ele tinha que encontrar um equilíbrio entre a natureza de lobo que o habitava e a humanidade que ainda existia dentro dele. A experiência com o coelho serviu como um lembrete sombrio de que ele carregava a dualidade da fera e do homem, e essa dualidade o assombraria em sua jornada por Midgard. Não apenas isso, agora, com a consciência novamente, sentia o remorso e a culpa pela traição que fizera, mas os instintos lhe cobravam seguir adiante.

— Revele seu maior potencial, lobo. Esqueça as amarras humanas – Mas ele lembrava de Werena.

Na última vez que readquiriu plena consciência, pensou nela. Se ela ainda o amaria e o aceitaria. Temeu pela vida dela. E se ela estivesse o seguindo? E se o lobo resolvesse que ela não seria capaz de pará-lo. Não era possível impedir o lobo de avançar, mas o humano ainda gritava o nome dela, entre os uivos noturnos.

À medida que ele deixava para trás as Montanhas Miogaror e se aventurava ainda mais em Midgard, Tyler Greymane continuava sua jornada solitária, um lobisomem em busca de seu destino em meio à vastidão gelada do continente.

Os pensamentos do lobo, do lobisomem, do homem, da presa, do caçador, de Tyler, de Werena o inundaram. Perdido em seu remorso, consumido pela culpa de ter caçado a criança em sua forma de lobo. Tomado pela agonia, ele não percebeu que, mesmo em sua forma humana, ele deixou escapar um uivo angustiado que ecoou pelas árvores da floresta escura. Aquele uivo ecoou como um lamento, um eco de sua dor e arrependimento.

O som do uivo alertou o grupo de batedores que se aproximava, liderado por Andrei e composto por Bartley e outros dois ciganos, chamados Dimitri e Ileana. Ao lado deles, estavam os pais da criança, Haldor e Elin, ainda devastados pela perda de seu filho.

— Achei que havíamos perdido o rastro de Tyler, mas aquele uivo... ele está por perto – Andrei sussurrou para Bartley ao perceber o som do uivo.

— Temos que encontrá-lo. Talvez a culpa tenha levado Tyler a se mostrar. Vamos ter cuidado – respondeu o caubói, acenando com a cabeça, perturbado pela revelação do uivo de Tyler.

Enquanto o grupo avançava na floresta, os olhos atentos de Tyler encontraram os pais da criança, Haldor e Elin, cujos rostos mostravam a dor da perda. Ele sabia que seu erro havia afetado não apenas sua própria consciência, mas também a vida de outros. A tensão cresceu à medida que o grupo se aproximava de Tyler, cuja forma humana permanecia escondida nas sombras. A floresta estava repleta de segredos, e o encontro iminente traria revelações perturbadoras.

No entanto, antes que o encontro pudesse se desenrolar completamente, Dimitri, um dos ciganos, recuou abruptamente. Seus olhos arregalaram-se de medo, e ele sussurrou para os outros.

— Precisamos avisar a caravana. Encontramos o lobisomem.

Ileana olhou para Dimitri e assentiu, entendendo a urgência da situação. Ela virou-se e, com passos rápidos, desapareceu na escuridão da floresta. Seu objetivo era retornar à caravana cigana e informar a todos que o lobisomem havia sido localizado.

Na caravana, Werena aguardava ansiosamente notícias de Bartley e do grupo de batedores. A preocupação era visível em seu rosto enquanto ela se mantinha alerta. Quando viu Ileana se aproximando com pressa, seu coração acelerou. Ela adivinhou que algo significativo havia acontecido. A cigana correu até Werena e, com a respiração ofegante, anunciou.

— Encontramos o lobisomem! Eles estão na floresta, perto de onde... onde tudo aconteceu.

Os olhos de Werena se arregalaram com a notícia. Ela tinha estado à espera daquele momento, mas agora que ele estava prestes a acontecer, o medo e a incerteza a invadiram. Ela pensou em Tyler, seu marido, e em como ele havia sido afetado por sua transformação em lobisomem. Ela sabia que o confronto que se aproximava poderia mudar tudo.

Werena respirou fundo e reuniu todas as forças que tinha. Ela estava determinada a enfrentar o destino com coragem, na esperança de que, de alguma forma, a humanidade de Tyler pudesse prevalecer sobre a fera que ele se tornara. Enquanto a caravana se preparava para se mover em direção à floresta, os corações de todos estavam repletos de apreensão e determinação, aguardando o confronto iminente com o lobisomem.

A amazona se apressou na direção indicada por Ileana. Com os poderes do Talismã do Raio, deixou a caravana para trás. Precisava ser a primeira a chegar até Tyler. O que ninguém esperava era que, assim que um Greymane pisou em Midgard, outro Greymane sentiu sua presença depois de anos sem vê-lo. Arlinn finalmente reencontraria o filho.


[RESOLUÇÃO]:


[OBJETIVOS]
• Tyler deve passar por feito de Espírito, ND DIF (7-9) para não cair em Fúria ao se ver caçado.
• Bartley pode fazer um feito para salvar os dois ciganos e os pais da criança, ND MED (5-7) para duas pessoas ou DIF (7-9) para as quatro.
• Bartley deve ser capaz de superar um feito de Luta, ND SUP (9-11) para subjugar Tyler
• Werena precisa ser capaz de subjugar Tyler, um ND SUP (9-11) ou DIF (7-9), se Bartley tiver sucesso no feito anterior.
•  Werena precisa passar por um ND DIF (7-9), para usar a magia que retira o espírito do lobo (e escolher onde ele será contido)
• Arlinn aparece para acudir seu filho, para vencê-la, é necessário superar um ND SUP (9-11)

[ESFORÇO]
Tyler = 0
Werena = 6
Bartley = 5
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Iara Werena

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MensagemAssunto: Re: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptySeg Dez 04, 2023 11:59 pm

Werena vê toda a história construída com Tyler passar diante de seus olhos no trajeto. O aperto que sentia era a confirmação que depois do que aconteceria ali, não teria mais volta. Não existia mais futuro para eles, se Tyler continua-se entregando-se aquela fúria. Aquilo estava para além do amor que eles sentiam, estava colocando em risco o destino do mundo, e esse era o primeiro compromisso de Werena.
Contudo, Werena não teria sido escolhida a icamiaba para tornar-se gélida, apegada somente a códigos morais e compromissos firmados, fora escolhida por manter seu coração puro mas pesado, de forma que ele sempre faria um peso em suas decisões. Se sua mente clamava pelo fim, por um combate e o fim de uma guerra, seu coração dizia que melhor que alimentar todo aquele ciclo de sangue e violência, ser a primeira a partilhar amor, compaixão e confiança poderia acessar uma magia tão poderosa e transformadora, quanto aquela que nutria no ventre todos os meses.

Bartley tinha tomado a dianteira com os batedores, e Werena não sabia o que esperar daquele campo de batalha, os últimos por quais tinham passado só serviram arrasar repetidamente seu coração, e dentre todos os cenários possíveis que tinha se imaginado, se viu diante do pior deles… Tyler sem controle e Werena sem força de espírito para acalmá-lo.  Ainda acreditava que poderia trazê-lo de volta? Se ele ainda a amasse, talvez.
Com os poderes do talismã ela foi direto ao ponto, ignorou o campo de batalha e como um relâmpago ela se lançou sobre Tyler, abraçando-o pelo pescoço com muita força, suas unhas se enterraram nele como quando faziam amor intensamente e então despejou toda dor e saudades que tinha da primavera daquele amor, agora enfrentando um inverno violento. Palavras se embaralhavam no choro da amazona que desaguou como o encontro do rio com o mar.

-Tyler! Tyler! EU TE AMO! Pare com isso! Já chega! Já chega! Por mim, por nós EU IMPLORO!


Subjulgar Tyler:


Com sorte, ganharia tempo até que o resto do comboio chegasse ali. Werena ainda agarrada a Tyler, usa uma de suas mãos para acenar para os ciganos.

- Façam o ritual! - Bradou Werena, arrancando de seu pescoço um belo colar trançado por ela nos últimos dias de viagem, que carregava uma pedra ovalada e cintilante que pegara no rio semanas atrás - Dalila! Valentina! Comecem a dança.

Coordenando o rito, ela se segurou ainda mais firme em Tyler, usando também suas coxas apertando a cintura dele lançaram-se ambos ao chão, fincou na terra o colar pela pedra. Por cima do lobisomem ela beijou seu lábio e segurou suas mãos acima de sua cabeça, então lançou a cabeça para trás e cantou com as ciganas que giravam com suas saias negras e se aproximavam do casal.

Dalila e Valentina ergueram as mãos para o céu, e em seguida caíram de joelhos sob o solo, cada uma pressionando o polegar na testa de Tyler com uma mão e segurando uma ponta do cordão que Werena confeccionou. Os olhos delas iluminaram-se e um fio prateado saiu de onde pressionavam e ia até o cordão que emitia um brilho fantasmagórico e chiava como uma chaleira. Werena sentiu Tyler se debater por baixo dela, levando a abraçar Tyler com mais ímpeto e o olhando nos olhos, acariciando seus cabelos.

-Vai passar, eu prometo, e tudo vai ficar melhor, eu prometo! Eu prometo!


Coordenar o Ritual:


No entanto, uma nova peça entra em jogo. A nova loba selvática causou um grande temor em Werena, ela temeu por sua vida assim como outros ciganos. Eles gritaram apontado para a fera temerosos, enfrentar a poderosa Arliinn seria uma tarefa hercúlea. A icamiaba ativou o talismã e veloz como um relâmpago ela se deslocou de Tyler para trás da loba. Com o manto da invisibilidade ela ocultou-se para melhor se posicionar, assoviava revelando sua posição chamando atenção de Arlinn, mas logo após ficava intangível evitando sua investida, provocando-a até abrir uma brecha para que Werena pudesse montá-la, segurar com firmeza em suas orelhas e convocar o poderoso chi do relâmpago.

Enfrentar Arlinn:
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MensagemAssunto: Re: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptySeg Jan 08, 2024 11:55 pm

Casa... enfim...

Casa...

A trajetória havia acabado. Toda a passagem estava concluída. Tudo para este momento. O reencontro. O Greymane sentia a presença de uma outra Greymane poderosa. Feroz. Sagaz. Sua mãe, Arlinn. Ele sentia isso. Lá no fundo... ele sentia.

Mas ao mesmo tempo que o lobo estava ansioso para voltar aos braços de sua mãe, como um filhote que se perdeu da ninhada, o humano ainda tentava puxar esforços para avisar de que algo estava errado. Mesmo que assumisse a forma humana em alguns momentos... não era o humano ali. Não o humano que Tyler se acostumou a ser. Costume. O humano, cada vez mais transformado em corpo e espírito, sentia sua consciência ainda pesar. Uma criança. Não. Uma família toda. Uma comunidade inteira foram vítimas do caçador. Não matou outras vezes? Por que, agora, estava assim? A fera torturava o humano, o forçava a ficar na forma humana para remoer sua consciência, e então reassumia o controle.

Talvez Tyler sempre tenha sido um predador, um caçador, um lobo, e tinha se tornado humano quando Turk o traiu. Talvez Tyler tenha se habituado à humanidade. Tenha gostado, até. Por um bom tempo, conseguiu domar a fera que o controlou por toda sua vida. E uma pessoa foi responsável por isso. Werena. O humano amava Werena. A fera temia Werena. Pois a amazona deixava ambos humanos. Sem ela, a fera tinha espaço para voltar ao controle. Muito espaço, até.

O que aconteceria se a amazona não existisse? A fera voltava a torturar o humano.

A voz de Werena chegou aos ouvidos de Tyler, mas o humano estava totalmente subjugado à fera. Não tinha mais força de vontade, tampouco força espiritual, para conseguir subverter o controle de seu corpo. A forma lupina era a dona da vez. E a visão de Werena liderando um grupo de ciganos atingiu Tyler de duas formas. Para o humano, a imagem era de sua amada, num alazão dourado, rodeada de luz e de boas energias, correndo ao seu resgate.

Para a fera, um grupo estava a caçando, para impedi-la de cumprir seu objetivo.

A fera torturaria o humano mais uma vez, o deixando ver toda a cena. Consciente. Mas sem controle.
Não cair em fúria:
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MensagemAssunto: Re: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptyQui Fev 22, 2024 2:18 pm

O som do uivo ecoou pela floresta escura, cortando o ar noturno como um presságio sombrio. O grupo de batedores, liderado por Andrei e acompanhado por Bartley, Dimitri e Ileana, avançava cautelosamente entre as árvores. Ao lado deles, os pais da criança, Haldor e Elin, caminhavam com passos pesados, seus olhares carregados de angústia pela perda de seu filho.

— Achei que havíamos perdido o rastro de Tyler, mas aquele uivo... ele está por perto – sussurrou Andrei para Bartley, cujos olhos se estreitaram com determinação ao ouvir a sinistra chamada do lobisomem.

— Temos que encontrá-lo. Talvez a culpa tenha levado Tyler a se mostrar. Vamos ter cuidado – respondeu o caubói, seu tom de voz tenso, enquanto ele empunhava sua arma com firmeza, pronto para o confronto iminente.

Cada passo na densa floresta era marcado pelo crepitar de galhos sob seus pés, enquanto a tensão crescia a cada segundo. Os olhos atentos de Bartley escaneavam as sombras, procurando por qualquer movimento suspeito. Ele sabia que Tyler era uma ameaça não apenas para si mesmo, mas também para os ciganos e os pais da criança, e estava determinado a protegê-los a todo custo.

No entanto, antes que o encontro pudesse se desenrolar completamente, Dimitri, um dos ciganos, recuou abruptamente. Seus olhos arregalaram-se de medo, e ele sussurrou para os outros.

— Precisamos avisar a caravana. Encontramos o lobisomem.

Ileana olhou para Dimitri e assentiu, entendendo a urgência da situação. Ela virou-se e, com passos rápidos, desapareceu na escuridão da floresta. Seu objetivo era retornar à caravana cigana e informar a todos que o lobisomem havia sido localizado.

De repente, uma forma escura emergiu das sombras, os olhos amarelos brilhando com uma intensidade selvagem. Era Tyler, sua figura lupina avançando rapidamente em direção ao grupo. Bartley agiu instantaneamente, posicionando-se entre o lobisomem e aqueles que ele jurara proteger.

O silêncio da floresta foi quebrado pelo rosnado furioso de Tyler, enquanto Bartley enfrentava o predador com coragem inabalável. O brilho da lua iluminava a cena como se estivesse prestes a testemunhar uma batalha épica entre o bem e o mal.

Com movimentos ágeis e precisos, Bartley esquivava-se dos ataques do lobisomem, sua respiração pesada ecoando no ar tenso. Dimitri, Andrei e os pais da criança recuaram para uma área segura, seus corações batendo descontroladamente enquanto observavam a luta pela sobrevivência diante deles.

A batalha foi feroz e desigual, com Bartley lutando para manter o lobisomem afastado dos ciganos e dos pais da criança. Consciente de sua desvantagem física, Bartley sacou seu revólver.

Ágil e determinado, Bartley aproveitou o terreno acidentado a seu favor, movendo-se entre as árvores e esquivando-se das investidas do lobisomem.
Cada disparo ressoava como um trovão, iluminando momentaneamente a escuridão enquanto a luz dos tiros cortava o ar. A expressão determinada no rosto de Bart era uma máscara de coragem diante do terror que enfrentava.

Em meio à confusão da batalha, Bartley encontrou brechas na defesa do monstro, aproveitando cada oportunidade para atacar. Seu revólver se tornou uma extensão de sua vontade.
O suor escorria pela testa de Bart, sua respiração ofegante ecoando no ar tenso da floresta. Mas ele não fraquejava, seu espírito indomável alimentando sua determinação de vencer.

Salvar os dois ciganos e os pais da criança



Subjugar Tyler




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MensagemAssunto: Re: Episódio 03 - A Cabeça do Lobo   Episódio 03 - A Cabeça do Lobo EmptySeg Mar 25, 2024 3:07 pm

FINAL

Cordilheira Miogaror, Fronteira de Midgard, 1920.




— Casa. Enfim, casa – suspirou Tyler, ao entrar no território de Midgard.

A trajetória havia acabado. Toda a passagem estava concluída. Tudo para este momento. O reencontro. O Greymane sentia a presença de uma outra Greymane poderosa. Feroz. Sagaz. Sua mãe, Arlinn. Ele sentia isso. Lá no fundo, ele sentia. Mas ao mesmo tempo que o lobo estava ansioso para voltar aos braços de sua mãe, como um filhote que se perdeu da ninhada, o humano ainda tentava puxar esforços para avisar de que algo estava errado. Mesmo que assumisse a forma humana em alguns momentos, não era o humano ali. Não o humano que Tyler se acostumou a ser. Costume. O humano, cada vez mais transformado em corpo e espírito, sentia sua consciência ainda pesar. Uma criança. Não. Uma família toda. Uma comunidade inteira foram vítimas do caçador. Não matou outras vezes? Por que, agora, estava assim? A fera torturava o humano, o forçava a ficar na forma humana para remoer sua consciência, e então reassumia o controle.

Talvez Tyler sempre tenha sido um predador, um caçador, um lobo, e tinha se tornado humano quando Turk o traiu. Talvez Tyler tenha se habituado à humanidade. Tenha gostado, até. Por um bom tempo, conseguiu domar a fera que o controlou por toda sua vida. E uma pessoa foi responsável por isso. Werena. O humano amava Werena. A fera temia Werena. Pois a amazona deixava ambos humanos. Sem ela, a fera tinha espaço para voltar ao controle. Muito espaço, até. O que aconteceria se a amazona não existisse? A fera voltava a torturar o humano.

A voz de Werena chegou aos ouvidos de Tyler, mas o humano estava totalmente subjugado à fera. Não tinha mais força de vontade, tampouco força espiritual, para conseguir subverter o controle de seu corpo. A forma lupina era a dona da vez. E a visão de Werena liderando um grupo de ciganos atingiu Tyler de duas formas. Para o humano, a imagem era de sua amada, num alazão dourado, rodeada de luz e de boas energias, correndo ao seu resgate. Para a fera, um grupo estava a caçando, para impedi-la de cumprir seu objetivo. A fera torturaria o humano mais uma vez, o deixando ver toda a cena. Consciente. Mas sem controle.

O vento uivava pela floresta escura, carregando consigo o cheiro de sangue e medo. Andrei liderava o caminho, flanqueado por Dimitri e Bartley, cada um com uma expressão séria e decidida. Eles avançaram silenciosamente, guiados pelo desejo de vingança, enquanto as sombras dançavam ao redor deles, com Haldor e Elin, os pais dilacerados pela dor, mas com uma chama ardente de vingança em seus olhos. Eles estavam determinados a confrontar o lobisomem Tyler, cujas garras haviam roubado a vida de sua inocente criança.

O lobisomem emergiu das sombras, sua figura imponente banhada pela luz pálida da lua. Ainda manchado com o sangue da criança inocente, seus olhos brilhavam com uma fúria bestial. Ele rosnou, pronto para mais uma vez atacar, sem saber que o que caçava era mais do que um simples coelho. Haldor e Elin avançaram, suas mãos tremendo de raiva e dor. Eles investiram contra o lobisomem, desesperados por justiça, mas ele não era um oponente fácil. Com força sobrenatural, ele se defendeu, retalhando-os com suas garras afiadas.

Foi então que Bartholomew se interpôs, seu revólver reluzindo à luz da lua. Com a agilidade de um verdadeiro pistoleiro, ele disparou contra o lobisomem, obrigando-o a recuar.

— Cuidem deles – ele ordenou aos ciganos, sua voz firme e autoritária. — Eu lidarei com o lobisomem.

Dimitri e Andrei prontamente obedeceram, apressando-se para ajudar os pais devastados enquanto Bart enfrentava o monstro. Com habilidade e coragem, ele lutou contra o lobisomem, determinado a pôr um fim à sua reinado de terror. Cada troca de golpes era uma dança mortal sob a luz da lua, mas Bartley não recuaria até que a justiça fosse feita e a paz restaurada naquela floresta sombria. O lobisomem recuou, talvez a culpa na mente humana sobrepujasse o instinto selvagem da fera. Mas, mais uma vez, uma forma escura emergiu das sombras, os olhos amarelos brilhando com uma intensidade selvagem. A figura lupina avançando rapidamente em direção ao caubói. O silêncio da floresta foi quebrado pelo rosnado furioso de Tyler, enquanto Bartley enfrentava o predador com coragem inabalável. O brilho da lua iluminava a cena como se estivesse prestes a testemunhar uma batalha épica entre o bem e o mal.

Com movimentos ágeis e precisos, Bartley esquivava-se dos ataques do lobisomem, sua respiração pesada ecoando no ar tenso. Dimitri, Andrei e os pais da criança recuaram para uma área segura, seus corações batendo descontroladamente enquanto observavam a luta pela sobrevivência diante deles. A batalha foi feroz e desigual, com Bartley lutando para manter o lobisomem afastado dos ciganos e dos pais da criança. Consciente de sua desvantagem física, Bartley sacou seu revólver.

Ágil e determinado, Bartley aproveitou o terreno acidentado a seu favor, movendo-se entre as árvores e esquivando-se das investidas do lobisomem. Cada disparo ressoava como um trovão, iluminando momentaneamente a escuridão enquanto a luz dos tiros cortava o ar. A expressão determinada no rosto de Bart era uma máscara de coragem diante do terror que enfrentava.

Em meio à confusão da batalha, Bartley encontrou brechas na defesa do monstro, aproveitando cada oportunidade para atacar. Seu revólver se tornou uma extensão de sua vontade. O suor escorria pela testa de Bart, sua respiração ofegante ecoando no ar tenso da floresta. Mas ele não fraquejava, seu espírito indomável alimentando sua determinação de vencer.

Enquanto Bartholomew lutava ferozmente contra o lobisomem Tyler, os sons da batalha ecoavam pela floresta. Foi então que Werena, a Ycamiaba com uma expressão angustiada, irrompeu na cena, seus cabelos ao vento e seus olhos cheios de desespero. Ela tinha visto toda a história construída com Tyler passar diante de seus olhos no trajeto. O aperto que sentia era a confirmação que depois do que aconteceria ali, não teria mais volta. Não existia mais futuro para eles, se Tyler continuasse se entregando àquela fúria. Aquilo estava para além do amor que eles sentiam, estava colocando em risco o destino do mundo, e esse era o primeiro compromisso de Werena.

Contudo, Werena não teria sido escolhida a Ycamiaba para se tornar gélida, apegada somente a códigos morais e compromissos firmados, fora escolhida por manter seu coração puro mas pesado, de forma que ele sempre faria um peso em suas decisões. Se sua mente clamava pelo fim, por um combate e o fim de uma guerra, seu coração dizia que melhor que alimentar todo aquele ciclo de sangue e violência, ser a primeira a partilhar amor, compaixão e confiança poderia acessar uma magia tão poderosa e transformadora, quanto aquela que nutria no ventre todos os meses.

Bartley tinha tomado a dianteira com os batedores, e Werena não sabia o que esperar daquele campo de batalha, os últimos por quais tinham passado só serviram arrasar repetidamente seu coração, e dentre todos os cenários possíveis que tinha se imaginado, se viu diante do pior dele: Tyler sem controle e Werena sem força de espírito para acalmá-lo. Ainda acreditava que poderia trazê-lo de volta? Se ele ainda a amasse, talvez.

Com os poderes do Talismã do Raio, ela foi direto ao ponto, ignorou o campo de batalha e como um relâmpago ela se lançou sobre Tyler, abraçando-o pelo pescoço com muita força, suas unhas se enterraram nele como quando faziam amor intensamente e então despejou toda dor e saudades que tinha da primavera daquele amor, agora enfrentando um inverno violento. Palavras se embaralharam no choro da amazona, que desaguou como o encontro do rio com o mar.

— Tyler! Tyler! – ela gritou, sua voz ecoando através da escuridão — EU TE AMO! Pare com isso! Já chega! Já chega! Por mim, por nós EU IMPLORO!

Os olhos do lobisomem vacilaram por um momento, uma mistura de confusão e dor refletida neles. Ele tremia, lutando contra os grilhões de sua natureza bestial. Por um instante, parecia que a voz de Werena estava alcançando seu coração. Mas as garras do instinto eram profundas, e Tyler resistiu, rugindo de frustração e dor. Ele se debateu, ignorando os apelos de Werena, sua mente obscurecida pela fúria e pela dor.

No entanto, mesmo em sua fúria, algo dentro de Tyler foi tocado pelas palavras de Werena. Uma brecha se abriu em sua armadura de raiva, uma pequena luz de reconhecimento brilhando em seus olhos selvagens. Werena não desperdiçou essa oportunidade. Com uma determinação renovada, ela o abraçou mais forte, seus movimentos graciosos e precisos. Ela não lutava mais contra Tyler, mas sim lutava por ele, por sua humanidade perdida e pelo amor que compartilhavam.

Tyler hesitou por um momento, seu corpo tenso e seus olhos encontrando os de Werena. Por um breve instante, a fera dentro dele pareceu recuar, substituída por um lampejo de reconhecimento e dor. E então, lentamente, ele cedeu, abaixando a guarda diante dela.

Werena desapertou o abraço, agora envolvendo-o em carinhos. Lágrimas escorriam por seus rostos enquanto se encaravam, um momento de paz rompendo a tempestade da batalha. Por um instante, o mundo pareceu parar, e o amor triunfou sobre a escuridão que os envolvia.

Enquanto isso, Bartholomew observava, seu coração pesado com o peso da batalha perdida e do amor encontrado. Mesmo na escuridão mais profunda, havia sempre uma centelha de esperança. E talvez, com o tempo, essa centelha pudesse se transformar em uma luz capaz de dissipar as sombras que assolavam aqueles corações atormentados.

— Tyler, por favor, você precisa me ouvir. Eu sei que está sofrendo, mas há uma maneira de lidarmos com isso juntos.

— Lidar com o quê, Werena? – o lobisomem respondeu, rosnando — Eu sou o que sou, e nada pode mudar isso.

— Eu sei, Tyler, mas podemos tentar encontrar uma maneira de tornar isso mais suportável para você, para nós.

— Você não entende, Werena – desta vez, a expressão de Tyler é mais suavizada — Isso é quem eu sou agora, e não quero que isso mude.

— Eu entendo que é uma parte de você, Tyler, mas não pode ser tudo. Há mais em você do que apenas essa maldição.

— Werena... – Tyler abaixa a guarda — Eu não sei se consigo mais lutar contra isso. A fera dentro de mim é forte demais.

— Você não precisa lutar sozinho. Estamos juntos nisso, Tyler. Eu estou aqui para você, não importa o que aconteça.

— Eu... eu quero acreditar em você, Werena – Tyler olha nos olhos de Werena, uma mistura de esperança e medo — Mas o medo... o medo de machucar você...

— Eu sei que você se importa comigo – Werena coloca uma mão gentil em seu rosto — É por isso que precisamos encontrar uma maneira de lidar com isso juntos. Confie em mim, Tyler. Confie em nós.

Nesse momento, Werena percebe que Tyler está começando a ceder um pouco. Ela decide continuar tentando convencê-lo de que podem encontrar uma maneira de viverem juntos, mesmo com a maldição do lobisomem. Ela mantém a conversa leve, sem mencionar qualquer plano que ele possa resistir, enquanto espera ansiosamente que os ciganos cheguem para realizar o ritual que ela secretamente planejou para ajudar Tyler, mesmo contra a sua vontade.

Quando eles finalmente chegam, Werena volta a abraçar Tyler e acena para a caravana.

— Façam o ritual! – Bradou Werena, arrancando de seu pescoço um belo colar trançado por ela nos últimos dias de viagem, que carregava uma pedra ovalada e cintilante que pegara no rio semanas atrás — Dalila! Valentina! Comecem a dança.

Coordenando o rito, ela se segurou ainda mais firme em Tyler, usando também suas coxas apertando a cintura dele. Lançaram-se ambos ao chão, fincou na terra o colar pela pedra. Por cima do lobisomem, ela beijou seu lábio e segurou suas mãos acima de sua cabeça, então lançou a cabeça para trás e cantou com as ciganas que giravam com suas saias negras e se aproximavam do casal.

Dalila e Valentina ergueram as mãos para o céu, e em seguida caíram de joelhos sob o solo, cada uma pressionando o polegar na testa de Tyler com uma mão e segurando uma ponta do cordão que Werena confeccionou. Os olhos delas iluminaram-se e um fio prateado saiu de onde pressionavam e ia até o cordão que emitia um brilho fantasmagórico e chiava como uma chaleira. Werena sentiu Tyler se debater por baixo dela, levando a abraçar Tyler com mais ímpeto e o olhando nos olhos, acariciando seus cabelos.

— Vai passar, eu prometo, e tudo vai ficar melhor, eu prometo! Eu prometo!

Tyler lutava contra as amarras invisíveis que o prendiam, seus olhos ainda brilhando com a fúria da besta interior. Mas mesmo em meio ao tumulto da transformação, ele conseguiu focar seu olhar nos olhos de Werena, encontrando ali uma centelha de tranquilidade em meio ao caos.

O cordão que Dalila e Valentina seguravam brilhava com uma intensidade quase cegante, emitindo uma aura de energia que parecia envolver todo o ambiente. O fio prateado que se estendia até Tyler pulsava com vida, uma conexão direta entre ele e o ritual que poderia libertá-lo da maldição que o aprisionava.

Werena se inclinou sobre Tyler, seus lábios roçando os dele em um beijo cheio de promessas e amor. Ela segurou suas mãos com ainda mais firmeza, transmitindo-lhe toda a força e esperança que podia reunir.

Enquanto o ritual prosseguia, um dos ciganos, mantendo-se à margem da cerimônia, segurava um vaso decorado com a cabeça de um lobo esculpida em detalhes intrincados. Este vaso não era apenas uma peça decorativa; era o instrumento crucial para aprisionar o espírito do lobo, uma vez que a maldição fosse quebrada.

Dalila e Valentina, coordenando o rito, pareciam estar cientes do papel do vaso. Seus movimentos eram precisos e cheios de propósito, como se estivessem guiadas por uma força além da compreensão humana.

Enquanto as ciganas entoavam seus cânticos e manipulavam as energias ao redor do casal, o ar ao redor do vaso parecia vibrar com uma intensidade quase palpável. O vaso emanava uma aura de poder, suas gravuras parecendo ganhar vida à medida que o ritual se desenrolava.

À medida que o momento crucial do ritual se aproximava, Werena sentiu Tyler se debater com mais fervor sob ela. Ela apertou-o ainda mais, seu coração batendo forte com a expectativa do que estava por vir.

Com um gesto determinado, Dalila e Valentina ergueram suas mãos para o céu, suas vozes entoando cânticos ancestrais em um crescendo de poder. E então, num movimento sincronizado, elas caíram de joelhos sobre o solo, cada uma pressionando o polegar na testa de Tyler com uma mão e segurando uma ponta do cordão que Werena confeccionara com a outra.

Os olhos das ciganas iluminaram-se intensamente, uma aura de energia pulsante irradiando delas enquanto seus polegares pressionavam as testas de Tyler. Um fio prateado pareceu sair de onde pressionavam, estendendo-se em direção ao vaso, que agora brilhava com uma intensidade quase ofuscante.

Werena sentiu Tyler se debater com mais força, seu corpo contorcendo-se sob ela enquanto o último vestígio da maldição lutava para se manter vivo. Ela o segurou com toda a força que tinha, seu coração batendo em descompasso com o tumulto do ritual.

E então, num instante de pura magia e poder, o fio prateado que ligava Tyler ao vaso se estreitou, como se estivesse sendo sugado para dentro dele. Um brilho fantasmagórico envolveu o vaso, e um chiado agudo ecoou pela clareira, ecoando como uma chaleira prestes a ferver.

Com um último esforço, as ciganas pressionaram ainda mais os polegares contra a testa de Tyler, canalizando toda a energia do ritual para aprisionar o espírito do lobo no vaso. Werena sentiu Tyler se acalmar sob ela, a fúria em seus olhos se dissolvendo finalmente em resignação.

O silêncio caiu sobre a clareira, e Werena soube que o ritual havia sido bem-sucedido. O espírito do lobo estava aprisionado no vaso, e Tyler estava livre da maldição que o assolava. Ela olhou para as ciganas com gratidão e reverência, reconhecendo o papel crucial que desempenharam naquele momento de redenção e renascimento.

— Vai ficar tudo bem, meu amor. Eu prometo – Werena sussurrou mais uma vez no ouvido de Tyler, com um sorriso trêmulo nos lábios.

Quando o ritual foi concluído e o espírito do lobo foi arrancado de Tyler, ele caiu desfalecido, seu corpo exausto após a batalha interior que travara. Não antes de apontar para o horizonte, suplicante.

— Mãe?!

Uma silhueta se destacou da floresta sombria. Era Arlinn, a líder da matilha de lobisomens e mãe de Tyler. Ela se revelou na clareira, seus olhos amarelos brilhando com uma mistura de raiva e preocupação. Arlinn avançou até onde Tyler jazia, seu rosto contorcido pela indignação. Ela fixou seu olhar em Werena, uma expressão de descrença e fúria se espalhando por suas feições lupinas.

— O que você fez com o meu filho? – Arlinn rosnou, sua voz carregada de um misto de indignação e desespero — Como você teve a audácia de interferir em nosso destino?

Werena enfrentou o olhar furioso de Arlinn com firmeza, sua postura não vacilando apesar da intensidade da situação. Ela sabia que suas ações teriam consequências, mas estava preparada para enfrentá-las em nome daqueles que amava.

— Eu fiz o que era necessário para libertar Tyler da maldição que o consumia – respondeu Werena, sua voz firme e decidida — Ele não merecia viver preso nesta existência de dor e sofrimento. Eu fiz o que qualquer um faria para proteger aqueles que amam.

Arlinn rosnou ainda mais alto, sua pelagem eriçada em uma demonstração clara de sua ira. Ela avançou um passo em direção a Werena, sua presença imponente preenchendo a clareira com uma aura intimidadora.

— Você não tinha o direito de interferir em nossos assuntos, humana – Arlinn retrucou, suas palavras carregadas de desdém — Tyler é um dos nossos, e somente nós temos o poder de decidir seu destino.

Werena manteve seu olhar firme, recusando-se a recuar diante da ameaça de Arlinn. Ela sabia que suas ações seriam contestadas pelos lobisomens, mas estava disposta a enfrentar qualquer desafio para garantir a segurança de Tyler.

— Eu sei que minhas ações podem não ter sido bem-vindas para você e sua matilha – disse Werena, sua voz calma e determinada — Mas eu faria tudo de novo para proteger Tyler. Ele é parte de minha vida, e farei o que for necessário para garantir seu bem-estar.

Arlinn rosnou uma última vez, seu olhar fixo em Werena com uma intensidade penetrante. A tensão entre elas era palpável, um sinal claro de que a batalha por Tyler estava longe de terminar.

Enquanto a tensão se intensificava na clareira, os ciganos começaram a gritar e se reunir ao redor de Arlinn, prontos para retaliá-la. Seus rostos exibiam determinação, e o brilho de suas facas reluzia à luz fraca da lua. Eles estavam dispostos a abater dois lobisomens naquela noite, e nada iria detê-los.

Antes que qualquer ação pudesse ser tomada, Werena agiu rapidamente. Com um movimento rápido e decisivo, ela ativou o poder do Talismã do Raio, sentindo uma corrente elétrica percorrer seu corpo e infundir-lhe uma velocidade sobre-humana, como se o próprio relâmpago a estivesse impulsionando. Veloz como uma sombra, Werena se deslocou para trás de Arlinn antes que alguém pudesse perceber o que estava acontecendo. Sua forma se tornou um borrão de movimento, sua presença fugaz e evasiva, como se estivesse dançando entre os raios da lua.

Arlinn mal teve tempo de reagir quando Werena apareceu atrás dela, seus olhos cheios de determinação e coragem. A lobisomem reagiu instintivamente, lançando-se para a frente em um ataque feroz. Suas garras afiadas cortaram o ar em direção à amazona com uma ferocidade implacável. Mas Werena estava um passo à frente. Com um movimento fluido, ela ativou o poder de seu Manto de Invisibilidade, tornando-se incorpórea no momento exato em que as garras de Arlinn atingiram seu alvo. As garras da loba atravessaram o corpo de Werena sem lhe causar ferimentos, passando por ela como se fosse uma sombra fugaz.

Em seguida, Werena se tornou invisível, desaparecendo entre as sombras das árvores da floresta. Ela começou a assoviar suavemente, atraindo a atenção de Arlinn com a promessa de um desafio iminente. A lobisomem girou furiosa, seus olhos amarelos brilhando com uma mistura de raiva e confusão. Ela farejou o ar, tentando localizar a fonte dos assobios, mas Werena era como uma sombra evasiva, sempre um passo à frente.

Com um movimento rápido e calculado, Werena encontrou uma brecha na defesa de Arlinn e saltou sobre ela. Ela montou a loba com firmeza, segurando-se nas orelhas dela para controlar seus movimentos. O vento da noite sussurrava através das árvores, testemunha silenciosa da batalha que se desenrolava na escuridão da floresta.

Montada na loba, Werena invocou novamente o poder do Talismã do Raio. Uma energia elétrica crepitante envolveu suas mãos, transformando-as em fontes de eletricidade pulsante. Com determinação inabalável, ela direcionou essa carga elétrica para as orelhas de Arlinn, seu alvo primário. Um clarão de luz brilhante estourou das mãos de Werena quando ela fez contato com as orelhas da loba, a eletricidade dançando em raios azulados ao redor delas. Arlinn rugiu de dor e surpresa, seus músculos se contorcendo sob o impacto da descarga elétrica. A loba tentou se debater para se livrar do ataque, mas Werena se manteve firme, suas mãos emitindo uma corrente constante de energia. Ela sabia que precisava manter a pressão sobre Arlinn, impedindo-a de se recuperar e contra-atacar.

Enquanto as faíscas dançavam entre as mãos de Werena e as orelhas de Arlinn, a floresta ao redor parecia ecoar com o som da batalha. O vento sussurrava através das árvores, os galhos se agitando como espectadores inquietos diante do confronto entre duas forças poderosas. Werena continuou a despejar sua carga elétrica nas orelhas de Arlinn, determinada a enfraquecê-la o máximo possível. Ela sabia que cada segundo era crucial, e estava determinada a garantir a vitória, custasse o que custasse.

Apesar dos ataques persistentes de Werena, Arlinn mostrou-se incrivelmente resistente. Mesmo sob a torrente de eletricidade despejada por Werena, a loba conseguiu reunir suas forças, seu corpo pulsando com uma determinação feroz.

Com um rosnado de raiva e determinação, Arlinn começou a se recuperar diante dos olhos surpresos de Werena. A eletricidade queimava através de sua pelagem, mas a loba não fraquejou. Seus músculos se contraíam, seu pelo arrepiado e seus olhos brilhando com uma fúria inextinguível. Gradualmente, as feridas que marcavam o corpo de Arlinn começaram a se fechar, a pele se regenerando diante do olhar chocado de Werena. Era como se a própria natureza estivesse curando as feridas da loba, restaurando sua força e vitalidade.

Em um instante, Arlinn lançou-se para frente, sua velocidade impressionante pegando Werena de surpresa. Com um rugido ensurdecedor, a loba investiu contra a amazona, suas garras afiadas cortando o ar em direção ao seu alvo. Werena mal teve tempo de reagir quando Arlinn a atingiu em cheio, suas garras cortando através da defesa da amazona e rasgando sua pele. Um grito de dor escapou dos lábios de Werena quando ela foi lançada para trás pelo impacto do ataque. Apesar de seus esforços valentes, Werena agora se via em desvantagem diante da força avassaladora de Arlinn. A loba era uma adversária formidável, sua determinação inabalável e sua ferocidade implacável.

Enquanto Arlinn e Werena travavam uma batalha feroz, os ciganos restantes se entreolharam com determinação nos olhos. Dalila, Valentina, Ileana, Dimitri e Andrei sabiam que precisavam agir rapidamente para ajudar Werena e acabar com a ameaça de Arlinn de uma vez por todas. Sem hesitação, eles começaram a preparar o ritual para transformar a lobisomem em humana. Cada um deles sabia exatamente qual era o seu papel na cerimônia, e trabalharam juntos em perfeita harmonia, como uma equipe unida por um objetivo comum. Dalila e Valentina ergueram suas mãos para o céu, invocando as energias ancestrais que os ciganos tanto dominavam. Suas vozes entoavam antigas palavras de poder, enquanto seus gestos fluíam com uma graça e precisão impressionantes.

Ileana, Dimitri e Andrei começaram a preparar os ingredientes necessários para o ritual. Ervas aromáticas foram queimadas em uma chama sagrada, preenchendo a clareira com uma névoa perfumada. Amuletos e talismãs foram dispostos em um círculo ao redor de Arlinn, criando uma barreira mágica para conter sua fúria. À medida que o ritual avançava, uma aura de poder e mistério envolvia a clareira. O ar parecia carregado com a promessa de uma transformação iminente, e os ciganos trabalhavam com uma determinação renovada, guiados pela esperança de um futuro melhor.

Arlinn e Werena continuavam sua batalha intensa, os ciganos permaneciam focados em seu objetivo. Eles sabiam que a hora da verdade estava próxima, e estavam determinados a alcançar a vitória, não apenas para Werena, mas para todos aqueles que haviam sido afetados pela ameaça dos lobisomens.

Percebendo a urgência da situação e a iminência do ritual dos ciganos, Arlinn concentrou-se em derrotar Werena o mais rápido possível. Ela sabia que não podia deixar que o ritual fosse concluído, pois isso representaria uma ameaça ainda maior para sua matilha e seus planos. Com um rugido de determinação, Arlinn redobrou seus esforços contra Werena. Ela canalizou toda a sua força e poder em seus ataques, buscando derrubar a amazona e impedi-la de interferir em seus planos.

Werena lutou com todas as suas forças contra Arlinn, mas a loba era uma oponente formidável, e sua magia era poderosa. Ela sentiu a pressão aumentar enquanto Arlinn redobrava seus ataques, cada golpe parecendo mais devastador que o anterior. E então, num momento de desespero, Arlinn invocou sua magia mais poderosa. Ela lançou um feitiço arcano, envolvendo Werena em uma aura brilhante. Um vórtice de energia se abriu diante delas, emanando uma luz cintilante que parecia puxar Werena para dentro.

Werena lutou contra a força do feitiço, mas era como se estivesse lutando contra as próprias entranhas do universo. Ela sentiu-se sendo arrastada para o vórtice, sua visão se turvando enquanto a magia de Arlinn a puxava inexoravelmente para a dimensão da Lua.

Enquanto as sombras envolviam Werena e ela desaparecia no vórtice de energia, Arlinn sorriu triunfante. Ela havia vencido, e agora nada poderia detê-la em seu caminho para alcançar seus objetivos.

Com Werena desaparecida na dimensão da Lua, Arlinn voltou sua fúria contra os ciganos restantes. Com um rugido selvagem, ela avançou sobre eles, suas presas brilhando à luz da lua enquanto atacava com uma ferocidade implacável. À medida que Arlinn avançava implacavelmente sobre os ciganos, cada um deles enfrentava seu destino com coragem e dignidade.

Enfrentando Arlinn com bravura, Dalila brandiu sua adaga com habilidade, tentando desviar os ataques da loba. No entanto, um golpe rápido e certeiro de Arlinn cortou através de suas defesas, deixando-a vulnerável. Com um último olhar determinado, Dalila encarou a loba antes de cair, sua adaga ainda em punho. Com seus poderes mágicos, Valentina lançou feitiços poderosos contra Arlinn, tentando desacelerar seu avanço. Mas a loba era implacável, e um golpe brutal a atingiu em cheio, lançando-a para trás com força. Mesmo ferida, Valentina ergueu-se com dignidade, sua voz ecoando um encantamento final antes de ser consumida pela fúria de Arlinn. Os irmãos ciganos Dimitri e Andrei lutaram lado a lado contra Arlinn, seus punhais brilhando à luz da lua. Juntos, eles enfrentaram a loba com coragem e determinação, desferindo golpes rápidos e precisos. Mas, em um momento de descuido, Arlinn encontrou uma brecha em sua defesa, e ambos foram pegos de surpresa por seus ataques ferozes.

Por fim, conhecendo os segredos da natureza, Ileana usou suas habilidades para criar uma barreira impenetrável entre Arlinn e Bartley, impedindo que a loba o perseguisse enquanto ele fugia em segurança para longe da clareira, carregando consigo o vaso contendo o espírito do lobo de Tyler.

— Bart, fuja enquanto ainda há tempo – disse a cigana, sua voz carregada de urgência — Leve consigo o vaso. É a nossa única esperança.

Bartley olhou para a cigana, compreendendo a gravidade da situação. Ele agarrou o vaso com firmeza, sentindo o peso da responsabilidade sobre seus ombros.

— Eu não vou deixar vocês aqui – disse ele, sua determinação refletida em seus olhos.

— Não há mais futuro para nós! Vá!


— Eu não devo, mas vou fazer o que for necessário para cumprir o seu último pedido.

Com um aceno de despedida, Bartley virou-se e fugiu para a escuridão da floresta, o vaso seguro em suas mãos. Enquanto ele desaparecia entre as sombras, os gritos de batalha ecoavam ao seu redor. Com um rugido de fúria, Arlinn lançou Ileana ao chão com um golpe devastador. Assim, o sacrifício dos ciganos não foi em vão, pois eles garantiram a chance de uma fuga segura para Bartley.

Com os ciganos derrotados e a barreira de rosas criada por Ileana impedindo Arlinn de prosseguir, a clareira ficou mergulhada em um silêncio tenso. Arlinn, com a fúria diminuindo, lentamente se voltou para Tyler, seu filho, que estava caído no chão, catatônico e mal conseguindo falar. Com passos lentos e pesados, Arlinn se aproximou de Tyler, seus olhos lupinos cheios de uma mistura de dor e determinação. Ela se ajoelhou ao lado dele, seus músculos tensos relaxando um pouco diante da visão de seu filho ferido.

— Tyler – sussurrou Arlinn, sua voz carregada de emoção — Meu filho, olhe para mim.

Tyler ergueu os olhos para encontrar o olhar de sua mãe, seu rosto pálido e marcado pela agonia que havia vivenciado. Ele mal conseguia articular palavras, sua voz um sussurro fraco no ar.

— Mãe… – Ele começou, sua voz vacilante.

Arlinn colocou suavemente uma mão sobre o rosto de Tyler, acariciando suas bochechas com ternura.

— Shh, meu filho – disse ela com voz suave — Eu estou aqui agora. Eu vou te proteger.

Tyler olhou para ela com olhos cheios de dor e desespero, incapaz de compreender completamente o que estava acontecendo ao seu redor. Arlinn jurou vingança em seu coração, prometendo trazer o espírito do lobo de volta para Tyler, para restaurar o filho que ela havia perdido para a maldição.

— Eu vou te trazer de volta, Tyler – sussurrou ela, sua voz carregada de determinação — Eu prometo.

Com cuidado, Arlinn ergueu seu filho nos braços, segurando-o com firmeza enquanto se preparava para deixar a clareira para trás. Ela olhou para trás uma última vez, sua expressão determinada enquanto jurava vingança contra aqueles que haviam causado tanto sofrimento a ela e a seu filho. E assim, mãe e filho partiram, deixando para trás a clareira ensanguentada e o eco dos acontecimentos que ali transcorreram, em direção a um futuro incerto, mas repleto de promessas de redenção e esperança.

[FIM]

[RESOLUÇÃO]:

EXPERIÊNCIA:



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