Após a queda da mítica Atlântida, poderes são aprisionados no Cometa-Prisão e a libertação deles dão início a uma nova ordem.
 
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 Episódio 04 - A Herdeira Perdida

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MensagemAssunto: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptyQua Nov 30, 2022 1:59 pm

1921.

Dois anos se passaram desde que Mick voltou de Silvânia e recebeu a informação de que Anastasia Romanov estava viva. Neste tempo, várias moças reivindicaram a identidade da princesa perdida, mas todas mostraram-se falsas. Agora, Mick e Franklin receberam a missão de encontrar a verdadeira Anastasia, a partir da uma pista incomum.
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MensagemAssunto: Re: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptyTer Jan 17, 2023 12:26 pm

INTRODUÇÃO

Palácio de Muskóvia, Czargrad, Russkaya, Dezembro de 1917

Prisioneiro do próprio palácio, o Czar da Russkaya assistia, duma janela empoeirada, o caos à frente da residência imperial secundária, dado que a primeira, localizada na capital, Petergrad, fora tomada pelos revolucionários. Conselheiros estavam em pé, em frente a uma antiga pintura de Pedro, o Grande, um histórico conquistador kayano e czar nos Séculos XVII e XVIII. Ao redor, num sofá de linho warábico, os demais Romanov buscavam se manter calmos. As portas eram guardadas por membros restantes da Guarda Czarina.

Já se passavam dois meses desde o começo do Levante de Outubro, quando a população se voltou contra os quatro cavaleiros que assolavam o povo kayano: a Guerra, pois a Jotúnia e a Silvânia foram capazes de destruir grande parte do Exército do Czar; a desconhecida Peste, que dizem ter vindo da Hibéria ou das Províncias Unidas, matando os soldados que os jotúnios poupam a vida e se alastrando pela população; a Fome, por conta do rígido inverno de 1916 e da destruição das plantações, sem previsão de boas colheitas em 1917; e a Morte, aquela que reina soberana sobre o país. Era entendimento dos sovietes — tal como se denominam — que isso era culpa da família real kayana, os Romanov. E tudo desmoronou.

Os Romanov, num distante passado, foram os responsáveis por, a partir do Reino da Muskóvia, criar o maior império contíguo de Arcádia, mas falharam em assegurar seu controle e em modernizar a nação, se tornando uma zona atrasada e, agora, arrasada. E é óbvio que a população iria agir. A família, com oito membros, não vê nenhuma forma mais de manter-se no poder, e aguarda a resposta final de Avalon para refugiar-se em Londinum. Num canto, está Anastasia, a prodígio dos Romanov, segurando firmemente o colar de pérolas que sempre carrega no pescoço. Mantinha-se próxima à mãe, assustada com os surtos do pai, o czar Nikolai.

— Maldito seja aquele que matou Rasputin! — aos berros, Nikolai arremessa um velho relógio sacro-imperial contra a parede, caminhando e destruindo as peças espalhadas pelo chão, e apontando para um dos conselheiros reais que estavam na sala. — Limpe esta bagunça!

— Senhor... — o conselheiro Maxim Urvan se ajoelhou, recolhendo as delicadas peças. — Insisto, me escute. Fale com Mama Zimeya. Peça perdão por seus atos, e ela destruirá este levante!

— Blasfêmia! — aos berros, o czar chutou Maxim na barriga, o fazendo gritar e cair, e passou a chutá-lo várias e várias vezes, apresentando sua insanidade — Eu sou o Czar da Russkaya! Não é uma bruxa velha que irá mandar ou desmandar neste reino que meus ancestrais construíram!

Outro conselheiro, Anton Krasnov, se aproximou da sala, piscando três vezes ao ver um de seus companheiros ser agredido pelo rei. Piscou novamente, pigarreando, e anunciou-se à sala, erguendo uma carta com um selo lacrando seu envelope; o leão avalônico estampado nela fazia Anastasia ganhar um fio de esperança.

— Majestade! Trago notícias de Avalon!

— Finalmente... — Nikolai se virou, pegando a carta de Anton — Que sejam boas notícias, ou mando lhe executar agora mesmo, Anton.

Ninguém riu. Não havia qualquer traço de humor ou sarcasmo na fala. Os olhos fixos do Czar devoravam as letras datilografadas do telegrama, seus dedos enluvados dedilhavam a parte de trás do papel. A família olhava com tensão.

— Avalon nos concedeu permissão para um exílio. Enviaram uma equipe para nos resgatar. Precisamos deixar o palácio imediatamente e partir ao noroeste, até as fronteiras com Midgard, na região da Suomia. De lá, partiremos de navio até Avalon.

— Majestade, este plano é muito arriscado — um dos conselheiros ergueu a mão — precisamos garantir a continuidade da família real.

— E o que sugere, conselheiro? — Nikolai se virou, ainda com a carta em mãos.

— Que os membros da família real viajem de forma separada.

— Negado — o czar foi enfático. — Estaremos mais desprotegidos desta maneira. Vamos todos juntos.

Anastasia segurou firme seu colar. Algo não parecia certo. Uma sensação crescia dentro de si. Ao olhar novamente, não viu os rostos de sua família, mas seus crânios expostos, destruídos. Seus pais, seus irmãos, os conselheiros, até mesmo aqueles membros da corte, todos eram cadáveres ambulantes. Sentiu-se arrepiar, e aproximou-se mais da porta secundária, onde dois guardas mantinham-se posicionados. Estes eram seus guarda-costas, fortemente armados.

Então, uma explosão aconteceu, arremessando os corpos de dois guardas imperiais na entrada principal.
***

Londinum, Avalon, Janeiro de 1921

Em Londinum, mal parecia que, três anos atrás, uma guerra aconteceu. A cidade pulsava com suas enormes chaminés industriais, seus prédios e, claro, O Grande Relógio de Thammesminster, anotando 15:01. Michael Fear tomava um chá num restaurante de rua à beira do Rio Thammes, esperando seu novo escudeiro. Franklin, seu fiel escudeiro, não iria dar conta sozinho da próxima missão. Mick queria testar o novo garoto. Que já estava atrasado no primeiro dia. Seu olhar se ergueu para a rua, ouvindo Franklin ajeitar a mochila, e então viu um garoto, não muito diferente em idade de Franklin, correndo em sua direção.

— Está atrasado, Jack — Mick bebericou o chá, recolocando a xícara no pires, olhando para o garoto com seu único olho bom.

— E o senhor acha que não sei? — Jack para diante da mesa, olhando para Mick e colocando as mãos nos bolsos do jaquetão de couro que usava. A voz de Mick o irritava, principalmente quando usada contra ele. — Disse que levo isso a sério. Acha mesmo que iria deixar-lhe esperando propositadamente, senhor?

Mick ergueu uma das sobrancelhas, Franklin encarou o parceiro na hora, imaginando o que viria pela frente. Jack Timberlake, o garoto à frente dos dois, era um moleque de rua até pouco tempo atrás. Agora, mais treinado, tinha uma postura bastante firme. Para Fear, lembrava muito ele mesmo quando mais jovem. E isso o assustava.

— Temos assuntos mais importantes a tratar agora, Jack. Sente-se, sim?

Num aceno, Jack se sentou, cruzando os braços e olhando de lado para o Thammes. Mick apontou-lhe o jarro, vendo uma negativa de Jack. Franklin fez questão de servir os dois.

— Beba, é um bom chá vindo das índias, e... — Franklin recuou a xícara no reflexo, quando viu a mão de Jack perigosamente ameaçar derrubar a porcelana. Antes que pudesse retrucar, ouviu o pigarro de Mick.

— Viu as notícias vindas de Russkaya? — Mick bebeu novamente o chá, sentindo a fervura da bebida descer por sua garganta.

— Russkaya? Ah. A terra dos comunistas. O que que tem? — Jack bufou. Sabia das notícias. A família real havia sido assassinada, e os boatos diziam da fuga de um dos membros, a princesa Anastasia. — Apareceu outra falsa princesa e temos que matá-la?

— Heh... — Fear balançou a cabeça. — Não, não. Dessa vez, não.

— Então? — Jack olhou impaciente. — Me chamou para fofocar da vida dos nobres?

— Sir! — Franklin interrompeu. — Quer que eu explique ao Jack...?

Num aceno, Franklin contou tudo o que poderia contar. Ou o que sabia. Disse acerca dos boatos de Anastasia, da revolução agindo fervorosamente, e até se irritou ao ver que Jack parecia, muitas vezes, desinteressado. Mick ouvia também, até um pouco aliviado. Havia algo a mais na missão, e talvez não fosse de bom grado Franklin saber por agora...

— Na realidade — Mick se levantou, colocando algumas moedas na mesa do restaurante. — Está na hora de entrar em ação. Arrume o que precisará, Jack. Franklin, ajude-o nisso. Vamos para Russkaya em breve.
***

Arredores de Zymagrad, Russkaya, Fevereiro de 1921

Numa terra arrasada, o espírito da guerra reina soberano ante as criaturas. Russkaya, outrora um poderoso império, estava sob as ruínas da grande Revolução Popular, iniciada em 1917 durante a Grande Guerra. A subversão da ordem natural da história humana trouxe consequências a todo o mundo, que jamais seria o mesmo. Comandados por Vladimir Ulyanov, as classes populares tomaram o poder, criando um Estado de assustar mesmo os mais frios guerreiros jotúnios, os mais estudiosos cientistas avalônicos, e os mais liberais políticos libéros. A tricolor bandeira com a águia fora substituída pelo manto vermelho da foice e do martelo. A Soviétia estava nascendo pelo meio do que restou da Russkaya. E seus vizinhos, claro, aproveitavam os conflitos.

A Grande Guerra alterou o formato do mundo. Novos países surgiram através dos escombros dos grandes impérios. A Jotúnia foi reduzida e, em territórios seus, de Russkaya e da Silvânia, foram criadas as nações da Léchia, da Ruthenia e da Báltia, estabelecendo um controle libero-avalônico na região. No entanto, isso falhou de forma miserável, com a guerra persistindo na região. Léchios disputam com russkayos sovietes, baltos e ruthenios uma porção de territórios nas fronteiras; os ruthenios mergulhavam numa guerra civil semelhante a ocorrida em Russkaya; e os báltos lutavam para manter sua independência contra os próprios russkayos e contra os léchios.

É nesse cenário de guerra que Anastasia tenta sobreviver. Usando blusões grossos de uma simples camponesa, a princesa e seu guarda-costas, Spartak, finalmente retornam a Czargrad, agora nomeada como Zymagrad, a capital dos revolucionários. Apesar dos riscos, os dois chegaram a conclusão de que era mais seguro voltar para lá do que correr o risco de cair nas mãos de algum exército inimigo, ou tentar ir para o interior gélido do país em busca de leais à coroa. Quanto mais isolado o lugar, maiores as chances deles serem abordados.

Além disso, havia algo importante demais que Anastasia tinha deixado para trás no Palácio de Muskóvia.

— Spartak... — Anastasia chama baixo, enquanto os dois caminham por uma das ruas da periferia. — Tem certeza mesmo de que esse é o melhor plano?

— Confie em mim — ele responde, observando a cidade. As bandeiras vermelhas voavam em uma antiga fortificação, com guardas sovietes parados e fortemente armados, enquanto a neve caía devagar pela cidade. Nenhum dos dois se atreveu a olhar para os guardas, e só voltaram a falar quando estavam longe. — Não há como saberem de sua presença aqui. E aquele bom homem disse que alguém nos ajudaria na cidade.

— Acredita mesmo nisso? — Anastasia bufou, recolhendo as mãos para dentro da roupa e olhando pra frente. Bem mais adiante, podia ver a entrada da cidade.

— Não há como não crer, Yelena — Spartak usava um nome diferente para se referir à Anastasia. Não podia arriscar. Seu próprio nome estava disfarçado. — No máximo, estamos só adiantando nossa morte.

O silêncio tomou conta da dupla, sendo cortado só quando a princesa voltou a falar.

— Além disso, eu preciso recuperar minh--

— Shhh! — Spartak parou, se virando e olhando para Anastasia. — Evite falar disso em voz alta. Nossa prioridade é te tirar daqui.

— Spartak, eu preciso daquilo. Não tenho como simplesmente largar isso na mão dos comunistas. Imagine o que eles poderiam fazer com...

A voz de Anastasia morreu conforme alguns guardas passavam pela dupla. E, sozinhos de novo, foi a vez do guarda-costas pensar alto.

— Mama Zimeya poderia nos ajudar, e...

— De novo isso, Spartak? — Anastasia dirigiu um olhar irritado para seu guarda-costas. — Aquela bruxa de araque abandonou nossa família, e você vem falar nela!

— Mama Zimeya sempre serviu como conselheira e guardiã dos Romanov, criança — o guarda-costas olhou para o céu, vendo os flocos de neve caindo — E o fez até que, seguindo um conselho torto de Rasputin, seu pai a afastou da corte e a enviou para uma residência na periferia da cidade. Só ela poderia dar o perdão para retomar a proteção dos herdeiros, e até nos dar uma luz para podermos te tirar daqui e te levar para Londinum em segurança.

Um breve silêncio.

— E recuperar o que perdi?

— Sim.

Anastasia queria questionar, mas se manteve em silêncio, enquanto os dois passavam pelo perímetro urbano. Não queria contar sobre sua descrença. Sobretudo correndo o risco de desagradar aquele responsável por mantê-la viva até aqui. E lutava contra o vento que insistia em tentar revelar seu rosto.

Na porção urbana da cidade, Mick, Franklin e Jack se misturam aos kayanos. O espião sabia que seu alvo estava na região. Um contato disse que encaminhou a princesa perdida para a capital junto de seu guarda-costas. Porém, não foi capaz de dar mais detalhes. Franklin, por outro lado, ia treinando um pouco o jeito de falar de Jack, para fazê-lo não cometer o erro de soltar um sotaque que evidencie que ele não é um local.

A todo momento, o grupo passava por guardas, soldados rasos, entre outros. Isso era algo que Mick teria que ter cuidado.

— Que lugarzinho bom pra se viver, hein? — Jack ironizou, falando no idioma local, num sotaque bastante arranhado. Franklin arregalou os olhos ao ver que ele simplesmente ignorou todas as lições, e Mick tossiu.

— Sugiro evitar falar com esse sotaque, Jack. Ou vai atrair atenção dos comunistas.

Mick caminhou, chegando perto de uma área bastante... complicada, por assim dizer. Havia uma infinidade de soldados guardando o Palácio de Muskóvia, residência da Família Imperial e, extraoficialmente, QG do governo revolucionário. O ponto de encontro não poderia ser pior, mas qualquer encontro em um local escondido chamaria mais atenção, dado que a cidade está repleta de guardas. Franklin, por outro lado, notava que, do palácio até a rua, era uma distância considerável. Ao ponto de haver três guardas que, em vez de estarem às portas do palácio, mantinham-se na calçada que separava a praça da rua.

Atrás deles, o enorme palácio se mantinha em pé, fortemente guardado, mas com óbvias falhas de segurança. Mick já tinha visto quatro caminhos possíveis para, se necessário, fugir. Cinco, agora. E três formas de entrar no prédio. Franklin percebia que os soldados estavam bastante distraídos. Jack, por sua vez, mantinha suas mãos protegidas do frio, sentindo o vento bater em sua face e desejando não ter aceito o convite.

— Como vamos saber quem é nosso alvo...? — Jack murmurou para Franklin.

— Bom, basicamente... — Franklin ia responder, até uma confusão se iniciar na rua.

Uma nova rajada de vento atinge a área, e vários guardas começam a entrar em alerta. Mick é o primeiro a notar o motivo.

Atravessando uma via, o vento fez cair a touca de uma mulher. E a face da princesa Anastasia se revelou ali, já tendo três guardas em seu encalço.

— ...basicamente, é aquela moça, e temos que agir agora, Jack.

[OBJETIVOS]

  • Anastasia precisa fugir dos guardas ou enfrentá-los. Os guardas estão armados, portanto, a fuga possui um feito de Atitude de ND Médio (5-7) e a luta possui ND Médio (5-7) para cada um dos três guardas que a viram. De forma opcional, Anastasia pode tentar convencer os guardas de que ela não é a princesa, fazendo um feito Social de ND Superior (9-11);
  • Mick e Franklin precisam proteger Anastasia, podendo criar uma distração com um feito de Social ND Médio (5-7) ou ajudando efetivamente no combate, com a luta tendo ND Médio (5-7) para cada um dos três guardas;
  • Anastasia pode dizer para Mick acerca do objeto que precisa recuperar, e o guarda-costas pode falar de Mama Zimeya;
  • Após a luta, os quatro precisam fugir, podendo tentar sair da cidade (Anastasia teria que abandonar seu objeto) com um ND Extremo (11-13), ou podendo invadir o palácio pelo térreo, num feito de ND Médio (5-7) ou invadir o palácio no primeiro andar, num feito de ND Difícil (7-9). Alternativamente, ao custo de um teste de Foco de ND Inferior (1-3), o grupo pode tentar invadir o palácio (ou fugir da cidade) pelos esgotos, tendo ND Fácil (3-5) para fugir da cidade (novamente, Anastasia abandona seu objeto se o fizer), e ND Fácil (3-5) para invadir o palácio pelo esgoto.


Última edição por Anfitrião em Seg Out 16, 2023 2:07 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptySeg Jan 23, 2023 10:20 pm

Muitas vezes Mick se perguntava se havia feito certo ao recrutar o jovem Jack como seu novo escudeiro. Seus motivos eram nobres: tirar o jovem da rua e dar a possibilidade de um futuro digno. Mas o desgraçadinho conseguia tirá-lo do sério e o fazia repensar se realmente valia a pena ter uma alma caridosa.

Desde que ouvira a conversa entre as duas bruxas em sua última visita à Silvânia, o espião focou completamente em achar a jovem princesa, que era parente de seu rei. A coroa cedera todos os recursos necessários para ele, que pretendia aproveitar a chance para financiar suas investigações sobrenaturais no futuro. Tinha até seu próprio escritório, que só era visitado por Franklin e Jack.

Foi até relativamente fácil montar a expedição para Ruskaya com as informações confiáveis que adquiriu. Com seu infiél escudeiro e o agora promovido Franklin, estava mais uma vez disfarçado em território hostil.

Mick não prestava atenção na tagarelice de seus dois soldados. Estava atento a cada movimentação naquela rua. Cada aceno e troca de olhares podia ser significativo para sua missão. Mas no fim, foi uma ventania que estragou tudo.

— Franklin, pegue um dos guardas!

O costume fez o espião comandar o antigo escudeiro, enquanto Jack não precisou de uma ordem. Provando mais uma vez sua similaridade assombrosa com Mick, o jovem sacou a arma ao mesmo tempo que seu mentor e os dois abriram fogo contra o mesmo soldado.

Sem perder tempo, Fear olhou ao redor calculando qual seria a melhor rota de fuga. Uma passagem nos esgotos que levava para o palácio seria o último lugar que seriam procurados. De lá, poderiam planejar uma fuga mais tarde.

— Anastasia, venha comigo se quiser viver. Sou um camarada — Ele disse em russo para a princesa e em seguida pulou no esgoto.

_____

Desafio: Enfrentar guarda ND Médio (5-7)
Mick: ♠2 + ♣2 (Tiro) - 1♣ (Deficiência) + ♠3 (Jack) +1 Esforço = 7

Desafio: Foco de ND Inferior (1-3) para ver a passagem nos esgotos
Mick: ♣2 - 1♣ (Deficiência) + 2 Esforço = 3

Desafio: ND Fácil (3-5) para invadir o palácio pelo esgoto
Mick: ♠2 + ♠3 (Jack) + 1 Esforço = 6
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Franklin

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MensagemAssunto: Re: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptyTer Jan 24, 2023 5:21 pm

Franklin puxou a gola de seu casaco para tentar proteger seu rosto do vento frio e cortante. Russkaya não era um lugar para amadores, os soldados em geral eram bastante competentes, gente dura, forjada no frio e por vezes na fome.

Por esse motivo o jovem avalônico se questionava, qual a razão de Mick querer incluir nesta missão um moleque xexelento das ruas de Londinun? Qual seria a utilidade de um rapaz que nunca vira a guerra? Absorto em seus pensamentos, o ex escudeiro levou alguns segundos para entender a situação que correu a seguir. Uma garota perde seu chapéu, os guardas começam a se movimentar e subitamente Franklin ouve a ordem de Mick.

- Franklin, pegue um dos guardas! -

Em seguida seu mentor sacou rapidamente sua pistola para disparar contra o russo mais próximo. Franklin saiu de seu torpor momentâneo e sacou seu arco e sua aljava, que estavam bem camuflados em um estojo cilíndrico que carregava nas costas. Levantando a arma de madeira de freixo, mirou no soldado que estava mais próximo da mulher, ganharia tempo para ela. Respirou fundo e soltou a corda.

Após disparar, Franklin seguirá Fear até a entrada dos esgotos para invadir o palácio.

Enfrentar o Guarda  - ND Médio (5-7)
3 ♠ +2♣ (Tiro) +2 Esforço= 7

Invadir o palácio pelo esgoto - ND Fácil (3-5)
3 ♠ +2 Esforço = 5
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Anastasia

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MensagemAssunto: Re: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptyTer Fev 07, 2023 12:01 am

Anastásia tentou ser uma boa garota, dar orgulho para seus pais, ser amada por seus súditos. Só que muito nova percebeu que alimentava sonhos estúpidos. Gostava do pai, mas odiava seus ataques de raiva cada vez mais frequentes, o amor esfriou depois do primeiro tapa na cara. O ódio ferveu depois da primeira surra. Gostava da mãe, mas odiava sua permissividade, afagava os cabelos da filha e cuidava de seus hematomas causados por seu próprio pai, mas nunca se prestou a defendê-la, tendo muitas vezes assistido os ataques de seu marido tragado pela loucura. Ainda hoje desconfiava da proteção de Spartak, tinha medo de ser apunhalada pelas costas, o tratava com certa agressividade, quem sabe o machucando primeiro, ele não a machucaria… Afastando o medo, sentimento que ela aprendeu a reprimir voltava-se sempre para seu novo combustível, o ódio, e seu maior ódio era do povo.

Toda aquela ladainha de crescer  e ser uma boa governante foram pro ralo no primeiro mês foragida. Aquela plebe mal agradecida... tentaram saqueá-la, violentá-la, sequestrá-la e qualquer outra atrocidade possível quando a reconheciam. Agora ela viveria só por ela mesma. Fugiria dali assim que possível, e recomeçaria a vida em qualquer outro país mais quente. Mas primeiro precisava chegar até o cofre.

Não tinha um plano lá muito elaborado, e Spartak ficava o tempo todo apontando as possíveis intempéries, as falhas em sua investida, as consequências, mas ela não se importava. Não tinha nada a perder, e quando a ventania revelou seus cabelos avermelhados e os guardas se aproximaram, ela fechou os punhos e se preparou para o combate. Cuspiu na cara do primeiro soldado e o atacou de forma desajeitada, testando um movimento que Spartak lhe ensinara para derrubar oponentes maiores que ela. Lançou-se ao chão, deslizando de joelhos tentando contornar seu alvo e atingi-lo na parte de trás do joelho para desestabilizá-lo, se levantaria para conseguir acertar sua nuca e tirá-lo de cena. Se necessário iria desferir com toda selvageria que conseguiria acessar mais socos até que ele parasse de se mexer. Iria para o próximo alvo, mas outro trio se aproximou entrando no conflito.

— Anastasia, venha comigo se quiser viver. Sou um camarada — Disse o bigodudo em russo para a princesa e em seguida pulou no esgoto.

— Ah claro! Vou pular na imundice com um velho pederasta e seus dois cachorrinhos!  — A princesa dá língua para os espiões e puxa seu toucado antes de sair correndo.

Seguida a contragosto pelo guarda-costas, a dupla tenta outra entrada, uma janela entreaberta que poderia ser forçada. Spartak resmunga enquanto analisa a melhor forma de abrir sem chamar atenção, agora com olhos mais atentos à aproximação de novos guardas, já que em breve alguém viria ver que confusão fora aquela. Ele ensaiava argumentos para fazê-la desistir da invasão até ver a menina dando socos na janela claramente sem saber o que estava fazendo, apenas contando com  a sorte de bater no ponto certo e não ter ninguém do outro lado.

— ABRE! INFERNO! CULHÕES CONGELADOS! - Xingava Anastásia já impaciente
[OFF]

  • Enfrentar um guarda (ND Médio)

♠ 2 + Luta (+2 ♠ ) + Sorte (+1 JOK ) + Esforço 2 = 7

  • Invadir o Palácio pelo Térreo (ND Médio)

♠ 2 + Sorte (+1 JOK ) + Esforço 3 = 6
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MensagemAssunto: Re: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptySeg Mar 20, 2023 12:32 am

ATO I

Palácio de Muskóvia, Zymagrad, Russkaya, Fevereiro de 1921
— Privet! Printsessa! Poymay yeye!

A (falta de) furtividade de Anastasia tinha sido cruel. No meio do processo de fuga, a mesma foi vista pelos guardas, que corriam em sua captura. Por algum motivo, como Mick notou rapidamente, nenhum dos guardas puxou suas armas. Haveria uma oportunidade de salvá-la.

— Franklin, pegue um dos guardas! — Mick gritou, puxando sua arma, e vendo Jack fazer o mesmo.

A postura de Jack agradava a muito Mick. Enquanto o costume fez o espião comandar o antigo escudeiro, Jack não precisou de uma ordem. Ambos sacaram as armas ao mesmo tempo, e os dois abriram fogo contra o mesmo soldado. Já Franklin saiu de seu torpor momentâneo e sacou seu arco e sua aljava, que estavam bem camuflados em um estojo cilíndrico que carregava nas costas. Levantando a arma de madeira de freixo, mirou no soldado que estava mais próximo da mulher, ganharia tempo para ela. Respirou fundo e soltou a corda.

Os tiros certeiros chamaram totalmente a atenção dos demais guardas do Exército Vermelho. Mais deles se aproximavam, e tanto Mick quanto Franklin sabiam que não teriam tempo para mais nada. Anastasia, por sua vez, não se deixaria levar de vencida. Cuspiu na cara do primeiro soldado e o atacou de forma desajeitada, testando um movimento que Spartak lhe ensinara para derrubar oponentes maiores que ela. Não funcionou, pois o guarda só foi afastado, mas foi o suficiente para os disparos dos avalônicos cessarem a vida daquele.

Anastasia lançou-se ao chão, deslizando de joelhos, tentando contornar seu alvo e atingi-lo na parte de trás do joelho para desestabilizá-lo, vendo que o segundo guarda foi flechado, e derrubando o terceiro, se levantando e chutando sua nuca, tirando-o de cena. Viu que ele levantaria, mas um tiro na nuca vindo da arma de um bigodudo o tirou de cena para sempre.

— Quem são vocês!? — Anastasia bradou em russo.

— Anastasia, venha comigo se quiser viver. Sou um camarada! — Mick bradou a plenos pulmões em russo, segurando o pulso de Anastasia, só para vê-la rejeitar sua ajuda.

— Quê? E por que eu vou confiar em alguém que chega assim!?

— Senhorita, ele que é o nos-- — Spartak tentou falar, mas foi interrompido pelos gritos dos guardas que se aproximavam.

— Poymay yeye! Poymay yeye!

Mick olhou para os lados. Sem perder tempo, Fear olhou ao redor calculando qual seria a melhor rota de fuga. Viu uma passagem nos esgotos que levava para o palácio, provavelmente seria o último lugar que seriam procurados. De lá, poderiam planejar uma fuga mais tarde. Cutucou Jack, que já aparentemente tinha notado aquela via, e deu uma cotovelada em Franklin pra que ele visse também.

— Olha aqui, princesinha de merda, melhor vir com a gente! Pro esgoto, vamos! — Jack "atropelou" Mick, que olhou pro pupilo novamente com aquele olhar de orgulho indignado.

A princípio, Anastasia achou que era uma piada. Porém, ao ver o trio correr para as bocas de esgoto, torceu a boca.

— Ah claro! Vou pular na imundice com um velho pederasta e seus dois cachorrinhos! — a princesa dá língua para os espiões e puxa seu toucado antes de sair correndo.

— Anastasia! Espera! — Franklin tentou gritar, mas a aproximação dos vários guardas o fez correr até Mick e saltar para a tampa.

O grupo se separou. Esse foi o maior erro. Enquanto Mick, Jack e Franklin saltavam pelo esgoto, o espião pôde ver Anastasia correr até a entrada principal do palácio. Não haveria tempo para ajudá-la sem comprometer sua posição, e o guarda-costas dela estava a seguindo. Claramente a contragosto. Não viu o que aconteceu ao descer uma escadaria e bloquear a entrada do bueiro, escorregando para a rede de saneamento.

— Anastasia, você precisa me ouvir! — Spartak estava tenso, vendo os vários guardas se aproximando. A herdeira se aproximava das portas, empurrando alguns guardas desprevenidos. — Você está exposta demais! Você vai chamar atenção mais ainda! Temos que seguir aquele trio, e...

O olhar de Spartak demonstrou que ele se deu por vencido. Na sanha de fazer o que ela julgava ser o mais correto, Anastasia começou a golpear a janela com os próprios punhos, claramente sem saber o que estava fazendo, apenas contando com  a sorte de bater no ponto certo e não ter ninguém do outro lado.

— ABRE! INFERNO! CULHÕES CONGELADOS! - xingava Anastasia, já impaciente.

Então, um estampido seco foi ouvido por ela, seguido pelo som de algo despencando ao chão, e sentindo algo espirrar em seu vestido. Respirando fundo, Anastasia se virou devagar, e viu quatro guardas armados, e seu guarda-costas, Spartak, jogado ao chão, sangrando. Morto. Ela sentia que aquele corpo não tinha mais vida.

Numa tentativa de se proteger, Anastasia ergueu os punhos, mas uma coronhada em sua nuca a fez apagar.
***

A escuridão dos esgotos rapidamente foi eliminada pela iluminação de uma lanterna que Franklin puxou de sua mochila. Mick suspirava irritado, olhando para o norte, que seria a direção do palácio. Ele podia ouvir Jack resmungando, e concordava plenamente com cada palavra de seu novo pupilo.

— A gente vem pro meio desse bando de comunistas, tudo pra ver a princesa cagar pra gente!

— Olha o vocabulário, Jack... — Franklin tentou apaziguar, aproximando a mão do ombro de Jack, só para tomar um tapa no pulso.

— Vocabulário é o caralho! A gente tem mesmo que arriscar nossas vidas por uma... uma... princesa mimada!?

— Nossa missão não é essa.

Mick olhava pra frente, cerrando os olhos, só ouvindo a briga dos dois. Franklin arregalou os olhos quando ouviu aquilo.

— S-sir? O senhor foi bem claro em dizer que...

— Eu sei o que disse, Franklin — Mick olhou pra trás. Jack parou de resmungar na hora, e observava mais intrigado do que indignado. — Porém, nossa missão principal não é proteger Anastasia.

— Então por que estamos aqui, Mick!? — Franklin indagou. Sempre se frustrava quando tinha missões com Mick. Quando julgava que já sabia de tudo, Mick apresentava uma nova situação.

— Só terão que confiar em mim. Alguma vez já te coloquei em risco de vida, Franklin? — Mick mantinha sua postura.

— Uh... sim! Várias vezes!

Mick apenas deu um sorriso carrancudo, avançando pelos esgotos e sendo seguido pelos seus companheiros.
***

Saindo por uma entrada de serviço, o trio avalônico se vê dentro de uma espécie de casa de máquinas. Haviam fornalhas ali que serviam para fazer o aquecimento do palácio, e várias ferramentas espalhadas, além de pilhas de carvão e outras coisas. Sem guardas, como Mick constatou, antes de permitir que seus companheiros deixassem o esconderijo.

— E agora, "mister"? Qual será seu plano? Claro, se pudermos saber — Jack ironizou, recostando numa parede.

Mick apontou numa direção. Haviam roupas de operários jogadas num canto. Curiosamente, eram três peças. Coincidências demais estavam acontecendo, e aquilo, para Mick, não era um bom sinal. Mesmo assim, a outra opção era sair matando guardas, e isso agradava menos ainda ao espião.

— Vistam. Se Anastasia não estiver morta, ela deve estar presa aqui dentro. E não me olhe com essa cara, Franklin. Não precisa ter vergonha de ser pequeno.

Jack deu uma gargalhada gostosa, enquanto Franklin ruborizou totalmente. Os três rapidamente se vestiram, e pegaram algumas ferramentas aleatórias, indicando serem da equipe de manutenção.

Caminhando pelo palácio, eles notaram que muito da parte interna ainda estava bastante preservada. Até mesmo itens de luxo continuavam expostos. Estranhamente, as únicas coisas diferentes eram a ausência dos símbolos monárquicos, substituídos pela foice e pelo martelo, e a troca das fotos e pinturas dos czares pela imagem do Grande Camarada, Vladimir Ulyanov.

— Estranho... — Mick balbuciou, virando um corredor, aproveitando que um carrinho de limpeza estava parado ali, e começando a arrastá-lo.

Caminhando por mais alguns metros, chegou no que parecia ser uma cozinha de funcionários, vendo alguns guardas tomando vodka e conversando alto. Eles pareciam relaxados o suficiente, seriam facilmente apagados se necessário. Mas, subitamente, os dois se levantam e começam a andar pra fora, deixando a vodka pra trás e olhando fixamente para frente. Quase que sem vontade alguma, apenas seguindo uma ordem predeterminada.

— Niko, pegue o cesto e leve pães. — um guarda disse ao outro. — É hora de alimentar as prisioneiras. O Grande Camarada quer elas prontas ao anoitecer.

Mick olhou para seus companheiros, abaixando o chapéu. Os guardas falavam aquilo abertamente? Ignoravam a presença dos três avalônicos?

Aquilo estava estranho demais. O espião já estava incomodado. Já Frankllin sentia estar sendo observado constantemente.

— Vamos, rapazes — Mick falou quando os guardas deixaram o local. — Temos uma herdeira e uma bruxa para resgatar.

***

Anastasia abriu os olhos devagar, sem saber aonde estava. Em sua cabeça, apenas gritos.

Saia daqui.

Saia daqui.

Olhou para os lados, sentando-se num banco. Viu que estava numa cela ao sentir o chão frio abaixo de seus pés. Notou que não usava mais o mesmo vestido, e sim uma roupa padrão de prisioneira. Tocou a nuca, e sentiu uma dor latejante. Cerrou os dentes, e então se deu conta. Estava sozinha. De novo. Socou a parede de raiva, gritando e sentindo as lágrimas escorrendo por suas bochechas. Sabia qual seria seu destino. Os vermelhos adorariam executar a última dos Romanov.

Então, ouviu uma risada vinda de uma outra cela, com uma fala em sibilo.

— Oh, criança... daqui, só sairá morta mesmo, a não ser que ele te queira para usar.

A herdeira se virou, se aproximando das grades da cela. De longe, viu uma figura estranha. Era uma mulher idosa, muito idosa mesmo, mas seus traços eram bizarramente animalescos. Anastasia jurava ter visto um pequeno par de chifres caprinos brotando da testa da senhorinha, e algo que parecia ser uma barbicha.

— Ele? O tal do "Grande Camarada"?

A mulher riu novamente.

— Pobre Russkaya. Vítima dele, com sanha de poder. Uma pátria que sangra pela cegueira e arrogância deles, pelo insano desejo de poder dele. Mama Zimeya tentou avisar ele, criança. De verdade. Mas ele deu ouvidos a ele. Mama Zimeya deveria imaginar que eles viriam atrás de Mama Zimeya... — ela se aproximou das grades, revelando seus olhos de bode, com íris horizontais. Aquele rosto...

— Mama Zimeya...? — Anastasia olhou, memorizando aqueles traços faciais, e ouvindo uma nova risada. — Você... os conselheiros falaram da senhora! — Anastasia voou contra as grades, segurando-as firmemente, projetando sua cabeça em fúria. — POR QUE NÃO FEZ NADA PARA IMPEDIR OS VERMELHOS!?

— Mama Zimeya poderia fazer. Mama Zimeya não fez. Mama Zimeya tinha o poder pra deter eles. Mas Mama Zimeya foi traída por ele. Mama Zimeya foi lançada aos cães por ele, jogada na sarjeta. Mama Zimeya não era mais responsável. Ele era responsável por ele. Dizem que Russkaya só pode ser governada por eles que forem capazes de lidar com todo o grande território. Com aqueles que aqui residem. E o que ele fez foi entregar tudo para ele.

Anastasia estava um pouco confusa. Mama Zimeya não citava nomes, além do dela. Identificou que a bruxa se referia a ela por criança. Não sabia quem eram os "eles".

— Fala de Rasputin? — a herdeira viu o olhar de Mama Zimeya desviar. Estava certa. — O velho foi morto, meu pai resmungou até o fim a morte dele!

A velha riu novamente. Dessa vez com gosto.

— Ele era um tolo, criança. E a criança... bom, Mama Zimeya vê que a criança é igual a ele. — os olhos dela enegreceram por alguns instantes. — Socar uma janela achando que vai entrar? Sinto cheiro de sangue na criança... oh... não ouviu ele. Igualzinha ele... — ela balançou a cabeça em negação, e seus olhos voltaram ao "normal". — Por que ele e criança são tão teimosos? É por isso que Russkaya é vermelha. Vermelha com o sangue deles, e vermelha com o sangue da criança.

Anastasia olhou chocada para a velha. As palavras dela eram duras. Como ela ousava falar assim com a herdeira? Anastasia respirou fundo, tentando se controlar.

— Bastava um perdão pra Mama Zimeya, e eles poderiam continuar como reis. A escolha foi dele. A criança fará a mesma coisa? Mama Zimeya pode perdoar, mas Mama Zimeya não pode fazer nada por eles. Mama Zimeya pode garantir a criança viva, mas Mama Zimeya não pode tirar o vermelho daqui. Mama Zimeya pode salvar a criança, mas Mama Zimeya não pode deter ele.

— De quem está falando!? — Anastasia estava frustrada novamente. — Quem a senhora não pode deter!?

— Ele. Que controla tudo e todos. Ele. — Mama Zimeya sorriu. — Mas Mama Zimeya sabe o que criança procura. Mama Zimeya sabe onde está. E se Mama Zimeya sair daqui, Mama Zimeya pode dar à criança o que a criança quer.

[TESTES]

TESTES:

[OBJETIVOS]

• Mick e Franklin devem chegar ao calabouço das prisioneiras. Podem usar de violência para tomar o lugar dos guardas derrotando-os, ND DIF (7-9) se nocautear os dois juntos ou ND MED (5-7) para cada um dos dois, ou podem tentar convencê-los a alimentar as prisioneiras, ND DIF (7-9).

• Anastasia deve decidir se aceita a ajuda de Mama Zimeya. Ela está disposta a perdoar, mas ainda está ressentida e Anastasia precisa convencê-la num feito social, ND MED (5-7) de que o pedido de perdão é genuíno.

• O grupo pode escolher voltar pelos esgotos ou pelo térreo, mas precisarão enfrentar todos os guardas que estão cercando o Palácio, ND EXT (11-13). Há ainda a opção de subir ao primeiro andar, onde ficava o quarto de Anastasia e está o objeto que ela procura. Nesta opção, devem tentar pelos poucos guardas que se concentraram ali, ND MED (5-7). Encontrar o objeto é um feito MED (5-7) de Percepção.

• Adicionalmente, o grupo pode realizar um feito de Manha ou Percepção, ND DIF (7-9) para investigar o andar e descobrir segredos ou encontrar objetos.

• A fuga do Palácio será facilitada pela Mama Zimeya, que lhes abençoará com um feitiço que permite respirar na água. O feitiço não protege do frio, então o grupo todo precisa de um feito de Sobrevivência para resistir ao frio, ND DIF (7-9).


Última edição por Anfitrião em Seg Out 16, 2023 2:09 pm, editado 3 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptyQui Out 12, 2023 7:42 am

Franklin ajustou sua pele escarlate e o casaco que vestia por cima. Mesmo dentro da edificação ele sentia calafrios percorrerem seu corpo. Aquele lugar tinha algo claramente errado, uma tensão estranha na nuca do Avalônico lhe dava a sensação que sempre havia alguém observando. Quase como se as paredes tivessem olhos...

Após chegarem as cozinhas e presenciarem os guardas indicando onde estavam as prisioneiras, Franklin olhou para Mick e um raio de percepção foi trocado. Sem uma palavra, o jovem avançou em direção ao guarda mais próximo. Sacando sua garra de prata, arremessou-a no ombro do guarda Russo, desequilibrando-o e atrasando sua reação. Em seguida com um golpe de Westriling o Avalônico arremessa o pobre diabo ao chão e desfere um poderoso soco em sua têmpora, o desacordando.

Ele se levanta a tempo de ver Mick e Jack cuidando do outro guarda. E escuta com paciência as instruções de seu antigo mestre.

- Eu sugiro que subamos ao primeiro andar após resgatarmos as senhoras. De lá traçaremos uma rota para fora desse covil! -

Já no primeiro andar, o embate foi rápido porém sangrento, sentindo um instinto primal se apossar de seu corpo, Franklin disparou, cortou e golpeou todos que via pela sua frente. Assim que o último guarda fora finalizado, o jovem Avalônico olhou para suas roupas e viu que estavam cheias de sangue, e sua pele de lobo tinha uma certa aura. A garra de prata também reluzia de uma maneira maligna. Aquilo o intrigou mas não o deteu por muito tempo, já que a missão era a única coisa com que se preocupava no momento.

Após a busca, o Agente de Avalon virou para seus companheiros com um olhar estranho.

- Vão na frente, eu segurarei os guardas o máximo que puder e depois dou um jeito de sumir daqui. -

Aquilo parecia suicídio, mas entrar nos esgotos confiando no feitiço de uma velha parecia mais ainda para Franklin. Preferia confiar na sua capacidade com o arco e na sua experiência em figas complicadas.

Franklin se preparou, pois sabia que aquilo seria complexo. Quebrou uma das janelas do primeiro andar e utilizando as espalhafatosas cortinas com uma corda, ele desceu deslizando pela parede do castelo. No instante que seus pés tocaram o chão, o Avalônico disparou pelas ruas da cidade, entrando em vielas e becos para despistar os guardas, e disparando e cortando sempre que algum o alcançasse.

Ações:
Nocautear Guarda - 3 ♠  + 1 ♠  + 1  JOK + 2 Esforço = 7

Superar Guardas no Primeiro Andar - 3 ♠ + 2♠ + 1 ♠+ 1  JOK + 1 Esforço = 8

Escapar pelo térreo - 3 ♠ + 2♠ + 1♠ + 1 JOK  + 6 Esforço = 13

Esforço restante - 7
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MensagemAssunto: Re: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptySeg Out 16, 2023 5:56 pm

- Mama Zimeya eu estou muito frustada com tudo isso, e cheia de ódio por tudo que já aconteceu. Se o que você precisa é de um pedido de desculpas, ótimo… Me desculpe! Eu fui cabeça dura, burra e inconsequente! - A princesa tinha cedido outra vez ao desespero e seu coração parecia preso na garganta - E por isso… por isso Spartak morreu, tentando me ajudar… Me desculpa Mama… - ela cai de joelhos e limpa as lágrimas e o ranho do nariz - me desculpe Spartak…

Convencer a Bruxa:

Os momentos seguintes passam pelos olhos de Anastasia como um sonho onde ela não tem controle sobre a sequência de fatos caóticos que se engendram um após o outro numa sinfonia desordenada e sem regência. Ela se vê apenas seguindo os espiões sem reclamar, xingar ou hesitar.  Tinha caído em si que tudo tinha desmoronado e nunca mais seria como antes, e pior, se continuasse a agir como tinha durante os últimos tempo teria o mesmo fim que sua família.

Anastasia decide abaixar a cabeça, tirar o rei da barriga e botar o pé no chão. Afinal, talvez o problema não fossem os plebeus que odiavam sua posição por nascimento, talvez nascer na família real fosse mais um acaso invés de uma grande distinção, nada do mundo que ela achava conhecer faria sentido.

Absorta em sua crise existencial só consegue voltar a realidade quando algo brilhante chama sua atenção passando pelos quartos onde muito tempo atrás brincava despreocupada e então, um quase sorriso ao encontrar o motivo de ter tentado invadir o palácio aos murros.

Encontrar Objeto:

A princesa é a primeira a se lançar na água, obstinada em recomeçar uma nova vida e se ver longe de tudo aquilo o mais breve possível. Suas braçadas concentradas, irradiando a nova força de vontade adquirida. Apesar da dificuldade, aquelas águas não eram estranhas a Anastasia, seu coração gelado superava o frio daquele percurso. Por Spartak, por sua nova vida adiante, nada iria impedi-la.

Fuga Aquática:
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MensagemAssunto: Re: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptyDom Out 22, 2023 9:53 pm

Não bastava ter que lidar com suas próprias crianças desobedientes, Mick encontrou na princesa uma pior ainda. Sua experiência era o bastante para sempre se adaptar a situação, não importa o quão ruim ficasse, mas isso ainda o irritava.

Estar naquele país o fazia lembrar constantemente de Rasputin e se olho latejava a cada memória. Todas as coincidencias que eles passam ao invadir o palácio pareciam feitos das bruxas, mas Mick se pergunta se podia ter a ver com o falecido feiticeiro voltando para assombrá-lo.

Na cozinha, após ouvir a localização da princesa, Franklin faz um ataque extremamente elaborado em um guarda, enquanto Mick só saca sua pistola com silenciador e atira no outro, que foi atingido em seguida por um tiro de Jack, só para confirmar.

— O Mick que te ensinou a dançar desse jeito? — Jack provocou os dois superiores.

O trio segue para libertar as prisioneiras.

— Senhorita Anastasia, Mama Zimeya. Estamos aqui para ajudá-las, se puderem deixar o nosso trabalho mais fácil, será melhor para todos nós. Entendido, princesa? Vamos escapar pelo primeiro andar, acho que o rio é nossa melhor solução. Não vai ser fácil.

Com as prisioneiras resgatadas, Mick apoia Mama Zimeya e a ajuda a caminhar. Jack tenta seguir seus passos e estende a mão para Anastasia, fingindo não se importar muito. Chegando ao primeiro andar, Franklin usa o artefato lupino e destroça os inimigos, deixando Mick e Jack boquiabertos, mas com um certo medo daquele poder.

— Eu não acho que você ensinou isso a ele, Mick.

— Shhh. Depois conversamos.

Quando estavam próximos de fugir, Franklin modificou o plano e decidiu seguir sozinho por outro caminho. Mick não teve tempo de argumentar, tentou gritar para que ele voltasse, mas precisava levar as duas mulheres para longe dali. Franklin sabia se virar. Anastasia pulou primeiro na água, seguida de Jack e então Mick pulou e ajudou Mama Zimeya a nadar. Tentou guiar a todos para que conseguissem ser furtivos mesmo dentro da água, fugindo dos olhares dos guardas que pudessem perseguí-los.

[DESAFIOS]
Esforço inicial: 20 - 4 = 16

* Nocautear guarda ao mesmo tempo que Franklin ND MED (5-7)
Mick: 1♠ + 2♠ (Tiro) + ♠2 (Jack) - 1♣ (Deficiência) + 3 Esforço = 7

* Fuga Aquática ND DIF (7-9)
Mick: 1♠ + 2♠ (Manha) + 6 Esforço = 9

Esforço restante: 7
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MensagemAssunto: Re: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptySeg Dez 04, 2023 3:38 pm

ATO II

Palácio de Muskóvia, Zymagrad, Russkaya, Fevereiro de 1921

Não bastava ter que lidar com suas próprias crianças desobedientes, Mick encontrou na princesa uma pior ainda. Sua experiência era o bastante para sempre se adaptar à situação, não importa o quão ruim ficasse, mas isso ainda o irritava. Estar naquele país, fazia o espião lembrar constantemente de Rasputin e seu olho latejava a cada memória. Todas as coincidências que eles passam ao invadir o palácio pareciam feitos das bruxas, mas Mick se pergunta se podia ter a ver com o falecido feiticeiro voltando para assombrá-lo. Seu parceiro compartilhava de sentimentos semelhantes, à sua maneira. Franklin ajustou sua pele escarlate e o casaco que vestia por cima. Mesmo dentro da edificação, ele sentia calafrios percorrendo seu corpo. Aquele lugar tinha algo claramente errado, uma tensão estranha na nuca do avalônico dava-lhe a sensação que sempre havia alguém observando. Quase como se as paredes tivessem olhos.

Após chegarem às cozinhas e presenciarem os guardas indicando onde estavam as prisioneiras, Franklin olhou para Mick e um raio de percepção foi trocado. Sem uma palavra, o jovem avançou em direção ao guarda mais próximo. Sacando sua garra de prata, arremessou-a no ombro do guarda kayano, desequilibrando-o e atrasando sua reação. Em seguida, com um golpe de westriling, o avalônico arremessou o pobre diabo ao chão e desferiu um poderoso soco em sua têmpora, desacordando-o.

Ele se levanta a tempo de ver Mick sacando sua pistola com silenciador para atirar no outro guarda, que foi atingido em seguida por um tiro de Jack, só para confirmar. e Jack cuidando do outro guarda.

— O Mick que te ensinou a dançar desse jeito? — Jack provocou os dois superiores.

O trio segue para libertar as prisioneiras. Anastasia e Mama Zimeya estão em celas sombrias no subsolo do Palácio de Muskóvia, um local que outrora serviu como a majestosa residência da família imperial kayana. Agora, sob o domínio dos revolucionários em 1921, o palácio foi transformado em um edifício do governo, e essas antigas câmaras reais se tornaram símbolos da queda da monarquia. As paredes de pedra escura estão cobertas por marcas de desgaste e histórias de sofrimento, testemunhas silenciosas dos eventos tumultuosos que levaram à revolução. Pequenas janelas altas, que deixam entrar apenas uma pálida luz do lado de fora, revelam um vislumbre do mundo lá fora.

O ar na cela é frio e úmido, carregado com o peso da história que ecoa em cada pedra e grilhão enferrujado. O som de passos apressados, conversas abafadas e o eco de ordens vindas do andar de cima permeia o ambiente, lembrando constantemente Anastasia e Mama Zimeya de sua situação precária. Apesar da opressão que cercava as duas mulheres, naquele momento, na penumbra de suas celas, um frágil laço de compreensão e perdão começava a se formar, como uma pequena luz em meio à escuridão que as envolvia.

— Mama Zimeya, eu estou muito frustrada com tudo isso, e cheia de ódio por tudo que já aconteceu. Se o que você precisa é de um pedido de desculpas, ótimo… Me desculpe! Eu fui cabeça dura, burra e inconsequente! – A princesa tinha cedido outra vez ao desespero e seu coração parecia preso na garganta — E por isso… por isso Spartak morreu, tentando me ajudar… Me desculpa Mama… – ela cai de joelhos e limpa as lágrimas e o ranho do nariz — me desculpe Spartak…

— Oh, criança. Mama Zimeya pode sentir a dor e a culpa que a criança carrega em seu coração. Não é apenas por ele, mas por tudo o que aconteceu. A morte do país foi um sofrimento pra Mama Zimeya e pra todos.

Ela se aproxima de Anastasia e estende sua mão, ajudando-a se levantar.

— Mama Zimeya vê desespero na criança. Mama Zimeya sabe que a criança faz coisas sem pensar. Mama Zimeya sabe que a criança deixou a angústia dominar. ele era um homem valente e leal, e Mama Zimeya tem certeza de que ele sabia o quanto a criança significava pra ele.

A bruxa suspira profundamente, puxando o ar frio para dentro das largas narinas de seu nariz pontudo com verrugas.

— Mama Zimeya aceita as desculpas da criança. Criança é corajosa em admitir seus erros e buscar a redenção. Mas o futuro está nas mãos de criança e de Mama Zimeya. Talvez a criança e Mama Zimeya possam encontrar uma forma de lidar com dor e culpa. a força está em reconhecer onde errou e aprender com isso.

As duas mulheres compartilham um olhar de compreensão mútua, começando a construir uma relação de apoio e perdão em meio à adversidade que enfrentam. Pessoas se encaminham até elas, passos apressados. Isto assusta Anastasia, que assume posição defensiva, mas ela olha para Mama Zimeya, que se mantém serena.

— Senhorita Anastasia, Mama Zimeya – diz Mick — Estamos aqui para ajudá-las, se puderem deixar o nosso trabalho mais fácil, será melhor para todos nós. Entendido, princesa? Vamos escapar pelo primeiro andar, acho que o rio é nossa melhor solução. Não vai ser fácil.

— Sim e, de lá, traçaremos uma rota para fora desse covil – Franklin completa, não para adicionar quaisquer fatos, mas para chamar a atenção de Anastasia e fazê-la ouvir sua voz, mas ela tem olhos para Jack.

Com as prisioneiras resgatadas, Mick apoia Mama Zimeya e a ajuda a caminhar. Jack tenta seguir seus passos e estende a mão para Anastasia, fingindo não se importar muito. Passaram para o térreo, onde os soldados se preocupavam mais com a frente do Palácio e deixavam o acesso livre para o primeiro andar.

Ao alcançar a imponente escadaria que levava ao andar de cima, Franklin percebeu a presença de guardas habilmente posicionados. A luz de lampiões tremeluzia, revelando lanças reluzentes e expressões alertas. O soldado avalônico, no entanto, estava preparado. sobre seu torso, ele vestia a Pele Escarlate, uma relíquia que somente agora ele compreendia de fato como utilizar.

Com um movimento ágil, Franklin subiu os degraus, seus passos leves como os de um predador. Os guardas, confiantes em sua superioridade numérica, mal perceberam a sombra que se aproximava. No momento exato em que um dos guardas estava prestes a virar o corredor, Franklin emergiu das sombras.

A Pele Escarlate reagiu à presença dos inimigos, pulsando com uma energia mística. Garras afiadas e prateadas cresceram nas mãos de Franklin, tornando-as armas letais. Um sorriso sutil dançou em seus lábios enquanto ele se lançava contra o primeiro guarda. O embate foi uma dança caótica de movimentos rápidos e cortes precisos. Franklin se movia com uma agilidade sobre-humana, desviando-se dos golpes desajeitados dos guardas como se estivesse dançando. As garras da Pele Escarlate brilhavam à luz dos lustres cada vez que ele atacava, deixando cortes profundos nos inimigos.

Os gemidos de dor ecoavam pelos corredores, misturando-se com o som metálico de aço contra aço. Franklin eliminava os guardas com uma eficiência brutal, seus olhos refletindo a selvageria do artefato que empunhava. Sangue salpicava as paredes, enquanto ele avançava implacavelmente.

Mick e Jack, observando à distância, trocavam olhares perplexos. A habilidade de Franklin, amplificada pela Pele Escarlate, era verdadeiramente assustadora. O medo e o respeito pelo poder do artefato se misturavam em seus rostos, enquanto testemunhavam a carnificina que se desenrolava diante deles.

Quando o último guarda caiu, Franklin permaneceu no corredor, ofegante, as garras ainda brilhando. Seus olhos encontraram os de Mick e Jack, que o encaravam com uma mistura de admiração e temor. Isso intrigou Franklin, mas não o deteu por muito tempo, já que a missão era a única coisa com que se preocupava no momento.

— Eu não acho que você ensinou isso a ele, Mick – disse Jack.

— Shhh. Depois conversamos – respondeu Mick.

— Vão na frente, eu segurarei os guardas o máximo que puder e depois dou um jeito de sumir daqui– disse Franklin, com um olhar estranho.

Mick não teve tempo de argumentar, tentou gritar para que ele voltasse, mas precisava levar as duas mulheres para longe dali. Franklin sabia se virar. 

Os momentos seguintes passam pelos olhos de Anastasia como um sonho onde ela não tem controle sobre a sequência de fatos caóticos que se engendram um após o outro numa sinfonia desordenada e sem regência. Ela se vê apenas seguindo os espiões sem reclamar, xingar ou hesitar.  Tinha caído em si que tudo tinha desmoronado e nunca mais seria como antes, e pior, se continuasse a agir como tinha durante os últimos tempo teria o mesmo fim que sua família.

Anastasia decide abaixar a cabeça, tirar o rei da barriga e botar o pé no chão. Afinal, talvez o problema não fossem os plebeus que odiavam sua posição por nascimento, talvez nascer na família real fosse mais um acaso invés de uma grande distinção, nada do mundo que ela achava conhecer faria sentido. Absorta em sua crise existencial, só consegue voltar à realidade quando algo brilhante chama sua atenção passando pelos quartos onde muito tempo atrás brincava despreocupada e, então, um quase sorriso ao encontrar o motivo de ter tentado invadir o palácio aos murros. Anastasia, correndo com pressa pelos corredores, sentiu a adrenalina pulsar em suas veias enquanto escapava do cativeiro que um dia foi uma de suas residências. Seu vestido esvoaçava atrás dela, revelando a urgência em seus passos.

Ao passar pelos corredores ornamentados, seus olhos se fixaram brevemente na porta de seus antigos aposentos. Uma mistura de nostalgia e receio se apoderou dela, mas algo dentro sussurrava que deveria dar uma olhada rápida. Anastasia hesitou por um momento antes de abrir a porta com cautela. A suíte estava envolta em penumbra, iluminada apenas pela luz fraca da lua que se filtrava pelas pesadas cortinas, e Anastasia percebeu uma caixa adornada no centro do quarto, adornada com entalhes intricados, revelando um presente de uma madrinha que ela nunca conhecera. Ao abrir a caixa, seus olhos se depararam com uma joia singular feita de pedra olho de falcão, encrustada em ouro envelhecido e rodeado por runas místicas, parecia pulsar com uma energia própria, descansando em um leito de veludo negro. Uma beleza única, a pedra irradiava tons terrosos e mesclados, capturando a luz da lua de maneira hipnotizante.

Enquanto seus dedos acariciavam a suavidade da pedra, Anastasia sentiu uma conexão instintiva com aquele artefato. Uma sensação de que essa joia, embora ela desconhecesse seus poderes, era crucial para sua jornada. A madrinha, uma figura enigmática em sua vida, havia deixado-lhe um presente envolto em mistério.

O som distante de passos se aproximando trouxe Anastasia de volta à realidade. Com a joia cuidadosamente envolvida em um tecido, ela a guardou perto de si em um pequeno saco, amarrando-o firmemente à sua cintura, sentindo uma inexplicável confiança de que aquele artefato era mais do que uma simples joia.

Com o Olho de Bruxa seguro em suas mãos, Anastasia continuou sua fuga pelo primeiro andar do palácio, ciente de que a noite escondia segredos profundos e desconhecidos. A joia, um presente misterioso de sua madrinha ausente, tornou-se um símbolo de esperança e orientação em meio à escuridão que a envolvia.

O corredor sombrio do palácio ecoava com os sussurros da fuga apressada. Mama Zimeya, uma presença imponente, dirigiu-se ao grupo com uma proposta inusitada.

— Para fora, rápido! O Rio Neva é o caminho de Mama Zimeya e os companheiros de Mama Zimeya. Mama Zimeya tem uma magia que permitirá a Mama Zimeya e os companheiros de Mama Zimeya respirar sob as águas, mas Mama Zimeya e os companheiros de Mama Zimeya precisam agir agora – sugeriu ela, seus olhos brilhando com uma energia mística.

Franklin, porém, demonstrou sua desconfiança. Aquilo parecia suicídio para o avalônico, mas entrar nos esgotos confiando no feitiço de uma velha parecia mais ainda. Preferia confiar na sua capacidade com o arco e na sua experiência em fugas complicadas.

— Magia? Não sou de confiar nessas coisas. Vou chamar a atenção dos soldados lá embaixo e, quando ouvirem minha confusão, pulem no rio.

Franklin se preparou, pois sabia que aquilo seria complexo. Quebrou uma das janelas do primeiro andar e utilizando as espalhafatosas cortinas com uma corda, ele desceu deslizando pela parede do palácio. No instante em que seus pés tocaram o chão, o avalônico disparou pelas ruas da cidade, entrando em vielas e becos para despistar os guardas, e disparando e cortando sempre que algum o alcançasse.
Mick não teve tempo de argumentar, tentou gritar para que ele voltasse, mas precisava levar as duas mulheres para longe dali. Franklin sabia se virar. Mick ajustou seu olho falso, uma prótese intrigante que escondia uma habilidade peculiar e estava lhe provocando um formigamento.

— Algo está acontecendo. Se preparem para pular – alertou Mick, sentindo seu olho falso latejar.

O olho falso de Mick mirava uma direção, quase forçando a cabeça para aquele lugar. Instintivamente, o espião alcançou uma porta entreaberta e a curiosidade o deteve. No gabinete escurecido do Palácio, onde o eco do poder vermelho se misturava com sombras densas, Vladimir Ulyanov, o Grande Camarada, repousava em sua cadeira de rodas, uma figura frágil contrastando com o líder robusto que fora em tempos recentes. Seu rosto pálido e cansado denunciava a luta silenciosa contra uma saúde cada vez mais fragilizada. O doutor Ivanov, adentrou o aposento, carregando consigo uma aura de misticismo oculto.

— Comandante Valdimir, trouxe algo que pode aliviar seu sofrimento – anunciou Ivanov, apresentando um pequeno frasco contendo um líquido de tonalidade sutilmente etérea.

O Camarada ergueu os olhos, revelando uma mistura de esperança e desconfiança.

— O que é isso? Outro elixir miraculoso?

Ivanov, cuidadoso em sua abordagem, respondeu com serenidade:— É uma mistura especial, fragmentos de um meteorito que caíram em Tunguska –  respondeuIvanov, com serenidade, cuidadoso em sua abordagem —Acredita-se que tenham propriedades únicas, capazes de conter males como o que assola seu corpo.

Vladimir, cético, considerou as palavras do doutor.

— Você espera que a resposta para minha aflição esteja em fragmentos de um meteorito?

O médico lançou um olhar compreensivo.

— Comandante, o meteorito de Tunguska não é comum. Seus fragmentos contêm uma química única, um potencial para cura que vai além do conhecimento convencional.

Ulyanov, cujo corpo já estava enredado por um mal que ele próprio não compreendia totalmente, contemplou a oferta com uma mistura de desespero e cautela.

— E por que você, Ivanov, traz essa cura? Qual o preço?

Ivanov inclinou-se ligeiramente.

— A União Vermelha precisa explorar as riquezas de Tunguska. Financiar uma expedição seria um
investimento na saúde da nação, não apenas na sua. Essa revelação está vinculada à necessidade de uma expedição dirigida por um homem de conhecimento, um mineralogista de renome como Deniyel Kiluk. A expedição é a chave para desvendar os segredos de Tunguska, Comandante. Os fragmentos do meteorito, coletados por Kiluk, podem ser a resposta que buscamos.

O líder vermelho suspirou, a debilidade evidente em seu gesto.

— Está sugerindo que eu financie uma busca por um remédio que nem mesmo compreendo?

Ivanov, mantendo sua expressão calma, reforçou sua argumentação.

— Comandante, imagine o prestígio que a União Vermelha ganharia ao controlar tal recurso. Não apenas sua saúde se beneficiaria, mas também a grandiosidade da nossa pátria.

Vladimir, resignado, aceitou o frasco oferecido por Ivanov, ciente de que sua condição o deixava suscetível a qualquer esperança de alívio. Os ouvidos atentos de Mick capturaram cada palavra do médico e um estalo em sua mente lhe fez lembrar da voz de Rasputin, o responsável pela deficiência ocular do espião. Disfarçado de Ivanov, o outrora conselheiro do czar, por trás do disfarce, sorriu sutilmente, pois o ritual que há muito planejava estava em pleno curso, tecendo sua trama nas sombras do Kremlin e além. A figura enigmática deixou o gabinete, levando consigo segredos ocultos e o eco das palavras que influenciariam não apenas o destino de Vladimir, mas o curso da história vermelha.

Antes que Mick pudesse tomar qualquer atitude, a movimentação nas escadas aumentou. Franklin havia atravessado grande parte do Palácio e chegava às ruas, o que fez uma comitiva de guardas se reunir dentro do edifício, à procura dos demais. Anastasia, com a joia da bruxa segura em suas mãos, trocou olhares preocupados com seus companheiros. Mick e Jack absorviam as palavras, cientes de que o futuro da União Vermelha estava sendo delineado naquela sala. Mama Zimeya, que até então manteve quieta, ergueu os braços, e uma luz etérea os envolveu.

— A magia de Mama Zimeya está pronta. É hora dos companheiros de Mama Zimeya pularem!

Os soldados, alertados pela confusão abaixo, se aproximavam rapidamente.

— Não há mais tempo! Mama Zimeya e os companheiros de Mama Zimeya devem pular agora! – a bruxa Zimeya insistiu, e o grupo, impulsionado pela urgência, se lançou no Rio Neva.

A princesa é a primeira a se lançar na água, obstinada em recomeçar uma nova vida e se ver longe de tudo aquilo o mais breve possível. Suas braçadas concentradas, irradiando a nova força de vontade adquirida. Apesar da dificuldade, aquelas águas não eram estranhas a Anastasia, seu coração gelado superava o frio daquele percurso. Por Spartak, por sua nova vida adiante, nada iria impedi-la.Jak pulou em seguida, contente por deixar o Palácio para trás. Mick pulou e ajudou Mama Zimeya a nadar. A água gelada os recebeu, mas a magia de Zimeya cumpriu sua promessa. Respiravam sob as águas escuras, enquanto os sons da conversa e dos soldados desvaneciam. A noite, agora abraçada pelas águas silenciosas, testemunhava a fuga do grupo, carregando consigo segredos mágicos e os ecos das palavras sinistras de Rasputin. Mick guiou todos para que conseguissem ser furtivos mesmo dentro da água, fugindo dos olhares dos guardas que pudessem perseguí-los.

Enquanto Mick, Jack, Anastasia e Mama Zimeya escapavam pelas sombras em direção ao Rio Neva, encontraram-se em um ponto de encontro pré-determinado. O som suave da água e o leve chiar da neve sob seus pés criavam uma atmosfera de urgência enquanto o grupo se reunia nas sombras das margens do rio.

— Franklin fez um trabalho excepcional lá dentro. Agora, precisamos traçar nosso próximo passo – disse Mick — A expedição de Deniyel Kiluk é nossa melhor chance de entender o que Rasputin está planejando. Vamos nos infiltrar nela.

— Rasputin! O "Nosso Amigo"! Amigo de minha família! Eu preciso falar com ele! Achei que tinha morrido!

Mama Zimeya, com sua sabedoria ancestral, acenou com a cabeça.

— Ele é a causa da queda de Russkaya! Ele é o responsável por toda a desgraça da Pátria! Com os planos Dele de dominação. Criança não enxergava porque criança estava encantada. Ele fez o irmão da criança adoecer. Ele nunca curou o irmão da criança! Mama Zymeya alertou ele, mas ele enfeitiçou a todos! Mama Zimeya precisa encontrar a irmã de Mama Zimeya. Criança agora tem um dos olhos. Era presente de Baba Yaga, mas Baba Yaga foi contida! Baba Yaga precisa conhecer a liberdade. Criança deve prometer libertar Baba Yaga. Criança deve fazer parte da expedição e entregar olho de Baba Yaga!

— Você vai nos deixar justo agora? – Jack questiona.

— Sim – Mama Zimeya responde, secamente. Ela arranca o galho de uma árvore seca com diversas pontas e varre a neve do chão, como se fosse uma vassoura. A bruxa monta o galho e ri histericamente, alçando voo pro sudoeste.

— Que coisa, não?

— Esqueça-a – Mick falou — Vamos para o nosso ponto de encontro, Franklin já deve estar lá. A Transiberiana será nosso caminho. Precisaremos ser discretos, mas também rápidos. Deniyel Kiluk não deve nos subestimar.

Jack, olhou para o horizonte escuro, onde os trilhos da Transiberiana se estendiam. 

— Precisaremos embarcar como viajantes comuns. Talvez uma cobertura convincente seja a chave.

— E não podemos esquecer que Rasputin está envolvido nisso. Seu jogo é complexo, e a expedição é apenas uma peça.

[OBJETIVOS]
TESTES:

[ESFORÇO]
Mick: 13 de 20.
Frank: 13 de 20.
Ana: 17 de 20.

[OBJETIVOS]
Infiltrar-se na Expedição em Zymagrad, ND MED (5-7): Os jogadores precisarão criar identidades convincentes e se misturar aos participantes da expedição, evitando levantar suspeitas.

Segredos nos Compartimentos da Transiberiana, ND DIF (7-9): Os vagões do trem escondem segredos, desde compartimentos secretos até documentos relevantes. Os jogadores precisarão ser astutos para encontrar pistas e informações úteis enquanto se movem pelo trem.

Inspeção Surpresa em Krasnoyarsk, ND DIF (7-9): Agentes do governo ou oficiais de segurança podem realizar inspeções inesperadas nos vagões. Os jogadores precisarão agir naturalmente, escondendo seus objetivos e mantendo as identidades fictícias que criaram.

Viagem até Vanavara, ND MED (5-7): À medida que a equipe se aproximasse da região mais remota, a viagem provavelmente envolveria caminhada e o uso de trenós puxados por cavalos ou renas para percorrer a distância final até Vanavara.
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Mick Fear

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MensagemAssunto: Re: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptyTer Jan 02, 2024 1:36 pm

Finalmente as peças daquele quebra-cabeças começaram a se encaixar, não haviam coincidencias na missão de Mick, mas somente as intervenções místicas de jogadores poderosos como a bruxa que os acompanhava e o próprio demônio, Rasputin. As dores constantes no olho de Mick não eram uma maldição deixada como vingança pelo bruxo, mas um lembrete de que ele estava a espreita.

"Tenho uma missão não concluída, não posso descançar enquanto não enterrá-lo sob sete palmos de neve."

Guiado por seu senso de dever, o plano de Mick não só permitiria fugir dali com a princesa, mas o daria informações que precisava para frustrar os planos de Rasputin, ou Ivanov.

Chegando à estação Transiberiana, Mick pediu que Anastasia e Jack se escondessem no banheiro. Deu uma olhada ao redor, procurando um alvo que encaixasse no tipo de disfarce que ele queria. Alguém distraído ao lado de uma mala que parecesse ter roupas simples, até surradas. Com confiança para não atrair olhares, passou ao lado do alvo e saiu andando com sua mala, entrando no banheiro o mais rápido possível.

— Temos somente roupas masculinas. Eu vou ser Bram, pai de Ivan. Fomos à cidade visitar minha irmã doente, que infelizmente faleceu e agora estamos voltando para casa com o filho dela, esse menino magrelo — Mick cochichou o plano enquanto estavam a sós no banheiro, apontando para Anastasia no final e colocando um capéu em sua cabeça para esconder os cabelos ruivos — Não falem nada. Deixem tudo comigo.

Jack tirou a camisa imediatamente para se trocar, focado no plano e esquecendo da presença de Anastasia.

— Jack, tenha modos! — Mick o repreendeu, deixando os dois jovens vermelhos.

Com as roupas trocadas, Mick curva as costas e começa a andar como um homem arrasado pelos inúmeros anos de trabalho. Jack também muda sua fisionomia, abandonando a carranca arrogante e fingindo ser humilde e submisso, usando as técnicas ensinadas por seu mentor.

De volta à estação, Mick usa alguns trocados encontrados na mala para conseguir três passagens. Ao embarcar, pretende dar vida à história que inventou para os três. Caso precisem contar sua história, Jack dá um abraço em Anastasia no momento em que Mick cita sua falecida mãezinha, para dar mais credibilidade à história.

Dentro do trem, Mick continua focado em manter o disface. Ao passar pela inspenção surpresa, ele tenta manter a mesma história que contou anteriormente. Após isso, durante o resto da viagem, tenta prestar atenção nos passageiros, utilizar sua manipulação para conseguir a confiança deles e tentar conseguir informações relevantes para a missão, e sua manha para abrir compartimentos secretos e roubar documentos.

Ao fim da linha, Mick procura algum comerciante local que tenha um trenó puxado por renas e tenta comovê-lo com sua triste história, mostrando somente os últimos trocados que conseguiu naquela mala. Apelando para o bom coração do comerciante, ele tenta conseguir uma ajuda para concluir sua jornada.

Infiltrar-se na Expedição em Zymagrad, ND DIF:
Mick (& Anastasia): 1 Copas + Manha 2 + Manipulação 2 + 4 Esforço = 9

Segredos nos Compartimentos da Transiberiana, ND DIF (7-9):
Mick: 1 Espadas + Manha 2 + Manipulação 2 + -1 (Deficiencia) + 5 Esforço = 9

Inspeção Surpresa em Krasnoyarsk, ND DIF (7-9):
Mick: 1 Copas + Manha 2 + Manipulação 2 + 4 Esforço = 9

Restam pra proxima cena: 5 esforço


Última edição por Mick Fear em Qui Jan 11, 2024 8:50 pm, editado 1 vez(es)
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Anastasia

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MensagemAssunto: Re: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptyTer Jan 02, 2024 3:28 pm

Anastasia ia lentamente controlando seu temperamento observando a forma como Mick lidava com as situações. Obedecia suas instruções enquanto fosse necessário para se ver longe de toda aquela confusão. Enquanto o chefe da operação fazia o reconhecimento, ela ficou no banheiro expremida com Jack. Evitava contato visual com o delinquente, era o tipo de garoto que atraia problemas, e toda a  curiosidade da princesa.

Afastando os pensamentos delirantes de uma pré-adolescente, Mick abriu a porta dando as novas instruções. Anastasia começou a grunhir  reclamando das roupas nada cheirosas que trouxeram para ela, empinou o nariz e abriu a boca para protestar quando viu Jack tirando a camisa. Sua boca continuou aberta, mas seu rosto corou. Mick interveio. Ela esperou eles dois saírem para se trocar sozinha, abandonaria suas roupas e seu passado, ao menos por enquanto. Guardou consigo apenas o casaco de Karstak e o Olho de Vedma na mochila furtada.

Um vez dentro do vagão, Anastasia concordou em se aquietar, ficaria sempre  ao lado de Mick  bancando o órfão fragilizado, o que naquele momento, não era tão distante de sua realidade. Ela observa aquele trem, puxando da memória as poucas vezes em que a comitiva real passou pelo país. Era muito mais luxuoso e bem vigiado, mas no grosso, não era uma estrutura tão diferente. Ela se levantou, Mick a olhou preocupado, mas ela sorriu com sinceridade.

- Não vou longe, prometo. Só lembrei de algo quando eu era menorzinha...

Ela deslizou a mão pelas poltronas surradas e o compartimento de bagagem onde ela se escondia quando brincava de esconde-esconde com criados. Por um momento ela se perguntou se ainda caberia naquele espaço diminuto. Se espremendo ela ficou ali imóvel, sentindo um pouco de conforto revisitando suas memórias, e fechou os olhos tendo um sonho agradável. Sequer notou quando uma inspeção passou pelo vagão.

Inspeção Surpresa:

Quando Anastásia foi acordada por Mick já era hora de descer, e encarar o caminho adiante. O vento uivava constante, desafiando-os. A princesa respirou fundo e puxou o casaco de Karstak da mochila, e o vestiu se encolhendo ao lado de Jack imagianndo o que estaria adiante.

Viagem até Vanavara:
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Franklin

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MensagemAssunto: Re: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptyQui Jan 11, 2024 8:14 pm

Franklin conseguiu finalmente despistar os guardas próximo a estação Transiberiana, estava ofegante e suado, sua roupa estava suja e tinha arranhões e hematomas espalhados pelo corpo inteiro, apesar estava incólume. Isso deixou ele um pouco intrigado, o poder de sua pele de lobo estava se revelando, e deixando Frank e seus companheiros assustados. Porém, não tinha muito tempo para essas questões, havia entrevisto Mick, Jack e Anastasia na estação, eles haviam mudado de roupa e de postura, mas os olhos treinados do espião avalônico reconheceu seus companheiros, eles se direcionavam para embarcar no trem, que estava prestes a partir. O jovem aguardou até o trem arrancar, esgueirou-se pela lateral da estação e correu para alcançar o último vagão, arrombando a fechadura de sua porta traseira e se enfiando no meio da carga.

Durante a madrugada ele se esgueirou até a área social e conseguiu contatar Mick para ficar a par dos novos rumos da missão, além de roubar alguma comida e bisbilhotar os vagões, se escondendo e evitando os passageiros e funcionários do trem.

Em certa altura alguns guardas embarcaram para poder inspecionar o trem, Franklin pensou rápido e saiu pela janela, escalando a lateral do vagão e se deitando no teto deste até que os guardas saíssem.

Ao final da linha ele se reencontrou com seus companheiros, combinou rapidamente um estratagema com Anastasia, a garotinha ficou a cargo de distrair o dono do local onde se alugavam trenós com perguntas inconvenientes enquanto o espião invadia o celeiro e arreava alguns animais ao trenó saía pelos fundos. Levando o trenó para um lugar afastado e escondido onde poderiam reunir-se e partir.


TESTES:

• Infiltrar-se na Expedição em Zymagrad, ND MED (5-7): 3♠ + 2 Sobrevivência + 2 Esforço = 7;

• Inspeção Surpresa em Krasnoyarsk, ND DIF (7-9): 3♠ + 2 Sobrevivência + 4 Esforço = 9

• Viagem até Vanavara, ND MED (5-7): 3♠ + 2 Sobrevivência + 1 esforço = 6
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MensagemAssunto: Re: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptySex Mar 15, 2024 6:32 pm

ATO III

Ferrovia Zymagrad-Moscóvia, Russkaya, Março de 1921



O som dos trilhos ecoava pela estação ferroviária enquanto o trem aguardava impaciente sua partida para a longínqua Sibéria. Mick, Jack e Anastasia se reuniram em uma plataforma escura, envoltos pela névoa noturna que se erguia do solo gelado. À distância, o trem se destacava como uma serpente de metal, pronto para devorar sua próxima presa. Finalmente as peças daquele quebra-cabeças começaram a se encaixar, não haviam coincidências na missão de Mick, mas somente as intervenções místicas de jogadores poderosos como a bruxa que os acompanhava e o próprio demônio, Rasputin. As dores constantes no olho de Mick não eram uma maldição deixada como vingança pelo bruxo, mas um lembrete de que ele estava à espreita.

— Tenho uma missão não concluída, não posso descansar enquanto não enterrá-lo sob sete palmos de neve – disse para si mesmo.

Guiado por seu senso de dever, o plano de Mick não só permitiria fugir dali com a princesa, mas lhe daria informações que precisava para frustrar os planos de Rasputin, ou Ivanov.

Chegando à estação Transiberiana, Mick pediu que Anastasia e Jack se escondessem no banheiro. Anastasia ia lentamente controlando seu temperamento observando a forma como Mick lidava com as situações. Obedecia suas instruções enquanto fosse necessário para se ver longe de toda aquela confusão. Enquanto o chefe da operação fazia o reconhecimento, ela ficou no banheiro espremida com Jack. Evitava contato visual com o delinquente, era o tipo de garoto que atraia problemas, e toda a curiosidade da princesa.

O espião ajustou seu chapéu para esconder seus olhos, enquanto observava atentamente os passageiros que embarcavam. Ele avistou uma mala de couro deixada desatendida ao lado de um homem distraído. Com um movimento rápido e preciso, ele se aproximou sorrateiramente, pegou a mala e se misturou à multidão antes que alguém pudesse perceber. Com confiança para não atrair olhares, passou ao lado do alvo e saiu andando com sua mala, entrando no banheiro o mais rápido possível.Com a mala em mãos, Mick sinalizou para Jack e Franklin se aproximarem. Com agilidade, eles se reuniram em volta da mala.

— Temos somente roupas masculinas. Eu vou ser Bram, pai de Ivan. Fomos à cidade visitar minha irmã doente, que infelizmente faleceu e agora estamos voltando para casa com o filho dela, esse menino magrelo — Mick cochichou o plano enquanto estavam a sós no banheiro, apontando para Anastasia no final e colocando um chapéu em sua cabeça para esconder os cabelos ruivos — Não falem nada. Deixem tudo comigo.

Anastasia começou a grunhir, reclamando das roupas nada cheirosas que trouxeram para ela, empinou o nariz e abriu a boca para protestar quando viu Jack tirando a camisa para se trocar, focado no plano e esquecendo da presença de Anastasia. Sua boca continuou aberta, mas seu rosto corou.

— Jack, tenha modos! — Mick o repreendeu, deixando os dois jovens vermelhos.

A princesa esperou eles dois saírem para se trocar sozinha, abandonaria suas roupas e seu passado, ao menos por enquanto. Guardou consigo apenas o casaco de Karstak e o Olho de Vedma na mochila furtada.

Com as roupas trocadas, Mick curva as costas e começa a andar como um homem arrasado pelos inúmeros anos de trabalho. Jack também muda sua fisionomia, abandonando a carranca arrogante e fingindo ser humilde e submisso, usando as técnicas ensinadas por seu mentor.

De volta à estação, Mick usa alguns trocados encontrados na mala para conseguir três passagens. Quando chegaram à plataforma de embarque, Mick exibiu os bilhetes para o revisor com a mão firme e confiante, enquanto Jack e Anastasia mantinham-se discretos ao seu lado. O coração de Mick batia forte enquanto se aproximava do revisor de passagens, sua mente ágil trabalhando rapidamente para criar uma história convincente que os protegesse de qualquer suspeita. Com um sorriso amistoso no rosto, ele entregou os bilhetes ao revisor e começou sua narrativa com segurança, olhando diretamente nos olhos do homem uniformizado.

— Boa noite, senhor. Eu me chamo Bram e este é meu filho Ivan – começou Mick, sua voz soando firme e confiante, ao lado de Jack. — Estamos voltando para casa depois de uma visita à cidade para ver minha irmã doente. Infelizmente, ela faleceu enquanto estávamos lá, e agora estamos retornando com o filho dela, Sergei – ele disse, indicando Anastasia com um gesto discreto.

Jack, disfarçado como Ivan, manteve-se quieto ao lado de Mick, fingindo tristeza enquanto abraçava Anastasia, que estava envolta em um casaco velho. Ao seu lado, a princesa Anastasia tentava parecer frágil e tímida, seu rosto pálido e cabelos desgrenhados contribuindo para o disfarce. O revisor olhou para eles com uma expressão de simpatia, seus olhos examinando-os cuidadosamente enquanto absorvia a história de Mick. Após um momento de silêncio, ele assentiu compreensivamente, parecendo ser tocado pela suposta tragédia que havia sido compartilhada com ele.

— Sinto muito pela sua perda, senhor Bram – respondeu o revisor, sua voz transbordando de empatia. — Por favor, sintam-se à vontade para encontrar seus assentos. Se precisarem de algo durante a viagem, estarei à disposição para ajudar.

Mick agradeceu ao revisor com um aceno de cabeça, seu alívio evidente em seu semblante enquanto ele e seus companheiros se afastavam e se dirigiam para o interior do trem. Uma vez que estavam longe do revisor, Mick soltou um suspiro contido, a tensão de seu corpo diminuindo enquanto eles continuavam sua jornada, confiantes de que seu disfarce havia sido aceito sem questionamentos.

Enquanto isso, Franklin conseguiu finalmente despistar os guardas próximo à estação Transiberiana, estava ofegante e suado, sua roupa estava suja e tinha arranhões e hematomas espalhados pelo corpo inteiro, apesar disso, estava incólume. Isso deixou-o um pouco intrigado, o poder de sua pele de lobo estava se revelando, e deixando Frank e seus companheiros assustados. Porém, não tinha muito tempo para essas questões, havia entrevisto Mick, Jack e Anastasia na estação, eles haviam mudado de roupa e de postura, mas os olhos treinados do espião avalônico reconheceram seus companheiros. Eles se direcionaram para embarcar no trem, que estava prestes a partir. O jovem aguardou até o trem arrancar, esgueirou-se pela lateral da estação e correu para alcançar o último vagão.

Franklin avançou rapidamente pela lateral da estação, seu coração martelando no peito enquanto ele se esforçava para alcançar o último vagão do trem. Seu corpo ainda pulsava com a energia da transformação recente, os arranhões e hematomas testemunhas silenciosas do poder latente dentro dele. Entretanto, antes que pudesse alcançar a segurança do trem em movimento, uma sombra se materializou à sua frente. Era uma mulher aparentemente frágil e etérea, com cabelos loiro-escuros caindo suavemente em cachos sobre seus ombros e olhos azuis suaves que refletiam uma profunda sensibilidade.

— Desculpe-me, jovem. Parece que está tentando embarcar no trem sem passagem – disse a mulher, sua voz calma e tranquila.

Franklin recuou instintivamente, surpreso pela presença delicada da mulher diante dele. Ele segurou a Pele Escarlate e a Garra de Prata com firmeza, instintivamente.

— Quem é você? – Franklin questionou, sua voz um pouco trêmula diante da aparência pacífica de Maria.

A mulher sorriu gentilmente, seus movimentos graciosos.

— Meu nome é Maria. Sou apenas uma viajante como você, preocupada com a segurança deste trem.

— Maria? Maria Romanova? A filha do czar? Mas todos acreditavam que você estava morta, junto com os outros irmãos de Anastasia. – Franklin olhou para ela com incredulidade.

— Você é muito esperto... – Maria ergueu uma sobrancelha, um brilho sobrenatural em seus olhos azuis — Mas isso não importa agora. O que importa é que você não pode seguir adiante sem pagar a passagem.

Antes que Franklin pudesse responder, Maria avançou com uma graça surpreendente. Franklin tentou se esquivar, mas foi pego desprevenido pelo ataque súbito de sua princesa que ele pensou ter sido assassinada. Com um movimento rápido, Maria agarrou a mão de Franklin, surpreendendo-o com sua força. Ela gentilmente retirou a Pele Escarlate de sua mão, segurando-a com reverência.

— Este objeto tem poder. É o que eu estou pensando o que é? Você precisa de artifícios para se transformar? – Maria questionou, analisando a Pele Escarlate.

— Como você… – Franklin arregalou os olhos, surpreso pela astúcia de Maria.

Antes que ele pudesse terminar a frase, Maria começou a se transformar diante de seus olhos. Seu corpo delicado contorceu-se em espasmos, enquanto pelos brancos começaram a cobrir sua pele, seus ossos estalando e crescendo, até que ela se ergueu diante dele, uma lobisomem branca, com olhos azuis brilhantes que irradiavam uma intensa determinação.

O coração de Franklin disparou enquanto ele se preparava para o confronto iminente. Ele sacou a Garra de Prata, mas sua hesitação momentânea foi o suficiente para que Maria se lançasse sobre ele com fúria selvagem.

Os dois se engalfinharam em uma luta frenética, com Franklin lutando para se manter de pé contra a força formidável de Maria. Seus golpes eram rápidos e precisos, mas ele estava claramente em desvantagem, sua mente ainda atordoada pela revelação chocante e pela súbita transformação de Maria. Com um movimento ágil, Maria desarmou Franklin, fazendo a Garra de Prata cair no chão com um clangor metálico. Ela então o empurrou com força, fazendo-o cair de costas no chão do vagão. Franklin tentou se levantar, mas Maria o dominou, prendendo-o com uma força inabalável. Seus olhos azuis brilhavam com uma intensidade predatória enquanto ela o encarava, sua respiração pesada e irregular.

— Você é um adversário digno, intruso – disse Maria, sua voz reverberando com uma mistura de respeito e triunfo. — Mas você é apenas um humano. E eu sou algo muito mais poderoso.

Desarmado e surpreendido pela força de Maria, Franklin foi dominado. Com habilidade fora do comum, Maria o capturou, amarrando-o e amordaçando-o para evitar qualquer tentativa de resistência. Enquanto a lobisomem amarrava Franklin, ele lutava para encontrar uma maneira de se libertar. Sua mente trabalhava freneticamente, procurando uma brecha na guarda de Maria. Então, ele percebeu que precisava manter Maria distraída para ter uma chance de escapar.

— Você pode ter me capturado, Maria, mas você não vai encontrar Anastasia tão facilmente. Ela está viva, e não muito longe daqui – Franklin revelou, esperando despertar o interesse de Maria.

— Anastasia está viva? E onde ela está agora? – Os olhos de Maria se estreitaram com surpresa e curiosidade.

Franklin sorriu de maneira triunfante, sabendo que havia alcançado seu objetivo.

— Ela está dentro deste trem, Maria.

— Você está blefando – Maria respondeu, mas a dúvida em sua voz era evidente.

— Mas se você não se apressar, pode ser tarde demais. O Exército Vermelho pode estar com ela agora.

— Tenho como lidar com os vermelhos, intruso. Estamos sob a proteção do Nosso Amigo. É por isso que estamos aqui. Você tenta me distrair, por isso, merece dormir um pouco – Maria desacordou Franklin, deixando-o no compartimento de carga.

Mais à frente no trem, no vagão de passageiros, Mick continua focado em manter o disface. Anastasia concordou em se aquietar, ficaria sempre ao lado de Mick bancando o órfão fragilizado, o que naquele momento, não era tão distante de sua realidade. Ela observa aquele trem, puxando da memória as poucas vezes em que a comitiva real passou pelo país. Era muito mais luxuoso e bem vigiado, mas no grosso, não era uma estrutura tão diferente. Ela se levantou, Mick a olhou preocupado, mas ela sorriu com sinceridade.

— Não vou longe, prometo. Só lembrei de algo quando eu era menorzinha...

Ela deslizou a mão pelas poltronas surradas e o compartimento de bagagem onde ela se escondia quando brincava de esconde-esconde com criados. Por um momento ela se perguntou se ainda caberia naquele espaço diminuto. Se espremendo ela ficou ali imóvel, sentindo um pouco de conforto revisitando suas memórias, e fechou os olhos tendo um sonho agradável. Sequer notou quando uma inspeção passou pelo vagão.

Enquanto o trem seguia sua rota, uma inspeção surpresa foi conduzida por agentes do governo. Mick, disfarçado como Bram, sentiu a tensão aumentar quando os agentes se aproximaram, seus olhares penetrantes vasculhando os passageiros. Com uma expressão tranquila, Mick entregou seus documentos quando solicitado, mantendo sua história de visita à cidade para ver a irmã doente. No entanto, quando os agentes começaram a examinar os documentos com mais detalhes, Mick mantinha sua postura calma, mas por dentro sentia a tensão aumentar a cada momento. Ele respirou fundo, mantendo sua narrativa com firmeza.

— Meu sobrinho Sergei... Ele está por aí, talvez tenha ido explorar o trem – Mick explicou.

Jack, disfarçado como Ivan, aproveitou a oportunidade para atrair a atenção dos agentes, interrompendo-os com um ar de preocupação.

— Por favor, senhores, precisamos de sua ajuda – começou ele, sua voz trêmula e seus olhos expressando angústia. — Minha tia faleceu recentemente, e estamos voltando para casa com seu filho, Sergei. Ele está inconsolável com a perda da mãe e, por isso, decidiu sair para espairecer um pouco. Peço que compreendam.

Os agentes trocaram olhares breves, parecendo ponderar sobre a situação. Enquanto isso, Mick aproveitou para reforçar a história trágica, desviando a atenção de qualquer suspeita.

— Sim, é verdade – continuou Mick, sua voz carregada de tristeza fingida. — Minha irmã lutou contra uma doença terrível por meses. Sergei aqui foi um verdadeiro guerreiro ao lado dela, cuidando dela até o último momento.

Os agentes trocaram olhares, claramente não convencidos, mas antes que pudessem pressionar mais, receberam um chamado urgente sobre uma carga suspeita que precisava ser investigada imediatamente.

Com um aceno de despedida, os agentes se afastaram, deixando Mick e Jack aliviados. Mick sabia que tinham escapado por pouco, e agradeceu a sorte que os tirara dessa situação potencialmente perigosa. Mick olhou ao redor do vagão, preocupado com a ausência de Anastasia.

— Jack, por favor, vá procurar por Anastasia. Ela pode estar em perigo – pediu ele, sua voz carregada de preocupação genuína.

Jack assentiu e partiu em busca da menina, enquanto Mick se dirigiu para investigar a carga suspeita. Ele atravessou os corredores do trem, sua mente agitada com a possibilidade de algum perigo iminente. Até que se deparou com outro grupo de inspetores. Os agentes de inspeção do trem percorriam os corredores, suas vozes ecoando no interior do vagão enquanto verificavam cada compartimento e poltrona. Um deles parou abruptamente ao avistar uma figura encolhida no canto do compartimento de bagagem, quase invisível à primeira vista. Com uma expressão de surpresa, o agente se aproximou lentamente, observando atentamente a pessoa encolhida ali. Anastasia, disfarçada como Sergei, permanecia imóvel, seus olhos fechados em um sonho agradável, inconsciente da presença dos agentes.

— O que temos aqui? – perguntou o agente, sua voz carregada de suspeita.

Seus colegas se aproximaram, suas expressões se tornando sérias enquanto observavam a cena diante deles. Era incomum encontrar alguém escondido no compartimento de bagagem, especialmente alguém que parecia estar tentando se esconder.

— Deve ser um dos passageiros tentando viajar sem pagar a passagem – sugeriu um dos agentes, sua voz ecoando com autoridade.

Com cuidado, os agentes se aproximaram de Anastasia e a ajudaram a se levantar, seus olhares avaliadores enquanto a conduziam para fora do vagão. Anastasia, ainda sonolenta de seu breve cochilo, piscou confusa ao ser despertada de seu sonho.

— O que está acontecendo? – ela murmurou, sua voz embargada pelo sono.

Os agentes a levaram para seus superiores, explicando a situação enquanto continuavam sua inspeção pelo trem. Anastasia, agora completamente desperta, sentiu uma onda de ansiedade percorrer seu corpo. Ela sabia que precisava encontrar uma maneira de escapar antes que fosse tarde demais, antes que seus disfarces fossem desvendados e sua verdadeira identidade fosse revelada.

Enquanto isso, Mick encontrou os agentes reunidos ao redor de uma caixa de madeira trancada, ao chegar ao vagão de carga. Curioso, Mick se aproximou para investigar, sua intuição alertando-o para o potencial perigo. Quando a caixa foi aberta, Mick se surpreendeu ao encontrar Franklin amordaçado e amarrado dentro dela. Sua expressão de choque logo deu lugar a uma mistura de alívio e preocupação. Antes que pudesse processar completamente a situação, Maria, a quem ele reconheceu instantaneamente, apareceu diante dele.

— Anastasia está no trem – ela anunciou, sua voz suave, mas firme.

O espião se preparou para sair e encontrar Anastasia, mas quando se virou, seu coração afundou ao ver os agentes retornando com a menina. Anastasia estava sendo conduzida à força pelos agentes, sua expressão assustada enquanto eles a levavam para longe. Com uma sensação de impotência, Mick percebeu que Anastasia estava agora cativa, junto com Franklin. Seu instinto de proteção gritava dentro dele, enquanto ele lutava para encontrar uma maneira de resgatá-los e continuar sua missão, apesar das crescentes adversidades. Mick saiu furtivamente do vagão onde Franklin e Anastasia estavam cativos, seu coração pesado com a preocupação pela segurança de seus companheiros. Enquanto isso, sua curiosidade sobre Maria e sua presença nos eventos recentes só aumentava.

Mick e Jack se esbarraram em um dos corredores do trem, seus olhares se encontrando em uma mistura de preocupação e determinação. Jack estava ofegante, suas feições tensas com a busca infrutífera por Anastasia.

— Mick, procurei Anastasia por todo lugar, mas não a encontrei – disse Jack, sua voz carregada de frustração.

Mick assentiu, seu rosto sério refletindo sua própria preocupação.

— Ela foi levada à força para o vagão onde Franklin está cativo – explicou ele, sua voz firme enquanto compartilhava a informação que havia descoberto.

Os dois trocaram um olhar determinado, entendendo que não havia tempo a perder. Eles sabiam que precisavam agir rapidamente para libertar seus companheiros.

— Há mais uma coisa que preciso contar – o tom de Mick era sombrio — Maria, a irmã de Anastasia, está viva! Isso me levar a crer que as outras irmãs e o irmão também possam estar vivos.

— Como isso é possível? – perguntou, incrédulo, Jack.

— Eu não sei… Eu não sei… Depois pensamos nisso. Vamos lá – disse Mick, sua voz firme enquanto começava a se mover em direção ao vagão onde Franklin e Anastasia estavam sendo mantidos prisioneiros. Jack o seguiu de perto, pronto para enfrentar qualquer desafio que encontrassem pelo caminho.

Com seus corações batendo rápido e suas mentes focadas, Mick e Jack se prepararam para enfrentar as adversidades que os aguardavam. Eles estavam determinados a libertar seus amigos e garantir que justiça fosse feita, não importando o quão difícil fosse o desafio que tinham pela frente.


[RESOLUÇÃO]
Testes:

[ESFORÇO]
Mick: 19 de 20.
Frank: 15 de 20.
Ana: 18 de 20.

[OBJETIVOS]
Libertar-se das amarras, ND MED (5 fixo): Franklin e Anastasia, se quiserem agir fisicamente, precisam se livrar antes.

Vencer os capangas, ND MED (5-7): Mick e Jack precisam passar pelos capangas, que reforçaram a vigilância no último vagão.

Vencer Maria, ND DIF (7-9): Para o grupo se ver livre, precisa enfrentar Maria. Seu enfrentamento pode tanto ser físico, como mental ou social, à escolha do jogador.
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Mick Fear

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MensagemAssunto: Re: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptySex Mar 29, 2024 3:04 pm

Mick já estava exausto com todo o esforço e as reviravoltas encontradas nessa que deveria ser uma simples missão de resgate. Observou atentamente os guardas e Maria dentro do último vagão do trem, repleto de caixas que deveriam ser de materiais científicos e mantimentos para a expedição. Eram um grupo pequeno, talvez não quisessem chamar atenção indevida ali no trem, e o espião acreditava que com o fator surpresa poderia contê-los.

Talvez o Rei ficasse feliz em saber que outra das princesas estava viva, mas naquele momento Maria era uma inimiga. Devia estar mancomunada com Rasputin, uma traidora da própria família. Mick ainda tinha dúvidas se tirava Anastasia logo dali ou se avançava mais para descobrir se ainda restavam outros membros da família real vivos.

— É melhor salvarmos os dois pombinhos e dar o fora daqui. Se o Rei quiser salvar o resto da família real, terá que nos ceder mais recursos.

Sem tempo para realizar um plano mais elaborado, Mick saca sua pistola, logo sendo imitado por Jack. O espião mais velho apontou para uma alavanca que serviria para desconectar o último vagão do resto do trem.

— Está pronto, Jack? Precisamos ser rápidos no gatilho. Pegue os dois da direita, depois deixe o resto comigo e foque em nos soltar do resto do trem.

O plano era pular para dentro do vagão, matar os poucos guardas que ali estavam, sem ferir Maria, enquanto se desvenciliavam do resto da locomotiva para evitar que outros guardas aparecessem. Dali, teriam que arranjar outro caminho de volta para casa.

• Vencer os capangas, ND MED (5-7).
Mick: 1♠ + 2♠ (Tiro) + ♠2 (Jack) - 1♣ (Deficiência) + 1 Esforço = 5
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Anastasia

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MensagemAssunto: Re: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptySex Mar 29, 2024 3:24 pm

- AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

Berra Anastásia enquanto se contorcia para se livrar das amarras. Ela nota que o rapaz que estava em seu resgate mais cedo, também se encontra ali. Ela revira os olhos frustada. "Quantos mais infortúnios eu terei que enfrentar antes de me ver livre de toda essa confusão?". Ela se arrasta, se enverga e se contrai, tenta de todas as formas que pode até se livrar daquelas amarras, motivada pela chama selvagem que a manteve viva até ali, e não se apagaria por nada. Mas sozinha, talvez não conseguiria, ela olha para Franklin e pede por ajuda com os olhos lagrimejados.

Os momentos seguintes passam pelos olhos da jovem princesa em câmera lenta e com um chiado ensurdecedor de pós bomba. Seus músculos se contraem e ela se vê agindo a partir da sua fúria, um rosto conhecido e familiar, mas porque não a ajudou antes? Aqueles que a ajudaram no meio de um confronto. As palavras de Mama Zymenia ecoando. Todos esses ingredientes resultaram num surto de fúria e descontentamento.

A pequena princesa entra num frenesi de violência, disparando socos, pontapés, arranhos e mordidas. Seus cabelos escapam do toucado, as veias de seu rosto sobressaltam e sua pele ganha um rubor perigoso. Um pequeno carcaju ruivo e raivoso avança para cima de Maria.

- ONDE VOCÊ ESTAVA? SABE PELO QUE EU PASSEI? SABE? - ela berra aos gritos, enquanto de seus olhos fluem uma torrente de lágrimas amargas.

Vencer Maria, ND DIF (7-9):
Anastásia: 2♠ + 2♠ (Luta) + 1 JOK  (Sorte) + Coração Gelado + 2 Esforço : 7
...


- E-eu... estou tão cansada - a princesa cai de joelhos exausta, procurando a visão do céu antes de fechar os olhos e esperar pelo destino.


Última edição por Anastasia em Sex Mar 29, 2024 8:25 pm, editado 1 vez(es)
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MensagemAssunto: Re: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptySex Mar 29, 2024 7:46 pm

Franklin encarava fixamente o chão de seu cativeiro, estava desnudo, não de suas roupas, mas de seus tesouros e seu orgulho, fora derrotado tal qual uma criança. Capturado novamente, flashbacks surgiam em sua mente, memórias claras como a água, que o atormentaram novamente.
Ouviu então a porta se abrindo, um homem escoltava a princesa que se debatia debilmente, Franklin ergueu sua visão tempo suficiente apenas para ver a moça ser arrastada até onde ele estava e depois sendo amarrada junto a ele, costas a costas.
A garota gritava, ofendia os captores, se debatia e lutava contra as cordas. Mas sozinha não teria forças para se libertar, Franklin percebeu essa possibilidade, reunindo suas últimas forças, engolindo seu orgulho, o homem forçou as cordas até escutar um estalo. A cadeira onde estava sentado desmontou e a corda que prendia ambos cedeu. A garota se ergue em um salto e partiu para cima de Maria.

Libertar-se das amarras, ND MED (5 fixo)
Franklin: 3♠ + 2 Esforço = 5

Libertar-se das amarras, ND MED (5 fixo)
Franklin ajuda Anastasia: 3♠ + 2 Esforço = 5
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MensagemAssunto: Re: Episódio 04 - A Herdeira Perdida   Episódio 04 - A Herdeira Perdida EmptySex Abr 05, 2024 6:04 pm

FINAL

Ferrovia Zymagrad-Moscóvia, Russkaya, Março de 1921


Franklin encarava fixamente o chão de seu cativeiro. Estava desnudo, não de suas roupas, mas de seus tesouros e seu orgulho, fora derrotado tal qual uma criança. Capturado novamente, flashbacks surgiam em sua mente, memórias claras como a água, que o atormentaram novamente.

Ouviu então a porta se abrindo, um homem escoltava a princesa que se debatia debilmente, Franklin ergueu sua visão tempo suficiente apenas para ver a moça ser arrastada até onde ele estava e depois sendo amarrada junto a ele, costas a costas. A garota gritava, ofendia os captores, se debatia e lutava contra as cordas.

— AAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAAA!

Anastásia berra enquanto se contorcia para se livrar das amarras. Ela nota que o rapaz que estava em seu resgate mais cedo, também se encontra ali. Ela revira os olhos frustrada.

— Quantos mais infortúnios eu terei que enfrentar antes de me ver livre de toda essa confusão?

Ela se arrasta, se enverga e se contrai, tenta de todas as formas que pode até se livrar daquelas amarras, motivada pela chama selvagem que a manteve viva até ali, e não se apagaria por nada. Mas sozinha não teria forças para se libertar, ela olha para Franklin e pede por ajuda com os olhos lagrimejados. Teriam de esperar até que uma oportunidade surgisse.

Mick já estava exausto com todo o esforço e as reviravoltas encontradas nessa que deveria ser uma simples missão de resgate. Observou atentamente os guardas e Maria dentro do último vagão do trem, repleto de caixas que deveriam ser de materiais científicos e mantimentos para a expedição. Eram um grupo pequeno, talvez não quisessem chamar atenção indevida ali no trem, e o espião acreditava que com o fator surpresa poderia contê-los.

Talvez o Rei ficasse feliz em saber que outra das princesas estava viva, mas naquele momento Maria era uma inimiga. Devia estar mancomunada com Rasputin, uma traidora da própria família. Mick ainda tinha dúvidas se tirava Anastasia logo dali ou se avançava mais para descobrir se ainda restavam outros membros da família real vivos.

— É melhor salvarmos os dois pombinhos e dar o fora daqui. Se o Rei quiser salvar o resto da família real, terá que nos ceder mais recursos.

Sem tempo para realizar um plano mais elaborado, Mick saca sua pistola, logo sendo imitado por Jack. O espião mais velho apontou para uma alavanca que serviria para desconectar o último vagão do resto do trem.

— Está pronto, Jack? Precisamos ser rápidos no gatilho. Pegue os dois da direita, depois deixe o resto comigo e foque em nos soltar do resto do trem.

Mick e Jack se agacham atrás de algumas caixas empilhadas no interior do vagão, observando atentamente os poucos guardas que estão distraídos conversando entre si. O silêncio na noite é quebrado apenas pelo som dos trilhos e o leve ranger da locomotiva. Mick olha para Jack com determinação nos olhos, prontos para agir.

— Você está pronto para isso? – Sussurra Mick.

— Mais do que nunca. Vamos lá – Jack sussurra de volta.

Sem hesitar, Mick e Jack se lançam para fora de seu esconderijo, surpreendendo os guardas.

— Agora! – Grita Mick.

Os parceiros se separam instintivamente, cada um focado em sua própria tarefa. Mick enfrenta os guardas, enquanto Jack se dirige rapidamente ao vão que separa os vagões. A luta começa ferozmente, com facas brilhando no escuro e o som abafado de socos e golpes.

Enquanto isso, Jack alcança o pino de separação e com um movimento rápido, retira-o, separando o vagão onde estão de todo o resto do comboio. O som metálico ecoa pelo vagão, anunciando a separação.

No calor da batalha, Mick é sobrepujado pelos guardas, sua resistência não sendo o suficiente para conter a força de seus oponentes, mas Jack volta para ajudar seu parceiro, pronto para lutar até o fim.

— Mick, aguente firme!

Ele se lança na briga, enfrentando os guardas com determinação, mas a força esmagadora dos oponentes é implacável. Jack luta bravamente, mas logo também é dominado, deixando Mick à mercê dos guardas. A cena é um caos de gritos abafados, o som de corpos se chocando e a respiração ofegante dos combatentes.

Enquanto Mick e Jack lutam pela sobrevivência, Maria observa a cena com uma expressão fria, suas garras afiadas prontas para agir, mantendo-se à margem da confusão.

— Vocês dois são mais corajosos do que sábios – ela diz, com um sorriso de canto.

Mick e Jack trocam olhares tensos, conscientes de que sua missão falhou. A dupla luta para se recuperar, mas eles estão claramente em desvantagem. Os guardas os mantêm sob controle, suas armas apontadas para os dois intrusos. Maria observa a cena com um olhar avaliador, suas feições impassíveis revelando pouco de seus pensamentos internos. Ela se aproxima lentamente dos intrusos caídos, suas garras recuadas, mas sua presença imponente, seu olhar penetrante fixo em Mick e Jack.

— Quem são vocês e o que estavam planejando?

Mick e Jack permanecem em silêncio, suas respirações ofegantes ecoando no vagão enquanto enfrentam o olhar perspicaz de Maria.

Enquanto Maria e seus capangas são distraídos por Mick e Jack, Franklin percebeu que essa era a oportunidade que precisava e tinha uma possibilidade. Reunindo suas últimas forças, engolindo seu orgulho, o homem forçou as cordas até escutar um estalo. A cadeira onde estava sentado desmontou e a corda que prendia a si e a Anastasia cedeu. A garota se ergue em um salto e partiu para cima de Maria.

Os momentos seguintes passam pelos olhos da jovem princesa em câmera lenta e com um chiado ensurdecedor de pós bomba. Seus músculos se contraem e ela se vê agindo a partir da sua fúria, um rosto conhecido e familiar, mas porque não a ajudou antes? Aqueles que a ajudaram no meio de um confronto. As palavras de Mama Zymenia ecoando. Todos esses ingredientes resultaram num surto de fúria e descontentamento.

A pequena princesa entra num frenesi de violência, disparando socos, pontapés, arranhões e mordidas. Seus cabelos escapam do toucado, as veias de seu rosto sobressaltam e sua pele ganha um rubor perigoso. Um pequeno carcaju ruivo e raivoso avança para cima de Maria.

— ONDE VOCÊ ESTAVA? SABE PELO QUE EU PASSEI? SABE? – ela berra aos gritos, enquanto de seus olhos fluem uma torrente de lágrimas amargas.

— Acha que eu não sei? Acha que eu não sofri também?

A luta irrompe com uma violência desenfreada. Anastasia lança socos e chutes com uma ferocidade impressionante, sua expressão contorcida por uma mistura de raiva e dor. Maria, por outro lado, tenta se defender dos golpes de sua irmã, relutante em retaliar, mas a mágoa obscurece suas ações.

— VOCÊ ME DEIXOU SOZINHA! ACHAVA QUE VOCÊ TINHA MORRIDO!

— E você? Fugiu com medo, não é mesmo? Não completou as ordens...

— Que ordens? – Anastasia responde, confusa e furiosa.

— Não importa agora – Maria solta um suspiro — Só sei que você não terminou o que precisava fazer.

A luta prossegue, com ambas as combatentes exaustas, mas Anastasia é impulsionada por uma raiva incontrolável. Maria, por sua vez, tenta desesperadamente alcançar sua irmã por trás da fera que se tornou, sua amargura se misturando com o conflito interno.

— VOCÊ ACHA QUE ISSO IMPORTA AGORA? EU TE ODEIO! — Anastasia grita, entre lágrimas de raiva.

— Eu te amo, Anastasia – Maria responde, com tristeza nos olhos — Mas dói...

A tensão no vagão é palpável, os sentimentos conflitantes das duas irmãs transbordando em meio à briga. No entanto, em um breve momento de clareza, Maria vê a oportunidade de alcançar sua irmã.

— Anastasia, por favor, tente se lembrar – A voz de Maria é trêmula —Tente recuperar suas memórias.

Anastasia hesita por um momento, sua expressão se suavizando enquanto olha para Maria, sua raiva dando lugar a uma confusão dolorosa.

— Eu... — diz Anastasia, com a voz embargada — Eu não sei do que você está falando...

Maria se aproxima lentamente, suas garras recuando à medida que ela se aproxima de sua irmã.

— Tente se concentrar, Anastasia. Você é forte. Você pode superar isso.

Anastasia fecha os olhos, respirando fundo, tentando acessar as profundezas de sua mente. Gradualmente, flashes de lembranças começam a surgir, fragmentos de seu passado perdido emergindo lentamente do abismo da escuridão. A luta cessa, as duas irmãs se encarando em um momento de calma frágil no meio do caos.

Ela se vê em uma sala escura, ao lado de suas irmãs, cada uma segurando um vaso decorado com a cabeça de um animal. Seu vaso é adornado com a imagem de um bode, enquanto o de Maria exibe um lobo. Olga segura um vaso com um escorpião esculpido e Tatiana, um morcego. As imagens são confusas e borradas, mas Anastasia consegue sentir a importância do momento, o peso das palavras não ditas pairando no ar.

— O ritual... os vasos... as nossas irmãs... – Anastasia sussurra para si mesma.

Maria observa com atenção, sua expressão suavizando-se à medida que Anastasia começa a recuperar suas lembranças perdidas. Ela se aproxima lentamente, suas garras recuando à medida que ela se aproxima de sua irmã.

— Anastasia, você está se lembrando...

Anastasia assente, sua mente preenchida com imagens e sensações há muito tempo esquecidas. Ela se lembra da conexão profunda que compartilhava com suas irmãs, do vínculo inquebrável que os vasos representavam.

— Maria... Eu... Eu sinto muito... Eu não sabia...

— Shh... Está tudo bem, irmã. Estamos juntas agora.

A tensão no vagão diminui, substituída por um momento de calma e reconciliação entre as duas irmãs. Enquanto Anastasia continua a se lembrar de seu passado perdido, Maria a apoia, sua mágoa se transformando em perdão e amor.

O destino delas agora está nas mãos da memória perdida de Anastasia, enquanto Maria enfrenta a dor e a mágoa que as separaram, determinada a restaurar sua família e sua própria alma ferida.

Novamente, Anastasia fecha os olhos, mergulhando ainda mais fundo em suas memórias perdidas. Imagens distantes começam a se formar em sua mente, revelando detalhes há muito esquecidos. Ela se vê mais uma vez no círculo formado pelas irmãs, seu irmão no centro, enquanto Rasputin, conhecido por elas como "Nosso Amigo", conduzia o ritual. As chamas dançavam ao redor deles, criando uma atmosfera carregada de mistério e poder.

— Rasputin... Nosso Amigo... – Anastasia sussurra.

Ela relembra a sensação reconfortante do Olho de Vedma em seu pescoço, a joia preciosa que Baba Yaga, sua "madrinha", lhe deu. Ela ouve a voz da bruxa ecoando em sua mente, explicando que o amuleto a protegeria de magias malignas. A caçula sente o peso do vaso em suas mãos, o bode esculpido observando-a silenciosamente, mas, então, algo acontece. O vaso começa a tremer, escapando de seu aperto e caindo no chão com um estrondo surdo. O som ecoa como um trovão na mente de Anastasia, quebrando o ritual no momento mais crucial.

— O Olho de Vedma... Eu o usava...

A verdade começa a se desvendar diante dela. A proteção oferecida pelo amuleto contra magias interferiu no ritual, quebrando a conexão entre as irmãs e desencadeando uma série de eventos catastróficos.

Antes que ela possa processar completamente o que aconteceu, o quarto é invadido por soldados do Exército Vermelho. O som de disparos ecoa pela sala, interrompendo o ritual de uma vez por todas. Anastasia vê suas irmãs caírem ao seu lado, suas expressões de choque congeladas para sempre.

— Não… – Ela fala, com a voz trêmula — Não pode ser...

As memórias assustadoras inundam a mente de Anastasia, a sensação de perda e desespero a envolvendo como um manto sombrio. Ela olha para Maria, seus olhos cheios de lágrimas.

— Anastasia, você não podia saber… – Maria tenta consolá-la — O Olho de Vedma... foi uma bênção e uma maldição.

Anastasia, com a respiração entrecortada pela raiva e culpa, agarra o Olho de Vedma, símbolo de sua conexão com as forças místicas, e o arremessa com toda a sua força. O amuleto voa pelo ar em um arco rápido e descontrolado, antes de atingir o chão com um som surdo. Por um breve instante, ele repousa ali, solitário, como uma testemunha silenciosa dos eventos tumultuosos que se desenrolam ao seu redor.

Mick, observando a cena discretamente, percebe a importância do objeto que acabou de cair ao seu alcance. Com movimentos ágeis e sutis, ele se aproxima do Olho de Vedma e o recolhe, guardando-o consigo em um gesto instintivo de preservação.

Enquanto isso, Anastasia e Maria, envoltas em uma atmosfera carregada de emoções conflitantes, encontram-se cara a cara. O brilho de lágrimas reprimidas reluz nos olhos de Anastasia, enquanto Maria, com a expressão sombria, busca palavras que possam aliviar o fardo compartilhado entre elas.

Neste intervalo, Franklin avança contra os guardas com uma determinação feroz. Seus punhos se movem com velocidade impressionante, seus movimentos fluidos e precisos. Com golpes calculados, ele derrota os oponentes um por um, sua mente focada unicamente na libertação de seus amigos. A tensão no ar é palpável, cada momento carregado de expectativa e perigo iminente, mas Franklin não vacila. Com a agilidade de um predador e a coragem de um herói, ele finalmente alcança a Pele Escarlate, sentindo o poder quase como um viciado.

Franklin avança contra os guardas com uma mistura de destemor e determinação. Seus músculos tensos e seu olhar concentrado denotam uma confiança inabalável em suas habilidades. Com passadas largas e precisas, ele se aproxima dos inimigos, pronto para enfrentar qualquer desafio que se interponha entre ele e seus amigos.

O primeiro guarda investe com um golpe rápido, mas Franklin responde com uma esquiva ágil, desviando-se do ataque com graça felina. Em um movimento fluido, ele contra-ataca, desferindo um golpe certeiro que deixa o adversário atordoado. Sem perder tempo, ele avança para o próximo alvo, seus punhos rápidos como relâmpagos. Os guardas, surpresos pela ferocidade e habilidade de Franklin, lutam para se manterem de pé diante do ímpeto do intrépido combatente. No entanto, a determinação implacável de Franklin é inabalável. Com cada golpe desferido, ele se aproxima cada vez mais de seus amigos, seu objetivo claro em sua mente. Finalmente, após uma série intensa de trocas de golpes, Franklin consegue abrir caminho através das fileiras dos guardas. Com um último esforço concentrado, ele alcança Mick e Jack, libertando-os. Seus olhos brilham com uma mistura de alívio e determinação enquanto ele os encoraja a se levantarem e continuarem lutando.

Franklin, após libertar Mick e Jack, volta-se para Anastasia com urgência, seu olhar sério e determinado.

— Anastasia, precisamos ir embora daqui agora! Não podemos arriscar mais nossas vidas aqui!

Anastasia olha para Franklin, sua expressão refletindo uma mistura de emoções conflitantes. Ela hesita por um momento, sua mente lutando com a decisão difícil que se apresenta diante dela.

— Eu... Eu não posso, Franklin. Não posso deixar Maria para trás depois de tanto tempo separadas.

Franklin tenta argumentar, mas Anastasia permanece firme em sua decisão. Enquanto isso, Maria, cercada por uma aura de raiva e desespero, avança em direção ao grupo, determinada a impedir sua fuga.

— Vocês não vão levá-la de mim – Maria avana, a voz trêmula — Anastasia é minha irmã e eu não vou permitir que a tirem de mim novamente!

Mick e Jack se preparam para lutar contra Maria, mas são surpreendidos quando Anastasia se interpõe entre eles e sua irmã.

— Não – Anastasia diz, com firmeza — Chega, Maria! Eu não vou permitir que você machuque meus amigos. Você precisa entender que estamos todos do mesmo lado.

Maria parece vacilar por um momento, sua expressão oscilando entre a raiva e a dor. Ela olha para Anastasia, seus olhos cheios de conflito interno.

— Mas... Anastasia...

Anastasia se coloca entre Maria e os outros, erguendo a mão em um gesto de calma e determinação.

— Maria, por favor... Deixe-os ir. Eles não são nossos inimigos.

Maria olha para Anastasia, sua expressão suavizando-se ligeiramente diante do apelo sincero de sua irmã. Por um momento, o conflito em seus olhos diminui, substituído por uma resignação relutante.

— Mas e você, Anastasia?

— Eu ficarei com você, Maria. Eles não têm culpa dos nossos problemas. Deixe-os ir, por favor.

Apesar de relutante, Maria finalmente concorda, cedendo ao pedido de sua irmã. Ela abaixa a guarda, permitindo que o grupo se afaste. Enquanto eles se preparam para partir, Anastasia e Maria trocam um olhar carregado de emoções não ditas. Há uma compreensão silenciosa entre elas, um entendimento de que, apesar das circunstâncias que os separaram, o amor entre irmãs permanece inquebrável.

Com um último suspiro, Maria se afasta, permitindo que Franklin, Mick e Jack sigam em frente. Enquanto isso, Anastasia permanece ao lado de sua irmã, pronta para enfrentar o que quer que o futuro reserve para elas, juntas. Pronta para rever as suas irmãs e reparar o erro do passado.

Franklin olha para Mick e Jack, uma mistura de preocupação e determinação em seu olhar.

— E agora, pessoal? O que faremos?

Mick pondera por um momento antes de responder, sua expressão séria e pensativa.

— Bem, nossa missão principal foi concluída. Anastasia está segura, e parece que ela prefere ficar com suas irmãs. Temos que respeitar a vontade dela.

Jack assente, concordando com as palavras de Mick.

— É verdade. Não podemos forçá-la a fazer algo que não queira.

Franklin suspira, compreendendo a situação, mas ainda preocupado com o que fazer em seguida.

— Entendo. Mas e quanto a nós? Para onde vamos agora?

Mick olha ao redor, ponderando sobre as opções disponíveis.

— Acho que nossa melhor aposta é retornar a Londinum e relatar o que aconteceu. Precisamos informar aos nossos superiores sobre o desfecho da missão e também sobre o fato de que Maria ainda está viva.

Franklin concorda, reconhecendo a importância de comunicar os eventos recentes aos seus superiores.

— Certo. Vamos voltar à base então. Quanto mais cedo informarmos, melhor.

Com um acordo mútuo, o grupo se prepara para partir, prontos para enfrentar os desafios que ainda estão por vir. Juntos, eles enfrentarão o desconhecido, confiantes de que sua determinação e trabalho em equipe os levarão através de qualquer obstáculo que possa surgir em seu caminho.


[FIM

[RESULTADO]:


[EXPERIÊNCIA]:
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